sexta-feira, 22 de maio de 2020

Parar para ver o Outro

O rei invisível
coroado até no nome
Sem proferir uma palavra
Fez o mundo todo parar.

Parar para ver o Outro
o Outro que não é alheio
Já que tudo o que faz por ele
Atinge também a mim
Porque tudo se conecta
Se contagia
Tudo é viral.

Parar para ver o Outro
O Outro a quem sem demora
Se amará mais e agora,
pois a firme garantia no Depois
é coisa que ficou no Antes.

Parar para ver o Outro
O Outro a quem não se via
Os subnotificados
do dia a dia
mascarados de cara limpa
Sem home, mas com fome,
Sem office, mas com óbice.

Parar para ver o Outro
o Outro que também sou eu.

(...)

E já não há retorno
É um caminho sem volta
Para uma nova forma de olhar.
Para uma nova forma de ser.

(...)

O rei invisível
coroado até no nome
Fez o mundo ver,
enfim,
Que sem o Outro
Será o fim.











Um comentário:

  1. Esse poema poderia muito bem ser escolhido como o retrato do Brasil 2020... triste, mas real.

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