Político é tudo igual. Essa afirmação equivocada está enraizada em boa parte dos eleitores. Se não existem duas pessoas iguais, até gêmeos idênticos têm suas particularidades, que dirá dois políticos. Uma breve análise das propostas e votações é suficiente para deixar claro que a nivelação não tem fundamento.
Em um país onde 50% da população vive com menos de 500 reais por mês e 26% dos deputados são empresários, formando a maior bancada da câmara, quem é beneficiado pela afirmação de que político é tudo igual?
Na democracia representativa a ideia é que eleitores escolham políticos que o representem, para que interesses em comum sejam defendidos politicamente. Parte disso acontece na prática.
Não é por acaso que empresários tenham tanto poder e a taxação de grandes fortunas sequer seja colocada em pauta. Também não é coincidência uma bancada ruralista forte e todos benefícios ao setor rural, que aproveita até a pandemia para “passar a boiada” real e metafórica, do ministro Ricardo Salles. E o que dizer de uma massiva bancada evangélica no país que não cobra impostos de igrejas?
A discrepância de forças não se restringe ao plano econômico. Mais de 75% da câmara é formada por deputados brancos, em um país que, segundo o IBGE, 56% da população é negra ou parda. O racismo é histórico e não se restringe ao Brasil, mas a discrepância política é uma barreira densa para o combate do crime – crime de racismo.
Com 51 deputadas, parcos 10% do congresso, as mulheres devem enfrentar grandes lutas para garantir direitos básicos, chamados de privilégios por quem nunca teve seus direitos básicos ameaçados. A batalha não é fácil em um país que ainda exalta a ideia de uma mulher “bela, recatada e do lar”. Podemos lembrar que Dilma Rousseff não podia comemorar um gol sem que a foto fosse estampada em uma revista, para taxa-la de nervosa.
O mesmo raciocínio se estende aos indígenas, sem representação no atual congresso, e homossexuais, com porcentagem residual entre os políticos. São setores atacados cotidianamente, sem a representação adequada, que garanta o amparo político no congresso.
Neste ano as eleições foram municipais, mas as porcentagens não chegam a ter grandes alterações. Algumas mudanças surgem aos poucos, bem mais devagar do que o ideal, principalmente com o aumento das candidaturas dos setores tradicionalmente excluídos da política.
Com mais gente concorrendo o desafio é conquistar a confiança e atrair os votos da sociedade. Se por um lado as eleições municipais não foram tão ruins, expondo o enfraquecimento da onda extremista de 2018, o fortalecimento de partidos conservadores, alinhados com o empresariado masculino, branco e avesso a mudanças que poderiam tornar o país menos desigual, mostra que o caminho a ser percorrido ainda é longo.
Acreditar que político é tudo igual acaba sendo benéfico para quem é contra a diversidade, já que é beneficiado pela homogeneidade de um congresso feito por homens brancos ricos, para homens brancos ricos. Para que políticos não sejam iguais é necessário votar no diferente.
Em um país onde 50% da população vive com menos de 500 reais por mês e 26% dos deputados são empresários, formando a maior bancada da câmara, quem é beneficiado pela afirmação de que político é tudo igual?
Na democracia representativa a ideia é que eleitores escolham políticos que o representem, para que interesses em comum sejam defendidos politicamente. Parte disso acontece na prática.
Não é por acaso que empresários tenham tanto poder e a taxação de grandes fortunas sequer seja colocada em pauta. Também não é coincidência uma bancada ruralista forte e todos benefícios ao setor rural, que aproveita até a pandemia para “passar a boiada” real e metafórica, do ministro Ricardo Salles. E o que dizer de uma massiva bancada evangélica no país que não cobra impostos de igrejas?
A discrepância de forças não se restringe ao plano econômico. Mais de 75% da câmara é formada por deputados brancos, em um país que, segundo o IBGE, 56% da população é negra ou parda. O racismo é histórico e não se restringe ao Brasil, mas a discrepância política é uma barreira densa para o combate do crime – crime de racismo.
Com 51 deputadas, parcos 10% do congresso, as mulheres devem enfrentar grandes lutas para garantir direitos básicos, chamados de privilégios por quem nunca teve seus direitos básicos ameaçados. A batalha não é fácil em um país que ainda exalta a ideia de uma mulher “bela, recatada e do lar”. Podemos lembrar que Dilma Rousseff não podia comemorar um gol sem que a foto fosse estampada em uma revista, para taxa-la de nervosa.
O mesmo raciocínio se estende aos indígenas, sem representação no atual congresso, e homossexuais, com porcentagem residual entre os políticos. São setores atacados cotidianamente, sem a representação adequada, que garanta o amparo político no congresso.
Neste ano as eleições foram municipais, mas as porcentagens não chegam a ter grandes alterações. Algumas mudanças surgem aos poucos, bem mais devagar do que o ideal, principalmente com o aumento das candidaturas dos setores tradicionalmente excluídos da política.
Com mais gente concorrendo o desafio é conquistar a confiança e atrair os votos da sociedade. Se por um lado as eleições municipais não foram tão ruins, expondo o enfraquecimento da onda extremista de 2018, o fortalecimento de partidos conservadores, alinhados com o empresariado masculino, branco e avesso a mudanças que poderiam tornar o país menos desigual, mostra que o caminho a ser percorrido ainda é longo.
Acreditar que político é tudo igual acaba sendo benéfico para quem é contra a diversidade, já que é beneficiado pela homogeneidade de um congresso feito por homens brancos ricos, para homens brancos ricos. Para que políticos não sejam iguais é necessário votar no diferente.
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