Usar esse termo "cortina de ferro" é fazer uso da ironia a quem se referia a antiga União Soviética
no combate ao suposto comunismo que não existiu mas fracassou e uma rememoração mais precisa sobre a queda do Muro de Berlim.
Rememorar
é manter a história viva e constatar o quanto aqueles que foram e são contrários ao capitalismo
instituído e legitimado até hoje nesta sociedade são por completo desdenhados.
Mais
irônico é falar da cortina de ferro e da queda dos muros no passado e constatar de que nesta época comemorou-se a derrocada dos muros em Berlim e queda do bloco Soviético sob argumento de
suposta liberdade, economia globalizada e sociedade de-mo-crá-ti-ca, e hoje em
pleno século 21 termos milhares de dólares liberados para a construção de muros
entre as divisas dos EUA e México em plena de-mo-cra-cia.
Tão
semelhante e mais atual é aquele “por que não te calas” proferido por uma autoridade
parlamentar ao presidente na época Hugo Chaves da Venezuela ao rebater pessoalmente em
debate acirrado as investidas contra seu país, hoje atualmente governado por Nicolas
Maduro.
Já
me questionei algumas vezes porque ainda não ocorreu uma investida militar estadunidense
na Venezuela, uma vez que estão sobre essa constante e responder sobre é remeter-se as declarações do “estamos em
guerra” durante alguns governos.
Obama
quando optou pela guerra na Síria decidiu também por enfrentar as reações da
população americana e demais países contrários ao confronto armamentista e
militar. Declarar guerra a outro país significa enfrentar uma enxurrada de
manifestações pelas redes sociais e atos pelas ruas, além da histeria na bolsa
de valores e nos investimentos econômicos.
A população compreendeu de que a vantagem no confronto armamentista e militar é
para os acionistas das empresas bélicas que prestam serviço para países com poder
de compra e que estão propensos a massacrar o rival sejam soldados ou quem
aceite enfrenta-los e na grande maioria a população que acaba por sofrer os danos das
decisões alheias.
Neste
meio encontra-se a reação das pessoas que são contrárias as guerras mesmo imersas a uma série de
contradições do capital entre desempregos, baixo rendimento econômico, aumento
da pobreza também em países desenvolvidos, aquecimento global, risco em
produção alimentar, necessidade dos ricos de reinventar o processo de
acumulação dos meios de produção e Fake News.
Percebe-se
que as notícias Fakes colaboram tanto para implantação de “guerras frias” tomarem
de assalto democracias uma vez que declarar guerra armamentista é intensamente
repudiado pela população como de paralisar articulações em massa.
As notícias Fakes são prejudiciais em todos os aspectos porque minimizam e/ou atrasam a atenção ao que deveria ser prioridade, perde-se muito tempo para constatar a informação noutros veículos de comunicação.
As notícias Fakes são prejudiciais em todos os aspectos porque minimizam e/ou atrasam a atenção ao que deveria ser prioridade, perde-se muito tempo para constatar a informação noutros veículos de comunicação.
Na
Venezuela demorou-se semanas para identificar de que a oposição ao governo
ateou fogo na “ajuda humanitária”. Mais recente li nota de que ocorreu
protestos em massa nos EUA pelo desarmamento da população. Num desatino de ler
outra matéria perdi de ler a matéria e em buscas não encontrei mais a
informação.
Desarmar
a população e/ou questionar o poder bélico e militarista é audacioso, mas também
perigoso, uma vez que pretender alterá-las remete em mexer nas estruturas
essenciais do estado que reverbera diretamente na organização de sociedade.
O
Brasil caminha na direção contrária, enquanto noutros países o poder militar e bélico
está sendo questionado, vivemos dias em que provavelmente todo e qualquer
cidadão que queira poderá andar armado e/ou ter uma arma dentro de casa.
É
importante notar a perspectiva sobre a terceirização da segurança ao cidadão
comum colocando-o sujeito a mais riscos, e também ao processo de intensificação
militar do qual temos de uns anos para cá, servindo o RJ como laboratório.
Neste
domingo registra-se os 21 anos de ditadura civil militar, período em que os
militares assumiram o poder institucional e político no país do qual ocorreu
censuras, desaparecimentos forçados, torturas, assassinatos, exílios e
intensificação do poder bélico/armamentista coincidente vindos da indústria
bélica americana.
1964
é uma data para ser esquecida? Jamais. Então para ser comemorada? Nunca.
Trata-se
apenas de uma data que deve ser lembrada para nunca mais ocorrer,
principalmente por quê milhares de pessoas foram assassinados e simplesmente morreram por
acreditar em algo contrário ao que foi instituído – militarismo – e ser lembrada por servir
de depósito de rejeitos econômico e militar ao comprar os armamentos e produção bélica
estadunidense das quais não lhes servia durante 21 anos. Que rasguem-se as cortinas da censura, opressão e medo. Mas também da hipocrisia, da ironia e do sarcasmo pois nunca foi tão necessário.