Quando eu era criança, sempre que fechava meus olhos, na hora de dormir, tinha o breu dos olhos fechados invadido por milhares de pequenos pontinhos multicoloridos, parecido com estrelinhas, que ficavam rodopiando e navegando como cardumes sobre a escuridão.
Toda noite era assim. Depois de chegar da escola e passar as tardes pulando entre as árvores e brincando com os animais que meu pai criava no quintal da minha casa, eu me recolhia na noite e não tinha medo. Pois sabia que as estrelinhas, que era como eu as chamava, estariam lá para embalar meu sono.
Mas uma noite elas não apareceram. E depois e depois. Nunca mais me encontrei com as estrelinhas e descobri que isto era crescer.
Toquei a vida, comecei a construir meu caminho e atender ao chamado das expectativa de todos que me cercavam. Primeiro pai, depois mulher e enfim, filhos. Fui consumido pela rotina, embriagado pelo tempo, trabalho e dinheiro mas, ao conversar com minha filha, descobri que, todas as noites, as estrelinhas a visitavam.
O mundo girou ao meu redor e percebi – acho que a tempo – o que estava fazendo com a minha vida. Entregando meu tempo e inspiração por um punhado de moedas, em troca via, pela janela, passar meus dias mal vividos, como um espectador distante.
Voltar a brincar foi estranho, mas era preciso... logo estava pensando em como pude deixar de fazer isso com minha filha por tanto tempo. Minha filha enfim estava re-ensinando a viver e eu, um bom aluno.
Na noite passada estava preocupado com o que poderia publicar neste blog, mas quando fechei os olhos percebi que as estrelinhas voltaram.
Quando eu era pequena e fechava os olhos para dormir, via só um ponto verde que ia mudando de cor até sumir. Foi uma decepção quando descobri que era apenas o vulto da lâmpada que tinha acabado de ser desligada.
ResponderExcluirBelo texto!
achei q vc estava falando daquelas estrelas adesivas no teto do quarto. eu tenho no meu.ainda. huhu.
ResponderExcluirSaudade das estrelinhas.
ResponderExcluirEU tambem quero minhas estrelinhas de volta. Sua filha devia fundar uma escola.
ResponderExcluirExtraordinário texto. Sinto falta da imaginação e algumas crenças que tinham. Mas crescer é bom, a gente ganha coisas legais, acho que uma maior liberdade. Eu quero é estar muito pleno e sereno, pois entender cada tempo é algo fundamental.
ResponderExcluirLindo texto
ResponderExcluirNhóóóóóó!!!
ResponderExcluircole estrelas florescentes no teto do quarto...o importante é não desistir (nunca) de ver as estrelas.
ResponderExcluirtambém reaprendi (ou nem sei se, aprendi) a brincar com a Maria. Maria que enche de estrelas minha vida. e sabe o que é melhor, dizem que quando nos tornamos avós já estamos perfeitos para brincadeiras.
Nossa... Me emocionei com esse texto. É bem verdade a mensagem que vc passa.
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