Voltando pra casa, fugindo da chuva, sério e
inexpressivo, comecei e pensar onde foi parar aquele meu espírito agradável que
ria de qualquer bobagem. Alguns condenavam e me achavam infantil quando agia
dessa maneira, mas e agora, faço eu parte dessa massa?
Nesse mesmo caminho, duas senhoras riam sozinhas do
outro lado da rua, enquanto brigavam com o vento que dobrava o guarda-chuva
delas para cima e as faziam se molhar.
Na mesma calçada que eu, o mesmo vento se divertia
com duas garotinhas que recebiam as gotículas geladas que ele fazia cair das
folhas das árvores encharcadas. Elas riam como se fosse algo mágico e único,
embora seus pais esbravejassem quaisquer bobagens sobre a atitude do “menino
vento” e tudo ao mesmo tempo.
Nesse mesmo tempo, o mendigo tentava fazer um pouco
de fogo debaixo da carroça de carregar papelão, e se eu fosse ele, ficaria
irritadíssimo com cada sopro que o vento dava pra apagar meu fogo. Vento
maldito!
Enquanto tudo isso acontecia, eu fugia. Já não sei
mais porque eu fugia, de fato. Mas
estava assustado e injuriado, o vento também resolveu me perturbar. Soprava a
garoa fina bem na direção do meu rosto. Ah! Como eu estava odiando. E antes que
essa viagem de cinco minutos terminasse; uma bicicleta desgovernada quase me
atropelou!
“Olha para onde anda com essa droga!” – eu quis esbravejar. Mas logo me coloquei a
rir ao ver que eu quase fora atropelado por uma velha amiga. Quanto tempo não a
via.
Encontre mais no livro Rascunhos Vivos
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