É possível afirmar que nesta obra a professora de filosofia usa seu potencial didático para dialogar com aqueles que não são seus alunos. Com uma linguagem clara Tiburi aborda temas correntes sob a ótica da filosofia, porém não utiliza estratagemas sofisticados para a produção de uma obra hermética.
A ironia não se restringe ao título. Mencionando, sem citar nomes, políticos e jornalistas contemporâneos, conhecidos pelas falas agressivas, o fascista do livro não é aquele adepto do movimento italiano da década de 1930, mas o cidadão de hoje, que extravasa seu ódio às diferenças através de palavras ou até mesmo agressões.
Pouco a pouco a autora mostra alguns fatos evidentes e outros que, de tão naturalizados, acabam passando despercebidos diante dos olhos daqueles que costumam ter pouco ou nenhum contato com a percepção crítica da filosofia. Ao que parece, o ódio em nossa sociedade está capilarizado, servindo de estrutura para o pensamento fascista de forma semelhante, e relacionada, às estruturas de poder descritas por Foucaut.
Talvez a forma como a autora descreve o amor como antagonismo a este ódio incomode aqueles que busquem uma análise filosófica mais aprofundada, entretanto cabe ressaltar que enquanto o ódio é uniforme, a ideia de amor é múltipla, servindo tanto para uma análise simplista aos que estão mais habituados com a filosofia, quanto para uma interpretação eficiente aos olhares leigos.
Livro: Como conversar com um fascista
Autora: Marcia Tiburi
Editora Record, 2015.
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