Amanhã é dia de recebermos a tão aguardada visita ilustre. Dia 21 de outubro de 2015 foi o destino do personagem Marty McFly no filme “De volta para o futuro 2”, lançado trinta anos antes.
Não lembro quantos anos eu tinha quando, em uma das tantas vezes que assisti ao filme, perguntei para minha mãe quantos anos eu teria em 2015. Fiquei decepcionado quando ela disse que eu teria trinta e quatro. Já estaria muito velho para usar o tênis que se adapta sozinho ao pé ou para andar no skate flutuante. Meu consolo foi imaginar que os aparelhos do filme haviam sido inventados alguns anos antes para que eu pudesse usar ao menos um pouco.
Eu não estava completamente errado. Hoje costumo usar sapatos e mesmo que existisse um tênis como o do filme, seu modelo já não me agrada. Nem lembro muito bem de como foi essa transição daquela criança que assistiu ao filme para o cara que usa sapatos, mas a trilogia “De volta para o futuro” deixa bem mais que uma expectativa por produtos tecnológicos.
É uma das obras em que a ficção científica não é somente exibida, mas estimulada. O enredo não é nada factível, afinal mesmo em teoria os físicos só consideram possível uma viagem no tempo para o futuro – se viajássemos na velocidade da luz o tempo passaria mais devagar, de forma que ao pararmos o mundo já estaria adiantado em relação aos que fizeram a viagem, estando assim no futuro. Já para o passado não há sequer uma hipótese teórica – ao menos por enquanto.
Ainda assim, o trabalho meticuloso do Dr. Brown associado ao estilo despojado de Marty fascinou toda uma geração nos anos 80. Uma pena que a duração de um filme é curta e quando ele acaba voltamos para a sala de aula, onde todo o encantamento gerado pelo conhecimento regride para informação, que raramente se conecta com a realidade.
Temos a tendência de um olhar utilitarista para tudo, assim vemos um filme como “De volta para o futuro” somente como um entretenimento passageiro, já que uma viagem no tempo está fora de questão. É uma pena que não seja considerado o potencial criativo estimulado pelas obras de ficção científica.
Até agora ninguém inventou o skate que flutua, a pizza instantânea e tantas outras ideias do filme, porém é impossível medir a influência subjetiva daqueles que, encantados com a viagem no tempo e outras maravilhas, buscaram outros filmes, livros ou quadrinhos semelhantes.
Expor crianças desde cedo a obras como “De volta para o futuro” estimula o sonho e a criatividade. Considerar que alguém está supostamente perdendo tempo com histórias em quadrinhos ou filmes é desconsiderar que estes materiais, além de entretenimento (que já não é pouco), oferecem também um capital imaterial que é extremamente valioso, ainda que trinta anos depois essa criança passe o dia de sapatos ao invés de tentar projetar um DeLorean.
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