(você pode ler a primeira parte dessa história neste link: parte1, mas se tiver preguiça, pode começar por aqui também!)
Romeu entrou na cozinha e começou a contar mentalmente quantas latinhas de cerveja tinha entornado na noite, não era possível serem tantas, tampouco havia misturado com destilados. Então, não estava bêbado, seu subconsciente dançava ciranda, alegre, mas não estava tão afetado para criar miragens.
Mesmo assim, se aproximou pé ante pé da mesa da cozinha, ficou um tempo parado, olhando incrédulo: o irmão mais velho dormia sobre o desenho da filha, o lápis ainda na mão, repousando.
O sino da igreja badalou seis da manhã, ele forçou a vista, entortou bem o corpo em uma posição idílica e leu aos sussurros:
“pode ser bom
- enfrentar as incertezas
- aprender a lidar com situações como essa
- escutar minhas vontades
pode ser ruim
- me expor demais
- seguir o que os outros pensam
- me iludir”
Romeu deu um sorriso terno por sobre os ombros de Donato. Por um momento pensou em sacudi-lo e conversar; mas queria enganar a quem? Donato lá falava o que pensava!? Quis escrever uma mensagem, mas o irmão podia se sentir invadido.
Chegou ao quarto com as pernas trançando, imaginando a filha brigando com o tio pelo roubo do desenho. E adormeceu pensando: quando mesmo a pequena voltava da casa da mãe… que saudade!
Quando o sino badalou as oito horas, Mirna resolveu que era hora de cutucar Donato. Ela estava acordada a trinta minutos, já tinha lido a lista, já tinha comprado o pão e a água do café começava a ferver.
Que menino! Sentiu pena do filho, pensou que talvez o cheiro do café coado pudesse ser um despertador melhor. Arrumou a mesa envolta dele, esticou a toalha, colocou os pães no prato, tirou a manteiga da geladeira e trouxe duas xícaras pequeninas. Sabia que Romeu, só se levantaria pro almoço, seriam eles dois, ela e Donato, naquela manhã.
Ela tinha conselhos a dar, poderia falar com algumas pessoas que considerava importantes para serem ouvidas nestes casos de indecisão, marcar umas conversas para filho. Mas primeiro o café, despejou a água quente e abanou a fumaça com a pontinha dos dedos na direção de Donato.
CONTINUA em 06/01/2021.
Parte final.
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