Era ele. Jupiteriano.
Para aqueles que não entendem dos paranauês astrológicos uma palavra não basta. Até conhecê-lo, sequer pensava que um único ser pudesse representar tão bem os aspectos positivos e negativos da influência de um planeta.
Grande. Gordo. Risonho. Luxurioso. Feliz. Quer ser amigo de todo mundo. Me contou toda a sua vida em uma tarde. Nos vemos frequentemente.
Grande. Mais alto que eu, mais largo que eu, para além da divina proporção. É muito espaçoso, é muito desconjuntado, é muito exagerado.
Gordo. Aquele gordo por inteiro que pouco se importa com isso, com a pachorra de se achar forte e musculoso. "Não, querido", penso, "um presunto não é um bíceps. Desculpe a sinceridade. Ou não."
Risonho. Aquela risada incômoda e alta e desinteressante, quando encontra alguma piada infame que denigre a imagem de algo ou alguém.
Luxurioso. Uma palavra mais formosa para sua vulgaridade no trato com as mulheres.
Feliz. Pelo menos é o que diz. Incessantemente.
Quer ser amigo de todo mundo. Frustra todas as minhas tentativas de sinceramente me afastar dele para todo o sempre, amém.
Me contou toda a sua vida em uma tarde. Como se me importasse.
Na verdade, pessoas interessantes não tem tempo para contar sua vida toda. Estão ocupadas vivendo.
Nos vemos frequentemente. Evidentemente, à minha revelia.
Sigo vivendo. O mundo não é feito por pessoas, mas por modelos. Até do que não quero ser nem ferrando.
Pessoas estão para além de modelos.
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