quarta-feira, 30 de junho de 2010
De herói a bandido todo mundo tem um pouco
Com platéias
Personagens contracenando
Num grande palco uma história
Sem fim
[Voz Sem Medo]
O sol esqueceu que já era inverno e proporcionou um belíssimo sábado à cidade de São Paulo. O dia também teve um brilho especial para Caroline Celico, protagonista de uma reportagem na nova edição da Veja São Paulo.
“Criei a Caroline para ser uma princesa. Fico feliz que ela tenha se casado com um príncipe!” As palavras carinhosas da mamãe Rosangela Lyra remetem à realeza de Ricardo Izecson dos Santos Leite, o Kaká, príncipe cuja imagem de bom moço não é maculada por palavrões captados pelas câmeras de TV e, menos ainda, por um cartão vermelho injusto.
“Obrigada, Senhor, por, num mundo tão difícil, conseguirmos juntar mulheres lindas que têm mais do que poderiam imaginar.” A oração da princesa Carol emocionou as socialites presentes na reunião no Morumbi. De quebra, provocou também indisfarçável orgulho no coração de muita gente que se vê representada na mídia apenas por pa$tores histéricos e mulheres de perna peluda sob indefectíveis saias jeans.
Ainda curtindo a repercussão da matéria, no dia seguinte a princesinha gospel postou no álbum do Twitter um flagra de pneus masculinos tentando fugir de uma calça que os comprimia. “Que delicia... Bom apetite... Rsrsrs!!!!” foi a legenda escolhida para a traquinagem, aliás uma ilustração perfeita para a vetusta expressão bíblica “enxúndias nas ilhargas”.
Como acontece em alguns contos de fadas, foi o suficiente para a carruagem virar abóbora. Com + de 25 mil cliques, a fotenha despertou comentários furibundos. “Amar o próximo sendo ele limpo, magro e rico é fácil. Vai visitar morador de rua”, comentou alguém. “Essa sua atitude mostra o quanto vc é fútil; tem uma pilha de roupa p/ passar na minha casa”, disse outra internauta, elevando a temperatura além dos 27 graus do domingão.
Não é a primeira vez que Carol causa no Twitter. Em março, ela deu RT em um protesto após a substituição do Kaká numa partida e o a bagulho ficou tenso. Após a imensa repercussão negativa, o maridão chegou a anunciar que iria deletar o Twitter dela.
Desta feita, parece que ela não se importou muito com a jaula da expectativa alheia, tomou Activia e saiu andando... com Louboutin e Chanel nos seus pés apostólicos, naturalmente. Melhor assim. Afinal, os manos do grupo de rap Voz Sem Medo já nos deram a fita:
Tanto morre o sábio como morre o louco
De herói a bandido todo mundo tem um pouco
terça-feira, 29 de junho de 2010
DERRAMO-ME EM VERSOS por Felipe Augusto
Devemos mais cuidados a nossa saúde, tarefas á faculdade, e tempo aos nossos amores...
...crio pra ver se desfaço o que já não é fácil de suportar...
Sou poeta de exclusão literária e não sei a grafia correta das minhas próprias palavras.
...Mas elas me servem de acalanto, e as vezes, quando jogadas num canto, me servem também de saudade...São minhas verdades,meus amores, meu horrores e medos, pintados em belas paisagens. esboços de verdades que criei.
Compartilho, quase sempre, somente o que gosto...sorrisos , abraços e tudo o que posso..., mas o meu verdadeiro gozo e plenitude, é o silencio de um momento eterno de criação, que as vezes dura somente um segundo, mais é tão profundo, que afastam-se todos, os medos, as crises, o mundo, desfaço-me de tudo, me faço mudo, despido de todo resto que não interessa, de corpo e alma nu... agora, sou só eu o verso e o reverso do que sou , juntos forjamos a fantasia que compõe a felicidade das almas sensíveis, disfarçamos meus deslizes e fingimos, por um segundo, a sonhada liberdade, onde cada palavra é uma parte deste sonho desesperançado, " sou livre"... (livre?)
È! LIVRE!! (tudo que sinto de mais sincero é um grande anseio de liberdade, mas que na verdade não sei o que a liberdade é) assim como os versos que criei, e que não se bastam em ser meus,...
... os versos são livres como meus sonhos, mas precisam sempre de olhos atentos pra interpretá-los, e hoje uma vez mais, assim que os leiam, lhes faremos eternos, como parte desta eternidade humana, ilusória... E assim serão até que haja quem os leia, quem os possa revivê-los, assim como eu. Assim como você...
... é só isto de tudo o que faço que quero realmente fazer..
quando já não posso suportar o peso de tanto amar, derramo-me em versos.
quando a luta é maior que o sonho que me serve de prêmio, derramo-me em versos,
quando só há em mim o silêncio profundo de um imenso mistério, derramo-me em versos,
quando enfim já não cabe em mim o EU que realmente sou, transbordo, me faço feliz, e derramo-me em versos de universos sem fim...
( Felipe Augusto )
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Sobre como eu roubei uma empregada
Assédios sexuais em elevadores, mulheres que andam de salto e causam enxaquecas, brigas conjugais por roubos de chip, crianças que choram demais, moradores que pisam na grama, carros mal-estacionados e monopólio da churrasqueira costumam ser os principais motivos de briga no condomínio onde eu moro. No entanto, tudo assumiu uma proporção frente ao problema maior: eu roubei uma empregada.
Não é fácil chegar em casa e sentir aquele cheiro de comida gostosa pronta. Eu não sou casado. Minha mãe trabalha e meu cachorro não cozinha. A rotina é simples: chegar em casa, pegar o arroz, colocar no microondas e fritar uns nuggets. Não sou uma pessoa menos feliz por isso. A praticidade roubou a realidade de uma boa refeição pré-sono, eu sei, mas seria injusto bater na minha mãe por causa de comida. Prefiro dedicar outros motivos a isso.
Sendo assim, é uma afronta ver que meu olfato era aguçado pela casa ao lado. Encontrar os moradores daquele apartamento de manhã no elevador era insuportável. Aquela cara de bem comidos, sorriso no rosto, barriguinha que não ronca e outras características de quem dedica a mesma atenção à cama e à mesa. Isso tinha que terminar de algum modo. Não é inveja. É igualdade social.
Logo, resolvi investigar. Se fosse a mulher que cozinhasse, ofereceria sexo gratuito em troca de comida. Se fosse o marido, eu comprava um livro de receitas. Ou o contrário. A responsável pelas refeições daquela casa era uma moça que se chama Roberta* (*nome fictício para defender a sua integridade física e moral). Fiz a Roberta uma proposta que ela não poderia recusar: trabalhando em minha casa, ela não precisaria limpar ou atender o telefone, bastava fazer as melhores refeições do mundo. Compensei a lealdade com algumas notas e logo ela se mudou para a minha casa.
Os primeiros dias foram uma maravilha. Roberta chegava cedo, fazia o café da manhã e eu me sentia num comercial de Doriana. O relacionamento familiar melhorou e até meu cachorro passou a ser alimentado diariamente. Minha mãe se sentiu um pocuo desprestigiada, mas as porções de bolinhos de chuva faziam qualquer um engolir o orgulho com gosto.
Quando tudo vai bem, o caos se aproxima. A contratação de Roberta gerou um mal-estar. Os moradores do apartamento, que perderam os serviços da moça, se sentiram lesados. Cortaram relações conosco e não nos convidaram mais para festinhas no salão de festas do prédio. Além disso, contrataram uma outra empregada, de um outro apartamento. Isso gerou em efeito em série, gerou uma alta no mercado especulativo de empregadas ao ponto de que muitas passaram a semana em suas casas, de folga, selecionando propostas.
Pessoas com fome tendem a ficar mais agressivas e o síndico convocou uma reunião. Após uma sessão tensa, com ameaças de morte e prestação de contas sobre licitações duvidosas de compra de samambaias artificiais, ficou estabelecido: “Nenhum morador está autorizado a contratar qualquer tipo de prestador de serviço que atue na residência de outro condômino. E pisar na grama continua proibido, exceto o responsável pela limpeza da placa de “Proibido Pisar na Grama” por motivos óbvios”.
Continuamos com Roberta. Com o tempo, ver a casa desarrumada não compensava mais ter as refeições de uma novela de Manoel Carlos. Era desconfortável sentar no lixo empilhado e brigar com as formigas por um pedaço de pão. Tentamos renegociar, mas Roberta estava acostumada com o conforto proletário ali estabelecido. Era hora de mandá-la embora. Chamei para conversar e dispensei a moça. Ela chorou um pouco, eu chorei mais e ouvi a barriga roncar. Era a aposentadoria do meu olfato e a certeza do fim de uma era de benção alimentar.
Para quem ficou triste, Roberta logo foi recontratada pelo apartamento vizinho, que dispensou a sua empregada, que voltou a trabalhar no apartamento antigo, que também mandou a diarista anterior embora. Hoje, o síndico pensa em convocar uma nova reunião para decidir se as despesas com as demissões podem ser incluídas no condomínio em forma de rateio. Prefiro gastar meu dinheiro na linha de congelados Sadia.
domingo, 27 de junho de 2010
sábado, 26 de junho de 2010
O fardo de uma leiga em biologia
Mas estou falando disso, não por nada. É que minha pressão é baixíssima, nove ou dez ponto qualquer coisa, com direito a eventuais desmaios em caso de transfusões ou exames de sangue. Então assim, no fim das contas, até que foi importante saber que quando eu estou meio tonta é porque falta água no meu sangue. Né?
Aprendi também que o álcool inibe a produção do tal hormônio pelos rins. Aí fiquei me perguntando se seria esse o motivo de eu ficar bêbada tão rapidamente nos dias oficiais da cerveja: as sextas-feiras. É... menos água, mais álcool, menos hormônio, mais outros tipos de hormônios, menos memória – mas aí já são ooooutros sistemas funcionais do corpo humano, não vamos perder o foco.
Outra coisa que me aflige muito é o meu raciocino lento e meus ocasionais lapsos de memória. Mesmo eu tendo a ciência de que o conteúdo abordado no momento break está na minha cabeça e que, apesar da lentidão, eu tenho inteligência suficiente para aquelas situações.
Eis que descubro, em uma inocente conversa por telefone, e pouco depois da aula para minha irmã, que isso também é culpa da Pressão Baixa! Foi assim: Mariana, uma grande amiga, me liga e fala qualquer coisa que eu respondo e ela não entende. Aí, quando vou explicar de novo, ela diz “Deixa Nath, minha pressão baixou hoje, não vai adiantar forçar a barra do meu raciocínio. Depois a gente se fala.”
Como assim? Então estou fadada à lentidão mental para o resto da vida, por causa de uma inevitável característica biológica?! Já não bastava o “Bebo, logo, fico bêbada” e toda a história do menos hormônio x, mais hormônios y , menos memória no dia posterior?
A parte boa de toda essa desventura biológica foi a tal da água. É que nunca consigo lembrar se, em caso de queda de pressão, se deve comer sal ou açúcar. Decidido: voltarei a andar com minha garrafinha de 500ml na bolsa. Deus permita que isso ajude.
ps: caso algum perito em biologia desabe os olhos sobre esse texto, não se sinta constrangido diante de tais absurdos. Discorra todo o seu conhecimento em um comentário biologicamente correto. Serei eternamente grata.
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Imãs de Geladeira
Para: dr_robertswanson@laborpsico.com
CC: helpsico@laborpsico.com
Assunto: Imãs de geladeira
Me chamo William Bourghour, tenho 37 anos, sou corretor de imóveis, divorciado, sem filhos e tenho uma vida pacata. Não possuo qualquer vício, e nunca tive nenhum problema de saúde. Faz alguns anos que meu hobby predileto é colecionar imãs de geladeira, tenho centenas, nos mais variados temas; filmes clássicos, desenhos que fizeram parte da minha infância, réplicas de bebidas, capas de álbuns de rock e piadas sobre religião, mulheres e obesidade. Minha geladeira se tornou na verdade um grande mural, onde homenageio coisas que gosto, nela é possível ver um preguiçoso Garfield ao lado de um briguento Snoopy dando uma bela comida de rabo em Charlie Brown. Também tem espaço para Darth Vader, convidando a todos para o lado negro da obesidade apontando com autoridade para as guloseimas do local e até Tarantino, recomendando não abrir a geladeira se não quiser ter uma desagradável surpresa. Comprei menos que a metade, com o passar do tempo amigos e familiares me ajudaram na obsessão. Exibo todos com muito carinho, eles me acompanharam em várias mudanças, e sobreviveram a duas trocas de geladeira e três separações (Mulheres vão, os imãs ficam!) - Já se tornaram parte de mim, ao lado de alguns livros, discos e filmes que já mais irei me desfazer.
Mas algo estranho vem acontecendo, tenho notado que os imãs têm mudado de posição, claro que pensei na hipótese das visitas ficarem brincando com eles, isso já aconteceu inúmeras vezes, mas sempre ao ficar sozinho arrumava-os novamente – (Sim! Cada imã tem seu lugar na geladeira...) – No começo achei que podia ser a falta de magnetismo devido ao tempo, sei lá quanto tempo dura um imã (eles não vêm com data de validade), mas isso foi descartado ao ver que os novos também se mexiam. Deixo tudo arrumado, vou tomar banho, fazer compras ou qualquer outra coisa e ao voltar eles estão revirados novamente, alias isso no começo, talvez nos dois ou três primeiros dias, pois nos últimos comecei a notar que eles estavam formando imagens (não, não estou louco!), triângulos, círculos e formas muito parecidas com letras, tirei algumas fotos e envio duas em anexo a este. A primeira é um ponto de exclamação, o mais curioso é que no dia anterior eu tinha feito um sinal de interrogação com os imãs, por brincadeira e não para tentar me comunicar (até então nunca fui de acreditar nessas coisas sobre espíritos e assombrações), a outra foto tirei ontem quando voltei do trabalho, como pode notar é uma cruz, motivo pelo qual lhe envio esse e-mail, pois hoje pela manhã encontrei meu gato Billy estatelado no chão em frente à geladeira. O veterinário disse que morreu asfixiado.
Ps.: Temo pelo pior, a cruz que esta formada hoje é muito maior.
Aguardo contato e desde já agradeço,
William Bourghour
Conto de Fernando Ferric - Impossível - Col. de Contos - Todos os direitos reservados.
quarta-feira, 23 de junho de 2010
Minha vida
Eu queria um amor incondicional.
Eu queria corresponder às expectativas da minha família.
Eu queria ser uma melhor amiga.
Eu queria começar as coisas que só dependem de mim.
Eu queria terminar tudo que começo.
Eu queria querer menos e fazer mais.
Eu queria me cobrar menos.
Eu queria aceitar as coisas como ela são.
Eu queria acreditar que o mundo não é um lugar injusto.
Eu que não o entendo.
Eu queria agradecer mais, reclamar menos
E dizer de coração
Que seja assim enquanto é...
terça-feira, 22 de junho de 2010
Por que diabos eu quis ser jornalista?
Eu odeio jornal impresso, porque suja as mãos; odeio rádio AM, porque tem pouca música. Eu odeio discutir política quando não quero; odeio o fato de jornalista ter de saber tudo.
Odeio os apresentadores de jornais, principalmente os sensacionalistas; odeio também os casos sensacionalistas. Odeio onde as emissoras estão localizadas; odeio o trânsito caótico de São Paulo e a idéia de ser obrigada a conviver com ele.
Odeio puxar o saco da chefia para crescer; odeio quem compete para aparecer. Odeio quem vai para o JUCA e acha isso a melhor coisa do mundo. Acorda! Pagar mais de R$ 300 para dormir no chão NÃO é a melhor coisa do mundo.
Odeio grandes nomes do jornalismo que acham que estão no tapete vermelho do Oscar; odeio ex-jogadores de futebol que acham que são ótimos comentaristas esportivos.
Odeio fazer plantão. Odeio não ter feriado, nem final de semana. Odeio dormir menos que oito horas por dia e o fato de ter me acostumado a isso. Odeio sair e pensar no trabalho. Odeio levar trabalho pra casa e pra todo lugar que vou.
Odeio...
(Esse semestre concluo a faculdade de jornalismo. Me desejem sorte aí, galera!)
domingo, 20 de junho de 2010
Um dia após o outro
Alguns dias são engraçados… o meu começou mal, o ônibus passou ignorando minha mão estendida. Fiquei com cara de bunda no ponto. Quase 25 minutos depois passa uma perua lotada. Fui socado junto com uma multidão até o metro, no melhor estilo lata de sardinha. O motorista parecia não ter a menor pressa, era como se tivesse dirigindo um ônibus de turismo a 20km /h, só para dar tempo de embarcar o máximo de passageiros possíveis pelo caminho. Para fechar com chave de ouro a primeira etapa do dia, quase cai ao descer do último ônibus (pego 3 ônibus + metrô para ir de casa ao trabalho). Nem olhei para os lados ao atravessar a rua, um carro freia bruscamente e levo um xingo… tudo bem.
O trabalho foi corrido, pepino em cima de mais pepino. Gambiarras, correrias, mais jobs, textos, atualizações, imagens, pepinos, reuniões… tudo ao mesmo tempo. No fim do dia, tudo ok, apenas uma carta não foi entregue. Legal, a chefe percebeu: Lavada na frente de todo mundo.
Saída: olho pra minha mochila e lá estão 5 DVD’s que devem ser entregues na locadora. Faço cálculos: são 19h10, a locadora fecha às 21h, levo 2 horas para ir do trabalho, na zona Sul, até minha casa, na Zona Leste. Melhor correr.
No caminho até o ponto, uma senhora me pede informação. Tento atendê-la, ela puxa conversa… droga! odeio ser indelicado. Me desculpo e parto. Ônibus, ponto, ônibus, metrô. Chego à estação que devo descer e procuro minhas opções: primeira opção ônibus Jd. Camargo Velho, ausente. Segunda opção ônibus Jd. Camargo Novo, não está. Última opção – maldita perua – está lá, entuchada de gente.
Subo na perua.
Cobradora: _ Pessoal, pode dar mais um passinho pro fundo?
O povo: _$%@¨¨#$¨… Não tem como moça… $¨#$%&$%&, não dá.
Cobradora: _ tem como passar a catraca, por favor?
Eu: _ eu ate passo, mas já são 20h35, preciso chegar rápido, vocês já estão saindo?
Cobradora: _ Já sim.
Fiquei unido à multidão por mais uns 10 minutos até o motorista ligar o motor. Pro meu azar, ele era mais um motorista turístico pronto pra mostrar, lentamente, todos os pontos da periferia ao povo. Eu já estava à beira de um colapso. Senti meus olhos encherem de lágrimas relembrando o ingrato dia. O “mano” atrás de mim, além de estar atrás que por si só já é uma experiência um tanto quanto desagradável, ainda possuía uma mochila que me furava um rim.
Deus, o que está havendo? O karma pegou um pouco pesado hoje, não acha? Hoje ainda é quinta-feira 12, como será amanhã, sexta-feira 13? Será que a vida está valendo a pena? Estou sacrificando meu tempo, minha filha, minha saúde, meus sonhos, minha mente… deixando muitas coisas pra trás por este trabalho… minha escolha foi certa? O que mais falta pra acontecer hoje?
Foi só perguntar e alguém deu um puxão na minha blusa. Em uma fração de segundo, pensei comigo mesmo “agora já agüentei demais, esse sujeito vai ser a vítima de minha cólera!” e me virei enfurecido…
Uma linda bebê, com olhos inocentes e uma mãozinha que parecia uma bisnaguinha seven boys se esforçava para agarrar novamente minha blusa. Quando me viu seus olhos se contraíram e ela sorriu com uma boca pobre de dentes, mas rica em algo muito valioso que não sei como chamar.
É, Deus… entendi o recado. Amanhã tem mais.
sábado, 19 de junho de 2010
Vou te comer
Com mais algum tempo dedicado à manipulação do objeto fantástico fiz uma das descobertas mais divertidas de toda a minha existência: retirando-se a touquinha da Velha e colocando-a sobre seu rosto, voilá, um lobo! Quer dizer, melhor, muito melhor do que um lobo, O LOBO MAU VESTIDO DE VOVÓ!
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Gente doente
Sim, pode até ser amargor. Mas é amargor de constatar que cada vez há mais gente doente nesse mundo. Gente pobre de espírito, fraca, covarde, manipulada. Que não sabe encarar a vida de frente e aí então foge. Vontade de fugir eu já tive, muita. Mas não sei o que é, tem um momento, um exato momento, entre o desejo e a ação, que a gente para. Chacoalha a cabeça e pensa. Pode ser a educação dada em casa, martelando sempre que gente decente não foge das obrigações. Gente doente não pensa. Deixa-se levar, pela ideia rota e parca, mesmo sem saber o que rota e parca significam, por ter uma inteligência limítrofe. E não é por falta de estudo ou oportunidade não. É porque o ingresso pra baladinha e a smirnoff ice estão mais em conta. Gente doente regride. Pede socorro, com olhar sonso, por vezes distante. Tem razão uma amiga minha que diz preferir os sanguíneos. Desses você sabe o que pode esperar. Gente limítrofe, doente em seu pequeno mundo, acha que tem razão e que a fuga é justificada. Os doentes se reúnem em corjas e tentam encontrar nos outros a cura dos seus males, reafirmando-se bons, sãos. Pobres... Para os saudáveis, quando foge, gente doente deixa um misto de alívio e repulsa.
quarta-feira, 16 de junho de 2010
As aparências enganam
terça-feira, 15 de junho de 2010
criação e loucura
criar é achar dentro de si"
Prazer, prejuízo e ócio (Celso Fonseca e Suely Mesquita)
.
o
que move
o
momento
se
dissolve
em
pensamento
no
inefável
de
um gesto;
sem
palavra
ou
signo
que
soe banal:
longe
da realidade,
perto
do real
.
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Côte d'Ivoire
O fato é que muitos achavam improvável, se não impossível, que a Costa do Marfim ganhasse do Brasil e, até mesmo, de Portugal, conforme comprovam as poucas fontes que temos disponíveis. Em um raro vídeo, um dos poucos sobreviventes do grande apagão digital de janeiro de 2017, conseguimos ver trechos de um programa brasileiro de discussão esportiva (cujo nome não conseguimos recuperar), feito após a vitória marfinense sobre Portugal, onde os participantes dizem acreditar que a Costa do Marfim ficaria em segundo lugar no grupo, atrás do Brasil. Ninguém previu, porém, que poderia acontecer o mesmo ocorrido na final de 1998, quando um jogador brasileiro passou mal horas antes do jogo contra a França. Mas o fato de que cinco jogadores passaram mal na véspera do jogo contra Les Éléphants despertou suspeitas, embora mais tarde nada ficasse provado. Esse fato deu origem à expressão “amarelar”, em referência à cor da camisa então usada pelo time brasileiro.
Após a já mencionada derrota para a Coréia do Norte, passou com facilidade por Chile, Holanda (na maior goleada sofrida pelo time laranja até hoje), Inglaterra (o primeiro W.O. que se teve notícia em Copas do Mundo desde a década de 30) e finalmente, Espanha (uma das favoritas, pelo que pudemos apurar). Um jornal, conseguido pelo nosso jornalista-espião nos arquivos do governo (apesar de ainda comuns em 2010, muitos jornais impressos se perderam durante o “Ano Mundial da Reciclagem de Papéis – 2016”) classificava essa vitória como “A maior zebra da história” (a expressão “zebra” indicava um resultado inesperado, embora o animal em si ainda não estivesse extinto), o que pode soar um pouco estranho para o leitor que acompanha o mundo do futebol hoje em dia e sabe que ali começava a história de sucessos e vitórias do time costa-marfinense. O jornal também faz referências a um suposto gol de mão marcado por Drogba (o gol de mão só foi incorporado ao futebol a partir da copa de 2026).
Amanhã a seleção da Costa do Marfim tentará o inédito hexacampeonato contra a Coréia do Norte, em Pyongyang. Eles garantem que dessa vez não vão brincar.
domingo, 13 de junho de 2010
O verde-amarelo da minha rua
sexta-feira, 11 de junho de 2010
Vem pra Galoucura, vem
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Conselhos de uma cigana
Para rolar na grama debaixo de uma árvore vendo o sol passear, com ou sem companhia, evite: roupas de tecidos nos quais as folhas grudam facilmente e brincos sem tachinha.
Tire poucas fotos. Vá sem computador. Escreva no menor bloco de notas que você encontrar.
Não volte para casa se a situação ficar difícil. Aguente até que o problema se resolva ou você possa assimilá-lo. Admitir a derrota é enfrentar o arrependimento.
Só use relógios nos dias de viagem. Esqueça os dias da semana e os fusos horários.
Acesse um site de notícias do seu país, leia só os títulos durante 30 segundos, e feche a janela.
Nunca leve na mala aquela troca de roupas “para o caso de”. Elas só aumentam o peso no ombro, e são facilmente substituídas em qualquer caso.
Também não adianta levar mais do que três pares de sapato. Um tênis, um chinelo, um sapato mais arrumado. E só.
Curta o lado bom da saudade. É a melhor maneira de aliviar um peso que nunca fica para trás.
Aplique a técnica do “olhou pra mim é meu amigo” e surpreenda-se de como ela funciona. Mas não espere que ninguém mais cuide de você além de você mesmo.
Deixe-se apaixonar. Diariamente. Mas sem criar raízes.
terça-feira, 8 de junho de 2010
O mundo de Carol
Também não assisto novelas da globo. Devo ter acompanhado na vida umas três ou quatro.E nem me fale big brother ou comédias romanticas (argh!).
Já comentei meu gosto musical no último post, e além de músicas, gosto de ler, mas não "O segredo", "Código da Vinci" ou qualquer um do Paulo Coelho. Estou lendo Snoopy, mas não gosto de cachorros, nem de futebol e , apesar de
ser mulher, não me interessa falar sobre TPM, lingerie, ou batons.
Tudo isso me traz um grande problema,estou ficando uma pessoa cada vez mais dificíl de se conviver. As pessoas gostam de pessoas previsíveis, óbvias, e não que eu não seja coisa ou outra, mas não participo dos top 10 assuntos do dia-a-dia, e falar sobre como está frio acaba uma das únicas alternativas.
Há algum tempo, com a internet, comecei a escolher mais o que me interessa saber. Sabe sites sobre curiosidades, noticias bizarras? Leio todos os dias, dificilmente nasce um bebê de três cabeças, ou um morango com gosto de banana sem que eu saiba.
Ainda assim, esses dias fui num Stand up, e muitos dos temas não fazem parte da minha rotina. Ri menos por causa disso? Sim.
Mas só por isso devo começar a ver BBB e parecer menos chata, mais “conversável”? Não!
E digo mais, estou confortável aqui, cada dia mais velha, teimosa, por fora, ilhada, feliz.
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Oração para o trabalhador dormir em paz
Ó Deus do Trabalho, da labuta infinita, das mãos calejadas, dos olhos cansados e da Lesão por Esforço Repetitivo, faça de mim seu funcionário padrão. Conceda-me a graça de uma foto pendurada no panteão dos competentes, amém.
Ó Deus do Trabalho, ensina-me os meandros do seu coração e das pequenas congratulações. Mostre-me com que mãos de luva posso me pendurar em suas delicadas partes. Deixe-me balançar feito uma criança feliz. Serei capaz de puxar sem machucar? Sim, serei. Amém.
Ó Deus do Trabalho, faça com que eu nunca me atrase, afaste de mim o cálice envenenado das distrações gratuitas, das redes sociais, do Twitter, do Facebook, do Orkut e do MSN. Proteja nossas caixas de e-mail contra a fofoca dos descontentes. Livrai-me das línguas ferinas que dizem coisas maldosas sobre o senhor, amém.
Ó Deus do Trabalho, guia minha mão até a fria ferramenta com que criaste teu império. Quero que minhas costas suportem tua ambição, que eu possa servir de base, cavalinho alazão. Ó, se precisares, não se furte em pedir, concedo-lhe o direito de três bicas no meu traseiro desferir. Obrigado por me fazer não sentir dor, amém.
Ó Deus do Trabalho, me ocupe, me preencha, me domine, me sodomize (se assim desejar). Só não deixes que as horas mortas contaminem meu espírito altruísta, minha obediência espartana e meu dócil jeitinho de curvar-me em reverência plena, amém.
Ó Deus do Trabalho, proteja-me das tentações e dos advogados sem pudor. Como bem me ensinaste, em todos esses anos de sincera amizade, ações trabalhistas são primas de Satanás e só trazem desarmonia às boas companhias, amém.
Ó Deus do Trabalho, poupe-me dos domingos e feriados. Almoços com a família? Namoro no cinema? Não, não, não. Imploro de joelhos, não permita que eu caia nesse tipo de armadilha. Mantenha-me no emprego, junto do seu colo quente e acolhedor. Não desejo sair deste ninho, nem da frente do computador. Transborde-me de tarefas, missões e desafios e, se possível, encurte meus prazos. Só quero ser eficiente, amém.
Ó Deus do Trabalho, saiba que a criatividade espreita feito um porco espinho em pânico. Não dê asas aos meus devaneios, não permita sequer que eu ouça música durante as horas de louvor. Faça com que eu decore e adore o meu próprio holerite - e, e isso é muito importante, não inveje o holerite do próximo. Por mais que me esforce, nunca trabalharei tanto (e tão bem) como o senhor, amém.
Ó Deus do Trabalho, perdoai meu cafezinho, meu cigarrinho em horas impróprias e até aquele desvio (que horror, que horror) denominado almoço. Faça com que eu engula minha ração diária em, no máximo, 15 minutos, amém.
Ó Deus do Trabalho, inspire-me a produzir e produzir de forma constante, contínua e concentrada. Faça de mim uma criança asiática, daquelas empregadas em fábricas de tênis ou em confecções de moda. Quero ser sua imagem e semelhança. Embora nunca, em nenhum instante, sonhe em almejar seu cargo. Serei sempre o seu servo, amém.
Porém, ó Deus do Trabalho, chegará o dia em que, carcaça cansada, vísceras retorcidas e sangue aguado, não servirei mais aos seus propósitos. Cumprirei então a profecia da sarjeta, do pires na mão e do abençoado Fundo do Poço de Garantia - que, espero, tenha sido depositado religiosamente, amém.
domingo, 6 de junho de 2010
Memória Cinematográfica
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Veio um segurança procurar você
Cheguei do supermercado, carrinho cheio de compras e cabeça na lua, quando a Elisa, que trabalha comigo, falou assustada:
-Marcela, veio um segurança do shopping e uma moça aqui atrás de você.
Fiquei tão assustada quanto ela. Mas como é essa moça? O que ela disse? Que horas? Eles disseram se voltam? Na falta de respostas, fui atrás do tal segurança. Grande, forte, negro, como ela falou. Não achei.
Fiquei martelando o que seria. Na melhor das possibilidades, algum cliente procurando uma chave perdida. Mas não, perguntaram pela Marcela. Eles sabiam meu nome. Isso cheirava problema. Um carro riscado no estacionamento? Não, faz tempo que não faço barberagens. Mas e se bateram no meu? Corri lá pra verificar. Tudo certo, nenhum arranhão. Pelo menos nenhum arranhão novo.
E se fossem assaltantes disfarçados? Será que eles acham que eu tenho uma chave do cofre, algo assim? Mas aqui nem tem cofre. E se fossem seqüestradores? Eu não sou seqüestrável, mas eles não devem saber. Até explicar eu já estaria presa em um cativeiro.
Tentava me controlar, “vai ver é algo mais leve, algo que eu sai do supermercado sem pagar”. Tem aquela moça da loja de bolsas, aquela que eu briguei. Vai ver veio tirar satisfação. Mas e se ela contratou um segurança pra me bater? Melhor ficar quietinha aqui dentro.
Já estávamos no fim do dia, eu com a cabeça cheia de especulações, quando o moço da manutenção me chamou. “Ei, você é a Marcela, né?”. Era ele o tal “segurança”.
-Ah, é você estava me procurando com uma moça?
-Sim, é que falaram que você está colecionando figurinha da copa e a gente veio trocar. Você tem o Kaká?