Talvez nascemos para provar um pouco de momentos especiais.
Naquele futebol despretensioso uma bela jogada. Escrever um texto que lhe encha de orgulho. Realizar um trabalho digno de elogios. O doce primeiro beijo conquistado de uma paixão nascente.
São momentos memoráveis. Estes, que por algum momento, me tornou a pessoa mais feliz do mundo. Sim, foi especial. Uma certeza que é pura intuição e que marcará para sempre a memória. Independente do que aconteça.
Queria ter a possibilidade engarrafar tudo isso.
Nâo se trata de saudosismo: céticos de plantão.
Não quero me privar de novos momentos especiais, apenas gostaria de ter certeza que senti. Duvido. Em alguns momentos que fui capaz disso. Não é raro, sentir-me amordaçado pela cascata de automatismo que se apodera do meu cotidiano, que obscurece tudo, que deixa tudo sem gosto. Que me faz duvidar de mim e daquilo que sou capaz.
Para esses momentos eu abriria a garrafa e me embriagaria com as sensações desses momentos.
Não precisa engarrafar,Rodrigo.Esses momentos estarão com você sempre que desejar retomá-los.A memória, ciosa,preserva e lhe devolve a qualquer tempo.Às vezes, até com os odores e sons...
ResponderExcluirEsperta, ela joga bem lá no fundo, ou até descarta, os momentos que nos machucaram.Acredite! Parabéns pelo texto!
Você tá na minha garrafa.
ResponderExcluirSabe, eu tenho um lado mórbido. De tanto ouvir (em programas de depoimentos) aqueles que se aproximaram da morte e viram a vida passar veloz diante dos olhos, eu criei o hábito de quando vivo algo intenso, dizer para mim mesmo: "isto, isto eu quero registrado". É tolo e mórbido. Mas eu escolho fotografar o instante para saber que valeu a vida. E como eu rezo, em algumas orações eu peço a consciência (no instante exato) de que estou experimentando a felicidade. É que eu sou irremediavelmente nostálgico, um segundo e já me faz falta o minuto que passou. É que eu quero, de modo egoísta, que o fugaz não seja perecível. Por isso eu escrevo. Um dia no Masp, num chuveiro, uma chuva, o avião aportando primeira vez no Rio.
ResponderExcluirSabe, eu digo que é bom mesmo que o tempo passe, pois só assim é que as coisas acontecem! Faço minhas as palavras dos Eduardos, e do Wanderly, e guardo aqui na minha memória péssima (que lembra de tudo, até do que eu não quero) os meus momentos engarrafados.
ResponderExcluirme reconheço em cada palavra do post.
ResponderExcluire dos comentários.
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Como seria bom uma garrafa assim, com tantas coisas... Mas, sabe, eu não gostaria de me embriagar, ia tomar aos poucos pra sentir o gostinho especial de cada gole...
ResponderExcluirBelo texto.
Abraços.
eu sou a favor de abrir as garrafas para relembrar velhos momentos e, mais que isso, para fazer mais história!
ResponderExcluirHummm, nao sei quais momentos eu engarrafaria. da vida adulta quase nenhum.
ResponderExcluirsobre os comentarios:
vc e o du tem uma relacao tao incestuosa, digna de nelson rodrigues.
fiquei imaginando esse chuveiro do Edu. jesus.
Não me acostumo com essa sua fase menininha, prefiria a pseudo machão, combinava mais com você.
ResponderExcluirpra enfatizar o tal lado machao acima citado, digo que o que botei pra dentro da garrafa recentemente foi a virada que o cruzeiro sofreu, em casa, do estudiantes ontem. rá!
ResponderExcluirtri só um, meu bem.
E cada gole nos empurra p frente, nos faz buscar mais momentos especiais, p tornarmos a encher a garrafa. Adorei.
ResponderExcluirJá pensei nessa coisa de colocar as coisas (e até pessoas) em um potinho, para guardar e levar sempre comigo. Acho que teria uns duzentos deles. Mas uma garrafa é bem mais poético.
ResponderExcluir....e como foi bonito!!!
ResponderExcluir....então acho que isto é para os 2.
mas,leiam (com atenção) e sinta algo forte bater e ficar...
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Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que, por admiração, se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.
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Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.
Como eles admiravam estarem juntos!
Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas.
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Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir.
ResponderExcluirTudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram.
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Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.
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.CLARICE LISPECTOR.
...tolos...são tolos aqueles que colocam ponto final e/ou fim nesta embriaguez de andarem juntos...
e o texto foi bonito demais...
Um brinde aos doces momentos. Um brinde ao primeiro beijo.
ResponderExcluirfase menininha?
ResponderExcluirnó.
ou...iééééé
Marcela, ciúmes? (rs!!!)
ResponderExcluirse existisse tal garrafa, eu viveria cambaleando.
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