O corpo humano considera que cruzar a fronteira da Quarentolândia é um grande feito. Por isso ele celebra com vários eventos
comemorativos no seu organismo que é para você ter certeza da doce alegria que
é trilhar o caminho para a velhice.
Aos 40 anos, suas costas doem. Músculos que você nem
sabia que existiam doem. Você se pega esticando o braço e colocando o papel lá
longe porque não consegue mais ler as letras tão pequenas. É, meu caro. Sua
vista, assim como todo o resto do seu corpo, está cansada.
Certeza que os 12 Trabalhos de Hércules, o coroa
quarentão, incluem “colocar linha na agulha” e “ler a data de validade na
cartela de Tylenol”. É o paradoxo da bula. Quanto mais você precisa de
remédios, menos consegue ler as instruções.
Aos 40 anos, você atinge uma nova marca. Quarenta em
algarismos romanos é XL. EXTRA LARGE. Ou seja, você agora é gordo até na idade.
Seguindo essa linha de raciocínio, o universo resolveu me
dar de presente uma gordura localizada nos quadris chamada carinhosamente de “culote”.
Que é mais ou menos como se as suas coxas estivessem eternamente entre
parênteses.
Até então eu tinha sido gorda em apenas um sentido –
não apenas o literal, mas frente e verso. Barriga e bunda. Norte e sul. Agora sou
gorda também para os lados. Para todos os lados. Trezentos e sessenta graus de
pura fofura.
Mas eu não sou velha, eu sou retrô. Sou old school. Sou
vintage (quarentage, como diria @andreh77). Sou um clássico.
E como acontece com todos os bons clássicos, fizeram uma
remasterização para marcar essa data redonda – e bota redonda nisso! Por isso,
ao completar quarenta anos, eu não engordei para os lados. Eu simplesmente fui
relançada numa edição especial em 3D.
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