Nós mulheres lutamos muito para conquistarmos nossa
independência financeira, para sair de casa e trabalhar, hoje encontramos mais
uma barreira no transporte público. No
último século a maioria das mulheres vivia em casa, escondidas entre paredes, no
entanto esse quadro mudou e atualmente ocupamos cada vez mais os espaços
públicos (para nossa satisfação), porém isso significa que o assédio sexual se expandiu
para mais esferas da cidade, que é o caso do transporte coletivo.
O alto número de vítimas de assédio sexual no transporte
coletivo deixa claro que esse crime é muito recorrente nas grandes cidades. E
as vítimas, cansadas, estão cada vez mais denunciando esses delitos.
O trem, metrô e ônibus lotado, não justificam, mas,
facilitam essas práticas aqui no Brasil, há ocorrências que aconteceram em
outros lugares do mundo também. Como podemos observar no caso que aconteceu em
Nova Deli:
“A estudante Jyoti Singh Pandey, de 23 anos, foi estuprada e
espancada com uma barra de ferro em um ônibus que circulava pela capital
indiana, em dezembro de 2012.”
E por que esses lugares são cenários para esse tipo de ato? Por
que não são seguros?
Enquanto providências de responsabilidade pública não forem
tomadas mulheres serão cada vez mais constrangidas e reprimidas no espaço
público, por isso deixo aqui a pergunta: Por que a cidade facilita o assédio
sexual?
Uma das possíveis respostas está na segurança pública que em
nosso país é muito carente, mas também no modo de vida que adotamos nos últimos
anos. Concordo muito com Jane Jacobs quando diz que faltam olhos nas cidades
contemporâneas dos anos 60, mas também tenho consciência que o que não faltam
são olhos nos trens e metrôs lotados e mesmo assim isso acontece. Talvez o que
falte seja educação e algo contra essa cultura machista, mas o que falta mesmo
é um abrigo e refúgio onde essas mulheres vítimas possam denunciar e buscar por
respeito onde não sejam julgadas e ainda mais reprimidas.
Onde estão os olhos que serviam de vigias? Não digo os das
câmeras passivos e silenciosos, e sim os dos humanos, vivos, alertas e
condolentes.
Termino com dados que me deixaram um pouco surpresa e desconfiada, digam
o que acharam! ;)
Salvador teve 346 relatos,
seguido de Brasília, com 269. São Paulo e Rio de Janeiro estão logo em seguida,
com 250 e 236 denúncias respectivamente. 2012.
Dados da ONU listam os países
com maior incidência de estupros em 2010 (os últimos consolidados): EUA (1),
com 84.767 casos; África do Sul (2), com algo em torno de 67 mil casos; Índia
(3), com 22.172 casos; Reino Unido (4), 15.934; México (5) 14.993.
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