domingo, 23 de fevereiro de 2014

10 Motivos pelo qual eu não uso maquiagem

1. No calor derrete e pareço um boneco de museu de cera. Não o da Madame Tussauds, o do filme.
2. Mancha a roupa. A minha e a das pessoas que eu cumprimento.
 3. Custa caro.
4. Leva tempo. Tempo que eu poderia aproveitar melhor dormindo.
5. São necessários testes em animais para desenvolver maquiagem. Os que dizem que não fazem compram os resultados de empresas que fazem. Eu acho diferente sacrificar animais para descobrir a cura do câncer e testar um novo batom. 
6. Estou nos 30 mas ainda sofro com espinhas. Se eu usar maquiagem para disfarçar abafo a coitada e ela demora o triplo do tempo para sumir. Fora que para disfarçar de verdade eu precisaria usar uma tonalidade mais forte que o meu tom de pele e o resultado seria esse:
7. Eu me sinto uma drag quando uso maquiagem, prefiro ser só queen. 
8. Sei que não devo, mas posso esfregar meus olhos sem medo de virar um panda. 
 
9. Quando tenho um evento especial e uso maquiagem as pessoas se surpreendem. "Nossa,  voce está tão bonita que eu nem te reconheci" já me disse uma tia bêbada. 
10. Me afasto de gente falsa. Aquela amiga que disse que você estava L.I.N.D.A não é sua amiga. 
Bônus: Eu não preciso de maquiagem para parecer bonita:

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Advinha o que vem para o jantar

A vida moderna tem colaborado para que alguns estabelecimentos se multipliquem pelas ruas da cidade. Não, não estou me referindo às igrejas evangélicas, ainda que também seja verdade, mas aos inúmeros estabelecimentos que entregam comida em casa, os famosos deliveries (porque em inglês tudo fica mais descolado). A porta de minha geladeira é prova disso. Sim, me lembro que a geladeira de minha mãe era adornada com ímãs de frutas, duas ou três fotos e um calendário da Liquigás. Nada mais distinto do que se passa em minha geladeira, sobretudo pelo último item, porque pelo tanto que cozinhamos (minha senhora e eu) muito me estranha que a Liquigás ainda passe pela minha rua. Mas voltemos à minha geladeira.

A porta de minha geladeira é praticamente um grande cardápio, onde podemos vislumbrar o que há de melhor e de pior na gastronomia internacional. Há culinária chinesa, suiça, japonesa, italiana, árabe e brasileira (por que não?). Entrega-se de tudo: pizza aberta, fechada, pizza frita, pizza assada, batata recheada, beirute, pastel, hambúrgueres, bife a parmegiana e sushi. Tudo isso no conforto do lar e com a possibilidade de passar na maquininha do vale refeição que você economizou no almoço.

Não que esses estabelecimentos não existissem há uns 20 anos, mas não aos montes, e eram essencialmente lugares que recebiam as pessoas em seus salões em dias especiais, geralmente aos fins de semana, já que ninguém ia se dar ao luxo de comer pizza numa terça feira qualquer. Pois hoje se comete este disparate sem peso na consciência, ainda que o peso de muitos tenha aumentado por conta de tanta facilidade.


Facilidade em termos. Feliz é aquele que viveu no tempo em que as pessoas simples comiam pizza de calabresa ou mussarela e os mais saidinhos iam na de quatro queijos ou na sofisticadíssima portuguesa. Hoje são tantas opções que o momento da escolha se transformou num verdadeiro calvário familiar.  Nunca sabemos o que escolher diante daquela infinidade de combinações e o consenso se torna quase impossível. Sempre tem o vegetariano que fala que com ele não tem frescura, desde que não haja cadáveres em seu pedaço, e sempre há o glutão que pede pra colocar bacon em sua pizza de aliche. No fim pede-se meio de uma, meio de outra, o motoboy mistura tudo na primeira curva e fica tudo com o mesmo gosto e a sensação de que era melhor ter pedido uma de mussarela.

Tentando evitar um dissabor como este, minha senhora e eu somos bem conservadores não hora de escolher nossos sabores. Escolhemos entre quatro ou cinco que já passaram por aprovação anterior e assim mantemos intacta a harmonia familiar, tão desejada em dias tão turbulentos, sobretudo na hora das refeições. Quando estamos com muita fome, por exemplo, qualquer segundo que se ganhe é muito valioso, foi por isso que, dias atrás, quando minha senhora me indagou que pizza eu queria, eu fui logo dizendo: "Pede aquela tal de "À moda do pizzaiolo"". Aquela combinação de peito de peru, catupiri e azeitonas tinha agradado bastante da última vez. O tal pizzaiolo sabia das coisas e merecia ser homenageado mais uma vez!

Provavelmente porque eu estava com muita fome, a pizza demorou uma eternidade para chegar. Decorridos 60 minutos, quando minha fome já estava chegando num estágio em que eu começava a olhar com interesse para o pacote de Miojo, resolvi ligar para a pizzaria e reclamar do atraso. "Senhor Felipe, fique tranquilo que o entregador já saiu com seu pedido". Bom, considerando que a pizzaria fica a menos de 1 quilômetro de minha residência, resolvi abandonar a ideia de corromper o meu estômago e decidi aguardar. Minha senhora, que não estava com fome, manteve-se indiferente.

Não costumo dar gorjeta aos entregadores. Não tenho nada contra eles, mas considero que esta taxa já está inclusa no valor da pizza. O entregador também não tem nada contra mim, mas considera mais conveniente entregar primeiro a pizza dos clientes mais generosos. Não encontro outra explicação para o fato da pizza ter demorado mais 35 minutos para chegar. O fato é que chegou e eu salivava só de pensar no peito de peru adornando o catupiri borbulhante. Fui ingênuo. Aberta a embalagem o peito de peru se transformou em peperoni, o catupiri em mussarela e as azeitonas viraram pimentão e champignon. Vou fazer o quê? Devolver a pizza e esperar mais uma hora e trinta e cinco por outra pizza de "sabe-se Deus" qual sabor? Jamais! Bora incorporar o texano e mandar ver no peperoni com pimentão, uma coisinha leve para antes de dormir...

Mas eu descobri o que aconteceu! Junto com a embalagem jazia um folheto novo da pizzaria, anunciando em letras garrafais: "Sob nova direção". No interior do cardápio constava: "À moda do pizzaiolo: mussarela, peperoni, pimentão e champgnon". Ah, então era isso. A pizzaria mudou de dono, provavelmente reduziu pela metade o número de motoboys (1h35!) e contratou um novo pizzaiolo. O pizzaiolo, muito cheio de si, não ia aceitar que a pizza que levava seu nome se mantivesse com os ingredientes do pizzaiolinho anterior. Os clientes famintos que se danem! Pimentão com peperoni neles!

O fato é que comemos a redonda. Não sei se foi a fome ou uma piada de mau gosto do destino, mas depois da refeição tivemos que ligar novamente pra pizzaria e praticar a humildade. Ligamos para informá-los que o novo pizzaiolo deles era muito bom e de que aquela tinha sido a melhor pizza que comemos nos últimos tempos. E se eles falassem com os antigos donos saberiam que não foram poucas!

Hoje é sábado e, como qualquer outro dia da semana, um ótimo dia para se pedir uma pizza. Já sei o que vou fazer: quando o atendente vier com o seu famoso "fala, patrão, o que vai hoje?", eu não vou me desgastar montando combinações estapafúrdias ou solicitar que se troque um ingrediente pelo outro. Vou apenas sorrir e dizer:

- Surpreenda-me! 

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Pedido de casamento nas alturas!

Olá, minha gente!

Dias atrás, na rádio, estava eu a navegar pelos sites de notícias que gosto de visitar, quando uma manchete com uma foto linda de um casal feliz me chamou a atenção.

Tratava-se de Arthur e Thays, dois jovens do Sul do Brasil.

A manchete era: "Jovem morre no mesmo avião em que pediu a noiva em casamento".

Sem maiores delongas, o vídeo é esse aqui:


Achei a ideia do cara fantástica!
Tipo, coisa de filme mesmo!

Mesmo a gente não tendo tido contato com pessoas assim, a gente sente pela triste história.

Fui pesquisar aqui, pra colocar a notícia, pra você poder ler, e eis que passou sobre isso no Fantástico!

Eu não assisti na TV, mas vi aqui na net.
A noiva, o pai, o irmão... Eles falam da saudade que o rapaz dexou.

Para ver o vídeo que o Fantástico veiculou, clique aqui.

Achei digno de publicar aqui.

Mesmo que o fato trágico não tivesse acontecido, se eu tomasse conhecimento do pedido que esse cara fez, desse jeito, eu postaria!
Romance à moda antiga ainda existe!

"É tão estranho... Os bons morrem jovens..."

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

O roubo da sétima arte

Clara havia prometido ao filho que naquele dia iriam ao cinema. O pequeno insistia em ver a mais nova animação lançada em 4D. Para que tantos D’s? Ela não sabia direito que filme era, imagina se teria tempo para acompanhar o que o filho gostava. Arrastou o namorado junto, que não fazia questão de ver o filme com o enteado, mas não tinha desculpa para não ir. Decidiram pelo shopping JK Iguatemi por razões de segurança (com esses rolezinhos...). Ingressos comprados, R$73,00, duas inteiras e uma meia-entrada ficaram R$182,50. Pipocas, refrigerantes e algumas guloseimas saíram por R$54,00. Um jantar depois do filme, no próprio shopping R$152,00. Por fim pagaram R$21,00 pelo estacionamento até cinco horas (não gostavam de fazer nada às pressas). Um filminho em família no meio da semana, coisa de R$409,50.

Augusto havia morado um tempo em São Paulo. Sem família e com poucos amigos, contava com o cinema como uma espécie de companhia. Preferia os cinemas de rua, tanto a programação quanto o ambiente, para não dizer os frequentadores. Após terminar os estudos, voltou para sua cidade, um dos 90,9% de municípios brasileiros sem cinema. A única sala virou igreja, o cinema da cidade vizinha fora vendido para uma grande loja varejista. Não era nada fácil continuar vendo um filme por semana sem se render aos filmes dublados que passam na TV repetidas vezes.

Fabiana estudava cinema. Depois de entrar na faculdade o hobby já nem era tão prazeroso, graças à quantidade de filmes que tinha que assistir – nem sempre muito agradáveis. Por prazer ou obrigação, entre todos os filmes que tinha que ver, poucos chegavam às telas de cinema. Filmes chineses, coreanos, nicaraguenses, marroquinos. No começo corria para a locadora onde já tinha feito até amizade com a proprietária, afinal alugava filmes lá há anos. Pouco adiantava. Já fazia tempo que a dona da locadora vinha reclamando da queda de freguesia com as facilidades da TV por assinatura e internet. “Trabalhando com os filmes que todo mundo procura eu mal ganho para manter a locadora, imagine se comprar essas coisas estranhas que você quer, minha filha!”

Marina é fã de cinema nacional. Detesta as pornochanchadas que parecem ter estigmatizado os filmes brasileiros eternamente. Também detesta quando, ao dizer sua preferência, alguém pergunta sobre alguma comédia sem graça da Globo Filmes. Superando essas dificuldades o problema é encontrar os filmes. Mora em uma cidade com cinema, mas distante dos grandes centros com circuito alternativo. Os poucos filmes que chegam a sua cidade são blockbusters importados, que geralmente ela não vê a menor graça. Ela conhece bem as dificuldades de cada etapa quando se trata de fazer cinema no Brasil. Gostaria de fazer o mínimo que lhe diz respeito, ou seja, pagar um ingresso de cinema e garantir uma pequenina contribuição com aquela obra, mas essa não tem sido uma tarefa nada fácil.

Alexandre tem um blog de cinema. Até agora são 167 filmes comentados. Nenhum foi assistido no JK Iguatemi, nem todos foram vistos no cinema e, não vamos revelar o sobrenome do blogueiro para que ele não tenha problemas com a justiça, vários filmes foram baixados na internet, sem o devido pagamento. Ele nunca havia pensado nisso até receber o comentário “Seu blog é bom pena que você incentiva o roubo de filmes pela internet”. Alexandre tem sido uma grande pedra no sapato da indústria cinematográfica.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Queria que você tivesse ficado pelo menos pra sempre

Você foi embora e deixou uma angústia, algo parecido com aquela depressãozinha que sentimos ao voltar de uma viagem que foi muito boa. Queria que você tivesse ficado pelo menos pra sempre. Foi tanto tempo longe que agora, que você veio, fico com medo de você ir de novo. Não arrumei a cama, nem pus o short que você dormiu pra lavar. Cheiro meu corpo em busca do seu perfume e me acaricio como em devoção à última coisa que você tocou.
Te encontrar foi tão bom que custo a acreditar que te reencontrar possa ser tão melhor. Fica, dessa vez.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

SEMPRE A PROCURA DE UMA NOVA EXPERIENCIA...


Hoje é dia 18. Minha data das 30 pessoas. Então daí vai um texto concreto... BOA LEITURA! 
E POSSIVEIS ENCAMINHAMENTOS, IDEIAS OU TROCAS!
SALVE, SALVE!

DEMIS MENÉNDEZ SÁNCHEZ
Natural de Cuba, residente em São Paulo, Brasil
Tel.: (11) 99633-6987 E-mail: arcodecello@gmail.com
[www.entreduaslinguas.wordpress.com]

Escritor, blogger e roteirista. Arte-Educador. Fotógrafo e vídeo realizador. Experiência na área de divulgação e produção de eventos. Interesse na área de criação literária, jornalismo, cinematográfica, comunicação, produção de eventos e tradução literária, técnica ou interprete.


EXPERIENCIA PROFISSIONAL

Maio – Até presente data. Cineclube das Sete Cores – Centro de Referência da Diversidade, SP,
          Brazil. Coordenador e oficineiro.
Mar. 2012 Até presente data – Projeto Quixote. – São Paulo, Brasil.
           Arte-Educador.
Jan. – Abr. 2013 Oficina de Criação Literária – Centro de Referencia da Diversidade –                      
SP, Brasil.  Oficineiro.
Abr. – Dez. 2012– Projeto “Meu Primeiro Livro” Editora Espaço Idea –       
          Guarulhos, Brasil. Palestrante e Oficineiro.
Set. – Dez 2011.  Centro de convivência E de Lei. – São Paulo, Brasil
           Produtor cultural, Ponto de Cultura Na Rua, da Rua, pra Rua.
Jan. 2011 – Abril. 2012. Oxen Films S.A. – Costa Rica
           Factor Común - ideia original e roteirista para a web-serie animada.  
Nov. 2007 – nov 2011. Plano B Produções, São Paulo, Brasil.
          Roteirista para Vídeos Institucionais.
Ago. 2007 – Jan. 2011. Projeto Quixote. – São Paulo, Brasil
           Arte-Educador. Oficineiro.
Ago. 2002 – Nov. 2006 Asociación Hermanos Saíz (A.H.S.) – La Habana, Cuba
          Vice-presidente A.H.S Ciudad de La Habana – Out. 2003 – Nov. 2006      
          Promotor e produtor cultural de festivais, shows, exposições. - Ago. 2002 – Nov.      2006.

FORMAÇÃO EDUCACIONAL

Set. – Nov 2011. Escola São Paulo.
         Curso de Escrita de Crónica por Milly Lacombe.
Mar. – Dez. 2010. Escola São Paulo.
        Curso 1 ano de Cinema coordenado por Phillippe Barcinsky
      
 ECO, curta-metragem –   http://www.youtube.com/watch?v=7r8528MDL5o

Cidade(s), curta-metragem baseado na serie de contos Complot(city) da minha autoria, (adaptação, câmera, som) - http://www.youtube.com/watch?v=rRtgOLlmPAU

Fev. – Ago. 2008. Curso de formação de Educadores. SP, Brasil. Projeto Quixote
Set. – Out. 2006 , Kaospilot, Dinamarca
        Curso-intercâmbio de empreendedor social.
Mar. – Dez. 2006, Centro de Formación Literaria Onelio Jorge Cardoso, Cuba
        Curso de Roteiro para Cinema e TV. 
2005 e 2006. Casa Gaia.
        1º e 2º Oficina intensiva de Teatro Espontâneo Playback, La Habana, Cuba
2005. Instituto Cubano del Libro, Cuba.
        Curso intensivo de edição de textos
2003. Maestra Zoila Menéndez, La Habana, Cuba.
        1º y 2º Nível de Energia Universal REIKI,  
Out 2002 – Jun 2003. Centro de Formación Literária Onelio Jorge Cardoso, Cuba.
       5º Curso de Técnicas narrativas.
Nov 2001 – Ago. 2002. Libraria Ateneo, La Habana, Cuba.
       5ª Oficina de criação e técnicas narrativas Salvador Redonet por Jorge Alberto
       Aguiar Díaz (JAAD)
Set. 1995 – Jul. 1999. Instituto Politécnico Hermanos Gómez, La Habana, Cuba.
       Técnico Medio en Sistemas de refrigeración y climatización industrial.  

PREMIOS LITERARIOS

Bolsa de criação “El Caballo de Coral” pelo projeto de livro ¿Cómo le crecen los senos a las niñas? , 2003
IX Premio Pinos Nuevos de Narrativa com o livro ¿Cómo le crecen los senos a las niñas?, 2004
Premio Felix Pita Rodríguez de Narrativa  com o livro El niño puede, 2005

PUBLICAÇÕES

¿Cómo le crecen los senos a las niñas?, CONTOS, Editorial Letras Cubanas, Cuba, 2004.

Escritos con guitarras (Antología de contos), Masaje chino después de las tres, Editorial Unión, Cuba, 2005

El niño puede, CONTOS, Editorial Unicornio, Cuba, 2006

Mundo da família, Top Ten, Crônica de uma família incompleta, TRECHO DE ROMANCE, Projeto Quixote, Área Ensino e Pesquisa, São Paulo, 2010

Gizamundo, NARRATIVA, Editora Peirópolis, São Paulo 2012. Projeto em conjunto com Auro Lescher e OTA

Outras publicações em revistas digitais cubanas. 

IDIOMAS
Língua materna: Espanhol
Fluente: Português e Inglês. 

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Noite

"Tender is the night
 Lying by your side
 Tender is the touch
 Of someone that you love too much"

Hoje eu comemoro o fim do horário de verão só não sei se é o verão ou seu horário, fato, que não me sinto bem com tanta luz em meu dia. Sou contrário aos apregoam que sair após às 18 horas e ter a presença da luz solar é algo que devemos comemorar devido a possibilidade de aproveitar mais o dia.

Estou longe de ser um notívago, mais longe ainda de ser aquele que explora a noite de São Paulo, porém, gosto da moldura da minha janela, de ir ao cinema, dos grandes festivais de música, ou sair a noite para comer alguma coisa ou da forma de como as minhas lembranças são sempre bem adornadas com o escuro da noite.

Mesmo o pesadelo contínuo dos espíritos que podem me acordar, do bicho papão que poderá sair a qualquer hora debaixo da minha cama ou de nunca mais acordar, ainda assim, escolho a noite como a minha companheira. 

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Seguindo a maré

Sinto profunda inveja de gente que sabe o que quer. 

Enquanto eu tenho dificuldade para decidir tanto coisas corriqueiras como o sabor do sorvete que devo tomar, quanto as mais sérias como que rumo dar à vida, parece que todo o restante das pessoas possui um discernimento, no mínimo razoável, perante as escolhas que lhes são oferecidas. 

Nunca fui uma criança de personalidade. Usava as roupas que minha mãe queria, sem questionar, enquanto meu irmão mais novo sempre teve e lutou pelas suas preferências de vestuário. Na escola, se eu estava com meninos, tornava-me encapetada como qualquer menino. Se era com meninas, não via problema nenhum em brincar delicadamente de casinha ou bonecas. Nunca formei opinião, nunca inventei moda. 

E assim segui na adolescência, quando deixava minhas amigas decidirem que era melhor passar o intervalo das aulas escondidas no banheiro feminino, pois, segundo elas, todo mundo do colégio tirava sarro da gente. Assim foi na faculdade, que quem escolheu foi um teste vocacional. Assim é até hoje.

Obviamente eu não cheguei aos 27 sem tomar nenhuma decisão. Também não disse sim a tudo que me impuseram, pois saber o que eu não quero não é problema para mim. Mas admito que minhas decisões foram muito influenciadas pelas pessoas com quem convivi. Eu sempre precisei de validação. E o resultado disso é que hoje tenho a impressão de quem decidiu a minha vida inteira não fui eu, e sim, os outros.

Eu não estou aqui para avisar que a partir de hoje tudo isso mudou. Não quero ter decisões forçadas. Também não quero fórmulas milagrosas que me ensinem a ser quem não sou. Queria que a vontade das coisas fluísse de mim, o que desconfio que jamais acontecerá. Resta-me somente continuar tentando escolher sempre as pessoas mais fodas para conviver, já que elas é que decidirão meu futuro mesmo.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Desleixo



Saiu do chuveiro e andou com os pés molhados pela casa até chegar ao telefone. Era engano!
A toalha molhada ficou jogada na cama, enquanto ele vestia a calça sem cueca.  As meias eram cada uma de uma cor e de um modelo. No pé direito a meia de lã, no pé esquerdo   a de algodão.

O leite derramou no fogão e ele enxugou com a banda do pão que tinha na mão. O copo sujo de suco de ontem, abrigava o café de hoje e as bolachas maizenas que o gato derrubou no chão, eram assopradas e comidas apressadamente.

Saiu de casa com pasta de dente num canto da boca e a camisa amarrotada sem os dois botões debaixo.  As remelas ele tirava com o auxílio da saliva, que também ajudava na arrumação do pouco cabelo.

Entrou no ônibus massacrando a todos com sua mochila cheia de zíperes, cheia de remendos, cheia de segredos....talvez. Pagou o cobrador e pegou o troco sem gratidão. Sentou na cadeira de idosos e ligou a tv do celular.

Subiu no elevador sozinho e aproveitou para soltar uns puns matinais. Limpou o tênis sujo de bosta de cachorro no tapetinho da recepção. Atravessou o escritório  e entrou  na sua sala de diretor.





É isso. É o que temos pra hoje. Acabei de fazer, estou no trabalho e hummmm foi legal escrever. Preciso fazer isso mais vezes. Tive outras ideias. Gostei. Quem  sabe eu não consigo colocar elas em prática, se não deixar para escrever em cima da hora de novo! :-P



quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

O bolinho de chocolate


Quando eu era pequena minha avó morava ao lado de uma distribuidora de bolinhos de chocolate e de tarde eles vendiam o que voltava para lá. Minha avó tinha quase vinte netos, então esses bolinhos eram parte da vida de todos nós.

Voltei a esse lugar muitos anos depois, minha avó já tinha se mudado, mas a distribuidora continuava ali, apesar de agora não ser mais uma empresa nacional, mas parte de um gigante internacional. Comprei uns bolinhos e sentei em uma parque que estava na frente, o mesmo que cansei de correr com meus primos. Depois da primeira mordida meu coração quebrou, o gosto era diferente.

Tenho um amigo que é engenheiro em alimentos e contei essa história para ele, achei que meu paladar de adulta tinha estragado a experiência. Meu amigo contou que não foi isso, o que derrubou meu momento estava ligado a empresa, quando eles começaram os ingredientes eram melhores, mas depois em uma escala industrial e nacional, tiveram que começar  a abrir mão de tudo para manter o preço. Onde antes existia pelo menos uma gota de chocolate, foi substituído por um sabor artificial e corantes.

Fiquei revoltada porque não foi minha única experiência em relação aos alimentos depois que voltei a esse lugar. No meu momento de revolta e com a sensação da minha menina interna gritando, eu quis mandar uma carta para o governo, pedindo que as empresas preservem nosso paladar infantil, que leis protejam nossas memórias e que a comida que um dia aprendemos a amar de pequenos seja mantida assim até o final dos nosso dias.

Até onde um ser humano pode ser bom se arrancam todas suas memórias do paladar? Tanto abandonamos no meio do caminho, eu não tenho mais minha avó nem sua casa, por que não manter meu bolinho de chocolate, aquele que ao comer eu lembrava dela?

Mundo injusto e cruel,  estou horrorizada diante disso, nenhuma empresa preservou minhas memórias. Ah, deve ser isso que minha avó falava, o capitalismo selvagem, aquele que passa por cima de todos nós, inclusive das nossas lembranças.

Paciência, eu queria no paladar o momento que a gente só pode guardar no coração. Pelo menos de lá ninguém tira nem muda os ingredientes.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Calor...

São quase 40 graus, sem chuva, todo dia, o dia todo.
E que saber? Eu acho bom, por várias razões:

 Liberdade:
Posso de sair de casa de manhã de regata ou vestido, de sandália, sem ter que me preocupar em levar blusa ou guarda-chuva a tira colo.

 Praticidade:
Gosto de lavar o cabelo e em quinze minutos ele já estar seco, de lavar roupa estender e guardar no mesmo dia.

 Funcionalidade:
 É até mais fácil acordar cedo.Tenho muito sono, no calor durmo menos. 

  Saúde:
  Menos fome, trocaria qualquer lasanha por um copão de suco de laranja.
  Frutas, sucos, saladas, tudo fica mais gostoso, ótimo período para começar um regime com chances de dar certo.

  Ânimo:
 Viajar, qualquer praia, qualquer buraco com uma piscina vira um paraíso. 
 O nascer do sol laranja, o pôr do sol já a noite, o meio dia azul e sem nuvens, adeus depressão...

  Sinta-se especial:
 Não tenho nenhum problema respiratório e odeio umidade.Transpiro pouco, só depois de uns 32 graus, me sinto um super herói no meio desse pessoal pingando.

  Aos que reclamam:
 Tomem um banho gelado, vão dar uma volta na praça, comprem um picolé e aproveitem!


sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Trindade

são três golpes, ou a minha fraqueza. morrer?

O pedaço de metal nas mãos do homem negro reluz vagamente com o refletir duma claridade difusa que desponta da rara lâmpada oscilante na longa rua sombria.

deve respirar o veneno que paira no alto desta cidade imunda. Um gigante em que a mestiçagem não se conhecia. Dois metros? Estou seguro nesta distância? Vejo algo… uma faca...o vulto…

O homem negro surge do beco que mal comporta seu corpo monstruoso.

três golpes; ou morrer.

Apenas um pedaço de uma faca segura pela mão do homem negro.

essa merda de faca não perfura  a pata de um cachorro! Por que não vai roubar outro cara, seu porra? Quer grana? Meu celular? Relógio? Sapatos? Está com fome? Vai queimar mais uma pedra, Filho da Puta!? Roubar… Pedir. Peça!   Posso te fazer um favor. Não... prefere o inferno, negro?

Alguns travestis transitam pela calçada oposta. Conhecem o homem negro. A cidade é lar dos rejeitados. Param para ver o espetáculo. Quase certo que mais uma vez o homem negro terá sua noite ganha. Nem fome, nem drogas; somente a pureza da vingançanca pelos seus. Mais um trunfo para oferecer aos ancestrais.

a marginalidade quer reivindicar. Ele não fala, porra!  E eu sou o quê? Um escolhido que o acaso fez escolher essa imundície de lugar, talvez. Matar, morrer... Inevitável…

O homem negro, pé ante pé, move o corpo desproporcional em direção ao pequeno jovem amarelo.

três golpes!

Ligeiro, como quem transporta um tornado nas mãos vazias, o jovem oriental, preciso e cirúrgico, desvia-se do forte e pesado braço que investe a metade da faca. A lâmina faz o ar chiar o som de um assobio noturno; para, no vácuo de um silencioso mau agouro.  

três.
Punhos fechados. Mãos trancadas e afiadas como pontas de lança. Os braços postos na posição de um arqueiro. O jovem amarelo solta a primeira flecha que finca no plexo solar do gigante negro. Uma reação do homem é esboçada, a dor, inesperada,  perspassa o estômago e, como chumbo, atravessa toda camada de músculos e orgãos, desencadeia uma dor fantasmagórica de chibatadas, nas costas.

Negro idiota. Eu não queria...

O jovem amarelo observa a ferida que verte sangue rubro dos séculos de escravidão encravados no grande homem negro. O primeiro golpe abala o monstro. Ele resiste.
Culpa?
Nova investida: com a mão esquerda em forma de uma pequena espada, num rápido movimento circular, a pancada perfeita faz o pescoço da estátua negra rachar, num sonoro ruído de súplica. A criatura, no entanto, ainda guarda sua porção de força. O homem negro reage com fúria titânica e seu soco odioso atinge uma vitrine. Cacos estalam e voam perdidos.

precisa tudo isso? devo...
O tempo é mais lento para o forte e pesado gigante. O cérebro, sobrecarregado de ódio ancestral perde seu poder cognitivo e, suas pernas, seus braços e todo o restante parecem aprisionados em grossas correntes com cinzentas bolas de aço nas extremidades. O esboço de mais uma tentativa para vingar os seus ensaia nascer, mas é o natimorto que surge.

usar o terceiro? acabar com tudo? Tarde! Terminarei depressa.

A queda: O homem negro, surrado. Dois metros que colidem com a hábil rasteira do pequeno amarelo.

Três… e eu poderia evitar. Marginal idiota!

Rendido, sem a misericórdia daquele amarelo que apenas procura espaço para preservar sua vida. O instinto da sociedade dos que gozam da conduta de bons cidadãos. Caído, de costas, tenta falar, mas os grunhidos estranhos ninguém entende. Poderia ser algum pedido de desculpa por ter sido portador da vingança? Inútil. O punho serrado do jovem amarelo é erguido ao ar, como uma marreta pronta para quebrar uma barreira. Desce veloz! A fortaleza de uma robusta caixa toráxica é derrubada no movimento de uma decisão acertada. O músculo cardíaco não suporta o impacto. Colapso ensanguentado. O corpo gigante estremece um pouco, a vida suplicado retorno. Finalmente, o homem negro para. Param todos aqueles que até então, torciam por ele. Alguns choram, outros lamentam e se lembram da Trindade. Seu sangue estanca em obediência. A cidade que vai despertar não quer sujeira quando clarear.

       Ao lado do gigante morto, em pé, o jovem amarelo sente-se vítima do infortúnio. A voz de seu pensamento ecoa entre os seus. Nada irá mudar.

ele quis o inferno. Nada podemos fazer. Lamento.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Espero que role química, disse ao farmacêutico.

(Cleyton Cabral)

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Baseado em fatos reais ou: um telefonema em pedaços. Bem pequenos.

- Oi.
- Oi.
- Você me ligou, eu estava no banho.
- Tudo bem.
- Queria alguma coisa?
- Uma amiga em comum disse que você não estava bem. Na verdade, ela disse que você estava arrasada.
- É, eu estou indo. Não estou bem, mas estou indo. Obrigado por se preocupar.
- Ninguém disse que eu me preocupo. Eu disse que uma amiga em comum disse.
- ...
- Então é isso.
- Você me ligou só pra isso? E você, está bem?
- Em relação a nós, em frangalhos. Em relação à vida, estou muito bem. Eu acho que sei separar as coisas.
- Que bom para você.
- É, que bom. 
- Abandonei meu projeto.
- Não deveria. Mas o projeto é seu e a opinião é minha, ou seja, irrelevante.
- Retomo quando der.
- Retoma quando quiser.
- Eu tinha planos.
- Eu também.
- Eu acho que...
- ... eu acho que se estivéssemos frente-à-frente, já estaríamos transando há dois minutos.
-Estilo cala a boca e me beija, né?
- É, nosso estilo.
- Tchau.
- Tchau.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

O mistério de Lulu

Era um dia qualquer. Quando falo qualquer é porque era qualquer mesmo. Não lembro a hora, não lembro se fazia sol ou se era noite. Só sei que enquanto eu navegava pela internet, uma música familiar começou a tocar no meu computador. Tinha umas 7 abas abertas. Sim, tenho esse maldito hábito de deixar o computador operando com cinquenta mil abas ao mesmo tempo. Fechei todas. Fechei o iTunes. A música continuava. Aquilo não fazia o menor sentido. De onde vinha aquele som? Com certeza era do meu computador. Mas de onde exatamente?

Alguns dias ou meses depois e eu já nem me lembrava mais desse troço. Até que do nada a mesma música começa a tocar. Fechei tudo novamente, coloquei o fone de ouvido só para ter certeza que o som vinha do meu computador, e não do além ou de alguma dimensão nunca antes catalogada pela ciência moderna. Era mesmo do computador.

Eu sei que é difícil acreditar, mas passei cerca de dois anos escutando essa maldita música. Quer dizer, a música é excelente, mas por conta desse episódio bizarro passou a ser repugnante. Foram cerca de 15 execuções da mesmíssima canção numa periodicidade absolutamente irregular. A virada de bateria seguida do som daquele saxofone do diabo. Sonhava com aquilo. Acordava com o refrão da música martelando dentro da minha cabeça. E não era só isso não. Quando a música começava a tocar era impossível mexer no volume. Algumas vezes eu saí do quarto e fechei a porta só para não ouvir a música novamente.

Até que um belo dia enquanto digitava um e-mail, fui parar numa tela misteriosa do meu Mac Book. Uma espécie de purgatório digital que exibia hora, data e uma calculadora. Até hoje não sei pra que serve esse tal de "Dashboard". Talvez um dia descubra. O que importa mesmo pra esse texto e pra minha vida é que "Um pro outro" do Lulu Santos, versão ao vivo do DVD acústico II, estava lá olhando pra mim. Era um link do YouTube.  Tava na cara que sem querer eu arrastei aquele vídeo pro Dashboard e o vídeo ficou aprisionado por lá e tocava toda vez que eu clicava algum botão ou combinação de botões que não devia. Cliquei em cima e a música tocou - queria me certificar que era a própria. Cliquei novamente, arrastei o arquivo para a lixeira e fui dormir pelo menos 12 quilos mais leve. Adeus, Lulu. http://www.youtube.com/watch?v=ezFZvvyHVpE

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Porque não sou fiel


Sei que este é um assunto delicado, sensível e para alguns, polêmico. Sei de vários casos em que a falta de "fidelidade" causou sérios problemas, desestruturou famílias e, principalmente gerou muita mágoa na vida de gente que não tinha nada a ver com a história. Sei que talvez eu me exponha demais, mas a vida é assim, uma grande exposição. Por isso optei por escrever sobre o assunto, uma vez que me dou melhor com palavras escritas, mesmo sabendo que o que está escrito está escrito e talvez possa pagar por isso mais tarde. Que venha a conta.

Ainda é preciso ressaltar que manter um relacionamento é sempre muito bom (eu curto), mas não é tudo na vida (digo isso, mas faz oito anos que namoro, quase que ininterruptamente - só pra citar os últimos 3 relacionamentos, então não dê muita atenção para o que vou dizer nos parágrafos abaixo, pois amanhã posso mudar de ideia). Se tenho essa virtude ou este vício (ou mesmo este defeito, caso prefira) tenho outras qualidades. Sou bom no que faço, honesto, reconhecido na profissão, não roubo, não mato, respeito os mais velhos, aprecio arte e no fundo no fundo sou bem gente boa, tá? ;-)

Mas acontece que eu, que não sei nada sobre o amor, desconfio de muita coisa. Tive poucos “relacionamentos sérios” (status da sociedade criado pelo facebook para mostrar aos outros que você está namorando), mas – a meu ver – foram relacionamentos gostosos enquanto duraram. E algumas questões sempre me incomodaram e incomodam no sentido de TER uma relação. Por que duas pessoas decidem ficar juntas hoje em dia? O que é o amor? Porque o sexo ainda é um tabu? Por que a traição é um pecado mortal? Existe mesmo APENAS UMA tampa para cada panela? Por que tantas pessoas procuram prostitutas e prostitutos? Pensemos.

Fidelidade, por exemplo, é uma palavra estranha que não faz parte dos meus relacionamentos, nem do lado de cá e algumas vezes, nem do lado de lá. Digo algumas vezes, pois há uma pessoa com quem me relacionei que - pelo menos eu acredito em suas palavras - não tenha ficado com ninguém mais durante nossa relação. E isso não é segredo para ninguém, por isso, relaxem, não vou expor ninguém além de mim. Muitas vezes também nem ouso me explicar ou comentar sobre minhas experiências porque posso causar a impressão de que eu queira me aparecer ou pagar de fodão, piranhão. Outras vezes já me tacharam de mau caráter, traidor, filho da puta e, claro, puta. 

Assim como traição, a palavra fidelidade carrega em si um sentido muito mais simples do que parece. E sem querer entrar na questão histórica do que é amor, partindo do pressuposto de que vocês têm suas próprias respostas, digo que uma coisa (o amor) não tem nada a ver com a outra (a fidelidade). Ok, quando casais casam, principalmente na igreja, eles fazem juramentos super bonitos (eu sempre choro) dizendo que vão se amar para sempre e que vão ser fiéis um ao outro. Vão mesmo? Acho legal, mas o que seria ser fiel?



Estes dias contei a um amigo sobre o fato de não conseguir manter uma relação sem ficar com outra pessoa e ele me disse que o dia em que eu encontrar um amor de verdade não terei essa vontade. Não concordo, pois amei de verdade cada uma das pessoas que amei.



Há ainda quem diga que quem trai (não concordo com este termo, prefiro “quem fica com outras pessoas) é um mentiroso. Ok, menti algumas vezes e disso me arrependo, pois a mentira é mesmo um lance muito chato, que magoa. Mas, muitas vezes, eu não menti, apenas deixei de contar. Então eu omiti? Sim, e isso é praticamente a mesma coisa que mentira, ok. Mas ainda assim acho que há coisas que fazemos e que não precisamos compartilhar com o parceiro, até para preservar a individualidade e a privacidade. E nas poucas vezes eu contei que tinha ficado com outra pessoa, o que sempre aconteceu foi uma sequência de  brigas, separações, voltas, brigas e assim sucessivamente.

A pior dificuldade que vivi seguindo esse way of life foi ver pessoas que eu amava e que me amavam magoadas, tristes, chorando. Chorei também, mas Juro que queria que fosse tudo mais fácil, que a vida fosse mais certinha, que eu não precisasse guardar segredos, que eu mesmo fosse mais sincero com quem estava perto de mim, que eu não tivesse que magoar, apenas.



Amei pessoas incrivelmente cativantes, apaixonantes e queridas, pelas quais me apaixonei no dia em que as conheci, as quais acredito que me amaram também, pelo menos boa parte da relação. E quantas outras passaram pela minha vida neste tempo? Muitas. Estou pagando de pegador e fodão? Não. Apenas um réu confesso em busca de entender melhor a vida.  



E isso não quer dizer que meus companheiros não davam conta do recado ou que a gente tinha brigado ou que eu estava em dúvida em relação ao que sentia, ou que eu estava bêbado. Essa coisa de mandar bem nunca me impressionou. Eu mesmo não “mandei bem” algumas vezes por uma série de motivos. Foi sempre uma questão de desejo e escolha. E quase nunca passou de apenas uma vez. Quando passou, tomei cuidado para que aquilo não virasse um caso amoroso, pois preferi, sempre, preservar a relação. 



Mas e aí, por que nunca fui fiel? Bom, primeiramente é preciso dizer que não o fui (e não o sou) apenas se for levar em consideração que ser fiel é não ficar com ninguém mais além do parceiro. Segundo, porque eu gosto do corpo humano masculino, acho bonito. E mesmo não me achando um gato, cedi muitas vezes a um olhar um pouco mais intenso, sexy. Outras vezes o olhar partiu de mim. Então se eu estava em algum lugar e rolasse o desejo, eu até pensava duas vezes, mas na terceira já partia pro papo e o resto.

Sinto ciúme sim, mas entendo que não sou e que nunca serei o único cara na vida de ninguém. Sinto mais ciúmes quando sei que quem está comigo na verdade não está. Sinto ciúme do celular, dos amigos, fico triste com a falta de companhia, de carinho, de presença. Sinto mais por tudo isso do que saber que quem está comigo beijou ou transou com outra pessoa. Claro que saber que quem você ama saiu com outra pessoa, causa uma raiva, um sentimento de diminuição, de insuficiência. Contraditório? Sim, mas isso é papo pra outro dia.

Eu não vou fazer apologia à poligamia (mesmo porque isso é ooooutra coisa), mas ficar com outra pessoa que não a que você esteja se relacionando e amando, não significa necessariamente que você em determinado momento a ame menos, que ela seja menos bonita, menos gostosa (às vezes sim, é preciso admitir), ou mesmo que seu relacionamento não está assim tão bom. Mas há um risco grande da relação acabar, isso é verdade. E claro, há também aqueles que procuram outra pessoa porque estão - de fato - de saco cheio, o que não foi o meu caso em nenhuma das ocasiões. Cada caso, um caso...

Enfim, não vou esgotar neste texto minha opinião sobre relacionamento. Acredito no amor e acredito que um dia eu possa não querer estar com ninguém além de quem esteja comigo. Pode ser que aquele meu amigo esteja certo e ainda não encontrei o amor de verdade, mas peço ao deus do amor que, se essa pessoa existir, não cruze o meu caminho. Quero amor onde prevaleça o companheirismo e a parceria, não um juramento perante a sociedade, muito menos perante o facebook.

(mês que vem, se eu estiver com vontade, falo de como lidei quando meus parceiros ficaram com outras pessoas)