segunda-feira, 30 de agosto de 2010
O Brasil não conhece o Brasil
Em tempos de eleições, há uma saraivada de e-mails igualmente catastrofistas, mas confesso que não consigo achar graça no humor que - com perdão pelo irresistível trocadilho - grassa por aê. Obviamente, de-tes-to qualquer tipo de cerceamento à liberdade dos humoristas e a simples menção da expressão “politicamente correto” já me provoca engulhos.
Na noite passada recebi um daqueles indefectíveis PPTs, e num momento de imperdoável estupidez, abri o arquivo para conferir o conteúdo. Após uma sucessão de imagens de cidadãos torturados supostamente no Irã, fotos do Lula apertando a mão do Ahmadinejad e o óbvio corolário dos riscos que o país corre se a Dilma for eleita.
Alguém me enviou também o mapa do Brasil segundo a sra. Rousseff. Me lembrei imediatamente de um tal movimento São Paulo para os paulistas, sandice perpetrada por algumas centenas de universotários paulistanos. Trata-se de uma versão revisitada da falácia de que os migrantes são responsáveis por boa parte das desgraças da paulicéia cada vez mais desvairada.
Insinuar que apenas os paulistanos sabem votar pelo fato de rejeitarem o PT (pesquisas recentes demoliram o raciocínio tosco) é uma blague digna do Zorra Total. Erasmo Dias, Paulo Maluf, Conte Lopes, Jânio Quadros, Clodovil... São tantos exemplos de escolhas corretas, neam. Aguardemos o desempenho do Tiririca e da Mulher Pêra para aumentar o panteão de notáveis entronizados pelos paulistas.
“O Brasil tá matando o Brasil”, compôs profeticamente Aldir Blanc. Será que a preponderância da imprensa paulista/carioca tem algum tipo de participação nesse olhar 1/2 Luan Santana? Não deixa de ser interessante notar que os chiliques da dupla Azevedo + Mainardi não produzem qualquer tipo de efeito prático. Hora de jogar punhados de terra nesse papinho de que “formadores de opinião” exercem algum tipo de influência. Na era da Internet quaisquer cangas devem ser repelidas, inclusive as de grife adquiridas em Maiâmi. Triste daqueles que precisam de etiquetas na bunda na tentativa de obter a valoração que não conseguem através da mente...
O poeta tem razão: “O Brasil não merece o Brasil”. Saravá!
domingo, 29 de agosto de 2010
A ti os meus desejos mais ocultos
Sei o que estou fazendo aqui: estou improvisando.
É tão curioso ter substituído as tintas por essa coisa estranha que é a palavra.
É tamanha a liberdade que pode escandalizar um primitivo mas sei que não te escandalizas com a plenitude que consigo e que é sem fronteiras perceptíveis.
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
Placas de metrô no seu quarto.
Navegando pelo Blue Bus achei uma notícia sobre colocar mobiliário urbano em casa.
O negocio é o seguinte. A empresa americana Underground Signs vende placas iguais as do metrô de Nova Iorque e voçê ainda pode personalizar.
Já pensou numa estação com seu nome? Dá para colocar na sala, no quarto….
Veja alguns exemplos nas imagens!
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
Everybody lovs Ray
deixou escapar Thomas assim que a garota grunge, de cabelos curtos e pretos e óculos de grau tipo RayBan, entrou na redação pela porta de vidro, se dirigindo à bancada dos jornalistas responsáveis pela programação cultural, de frente aos críticos de qualquer coisa como cinema, teatro, artes plásticas, qualquer coisa como Thomas que ficaria sentado exatamente de frente à
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Boquinha grátis
Pus os pés na escada de saída do Metrô, veio aquela preguiça, ao imaginar os 20 minutos de caminhada até meu destino. Quanto mais sem música, eterna companheira de momentos entediantes. Saco. Eu sei, sofrer antes é sofrer duas vezes. Mas é mesmo desagradável aquele trecho do Jardim da Saúde: no começo, barracas de churrasquinho fedorentas, lojas de CD tocando Bruno e Marrone a 100 decibéis, ambulantes, pedintes e pedestres caóticos; ao final, a enfumaçada e encaminhonada Ricardo Jafet, avenida ícone da aberração latino-urbana; e ao meio... bem, ao meio há casas. Ordinárias. Nem tão feias assim. Na verdade, têm até um charme singelo de classe média baixa.
Perdido nestas divagações, após um tempo de marcha tive os sentidos invadidos. Pelo nariz. O cheiro era de macarrão. Daqueles da vovó, com molho barato, cozinhado com cebola e carinho. Uma delícia. Vinha da casa pela qual eu passava, o portão entreaberto. Eu quase podia ver através da parede a senhora pilotando o fogão quatro-bocas: uma mão na cintura, a outra mexendo a colher de pau, o ouvido atento às crianças e a cabeça pensando no Reynaldo Gianecchini. Alguém na sala pensava "Oba, macarrão". Umas duas casas à frente, era dia de sopa. De legumes com carne. E caldo de carne. Olhei para o relógio, e só então me dei conta de minha sorte: eram 19h30, hora da janta! E eu tinha aquele caminho todo pela frente, para cruzar bem devagar, participar da cerimônia sagrada no aconchego daqueles lares. Sem precisar pedir licença, rezar Pai Nosso, sem atrapalhar. Mais que um convidado, um filho adotivo. Provei muitos pratos, conheci muitas famílias.
E o caminho que levaria 20, levou bem uns 40, diga-se 50 minutos. E o melhor prato da noite foi o arroz com batata-frita. Estava ótimo! Sorte do basset salsichão que latia para mim do portão, e deve ter ficado com as deliciosas sobras.
terça-feira, 24 de agosto de 2010
SEIS
Sempre tive uma vida tranqüila morando numa pacata cidade do interior, nunca fui de muitos amigos, tenho poucos (conto nos dedos!). Cidade pequena é engraçada, sua vida e seus hábitos acabam sendo de conhecimento de todos, querendo ou não. Mas sempre zelei pela privacidade. Trabalho em casa, porque, graças à internet, posso mandar por e-mail meus artigos e crônicas diariamente para o jornal em que atuo. Conquistei essa “mordomia” após anos de muita labuta, cobrindo de passeatas a rebeliões. Há alguns anos escrevo apenas sobre o cenário político da região. No interior poucos têm peito para cutucar os barões! Não preciso dizer que colecionei inimigos. Muitos! Mas, deixemos isso de lado no momento. Não é o motivo por que estou contando essa história. Talvez até seja... Não sei! Desconheço o motivo de quem me desgraçou, se por aflição ou vingança.
Atenta-te aos fatos:
No fim da tarde voltando do mercado, (uma das poucas tarefas em que preciso realmente sair de casa) notei embaixo da porta um envelope, de papel pardo, sem selo e remetente, tinha apenas meu nome. Tirando as cobranças e santinhos de políticos em época de eleição, não lembro de receber correspondências de ninguém.
Abri a porta e depois de alguns afagos no gato, sentei-me confortavelmente na poltrona e abri o envelope, nele havia uma carta, escrita a mão, com uma caligrafia feia, desajeitada. Não imaginei que a desgraça seria parte da minha vida naquele momento. Ah! Se pudesse voltar atrás... Li, sem entender o que era aquilo, porque alguém me enviaria algo do tipo? Tentavam pregar-me uma peça talvez? Decerto que, aquela mensagem, aquelas minúsculas letras malignas, havia me tirado a fome, a tranqüilidade e o sono. O frio chegou de repente, sem aviso! Coloquei uma blusa e acendi a lareira, estranhei, pois ainda estávamos no verão. Fiquei por longas horas tentando descobrir a origem daquela carta. Maldita carta! Atormentava-me, causava em mim delírios, alucinações, tremores. Já era duas, talvez três da madrugada quando desisti e fui me deitar. De repente uma batida forte na porta me fez saltar da cama, levantei e pensei se devia abrir ou fingir dormir. Fui lentamente até a porta, devo admitir, estava com medo, aquela simples carta me causava pavor nunca antes provado. O movimento de girar a chave durou a eternidade. Abri lentamente, numa tentativa ridícula de defesa, piorando a situação com um estridente ranger de porta. Não havia ninguém, tomei coragem e sai até a entrada da casa, e nada! Ah imaginação! Meu medo era matreiro, estava me fazendo ouvir coisas. Ri da minha própria miséria.
Voltei para casa, fechei a porta, e antes que pudesse voltar ao meu repouso, o que vi quase arrancou meus olhos da órbita, sei que não serei capaz de descrever com precisão a face horrenda que se apresentara, e o pavor que senti gravou na minha memória o essencial, não que isso fosse necessário agora. Não sei explicar como, (sem usar o imponderável poder das trevas) adentrou em meus aposentos. Era sombrio, misterioso, suas vestes pretas realçavam a brancura de sua pele, que parecia lisa como porcelana. Seu cabelo era escorregadio, e bem escuro. O homem ou seja lá o que for, fitava-me de uma maneira tão abusiva que sentia minhas entranhas contorcerem. Pensei ser meu algoz. Meu carrasco! Mas ele nada fez... E isso fora minha tortura. A ausência de qualquer gesto ou ameaça... Apenas o olhar. Oh, funesto e devastador olhar. Com dificuldade proferi algumas palavras, desconexas pelo medo. Sem reação. Tentei! Ah! Como tentei livrar-me! Abri a porta, e com o braço apontado para a rua, exigi que se retirasse. Em vão! E no ápice da minha ira sobre o visitante indesejado, parti com fúria em sua direção, e antes de sequer lhe encostar um dedo, fui arremessado bruscamente ao chão. Para meu espanto, e creio agora que assim ficará também meu caro leitor, atirou-me sem mover um músculo. Veludo, meu azulado persa gordo, numa atitude cínica se enroscou nas pernas do homem. E ali ficou. Judas felino! Gritei, chorei, implorei para que partisse, mas piedade era algo que não havia em sua feição.
Quando a loucura queimava meu corpo como febre. Ele apontou a carta. Li, e percebi do que se tratava. Então obstinado, assim estava eu, em salvar-me da agonia, coloquei-me a pensar sobre aquilo. A maldade paquerou-me. Nomes, sobrenomes, motivos! Aquilo havia me transformado. Era eu agora um juiz. Impiedoso! Tudo aos olhares do indigesto visitante. Não é que em algumas olhadelas, ele até parecia-me sorrir? Oh! Criatura demoníaca levastes minha decência...
O prefeito corrupto encabeçou minha lista com aquele sobrenome nojento. Não agüentou tamanha agonia. Morreu pendurado, em seu próprio gabinete. No aconchego do lar, sonhei com aquele porco como um pêndulo, enforcado em sua própria gravata. O segundo me trouxe tanto prazer como o primeiro. Notei os olhos em chamas daquele ao meu lado, ao ver que era um padre, tão impiedoso e desonesto com seus fieis... Abusando da ignorância daquelas pobres almas, conduzindo-os aos interesses dos poderosos. Esse findou louco, ouvi dizer que em um sanatório católico. A loucura também abraçou Anna (vamos assim chamá-la), essa senhora, matou a própria filha num castigo insano. Graças aos tramites da Lei estava solta, perambulando com peculiar empáfia, até (é claro!) receber minha carta. Como também recebeu o senhor que abusava de crianças, mesmo preso, achei que, as grades e aquele cubículo gelado em que vivia ainda era pena muito suave. De uma hora para outra parou de ingerir, entrando em um estado anêmico sem volta, que culminou na sua morte. Dizia haver vermes em suas refeições. E não duvido que realmente o miserável tivesse certo. Para não deixar Anna como única fêmea nessa lista mortal, enviei um envelope para minha outrora amada, que me trocara sem dó. Nesse, fiz questão de por meu nome no remetente, e numa forma de sarcasmo comecei a carta com os dizeres – Minha querida – seguindo assim a mensagem:
Quando a porta atravessar,
Estarei a esperar;
Ao olhares pela janela,
Estarei a observar;
Na luz do dia ou no crepúsculo,
Estarei a te acompanhar;
Como em seus sonhos e pesadelos,
Ainda me encontrará!
Torna-te minha propriedade,
E não há como escapar;
Sem em barganha da sua,
Seis almas apresentar!
E assim, livro-me de minha peste. Já o vejo, de pronto na porta. Vai-te demônio! Agora tu predestinado leitor, conhece a composição demoníaca que havia naquela carta. Aos outros, tive por vingança retirar por conta o ultimo verso. Mas nesse caso não vejo motivo qualquer para tamanha crueldade. Como talvez não tivera quem me praguejara com tamanha maldição. Por fim, não precisa esforçar-te muito com cálculos matemáticos para saber que, para salvar-me da agonia me carecia apenas um...
Conto de Fernando Ferric - Col. Impossível
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Beijo na boca...
As que têm lojas físicas em SP são a Sample Central (você paga R$ 15,00 por ano, agenda a visita e retira até 5 produtos na loja, pode ir quantas vezes quiser - ou conseguir agendar) e a Clube Amostra Grátis (a anuidade é mais cara (R$ 50,00), mas os produtos são mais bacanudos. Você não precisa agendar a visita (a loja estava vazia) e pode levar até 5 produtos por mês). Apesar do nome, os produtos não são amostras grátis, são do tamanho real, exatamente como são ou serão vendidos. Nos dois casos você precisa responder um questionário super simples e rápido sobre cada produto que você levou antes da próxima visita.
Quem não mora em São Paulo pode se cadastrar no tryoop e solicitar o produto que interessa, eles entregam em casa sem custo (mas ainda não consegui fazer nenhum pedido).
Também existem sites que oferecem descontos diários em restaurantes, massagem, passeios, teatro, etc. O problema é que o desconto tem hora pra acabar, você precisa pensar rápido. O bom é que você não paga um centavo, só precisa fazer um cadastro bem simples e rápido e eles funcionam em quase todo o país. O meu queridinho é o Clube Urbano . O site é ótimo, e eles ainda pagam 12 reais por cada compra que algum indicado seu fizer. Já comprei mil coisas nele e sempre fui feliz. Outro bem tentador é o Peixe Urbano . As promoções são legais, mas quando tento navegar no site ele muda meu estado para RJ, eu fico putíssima e desisto. O Click on é outra opção, mas ele nunca reconhece minha senha. O Coletivar também tem promoções, mas não consegui me cadastrar. Tem também a Groupalia , a Oferta Dia , a Ofertax , o Clube do desconto , a Oferta Única e outros. Pra você que não quer receber milhões de e-mails todos os dias, fica a dica do Zipme que te manda em um só e-mail todas as promoções dos sites acima.
Boas compras!
#obrigadamastercard
PS. Mals ae pra quem prefere namorar pelado a uma promoção.
domingo, 22 de agosto de 2010
(O vazio do) Domingo de manhã.
Aos quatro eu não o compreendia. Aos treze eu o achava um pé no saco. Aos dezenove comecei a entendê-lo.
Hoje, aos vinte e um, passo a sentir sua falta.
Adeus “SEusébio”, simpático vizinho, senhorzinho de olhos azuis que, ao lado de seus gatos, tocava Menino da Porteira em seu cavaquinho ligado ao amplificador aos domingos de manhã.
Vá em paz.
sábado, 21 de agosto de 2010
Como escrever outro best-seller (Gilberto Amendola)
Silêncio, por favor. Desliguem os celulares.
Antoine precisa de um ambiente harmônico para se manifestar. Vamos pensar em coisas positivas: uma rosa, um rio de águas calmas, uma cachoeira, uma borboleta, uma mãe amamentando...
Sempre tem um olhar desconfiado, um cético filho da mãe para cortar o meu barato. Mas estou protegido atrás de um Ray-Ban. Preciso segurar minha vontade de rir. Sou melhor ator do que escritor. Eu acho. Meus críticos concordam. Meus leitores, não.
Vou vender 1 milhão.
Menos do que isso, seria uma decepção. Saca como Michael Jackson ficou depois que o álbum Bad não repetiu o sucesso do Thriller? Pois é...
Gravando.
A luzinha vermelha piscando. Coloquei um som. Brad Mehldau executando Everything In Its Right Place, do Radiohead. Vou pagar de sofisticado, chique e dono de um leve acento pop. Não conheço ninguém assim no Brasil. Vai ficar bacana na tevê. Espalhei uns incensos pelo quarto também. Odeio. Mas meu editor disse que funciona. Fede, mas é cool.
Desculpe. Tem muita gente. Eu nunca fiz isso em público. Antoine é um espírito elevado. Só se manifesta quando se sente acolhido.
Confesso que me diverti com o desespero da produtora. A baixinha empinava os peitões e andava de um lado para o outro como se o mundo fosse acabar. Eita, gente pra se levar a sério...
Na minha concepção, Antoine é um espírito romântico, um James Dean kardecista. Um sujeito irresistível (embora defunto). Depois do meu primeiro livro, O Coração De Um Jovem Morto, muitas mulheres se apaixonaram por essa alma penada. Não raro, confundem as estações.
Eu, que sou apenas o veículo, o cavalo, o iPod de um espírito charmoso, vivo me dando bem com leitoras e fãs. Quem sabe, mais tarde, eu não levo essa produtora para conhecer o meu flat.
A luzinha vermelha está piscando de novo. Fico em silêncio por uns dois minutos, respiro fundo e começo a rabiscar um papel.
2
Me chamo Antoine porque minha mãe era miss e o seu livro de cabeceira sempre foi o Pequeno Príncipe. Cresci ouvindo que era responsável por tudo aquilo que eu cativasse. Só não me ensinaram a cativar com mais prudência, pé atrás e sabedoria. Sempre amei feito um doente. Ah, isso, é claro, enquanto eu estava vivo.
Não, não, não fique com dó. Do alto da minha morte, me sinto autorizado a dizer que morrer é um saco. Quem era idiota continua idiota, quem era escroto continua escroto; quem era corintiano continua corintiano. E o pior: as garotas lindas ficam magras e pálidas - triste essa coisa de perder as curvas. Portanto, se você busca consolo de um morto-vivo, não é com esse moribundo que você vai encontrar. Não mesmo.
Ficaria na minha, remoendo minhas paixões no escurinho desse sono eterno, se não me sentisse provocado por esse sujeito, o Lúcio (acho que esse é o nome dele). Coitado, não sabe o que está fazendo, não acredita em mim, acha que me inventou.
A morte e o amor são cafonas. Não deveríamos amar, não deveríamos morrer. Por isso, escolhi escrever, ou melhor, incorporar em um escritor de livros de autoajuda. Se o babaca do Lúcio for esperto, vai ficar rico.
Abro mão dos meus royalties, não tenho mais onde gastar. Só quero ir junto para Paraty, conhecer o Saramago, jogar bola com o Chico Buarque e admirar a beleza dessas escritoras iniciantes.
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
Realidades
Por isso, nesses eventos me mantenho calado, reforçando a imagem de anti-social e alienado. Com o tempo conheci pessoas como eu.
Me veio a mente o Mito ou Alegoria da Caverna. Como podemos nos libertar da condição de escuridão que nos aprisiona através da luz da verdade. Vou ali tomar uma pílula vermelha.
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Ser mãe é ótimo...
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
O Censo e o Senso
Não bastasse as minhas dúvidas e desânimo, falta de sentido e questionamentos, chega esse cara e reforça tudo isso com lucidez e didática impressionantes. E o pior, não te dá alento. Esperança? não Eduardo, isso não existe. Teu Deus? não existe. Achar sentido no mar de falta de sentidos? pára que é perder tempo, trouxa. É o Absurdo, ele. Aceite e trate de conviver. Mesmo por quê isso não depende de você, quer queira quer não ele vai continuar aí. Assustador. Cogitar a ideia de criar coragem e aceita-lo mais ainda.
Eu sempre tive esperança, sempre. Mesmo quando o breu domina. Acho que é por quê eu deva ter a alma simples, ser uma pessoa simples, sem nada de realmente grande e importante. Deve ser por isso que sempre me dei bem com os trabalhos simples e funcionais que arrumo, sonho bastante (e faço pouco) enquanto me ocupo feliz com algum trampo inútil. Só que de vez em quando contra a minha vontade vem a tomada de consciência (o transe lá de cima), e fode com tudo.
Camus era argelino, seu pai morreu quando ele tinha 1 ano na 1º guerra. Foi morar na casa da vó junto da mãe, irmão mais velho e um tio meio surdo. Se não fosse dois professores ele teria largado os estudos pra trabalhar na oficina com o tio, e assim ajudar sua mãe que lavava pra fora. Quando acaba de se formar a tuberculose não o deixa ser professor. Foi expulso do país pelos ensaios/denúncia que fez abordando a crueldade do governo francês com os árabes. Foi pra França. Sozinho. Mulher e filhos ficaram na Argélia presos por causa da guerra. Um de seus filhos morre em 1960. Ele também, num acidente de carro. Dizem que ele gostava do ambiente da oficina do tio, e das melhores lembranças de lá ele guardava em especial a camaradagem dos operários. E foda-se, é nisso que eu vou me segurar Camus.
E amanhã quando eu tocar a campainha da casa torcendo pra senhora ser rápida por quê tempo é dinheiro, vou perder mais alguns minutos da vida e escutar ela dizer que o filho de 38 anos não tem renda por quê é inválido em consequência da cirurgia que retirou quase o estômago inteiro, e vou continuar ouvindo mesmo sem ter perguntado porra nenhuma pra ela que o INSS cortou o benefício já que ele não usa mais bolsa de colostomia, embora ainda podre.
E vão ficar nós três ali, a senhora esperando o alento, eu sem saber que caralho dizer, e o Absurdo.
terça-feira, 17 de agosto de 2010
As obrigações nossas de cada dia
Lendo o texto do Lucas Guedes neste blog, mais especificamente na parte que ele fala sobre a obrigação de escrever uma crítica de tudo que lê e assiste, passei a notar todas as obrigações que eu mesma me imponho.
Faz muito tempo, muito tempo mesmo, que não leio um livro pelo doce e absoluto prazer de ler. Isso porque, por trás do ato da leitura, sempre há uma amarga obrigação, por mínima que seja, em cada letra percorrida. Pode ser escrever algo a respeito, saber mais sobre determinado tema, aumentar minha lista de projetos de leitura terminados ou (malditos tempos da faculdade) fazer fichamento/resenha do conteúdo.
Ao contrário de muita gente que eu conheço, planejar ações e ter um cronograma passam longe de mim. Em viagens, embora eu teime em arrumar uma programação, deixo tudo correr. Mas em cada minuto, pesa-me a obrigação de aproveitar cada segundo, visitando todo e qualquer ponto turístico, encontrando todos os amigos moradores do local. Os minutos esgotam-se diante de tantas “tarefas”: comprar souvenirs, tirar fotos, absorver tudo que esse novo lugar me apresenta de incomum. Tudo para que as lembranças da viagem (não só as compradas, mas de certa forma adquiridas) não escapem do meu peito. O que resulta dessa minha tentativa é quase sempre uma guria exausta, fatigada da penosa sensação de não ter ficado realmente em lugar algum, de não ter sido inteira em nenhum momento.
Estou num curioso momento de transição, sem saber, com certeza, meu próximo passo. Por isso, imponho-me a obrigação de concretizar tudo o que planejei (ou tentei) para esse momento de latência. E, adivinhem? Ainda não consegui fazer nada do previsto. Li pouco (as revistas nem desencaixotei e os livros o fiz apenas hoje, um mês após minha chegada). Não fiquei tempo suficiente com meus pais, não espremi o tanto que eu queria minha irmã. Não aprendi a fazer a unha, não fiz panquecas, tampouco me matriculei na academia.
Da próxima vez, planejarei coisas menos grandiosas. Algo como: viver. Mas viver com aquele sabor doce de não ter obrigação alguma.
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Astronauta
domingo, 15 de agosto de 2010
Doce amargo
sábado, 14 de agosto de 2010
Comum
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Sexta-feira treze
E de repente chegou o dia treze e o terror confirmado de não ter pensando num texto para pôr aqui. Então pego, ligo a webcam e você está offline. Mando mensagem dizendo que estou aqui, pois ando com esperança, e você responde, minutos depois que chegou agora e vê aquele filme, que talvez eu tenha visto, aquele cujo título me escapa, já que nos embaraçamos em longas conversas. Digo do texto que não fiz. Você me sugere o horror das sextas-feiras 13. Eu digo que já escrevi sobre isso e você indaga, por que não uma continuação? Tenho a idéia de treze fotos colhidas por webcam, você acha ótimo, e escolhe o dia três e faz aquela careta incrível, com três dedos erguidos. Copio e colo essa tela. Peço online a amigos fotos que não me dão. Você me repreende, então tem tudo isso de gente aí nesse seu msn? Nosso sentimento de exclusividade vai de repente ficando mais evidente. Você me relata cantadas e eu as minhas e baladas e convites e já estamos conversando, sobretudo, sobre nós. É tarde. O texto não veio. E começa a esfriar. Fala da minha saúde, da rotina dos dias, do passeio que teve junto ao mar. E falamos do que temos. Domingo agora é dia de te ver, de vermos filmes, de andarmos um pouco juntos. Reclamo que me devora o tempo e que o texto não sai pois só falamos um ao outro como se não houvesse essa distância, curta, mas ainda assim distância. E já é quase noite. Já me despedi três vezes, você me avisa e continua dizendo que vigia meus silêncios nesses frames lentos da webcam. Esqueço de ir tomar o café. Rimos. Rimos sempre.
Definitivamente não, não tenho nada para escrever sobre os horrores da sexta-feira-treze. Estou indo em breve para o Rio. Tudo é incerto sob o sol. Há esse Jason com a faca em riste. Mas eu só quero saber de você e da Angelina Jolie pendurada no ar como uma aranha. O que me interessa é só você e o possível sol do domingo, 15, que faremos existir, se não houver.
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
?
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Uma verdadeira dama
domingo, 8 de agosto de 2010
Sorte e Azar
Tem gente que tem sorte, tem gente que dá azar. Tem gente que tudo dá certo e tem gente que tudo dá errado. Eu não tenho nem um nem outro, sou parte da grande e esmagadora maioria, onde tenho dias de sorte, que não é suficiente para ganhar na loteria, e dias de mais azar, mas não chego a ser atingida por um raio.
Um exemplo rápido: um paciente de onde trabalho. Um amigo morreu de overdose na casa dele, os pais se revoltaram e o colocaram para fora. Ele foi morar na rua e depois foi pra um albergue, onde alguém arranjou encrenca com ele ( ou ele com alguém ). Ele acabou expulso do albergue, e foi parar lá na clínica onde eu trabalho, junto com um amigo, para fazer tratamento de dependência clínica. O "amigo" acusou ele de roubar a clínica e foi aquela confusão.
Já seria muito azar pra uma pessoa só, mas como se não bastasse, na hora do almoço, alguém que não enxerga muito bem comeu o almoço dele, ele ficou sem.
E eu com tudo isso? Eu evito passar debaixo de escadas, quebrar espelhos e tenho um trevo de quatro folhas. Aliás, quem quiser um, tem um monte num canteiro na minha própria rua.
sábado, 7 de agosto de 2010
Entre ser e estar
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
Como criar um texto na hora do almoço
Como criar um texto na hora do almoço? Anotando o que o seu ouvido é capaz de “sintonizar”, como se fosse um rádio. Bom, vou discriminar o lugar, um restaurante self-service, para vocês entenderem melhor:
Mesa 1 – Casal recém casado
Mesa 2 – Um sujeito neurótico, macrobiótico obcecado
Mesa 3 – Grupo de executivos,
Mesa 4 - Duas amigas
Mesa 5 – Grupo de estudantes
Mesa 6 – Freiras
A história:
Mesa 6 – Senhor, obrigada pelo alimento
E abençoa quem plantou, quem colheu...
Mesa 1 – Quem podia imaginar que isso ia dar tanto certo?
Mesa 3 – Um brinde ao nosso sucesso!
Mesa 4 - Mas olha, tenho que te falar uma coisa
Mesa 2 – Hmmm, hmhmmhm
Mesa 1 – Só que agora, como vamos pagar aquelas outras contas, sabe?
Mesa 3 – Banco
Mesa 5 – Oi? Alô?
Mesa 4 -Não entendo o que você quer dizer
Mesa 2 – Assalto
Mesa 4 – Isto é
Mesa 2 – um belo, hmhm, de um assalto
Mesa 4 – Queria poder ter te dito antes mas...
Mesa 3- Outro banco?
Mesa 6 - Misericórdia...
Mesa 2 – Bancos..hmhm...Odeio bancos,hmhm, todos eles.
Mesa 1 – É preciso mais para nos sustentarmos, o que temos não é suficiente
Mesa 3 – Mas outro banco?
Mesa 1 – Qual o problema? Já deu certo uma vez, deu pra sair da crise pelo menos
Mesa 5 – Você não tá entendendo
Mesa 4 – Não consigo mais guardar isso comigo
Mesa 1 – è muito dinheiro
Mesa 5 – Preciso de um emprego de verdade
Mesa 3 – Bom, eu acho que podemos conseguir muito lucro desta vez
Mesa 1 – É difícil, mas concordamos em passar por isto juntos
Mesa 5 – É eu também, eu não agüento mais ser explorado
Mesa 2 – bancos... hmhm...odeio eles, todos eles, hmhmm
Mesa 6 – Façamos juntos mais está ultima ação
Mesa 3 – Ok, por mim tudo bem
Mesa 1 – Tudo bem, vamos
Mesa 3 – Tchau, até mais
Mesa 2 – Hmm, hmhmm
Mesa 4 – Te amo
Mesa 6 – Amém
Mesa 5 – Beijo, me liga
terça-feira, 3 de agosto de 2010
Boas Novas
Eu tive um rendimento escolar mediano. Ok, na verdade foi medíocre. Ainda assim, sempre me diziam que eu era inteligente. Eu nunca acreditei. Certa vez uma professora escreveu assim na minha prova: “Marcela, você é muito inteligente, pena que dessa palavra você só aproveite o int.” Nunca entendi se aquilo era um elogio.
Como eu podia ser inteligente se meu boletim era uma coleção de notas vermelhas? Se eu sempre ficava em recuperação? Se eu não consegui passar nem no vestibular para Letras? Tá, era USP, mas é pouco concorrido e eu necas de passar. Sabia que eu era boa em algumas coisas, mas nada que desse dinheiro. Quem remuneraria meu maravilhoso dom de reconhecer um tom de voz? Na faculdade eu fui melhor, mas eu fiz Rádio e TV. Se você não for bem em um curso que é praticamente só trabalho em grupo, se mata, né?
Esse ano eu resolvi que seria diferente. Eu iria estudar, mas de verdade mesmo, sem aquela coisa de estudar 15 minutos e assistir TV nos outros 45. Estudaria toda a matéria do edital, seja lá qual fosse ele. Gente, é uma vergonha uma pessoa adulta enroscar em uma conta de dividir, não é? Eu enroscava. Perdia minutos preciosos da minha prova refazendo a mesma conta várias vezes.
Precisei voltar lá atrás, estudar divisão com decimais, mínimo múltiplo comum e aquela coisa toda que eu deveria ter aprendido na terceira, quarta série. Foi bem chatinho, mas valeu, passei nos quatro concursos que eu fiz. E nossa, como é bom. Como ninguém tinha me dito isso? Sabe qual era minha vontade? Minha vontade era voltar no tempo. Queria refazer a escola. Levar a sério. Hoje eu entenderia química. E física!
Hoje eu recebi a noticia que minha convocação saiu, e eu fui chamada pra São João da Boa Vista, aqui do lado. Posso ir e voltar todo dia. Não vou precisar abandonar minha mãe, nem ficar longe do namorado, nem gastar meu dinheiro com sofá, geladeira, etc...Aconteceu do jeito que eu queria e eu estou muito, muito feliz. Tanto que eu não estou afim de falar sobre mais nada. Foi mal Lady gaga, mas seu texto vai ficar pro mês que vem. Hoje eu só quero comemorar. E amigos de São Paulo, vou fazer treinamento aí e daqui alguns dias podemos tomar aquela cerveja. Até lá!