Fiz um poema utilizando títulos de alguns livros da
minha biblioteca. Ficou assim:
Diário de um ano ruim
Um, dois e já
o mundo está sombrio ermo turvo
o tempo,
nublado no céu da boca,
gris.
Estamos vivendo um redemoinho
e a vida passa como um trem-bala
eu, com meus olhos de cão,
vejo a vida gritando nos cantos
a cabeça nas nuvens
o coração na boca
o corpo partido.
Os bares morrem numa
quarta-feira
nada de baladas
É a arte do recomeço
tateando a parede no escuro,
o homem está à procura de si mesmo,
aprendendo a viver,
mesmo que essas vidas sejam
provisórias.
Precisamos tirar lição das
coisas
repensar nossos relacionamentos
aceitar nosso absoluto frágil
estar sendo, ter sido
faz parte de todo o processo.
Essa história está diferente
estamos vivendo um mosaico
de fake news e amor
e por falar em amor
o que amar quer dizer?
Falo do amor dos homens avulsos
os amantes
das pessoas que passam pelos sonhos
no meio de toda a saudade do mundo
histórias de amor e glória.
E vamos reinventar afagos
acenos e afagos
para diminuir distâncias
faça chamadas telefônicas
para os amigos
envie cartas extraordinárias
as pequenas epifanias
e os verbos auxiliares do coração
esquentam o frio aqui fora e dentro.
Último round
numa hora assim escura
a noite escura e mais eu
vamos definir formas
de voltar para casa
caminhando contra o vento
e se choverem pássaros,
eu ainda estou aqui.
De duas, uma
entre nós
há um coração simples e aberto.
Definitivamente
2020 não é meu ano
de descanso e relaxamento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário