Ah, já ia esquecendo. A menina era assim, desajeitada, bagunçada do equilíbrio. Em todos estes anos, nunca a vi completar uma rota para escola sem derrubar uma caneta, um lápis ou por muitas vezes, o kit-escola todo.
Um dia, sem esperar, ganhou da mãe sua primeira mochila. Não era seu décimo oitavo aniversário ainda e o décimo quinto já havia passado havia dois anos, mas naquele dia, comemorou quieta com um sorriso e um brilho de quem realmente estava contente com o presente.
E presente, não estava o pai, era passado há anos. E passado anos, não sentia mais falta. Mas naquele dia da mochila, ela lembrou dele. Não importa, já era tarde e o melhor foi ir dormir.
No outro dia de manhã, acordou cedo como de costume, arrumou-se para a escola, colocou orgulhosa sua mochila na costas, reparou-se bem no espelho como há muito não o fazia, acertou a altura das alças, pegou seu material e saiu.
Estava tão contente com aquela mochila que no seu habitual caminho para a escola, saltitando de uma felicidade que não lhe cabia dentro do corpo, deixou para trás, apenas as pegadas que sumiam gradualmente conforme se distanciava.
Por fim, houveram três fins. Não pretendo contar nenhum, fechem seu olhos e façam o fim que lhes convierem.
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