quarta-feira, 27 de maio de 2020

Respira fundo


A primeira vez que pratiquei yoga foi na faculdade. Já faz bastante tempo e lembro perfeitamente de como me senti. Paz. Apesar de tecnicamente nunca ter sido diagnosticada com ansiedade generalizada, ao que tudo indica sofro desse mal. Naquele dia, porém, experimentei a deliciosa sensação de alívio ao tirar um sapato apertado.

Segundo a tradição Hatha Yoga cultivar a saúde e a força do corpo físico tem como propósito a autoconsciência, ligar-se com a Consciência Suprema. Você pode não acreditar em chakras, que nós somos organismos energéticos, mas é difícil negar que exista ligação entre emoções/pensamentos e enfermidades físicas. Quem nunca teve uma dor de barriga ou de cabeça ao ser tomado por grande emoção?

Para a medicina ocidental, respirar é simplesmente um fenômeno fisiológico que garante as transformações químicas para o organismo viver. Para a ciência yogui a respiração é mais do que isso: ela é também psicológica e prânica (energética). É por meio desse processo duplamente voluntário e involuntário que conseguimos estar presentes de fato. “Estar presente” é um enorme desafio e não à toa adquiriu status de clichê filosófico: o tempo passado e futuro muitas vezes têm mais importância do que o aqui e agora.  

Durante a prática das ásanas (posturas físicas), o controle da respiração é vital. Conscientemente ritmamos a expiração e a inspiração enquanto nos movimentamos, conseguindo assim mais controle sobre nós mesmos. O objetivo não é conseguir controle total sobre nada, mesmo porque a vida é fluxo, mas com o yoga aprendo a cada dia como não me deixar tão dominada por emoções que são reações apressadas de eventos externos.

Por tudo isso, quero compartilhar aqui um dos muitos exercícios respiratórios (pranayama). Antes, gostaria de reforçar os ensinamentos dessa tradição que atenta para a importância de se respirar pelo nariz (a boca só deve ajudar em caso de enfermidade) e da respiração diafragmática (abdômen).

Kumbhaka

O exercício consiste em ritmicamente inspirar, prender o ar nos pulmões e expirar, recomeçando novo ciclo. Deve-se fazer uma contagem mental observando a proporção de 1s para inspiração, 4s para retenção do ar e 2s para a expiração. Por exemplo: conta 3s inspirando, retém o ar por 12s e soltar o ar contando até 6s. Gradativamente, pode ir aumentando o tempo. Esse exercício traz o efeito terapêutico de tranqüilizar o ritmo cardíaco e o sistema nervoso. Experimente fazê-lo com freqüência, especialmente quando se sentir estressada (o) ou angustiada (o).

O conselho dos antigos "respira fundo" não deveria mesmo ser ignorado. Por último, quero deixar a poesia da jovem cantora e compositora Sara Curruchich que encanta nos lembrando que somos vento... o ar que é a conexão entre nós e o universo.


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