Naquele trecho do caminho, a terra tremeu.
Marchávamos em fila, cada qual carregando a porção que lhe
fora destinada. Cortávamos, carregávamos, transportávamos. Sempre foi assim
porque é assim que tem que ser. Nada no mundo interrompe nossa marcha, a não
ser é claro que a colônia esteja em risco.
Nossos sentidos nunca falham. As primeiras de nós já tinham
alertado que aquele caminho oferecia riscos ao grupo, por isso nosso caminhar
era cauteloso. Quando a terra tremeu, houve quem perdesse a cadência e desmoronasse junto com a carga. As que puderam, retomaram o caminho. As que não
puderam... bem, nós nunca sabemos o que acontece com essas.
O grupo, sempre o grupo.
Mais um tremor. Dessa vez mais forte, mais próximo. Os
tremores iam ficando ritmados e múltiplos. Vinham em nossa direção. Passos?
Súbito, o dia virou noite. Uma sombra cobriu a marcha e levou ao chão aquelas
de nós que não puderam fugir. A fila se desfez e a marcha seguia por onde o
instinto mandava, desviando-se como podia daquela cadeia de sombra-tremor que
nos aterrorizava. Ao redor, algumas agonizavam. A carga desprendendo-se
do corpo.
Muitas de nós ficaram pelo caminho. Muitas de nós ainda
ficariam. Nunca sabemos o que encontraremos adiante, mas nada disso
importa. Somos operárias, soldadas e rainhas. O caminho é longo, o trabalho infinito
e o que importa é seguir marchando.
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