Em SP existe em média 15 ratos por habitantes O fim vai ser quando eles tomarem consciência disto... |
“Bichos!
Saiam dos lixos
Baratas!
Me deixem ver suas patas
Ratos!
Entrem nos sapatos
Do cidadão ci-vi-li-za-do”, era o que se podia
ouvir ao fundo, baixo, porém nítido. Mais uma manhã ruidosa de
segunda-feira. Cabeças, pernas, braços,
pés, olhos, barriga, boca transitavam pelos corredores. Eles faziam
barulho, mas não se entendiam. Todo dia era a mesma coisa, seguiam o apito
geral, ainda que com resistência, e entravam no quadrado. Para cada batalhão, soldados a vigiar e prontos para agir contra qualquer vazamento.
Sem querer, os pés trombaram as pernas. Muitas
coisas importantes acontecem sem querer. Assim, pés e pernas descobriram que os seus
movimentos eram mais ágeis juntos. Com mais agilidade também ganharam
velocidade e, assim, foram esbarrando em várias partes espalhadas por aí.
As partes resultaram em corpos. Estavam
juntos, mas ainda havia desconfianças e medo. Aquilo tudo era muito novo e o
novo assusta na mesma medida que entusiasma. Mas a mudança já estava feita, era
irreversível. Um novo campo de visão se abriu, agora eles compreendiam que estavam
em um quadrado. “¿Quién
dijo alguna vez: hasta aquí el hombre, hasta aquí no?”, sussurrou o poeta
argentino. Conscientes dos limites arbitrários, os corpos atravessaram
toda e qualquer aresta e desde então não páram de caminhar.
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