Acho que a primeira vez que tive que decidir o que seria pro resto da minha vida, foi quando fui conhecer a escola em que faria o Ensino Médio. A escola em questão era profissionalizante, de modo que eu faria o ensino regular no período da manhã e teria que escolher entre algum curso técnico para fazer no período da tarde: Eletrônica ou Administração de Empresas. Julguei a primeira opção mais divertida e enveredei por este caminho "Quero ser técnico em eletrônica" afirmei pra minha mãe na fila da matricula. Minha mãe, que tinha mesmo muitas coisas lá em casa precisando de um conserto, aceitou satisfeita esta minha vocação e marcou "x" no quadradinho correspondente ao curso escolhido. E assim se fez.
Deste tempo eu guardo a lembrança de muitos choques, de minha mãe reclamando da mesa queimada com o calor do ferro de solda e da blusa de nylon novinha que eu furei pelo mesmo motivo. Jamais consertei um radinho a pilhas e ainda quebrei outros tantos, na tentativa de entender como funcionavam. Entretanto, nem tudo foi um desastre. Minha classe tinha 36 meninos e 4 meninas, uma delas era a Carol, a menina que salvava meus projetos, impedindo que eles virassem catástrofes ainda maiores! Ela ficou tão compadecida e preocupada que não me largou nunca mais. Nossa projeto mais recente se chama Júlia, que já aprendeu a nos chamar de "Papai Fê" e "Mamãe Talól".
Com um diploma de Eletrônica em mãos, nada mais óbvio do que procurar um emprego... numa farmácia. Na verdade, lá foi onde eu acabei indo trabalhar, mas também fui aceito como "o-moço-que-fica-andando-de-patins-pelo-supermercado-para-resolver-pequenos-pepinos-com-mais-velocidade", mas como nunca soube andar de patins, acabei indo pra farmácia mesmo. Lá aprendi coisas interessantes como, por exemplo, a diferença entre gel, pomada e creme, a diferença entre Viagra, Cialix e Levitra e o significado da palavra enema. Com estes úteis conhecimentos em mãos, evidentemente, fui prestar vestibular para... Ciências Sociais.
Passei e posso dizer que gostei muito do curso. Gostei tanto, que nunca consegui me decidir em qual área me especializar. Fiz minha Iniciação Científica em "Sociologia do Trabalho", fiz meu trabalho final de metodologia em "Antropologia Urbana", fiz monitoria no "Núcleo de Estudos da Violência" e montei pré-projeto de mestrado em "Sociologia da Educação". Achei todos eles interessantíssimos!
Tão interessantes quanto os estágios que fiz durante minha graduação para ver se descolava uma graninha: um na Faculdade de Saúde Pública, outro na Medicina, um terceiro no Instituto de Saúde e, para finalizar, um no Hospital Universitário! Mais um pouco e tirava meu CRM!
Isso sem falar nos cursos de desenho, ilustração e violão que fiz no meio de tudo isso, para me acalmar.
Depois de passar por tantas áreas de minha Universidade, eu criei apego e resolvi ser funcionário dela. Trabalho na área financeira e, uma vez por semana, assisto aula como ouvinte no curso de "Literatura Infantil e Juvenil". Estou cheio de ideias na cabeça e ainda sem saber o que quero da vida, ou melhor, sabendo que quero muitas coisas dela!
Com a parte do curso de eletrônica eu me identifiquei bem! Mas até que tive um princípio de carreira na área... a principal diferença é que minha sala tinha 3 meninas ao invés de 4. Deve ser por isso que hj não tenho uma Julia :P
ResponderExcluirAcho justo vc não parar em lugar nenhum... melhor espalhar o talento por vários lugares!
O talento e outras coisinhas mais, companheiro Caetano!
Excluiro talento, o charme e a simpatia!
Excluir:)
Excluirrsrsrsrsrrssrsrrsrsrsrsrsrrs
ResponderExcluirQue tentação de completar os espaços propositalmente vazios dentro desse currículo! Ao menos os que conheço, né. Belo dom de se expor sem se expor, Lários! E a Carol sempre te salvando, hein! Faltou uma ilustração sobre a cônjuge heroína feita a próprio punho.
Ta sabendo demais, Barros! Não tem lacuna nenhuma nessa bagaça, não! Rsrsrss
Excluirnossa, Felipe! É a história da minha vida, hahahahaha
ResponderExcluireu fui bobona e cedi a pressão pra fazer adm, eca! eca! eca! odiei do princípio ao fim o curso... e de resto, mesma coisa, cada hora trabalhando num lugar diferente e nada a ver com o outro, mas no final, acho que viciamos em não ser coerentes e dedicados a uma linha. uma vez torto, sempre torto :b
É nóis, Sirley! O mais legal é que no meio deste curriculum doido eu encontrei pessoas legais como vc! :)
Excluirexatamente: o melhor é poder encontrar pessoas legais pelo caminho. que bom que a gente não se perdeu =)
ResponderExcluirViva a Tertúlia!
ExcluirBom, primeiro, Carol, tu tens uma mega fazenda no céu te esperando por aturar essa peça kkkk.
ResponderExcluirComo já te disse outras vezes, é muito cruel ter de escolher a carreira da vida aos 15/18 anos, mas aos 27 já de né vagabundo? kkkk (zueira).
Belo texto, achei um bom relato de sua realidade e de muitos.
Ela tem uma "colheita feliz" inteira pra ela no céu, companheiro! Quanto a idade para se escolher a carreira, acho que estava mais fácil aos 15 do que agora, viu, companheiro. Aos 15 eu dizia que queria ser jogador de futebol e tava tudo lindo. O problema é quando a gente percebe que para isso é preciso jogar bola...
Excluirparabens, Fefe, mais um texto agradável de se ler e que me tirou bons sorrisos.
ResponderExcluirGostei das músicas :D. um deles diz "não sou tão simples que palavras possam definir" (ou algo do tipo, não sou muito boa em espanhol rs)
beijao
Essa banda é muito legal, Carol. A música "Breve descripción de mi persona" simula uma entrevista de emprego e a critica que é feita no trecho que você lembrou é justamente a da impossibilidade de se definir uma vida inteira em tão pouco espaço e em tão pouco tempo: "Não há 3 minutos e nem há 3 palavras que me possam definir". Valeu pela leitura e pelo comentário ;)
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