No Brasil, mais de 462.000 famílias enlutadas.
Um minuto de silêncio, por amor, respeito e solidariedade.
Ideal mesmo seria mais de 462.000 minutos de silêncio.
Trezentos e vinte dias de silêncio.
Os números só servem para contar, eu sei.
para tentar impressionar quem ainda
não se importa com cada uma das vítimas
desse inimigo, que mata mais do que guerras,
furacões, maremotos, terremotos
e ataques terroristas.
Silêncio.
O soluço da dor ecoa pelo mundo.
Não há nada que possamos dizer.
A não ser calar.
A não ser abraçar.
Mesmo que virtualmente.
Na intenção de apenas ouvi-las chorar.
Na intenção de mostrar que não estão sozinhas.
Ruas deveriam estar vazias,
em nome dos cemitérios cheios.
Vidas repensadas rapidamente,
diante do egoísmo governante global.
Certezas desconstruídas,
diante da construção de discursos alienantes.
No silêncio, além de choros, podemos ouvir
as vozes dos narcisos.
Quanto a mim?
Continuo escrevendo...
Mais do que nunca... em silêncio.
Tempo reservado para os jornais.
Apenas alguns... escolhidos cuidadosamente.
Tempo reservado para quem amo
e para quem ainda vou amar.
Renovar.
Afinal, as pessoas que mais amei já
não estão mais aqui/agora comigo
neste ser/estar desconexo tempo/espaço.
Elas deixaram de ser/estar, antes da pandemia.
Fontes de inspiração.
Por elas, continuo escrevendo.
Por quem chora, continuo escrevendo.
Mais do que nunca
em silêncio.
Apenas ouvindo e escrevendo.
Por Elisabeth Guimarães
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