Eu tinha pensado em escrever um texto alegre, algo divertido. Pensei ainda em escrever uma retrospectiva, um balanço de 2011. Aí nesses dias me deparei com tanta desgraça, com tantas agressões, tantas crianças cometendo crimes, tantas demonstrações de desrespeito, de falta de amor...
Em Guarapuava, onde morei até ano passado, uma adolescente de 15 anos foi morta a facada por três colegas, aparentemente por ser 'popular' na escola. Em Minas, uma menina foi esfaqueada e queimada por outras meninas, por causa de um menino. Conseguiu sobreviver. E as cicatrizes lá.
Três moradores de rua foram espancados até a morte em Campinas. Aqui em São Paulo, a gente tropeça todos os dias neles e a maioria quase nem lembra que eles são seres humanos e não seres inanimados como o poste, a lixeira, a calçada.
A violência pode ter existido desde sempre. Mas foi esse ano que eu me deparei com ela a níveis assustadores. Por que ela chega a esse ponto, por que ela é vista como a única saída, o único escape, é isso que eu não entendo. Eu torço para que no próximo ano a gente viva mesmo o fim do mundo. O fim deste mundo tão individualista, que gera indivíduos por vezes doentes, frustrados, sozinhos. Indivíduos que consomem tanto mas não sabem se doar. Indivíduos que também se chocam com tanta violência e ao invés de pregar o amor pregam mais violência, a justiça pelas próprias mãos.
Mais que um Feliz 2012 eu desejo um 2012 mais humano. Para todos nós.
"Eu desejo um 2012 mais humano" foi, sem dúvida, a frase de 2011. Obrigado, Tatiana.
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