para além das questões profissionais, havia também - talvez até uma geração anterior à minha -, as mensagens nos guardanapos (pelo menos é o que vejo em filmes). após o flerte, a pessoa escrevia qualquer coisa no papel de limpar a boca, como o telefone, e pedia ao garçon para entregar à outra pessoa.
esta abordagem é uma das mais fofas de que tenho conhecimento e aconteceu comigo dia desses, para minha total surpresa. não era um guardanapo, mas um cartão - lindo, por sinal - entregue pelo garçon. "com licença, senhor, um senhor pediu para eu entregar isso." como já havia rolado pelo menos dois mini-flertes em tal ocasião, fiquei na dúvida de quem poderia ser, mas quando questionei o garçon, ele me disse que "ah, o senhor que entregou já foi embora".
na época eu namorava, mas na primeira oportunidade fiz o que todo mundo faz quando quer saber mais sobre alguém: google. minha curiosidade apenas aumentou, uma vez que - inocente que às vezes sou, não entendi o motivo da entrega do cartão. seria algo profissional? comentei com meu parceiro da época, que demonstrou surpresa, pois conhecia a pessoa do cartão. depois de uma ofensa puramente ciumenta disfarçada de conselho, ele perguntou o que eu ia fazer e eu disse que ia escrever ou ligar para a pessoa do cartão. não o fiz no mesmo dia, mas no dia seguinte escrevi. não tive nenhuma resposta nos seis meses seguintes.
o mundo é cíclico, as pessoas que precisam ou querem se encontrar acabam se encontrando e foi o que aconteceu depois de todo este tempo. nos encontramos por acaso, não conversamos por um motivo muito besta, mas voltei a escrever porque desta vez era questão de honra. recebo um cartão, escrevo e não tenho resposta? como assim? e em seguida, minutos depois recebi a resposta.
o que se passou/se passa depois dessa história é muito peculiar e particular. o que me deixa realmente muito feliz é saber que o tempo se encarrega de muita coisa e aquela história boba de que tudo acontece no seu tempo, parece ser verdade. por isso acho que ainda vale a pena fazer o que dá vontade, seguir o desejo e seguir em frente, sempre, mesmo que o que dá vontade seja algo que pareça, à primeira vista, ridículo, como entregar um cartão por meio do garçon...
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