Milton acorda. Uff, estou vivo. Aqui estão as mãos, as pernas, enxergo bem, respiro, aqui o meu pau rosa, minha pinta oculta. Está vivo, confere? VIVO!
Milton acordou pensando em poesia. A orgia no sonho o deixou inspirado. Mas sonhos não se contam, nem para terapeutas nem para leitores. Sonho é meu, somente, eu.
Milton é como eu mesmo. Nasceu no dia que aquela bruxa disfarçada de escritora jogou no lixo minhas poesias, quase literalmente. Nem eu nem Milton ficamos bravos, estávamos suficientemente entretidos em olhar pela fresta entre a saia curta e as pernas da bruxa A bruxa nunca me quis e o Milton se vingou dela.Gracias Milton por ser tão valente, negar-se a uma mulher é um dom concedido só aos alter-ego. Homens não poderiam fazer isso, vá contra as leis que ditam o fluxo do humano.
Então Milton espreguiça o corpo e sente a mulher perto dele. Milton gosta de dormir acompanhado, mesmo que o espaço no colchão fique pouco para dois corpos lado-a-lado. A pele dela é lençol de seda, crispa no tato quente do Milton. Eu fico na inveja e assopro no ouvido dele o desejo contido do meu ventre. Quero mais, Milton, você tem que querer sempre mais. Mas alter-ego não tem essa de querer mais, só quer aquilo mesmo: fémea, movimento avulso do corpo, suor, algo de raiva e gozo, muito gozo.
Passa a mão na menina que respira delicadamente sobre o rosto dele. Um tesão do caralho. Um tsunami ventando nas janelas. A fome dos dez desertos do celibato. Não aguenta, e entorta o corpo à procura de todos os cheiros.Para Milton – e para mim – não há vida sem cheiro. O que não cheira, não vida!
E assim fica, ele cheirando aquela vida toda dentro da menina, dormida e cúmplice, e eu, poeta morto escrevendo a vida que ele vive.
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