quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Hoje é sábado


Escrevinho com a cabeça antes das letras dançarem sua embriagada dança na folha que abraça a mesa. Elas desenrolam os sentimentos do dia, do mês, dos milênios que envolveram minha ancestralidade.

Tomo fôlego entre um gole e outro. Observo desatentamente o barulho dos carros. O que eu espero não é senão a possibilidade do nunca mais. Um pai em seu cavalo de ferro e terra. Acabo recordando todos os uniformes que chegaram áridos aos olhos do sinal da escola.

Tomo mais um gole. As letras deslizam tons de um baú familiar enquanto deveria solidificar dados. Edificar relatórios.

A comida chega e me é indigesta. Cai em meu estômago como uma boa surra depois das duas da manhã (quando nada de bom pode acontecer).

Subverto as ordens do necessário compasso. Esqueço os planos e a pequena grande lista de impossíveis metas.

Hoje é sábado.

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