Os muros são a nova tendência. Nunca chegam a sair de moda, mas às vezes são deixados um pouco de lado, como depois que derrubaram o de Berlim. Agora é diferente. Resgataram a ideia de que um muro pode resolver problemas e começam a aparecer todos os problemas que essa ideia maluca acarreta.
Um muro nem é o mais grave. São de tijolos e cimento, destrutíveis com relativa facilidade. O pior é que quando chegam ao extremo de construir um muro, não se faz nada além de tornar visível e palpável um muro que já existe.
Alguns tijolos de medo são sempre o alicerce. À partir dessa base fica mais fácil colocar mais tijolos de preconceitos, mentiras, arrogância e tantos outros que tentam justificar absurdos.
Com isso o muro fica pronto, só não está visível ainda. É a parte mais difícil de ser demolida. Não tem dinamite que consiga derrubar o muro psicológico que se ergue com base em ideias, normalmente sem nenhum sentido.
O muro físico é um alvo, uma meta, um desafio a ser transposto. Construído, o muro canaliza as críticas dos que são contrários às barreiras. Antes da construção o muro já existe, mas é capilarizado, interiorizado em seus alvos.
Aqueles que querem construí-lo têm certeza quanto suas justificativas e necessidades, os que estão do outro lado não enxergam as barreiras, mas sentem na pele a existência invisível de um muro que os separa dos demais.
Demora um pouco, mas a moda dos muros passa, até que alguém acredita ter uma brilhante e inovadora ideia. Construir. Novamente construir um muro, que nos obriga a regredir à fase de explicações e desconstruções de ideias malucas. Justo quando achávamos que a preocupação era demolir o muro ainda não construído fisicamente.
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