terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Uma palavra rude, que um dia falei pra alguém...

Sofrimento não é meu, seu, nosso. O sofrer transita. Coisa do sentir. Eu não amo. O amor passa por mim. Se eu o convenço a ficar bom. Bom pra mim. Ele tá cagando. Ele transita. Passeia. Me vê indo embora, você indo embora, a vizinha indo embora, todos indo, novos chegando, e continua. Ad eternum. Coisa do sofrer. Do sentir. Essa trupe...


Schopenhauer disse que o amor é a natureza, e que o que ela quer é perpetuar espécie. Somos micro do macro, matéria do todo, pouca e petulante, porém necessária até quando ela achar que é. Paixão, afinidade, pau duro e buceta molhada, tudo truque da ardilosa pra procriar e perpetuar espécie. 
Disse também que entendendo isso eu perderia o medo de morrer. Saberia que morrer é só mais um evento, cíclico feito nascer, meter, procriar e morrer. De novo.


A dona Bete e o seu Antonio fecharam ciclo. Estacionaram a essência por aí. Ela gorda, cega, infantilizada, de rim morto. Ele velho, cardiopata, amável de rim idem. Ela gostava de música boa e de chorar. Ele de sorrir e se preocupar. Ela pidona me chamava (sempre) de Danilo. Ele queria saber do meu fim de semana, e sabia meu nome. Senti a falta deles.


Schopenhauer não explica saudade, vontade de cuidar, de querer ser protegido. Não diz também porque cargas d´água você dá o cu, cola velcro, não compra um fone e gosta de sertanejo. Ou diz em outra obra que meu exemplar de bolso ficou devendo. Não importa. Somos finito infinito, temos prazo e não temos. Micro do macro, lembra? Eu sentiria sua falta.





Bom ano, boa vida, bom fim do mundo. E que não estacionemos na minhoca, assexualidade deve ser um pé no saco.

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