Foi quase! Por muito pouco mesmo. Ali, na beirada
daquele jardim de rua com um chafariz de águas amareladas que quase senti os
lábios de Antônio sobre os meus. O calor e a tremedeira tomavam conta da minha
razão e eu esfacelava em sentimentos. Mas ali, naquele quase momento perfeito,
Antônio falou sobre a parte do corpo que ele mais gostava em uma mulher. Sentiu
que foi ali o melhor momento para comentar: “as mãos finas e delicadas de uma
menina”.
E foi ali que vi voltando para mim. A tremedeira e
o calor transformaram-se em frio e desespero. Prantos.
Corri por entre os carros e as buzinas. Freadas
bruscas acompanharam minha semana enquanto admirava tão abismada minhas
próprias mãos marcadas pela infância dura na plantação do meu pai. A
brincadeira mais divertida era contar frutos de café pra descobrir até onde
chegavam os números. A mais inesquecível foi contar as estrelas, pra ver se
tinham tantas quanto aos cafés que já colhi. Mãos duras e sem delicadeza
nenhuma. Antônio não merecia isso. Também nunca mais me procurou, e eu?
Chorava. Derramei ainda mais lágrimas do que as estrelas e os frutos de café já
torrados por tantos outros por aí.
Encontre mais no livro Rascunhos Vivos
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Mãos lavadas em lágrimas, tão suaves quanto um maremoto.
ResponderExcluirBelamente triste!
ResponderExcluirQual parte do corpo de uma mulher que você mais gosta? Resp. as mãos...kkkkkkk e eu sou o bozo. kkkkk
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