De vez em quando acontecem umas conversas malucas que nem eu sei dizer da onde elas saem, como essa que tive com uma amiga que chegou toda feliz e me disse:
-Sabe fulano?
Sei.
-Então, já pensou namorar ele?
Não.
-Ah, mas devia! Ele é ótimo, vocês são bons amigos, ele sempre te dá apoio e desconfio que ele está meio ''gamado''.
É, digamos que já percebi, ou pelo menos desconfio. Mas o ponto é o seguinte, gosto muito dele, tenho até saudades se fico muito tempo sem falar com ele, mas por que iria além disso? Não sinto atração por ele, não rola química e existem algumas diferenças na maneira de ver a vida que neste momento não tenho saco para discutir.
-Como assim não rola química? Você já ficou com ele?
Não. E não preciso, posso apostar, não rola química. Não sei como funciona para o resto do mundo, mas no meu caso a química começa no olhar e na atração, se não gosto como ele é, não tem química.
-Pra mim você tá errada! O que custa tentar?
Nossa, nessa altura do campeonato custa muito, meu tempo, minha energia e outra amizade perdida.
-E vai fazer o quê? Ficar sentada na varanda esperando alguém ''incrível e especial''?
Não tenho varanda! Mas não estou sentada nem esperando ninguém, não é questão de esperar o príncipe, mas de não gastar energia à toa. Poxa, por que tenho que obrigatoriamente namorar alguém?
-Porque a vida é isso, conhecer, namorar, ficar....
Esse é um ponto que me fez sofrer demais. Não sou igual a todo mundo, nem eu sei o porquê e hoje consigo assumir tranquilamente minha maneira de viver, se para algumas pessoas o legar é namorar, não importa se gostam ou não da pessoa, sorte delas, eu não vivo assim, nem quero. Não tenho nada contra namorar, mas tenho tudo contra namorar só para passar o tempo.
-E vai conhecer alguém legal como?
Mas eu conheço muita gente legal! O dia que gostar de alguém de um jeito mais intenso vou lá e namoro!
-Você só complica! Acho que fulano está apaixonado, podia ser legal e você fica embaçando!
Mas é legal! É meu amigo, a gente costuma sair, mas é só amizade e está ótimo assim.
-Acho estranho!
Não, estranhas foram as vezes que me machuquei, me envolvendo com homens que não valiam a pena, eu acreditava nessa baboseira de ''é namorando que se conhece'' e muitas vezes namorei sem estar apaixonada. Minha energia ia pelo ralo, meu tempo não valia nada. Por isso decidi aceitar minha natureza, dói menos, não gosto de nada à toa, sem sentido. Se vou namorar com alguém é porque gosto da pessoa e tenho interesse, caso contrário prefiro ficar em casa assistindo novela.
-Pelo menos tenta!
Não, obrigado. Já passei da idade onde a gente ''tenta'', lá pela casa dos vinte. Depois dos trinta nossa margem de acerto começa a melhorar e não precisamos mais tentar tanto. Sei como eu sou, depois de anos sem ter menor noção disso. E esses namoros rápidos, experimentais, nunca me seduziram, sempre gostei de emoções mais intensas, prefiro não sentir nada do que sentir ''morno''.
-Aff! Você devia desencanar e começar a mudar de ideia sobre os relacionamentos, não precisa levar tudo a ferro e fogo, de vez em quando é bom apenas brincar pela vida.
Mas não é? Concordo, mas eu fiz o contrário, levei os relacionamentos a ferro e fogo a vida inteira, até que cansei e agora quero brincar pela vida. Mas minha ''brincada'' inclui o mais importante, que eu aceite meu jeito de ser e não gosto de namoros onde não entro na história apaixonada, me dá sono. Cada um é de um jeito! O meu é esse, não quero mais gastar um segundo da minha vida beijando quem não mexe com minha alma, cansei disso.
- Eu só avisei! Fulano tá lá!
É, eu estou cá. E assim somos todos felizes, cada um levando a vida do jeito que quer, eu levo do meu e isso significa namorar alguém quando essa pessoa me desperta alguma coisa, poxa, por que é tão difícil aceitar as diferenças e a maneira do outro viver? Não estou ferindo ninguém com minhas escolhas. Nem tudo é para todos e nem todos são para tudo. Quem quiser esquentar sua solidão em diferentes camas que o faça, eu prefiro o silêncio, aquele que me garante que a coisa mais importante na vida é respeitar minha natureza.
Iara De Dupont
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