Resolver desavenças através do assassinato. Apesar de repulsiva e inconcebível, é inegável que essa alternativa é colocada em prática inúmeras vezes desde os primórdios da humanidade. Para os cristãos, o primeiro a recorrer a esse extremo foi Caim. Para os evolucionistas, o assassinato de desafetos é um impulso herdado de nossos antepassados.
Matamos por esporte. Não necessariamente como prática esportiva, mas por divergências no esporte. Basta que alguém torça para o time rival. Às vezes nem isso. Jogos com torcida única, comemorações de título, frustrações por derrotas, tudo pode virar palco para assassinatos.
Chegamos à proeza de desenvolver uma retórica para matar em nome da religião. Cunhamos o termo “guerra santa”, para matar em nome de quem morreu por pregar a paz. Tentamos justificar assassinatos, como se Jesus tivesse dito “trucidai-vos uns aos outros” ao invés do sempre lembrado, mas raramente praticado, “amai-vos uns aos outros”.
Como seres racionais que somos, desenvolvemos a política para negociarmos diante de divergências ao invés de partirmos para a guerra. Com o tempo surge a insana conclusão de que “política não se discute”, subvertendo a lógica de que política é discussão em sua mais pura essência – a alternativa é o combate.
A política, além de não ser suficiente para impedir os assassinatos, passou a ser mais um instrumento de justificativa. Desafeto político: mata. Dissidente político: mata. Adversário político: mata. Preso político: mata.
Criativos que somos, unimos argumentos distintos para enriquecer as justificativas dos assassinatos, como política e religião, em um casamento que costuma resultar em tragédias muito bem fundamentadas. A política garantiu a legalidade da escravidão, amparada pelo aval religioso de que negros não teriam alma.
No fim do século 19 a escravidão, ao menos teoricamente, foi abolida. O século 20 gerou uma postura menos dissimulada em relação aos assassinatos. Os fascistas, sucedidos pelos nazistas, não viam necessidade de muita justificativa e moldaram uma ideologia que pregava abertamente a eliminação de quem fosse diferente da suposta “raça pura”.
O resultado foi uma política de extermínio de alguns milhões de pessoas. Não chega a ser surpreendente, sobretudo com nosso histórico de apego ao assassinato para solução de problemas. Quase um século mais tarde, as ideias nazistas seguem seduzindo muitos adeptos. Muitos que curiosamente seriam assassinados pelo regime nazista, mas preferem acreditar que fazem parte da fajuta “raça pura”.
Depois de tantos contorcionismos retóricos para justificar assassinatos com ideias radicalmente contrárias à violência, chegamos à relativização contrária. Uma ideologia que nasce com o objetivo claro e manifesto de exterminar grupos de pessoas, com apoiadores sugerindo que apesar de ter sido idealizado com base no extermínio, ninguém será assassinado com base nas ideologias nazistas.
Matamos por esporte. Não necessariamente como prática esportiva, mas por divergências no esporte. Basta que alguém torça para o time rival. Às vezes nem isso. Jogos com torcida única, comemorações de título, frustrações por derrotas, tudo pode virar palco para assassinatos.
Chegamos à proeza de desenvolver uma retórica para matar em nome da religião. Cunhamos o termo “guerra santa”, para matar em nome de quem morreu por pregar a paz. Tentamos justificar assassinatos, como se Jesus tivesse dito “trucidai-vos uns aos outros” ao invés do sempre lembrado, mas raramente praticado, “amai-vos uns aos outros”.
Como seres racionais que somos, desenvolvemos a política para negociarmos diante de divergências ao invés de partirmos para a guerra. Com o tempo surge a insana conclusão de que “política não se discute”, subvertendo a lógica de que política é discussão em sua mais pura essência – a alternativa é o combate.
A política, além de não ser suficiente para impedir os assassinatos, passou a ser mais um instrumento de justificativa. Desafeto político: mata. Dissidente político: mata. Adversário político: mata. Preso político: mata.
Criativos que somos, unimos argumentos distintos para enriquecer as justificativas dos assassinatos, como política e religião, em um casamento que costuma resultar em tragédias muito bem fundamentadas. A política garantiu a legalidade da escravidão, amparada pelo aval religioso de que negros não teriam alma.
No fim do século 19 a escravidão, ao menos teoricamente, foi abolida. O século 20 gerou uma postura menos dissimulada em relação aos assassinatos. Os fascistas, sucedidos pelos nazistas, não viam necessidade de muita justificativa e moldaram uma ideologia que pregava abertamente a eliminação de quem fosse diferente da suposta “raça pura”.
O resultado foi uma política de extermínio de alguns milhões de pessoas. Não chega a ser surpreendente, sobretudo com nosso histórico de apego ao assassinato para solução de problemas. Quase um século mais tarde, as ideias nazistas seguem seduzindo muitos adeptos. Muitos que curiosamente seriam assassinados pelo regime nazista, mas preferem acreditar que fazem parte da fajuta “raça pura”.
Depois de tantos contorcionismos retóricos para justificar assassinatos com ideias radicalmente contrárias à violência, chegamos à relativização contrária. Uma ideologia que nasce com o objetivo claro e manifesto de exterminar grupos de pessoas, com apoiadores sugerindo que apesar de ter sido idealizado com base no extermínio, ninguém será assassinado com base nas ideologias nazistas.
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