terça-feira, 30 de agosto de 2011



Palavra
Pedida, medida, dada
Para cada pessoa
Uma palavra
Para cada palavra
Uma leitura
Em cada uma, eu
E então adjetivada
Me torno quem sou
Na boca de cada um
Na frase de todos eles
No contexto que me traduz...




Lai Paiva

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

07:16

Acabei de chegar, jogando mala e bolsa no chão. Alguma coisa tem que mudar não é? Começo pelo mais simples, os atrasos. Então vambora que será bem rápido. A cara de sono, olhos inchados e aquele cansaço bom de andar. Desta vez, nenhuma perspectiva gigantesca, só ver o mar. Primeiro dia, molhei os dedos, tamanho frio. Embora a única intenção fosse ver o mar, percebi que a beleza do Rio está na gente. Impressionante a disposição, o humor, o sorriso e o sotaque engraçado, que misturado a risada obrigou a garimpar informação e conversação sem fim. É... pode ser, talvez volte mais vezes. Mas Paraty e Trindade não saem da mente, do coração. Mesmo visitando Lapa, Leblon, Ipanema, Praia Vermelha, Arpoador, Copacabana, o Parque Lage (lindo!) e Santa Teresa, ainda prefiro os arredores para repensar. Não consegui, andei mais do que deveria e me cansei, sem repensar nada. Agora preciso de outra viagem prá descansar, última promessa de fim de ano. É isso, sem frescuras e calça jeans, o mais importante foi ver o mar. A canção da ida, a promessa de voltar e querer um pouco mais do mar. Beijo Rio.

sábado, 27 de agosto de 2011

Maconha na Holanda

Interessado em saber um pouco sobre a maconha na Holanda? Veja um pouco do que um amigo escreveu lá no meu blog.

Cheguei há poucas horas em amsterdã e já fui conhecer um coffee shop na luz vermelha. Digo-lhes que a experiência é fantástica, se bem que eu estou nessa cidade sozinho e lá, na hora em que entrei, fiquei meio tenso e apreensivo mesmo sabendo que era permitido fumar "inside". Porém não é para tanto, podem entrar tranquilos e decidirem pela maconha que tem o nome mais "cool", até porque são tantas as opções que o sujeito fica maluco. Mas o pessoal te ajuda dando sugestões e geralmente os famosos "menus" estçao organizados em escala ascendente de "power". Optei por escolher um nível médio.

Recomendo que, como dito antes em um reply, optem pelo grau mais fraco e não tentem ser super heróis, até porque quem sabe fumar, não exagera. É só curtir a brisa conscientemente, assim não abre-se brecha para uma bad trip. Afinal, passar mal não é uma boa, pois há outras coisas para se fazer nessa linda cidade, como visitar os famosos museus, tirar muitas fotos e apreciar a arquitetura da cidade.


quatro minutos

com quatro minutos para expirar o prazo, eu consegui terminar um projeto que, um mês depois, ganhou um financiamento nunca conseguido antes. e aqui? aqui em rondônia faltam justos quatro minutos para meia noite.ainda é dia 26. mas para o resto do Brasil já é dia 27. "meu" dia acabou há uma hora. tudo é mesmo relativo. desde a última vez que aqui escrevi, pensei inúmeras vezes - ainda - sobre o tema da viagem. e justo porque não estou mais viajando. estou em casa. na casa que eu adoro que fica na cidade que eu ignoro. ignoro porque não gosto. tudo é mesmo relativo.

neste meio tempo também li um livro de Barthes. O neutro.  E li Zero, do Loyola Brandão. E também Eles eram muitos cavalos, do Rufatto. De todos, é verdade que só sinto vontade falar de O neutro.
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continuo depois de hoje.



quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Quem foi? Quem foi?


Trabalhando em agência, uma das minhas maiores vontades é a de lançar um anúncio “O gerente da loja tal ficou louco”. OU então um “O aniversário é da loja X, mas o presente é seu”. Não, mentira. Não tenho essas pretensões, não. A merda de trabalhar em um meio que tem essa aura de criatividade é querer sempre impactar. Querer sempre sair com a grande sacada, a tiradinha safada de ouro, que vai fazer com que as pessoas levantem a cabeça quando lerem (ou ouvirem) e pensarem “mas que redator genial, esse”. Não, mentira. Porque ninguém sabe quem ou o que é o redator. Todos se espantam quando digo que trabalho com redação. É quase como se pudesse ler nas expressões das pessoas “mas em redação de jornal? de revista?”. Isso quando não levantam a sobrancelha esquerda, em tom claro de “ah, esse é mais um daqueles publicitários que ganham prêmios por fazerem coisas engraçadas”.
Engraçado era eu me importar com isso. No fundo, todos querem reconhecimento. Muitas vezes, querem o reconhecimento mesmo de quem não tem nada a ver com a história. Querem, realmente, ser reconhecidos, valorizados, admirados. E isso é muito perceptível no ramo da comunicação. Todos querem ter uma voz, de forma bem literal mesmo. Dá pra notar isso pelo tanto de pessoas que criaram, em seus devidos tempos, blogs, perfis no twitter e depois no facebook, tumblr e mesmo o maldito foursquare, que não faz nada além de entupir minha tela com mensagens do tipo “estou na casa da mãe Joana’, “estou num puteiro em João Pessoa”. Não estou nem aí.
Há algum tempo foi a polêmica com médicos usando jaleco na rua. Eles estavam também comunicando as pessoas que eram médicos, fizesse chuva ou fizesse sol. Dentro e fora dos consultórios. Quem não quiser ser reconhecido que atire a primeira pedra. Mas que atire por detrás de uma árvore, pra ninguém saber quem foi.
E, pra terminar, eu acho que não deveria assinar este texto.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

All ending are beginnings


Amo ler. Livros, blogs, folhetos de mercado, panfleto de cartomante, rótulo de shampoo..
Tapem as orelhas dos meus outros livros, mas "As cinco pessoas que você encontra no céu" de Mitch Albom é meu preferido.
É sobre Eddie, um mecânico que viveu uma vida que ele considerava insignificante, sempre trabalhando em um parque de diversões, numa rotina sem sonhos ele se sentia um fracassado.
Ele morre no dia do seu aniversário de 83 anos tentando salvar uma garotinha que ficou presa num brinquedo do parque.
Ao acordar no céu encontra cinco pessoas que mostram como ele foi importante.
Logo no começo do livro esquecemos da garotinha, porque simplesmente não importa mais se Eddie a salvou ou não. Ele teve toda uma vida incrível e influenciou muito essas cinco pessoas.
Às vezes me sinto imprestável e inútil, como se tudo fosse uma grande perda de tempo. Nessas horas lembro de Eddie, lembro que tenho cinco pessoas me esperando no céu, querendo dizer o quanto são gratas por eu ter existido e mudado a vida delas, ansiosas para me ensinar tudo aquilo que eu ainda não entendo.
Eddie me faz lembrar que mudamos o destino dos outros em pequenas coisas, mesmo sem saber.
É a teoria do caos vista pelo lado bom.
Recomendadíssimo.



domingo, 21 de agosto de 2011

Domingo à noite é depressivo.

A cena é um sofá, um roupão, uma caneca de café e Roda a Roda Jequiti na TV. Um cigarro também cairia bem, se eu fumasse. A luz meio penumbra, como a de uma vela que termina, a vela da alegria e da felicidade de se ter tempo pra fazer nada. A gente vai pra cama como quem vai pra forca. Entre apagar e acordar é um triz, e aí já é segunda, 6 da manhã e você tem que levantar, faça frio, chuva ou tempestade de areia.

Vive-se uma fossa no domingo à noite. Faustão nos faz querer cortar os pulsos ali mesmo, é o gosto amargo do fim dos tempos que invade nossa boca. Mas resistimos duramente à semana de trabalho somente pra sentir o êxtase da sexta-feira, quando acontece a mágica de se transformar em sábado antes mesmo da meia-noite, sexta à noite já é sábado. E isso por melhor que seja o trabalho, ninguém gosta de trabalhar cinco dias seguidos o dia inteiro. Seis dias então, já é regime escravocrata. Sou quase uma judia ortodoxa, o sábado é sagrado. E o domingo é pra cair em depressão. Um ritual inquebrável. Respeitem, por favor.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Um cigarro, um carinho

Saio de casa tão cedo que fica sob minha responsabilidade dar o tapa na nuca do Galo pro bicho desandar a berrar. Chego tarde e cansado, bem cansado. Opção minha, decidi zerar as dívidas, sempre elas. E tô indo aí, graças a Deus, né. Mas não tá sendo mamão não, fico pouco com a minha namorada, sinto muita falta dela e quando fico, durmo. É que nessa de pagar o seu Santander eu arrumei emprego em outro hospital na parte da manhã, e de lá vou direto pro outro emprego do outro hospital. Estipulei um prazo, 3 meses. Final de outubro tenho que ficar quites com o banco e esparramado outra vez na cama. Até ás onze se preciso for. E por mais que eu fique cansado tô gostando do novo trampo, conheço gente nova, doentes feito a gente velha do outro, mas que me faz bem conhecer. Aí quando eu me pego puto pelas mesmas mesquinharias de sempre, irritado com a covardia, companheira de longa data, a vida vem e me exige insistência. Exige personificada no seu Raimundo, véio gente boa cheio de célula ruim. Há pouco tempo atrás eu o levei durante duas semanas pra fazer as sessões de radioterapia numa clínica perto do hospital. E durante esses dias conversávamos sobre o Santos, Neymar, construção civil e câncer. E na hora que ele me perguntou se aquela radioterapia junto da quimioterapia que ele estava fazendo, mais a pancada de remédios que ele estava recebendo iriam adiantar alguma coisa, eu, pra variar sem ter certeza nem garantia de porra nenhuma, respondi que sim, que tinha de adiantar, porque afinal de contas era muita coisa contra uma só, o câncer, e ele deu risada respondendo que eu estava certo, que não tinha como o câncer vencer por que nessa ele estava sozinho, ao contrário do seu Raimundo, que tinha uma legião de gente e quimioterápicos a seu favor. Hoje seu Raimundo estava no hospital, com uma dor absurda, sem falar nem reconhecer muita coisa que foi dele, só geme. Lembrei do dia da pergunta, da minha resposta, lembrei dos momentos que eu reclamo, lembrei. Lembrei inclusive que eu não sei de porra nenhuma, e que não faço questão nenhuma de saber, e isso me conforta. É seu Raimundo, aparentemente eu estava errado, foi mal véio. Da próxima vez pergunta pra alguém mais corajoso, mais realista. Eu não sei de nada e gasto muito tempo preocupado com besteira, e nem sei o que é passar por isso. Então nem vem, perguntar pra mim eu cravo que sim, vai dar pé.



"Não se levanta ninguém a pondo pra baixo"
Edi, Centralrockbar.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Uns 30, 40 vagões de anos de distância

Perguntei ao homem sentado na estação de trem como se chegava a tal local. Humildemente, ele me passou a informação como se pedisse desculpas. "Não tem placa aqui, né? A gente desce perdido". Puxamos conversa mutuamente. O homem negro, de cabelos grisalhos, perguntou para onde eu ia. "São Paulo". Os olhos pequenos nostalgearam: morei lá. E quase como se não precisasse perguntar, ele completou: ali perto da estação Santa Cruz.

Encontrar um homem em uma estação de trem de Osasco, para quem eu justamente pedi informação, que morava perto de onde eu morava hoje era uma coincidência que não deveria surpreender. Mas surpreendeu. "Foi na década de 70, 80", os olhos se perderam na imensidão das palavras. "Eu andava de carrinho de rolimã na rua Loefgren”. E riu.

A Loef, apelido que lhe dei, é uma descida. É a descida que eu desço todo dia para chegar em casa. Imaginei o homem em versão miniatura descendo a rua toda pilotando o carrinho. Rindo. Difícil imaginar. A minha Loef é cheia de semáforos e carros desembestados.

Como moro numa travessa da Loefgren, falei o nome da minha rua, ele falou a dele e descobrimos que não fomos vizinhos por uns 30, 40 anos. Ele então me fez descobrir que onde eu moro hoje funcionava uma tecelaria, e que a lavanderia bem em frente ao meu prédio era da família de um tal de Marcos, que perdeu os movimentos acidentado em uma moto na rua debaixo. O homem se surpreendeu que a Lavanderia Mirassol ainda existisse. Depois, contou-me que na esquina em frente morava um tal de Rodolfo, homem grande (personalidade indefinida), “que nem sei se existe mais”, e os olhos se perderam de novo na imensidão.

“Tempos outros”, comentei, imaginando que a vizinhança toda deve ter se mobilizado com o acidente do Marcos, devaneando ainda que as crianças da rua deviam se reunir todas as tardes para brincar de rolimã. “Hoje eu não sei nem o nome dos meus vizinhos, não sei quem mora no apartamento do lado”, continuei.

O homem falou ainda um pouco mais, mas pouco, o calo no coração meio que pedindo arrego. Suspirou baixo bem umas três vezes enquanto conversávamos. O trem chegou, nos dispomos em frente a portas vizinhas, mas separadas por vagões distintos. “É, velhos tempos. Bons tempos” e entrou. O homem nunca mais vi. Me deixou com nostalgia de uma São Paulo que jamais conheci.

A Paulista do homem, dos 70, e a minha, recente.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

lha do Medo

Fui à janela indagar da noite por que razão os sonhos hão de ser assim tão tênues que se esgarçam ao menor abrir de olhos ou voltar de corpo, e não continuam mais. A noite não me respondeu logo. Estava deliciosamente bela, os morros palejavam de luar e o espaço morria de silêncio. Como eu insistisse, declarou-me que os sonhos já não pertencem à sua jurisdição Quando eles moravam na ilha que Luciano lhes deu, onde ela tinha o seu palácio, e donde os fazia sair com as suas caras de vária feição, dar-me-ia explicações possíveis. Mas os tempos mudaram tudo. Os sonhos antigos foram aposentados, e os modernos moram no cérebro da pessoa. Estes, ainda que quisessem imitar os outros, não poderiam fazê-lo; a ilha dos sonhos, como a dos amores, como todas as ilhas de todos os mares, são agora objeto da ambição e da rivalidade da Europa e dos Estados Unidos.
Quando Machado de Assis escreveu o texto acima, jamais imaginou que os USA deixariam de ser um triple A e que a Europa teriam milhões de jovens que acordaram devido a impraticabilidade dos seus sonhos. Que o suor do seu trabalho e aquelas milhares de horas gastas em estudo não é garantia de nada, que terão lidar com o incerto e com o inseguro. Pior, não há como aqui o refúgio dos concursos públicos da inamovibilidade e a garantia do emprego eterno.

Well, agora os selvagens agora são eles.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Aula de probabilidade

São infinitas as maneiras de cometer erros contra apenas uma de escolher o jeito certo, li em algum lugar.

Já errei muito ao fingir sentimentos que eu não sentia, ao acreditar que o meu apreço sozinho seria o suficiente, ao prolongar situações que deveriam ter terminado há tempos e ao deixar a carência ditar as regras. Já passei longe do acerto quando fui exigente em demasia, intolerante demais, ou no contrário, quando tolerei coisas intoleráveis. Errei mais um pouco quando acreditei na possibilidade do impossível, na redenção de almas condenadas e na minha capacidade de resgatá-las. É claro que não esgotei as minhas possibilidades infinitas de erro e que o cenário não é nem um pouco promissor, mas a solidão acaba sempre parecendo mais desagradável do que a missão kamikaze da tentativa.

Ainda não senti o gostinho do acerto, mas com a experiência aprendi uma regra de ouro: no meio do caminho sempre haverá uma periguete.

sábado, 13 de agosto de 2011

Enfermo

Hoje fez um dia lindo no Rio de Janeiro. Um sábado de sol reluzente e céu bem azul. Me disseram pois não vi. Passei a tarde toda num hospital.

Fui apenas refazer um exame de sangue que tinha feito na quarta-feira para confirmar os efeitos da picada daquele mosquitinho sacana que voa por aí fantasiado de branco e preto.

Entre a minha chegada e todas as outras etapas passaram se quatro horas e meia.

A maior parte do tempo passei sentado, lendo Um estranho no ninho e escutando um tipo de bingo de nomes narrados por um computador com sotaque lusitano.

As cenas foram todas tristes; Várias senhoras precisando de atendimento, pessoas que foram assaltadas e agredidas, gente com dor e várias outras querendo atenção para suas enfermidades.

Durante a espera, o seu nome é chamado várias vezes numa tela com a indicação de onde você precisa ir. Você fala com várias pessoas e nenhuma delas toca em você, inclusive o médico que escuta os seus sintomas olhando para a tela do computador e digitando tudo sem parar.

Em horas como essa você fica frágil com a situação e triste com de tudo o que vê. Sem o peso dos 28 anos eu penso alto:

- Eu só queria minha mãe.

Mas nessas horas também você se sente humano ao extremo, se coloca no patamar de todas as outras pessoas independente de qualquer coisa. A dor e a doença nivelam.

Ao sair do hospital ainda escuto uma das atendentes dizer que é uma afronta trazer Copa do mundo e Olimpíadas para o Brasil na situação que a saúde se encontra. Eu concordo e saio.

Nessa hora o sol do dia bonito no Rio se foi, mas lá de dentro, entre sangue, tubos e agulhas, eu imaginei a praia, o mar, as ondas e pensei que tudo poderia ser pior.

Ao voltar para meu livro leio “a imaginação é capaz de atravessar qualquer prisão”.

Tchau sábado 13.

Bem-vindo Agosto.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Use com moderação

Quando era pequena minha mãe dizia-Seja educada com os outros e eles serão com você .
Fui educada demais, o que abriu espaço para ser sacaneada .Sim, porque muitas vezes mergulhamos na educação ,ficamos com vergonha de colocar limites aos outros e as pessoas passam por cima .
Adoraria ver meu passado e pensar que fui vítima .Mas não posso fazer isso .No meu rosto estava escrito -Trouxa !
Fui trouxa sim, meu ego me empurrava a ser uma menina boazinha, a não cair na boca de Matilde, então eu era um doce de mel .Passei por cima de mim tantas vezes que morro de vergonha de lembrar .
Tive azar, na minha vida cruzei com mais lobos do que cordeiros .Apanhei tanto que parei de dar razão a minha mãe .
Continuo educada,mas desenvolvi um sistema de merecimento .Que façam por merecer, já que eu também levei meus tapas .
Entendi que eu sou minha responsabilidade .Se existe Deus não me mandou com etiqueta de -Seja educada com os todos .
Cheguei aqui sem etiquetas, livre para ser o melhor que eu puder para mim mesma.
Hoje estou atenta ao meu espaço físico, emocional e moral .Não aceito mais que cruzem ele como se eu não existisse .Não aceito mais escutar coisas que me magoam ou me tiram do sério .
As pessoas atravessam como se você não tivesse opinião ou sua orelha fosse pinico.
Minha mãe fica chateada as vezes e me diz -Não precisa ser tão dura com fulano ou beltrano.
Mas logo respondo -Mas ele não foi mole comigo! Por que dar o que não recebi?
Ah, santa educação ! Minha mãe que tenha paciência .A educação que me deu serviu para que os outros me usassem como tapete.
Fazer o que ? Tive que me livrar da santa educação antes de que ela se livrasse de mim. É a lei da vida . Educação pode ser uma coisa ótima,mas neste planeta use com moderação .

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Depois das 10

Gosto quando, já de noitinha, chegas com teus passos pesados que assustam a vizinha;
Gosto da tua falsa cara de surpresa ao ver minha falsa cara de surpresa;
E da implicância que tens porque eu vejo novela,
e faço o jantar ouvindo Tetê Espíndola,
e tenho descaso com meu gato,
e esqueço de comprar frutas;
Gosto de sentir, ao mesmo tempo, tua barba e tuas mãos em mim;
Gosto do jeito que apagas o cigarro
e do jeito que danças;
Gosto da louça suja que fica para a manhã,
dos anúncios que inventas enquanto tomamos banho,
dos projetos que não fazemos;
E gosto tanto dos minutos que ficamos em silêncio, abraçados na cama.
Mas, no escuro, sei que pensas em outro cara.

Por isso, e só por hoje, vamos trepar de luz acesa?

domingo, 7 de agosto de 2011

Alvos Móveis





Assisto pouquíssimo telejornal. Não gosto.


Mesmo assim, andei vendo várias reportagens sobre a faixa de pedestres.

Ser quase atropelada infelizmente faz parte do meu dia a dia.

E você pode por aqui, escolher entre diversos modos:

Ser atropelado na faixa.
com o sinal aberto
com o sinal fechado
por um carro
por um carro 4x4
por um carro 4x4 com uma loira
por um carro 4x4 com uma loira falando no celular
por um ônibus
;caminhão
;moto
;bicicleta
;carrocinha
por outro pedestre
pela maldita bolsa enorme do outro pedestre
por um trem
pelo metrô
pela polícia
por uma ambulância
por um carrinho de bebê
por uma criança
por um cachorro
por uma pomba (sim, quase levei um pombada na testa anteontem.)

E ainda deve ter mais maneiras que estou prestes a descobrir.





Vem Cá... Eu Te Conheço?

     Você já parou pra pensar em quantas pessoas realmente conhece nessas redes sociais da vida?  Dia desses, me mandaram um desses memes, no Facebook, e, entre as perguntas a serem respondidas, tava lá:  quantos contatos daqui você conhece “de verdade”?  Parei, cocei a cabeça, pensei, cocei mais uma vez, e respondi que, “achava”, que era mais da metade.  Porque ali, no meio de todos  aqueles rostinhos, tem gente que só travei contato virtualmente.  O que, há um tempo “atrás”, era algo praticamente inconcebível, hoje é mais pura realidade.  Existem pessoas que conhecemos só através da tela do computador.  Fato.

     Pensei muito nisso depois de ter assistido, na última sexta,    a  um  documentário chamado Catfish.  Não vou revelar muita coisa porque penso que ele, realmente, merece ser assistido, mas confesso que fiquei mexido depois de conferí-lo.  O filme conta a história de Nev, um fotógrafo de Nova York que, através do Face, conhece Abby, uma menininha que pinta quadros, numa cidadezinha do interior dos Estados Unidos.  O contato se inicia pela admiração mútua do trabalho um do outro e toma um caminho inusitado:  Nev acaba, por tabela, ficando próximo de Angela, mãe da garota e de seus irmãos, especialmente Megan, a irmã mais velha, com quem começa um “ardente” romance virtual.  Com o decorrer do filme, porém, fica evidente que nem tudo é o que aparenta ser. Nev, o irmão e um amigo decidem tirar a limpo essa história e começam a juntar os pedaços de um imenso quebra-cabeça, partindo atrás da verdadeira identidade de Abby e dos seus familiares.

     Nesses anos todos navegando por aí, confesso que já me envolvi emocionalmente com algumas pessoas pela internet.  Quem não, que atire a primeira pedra.  Tá, foi tudo muito soft, no campo da brincadeira, coisa e talz.  Mas confessso que já esbarrei com algumas Abbys, Angelas e Megans.  Gente que inventa uma vida que não tem, cria um rosto que não é o seu - e o mais assustador é que, quase sempre, esses rostos têm donos, ou seja, eles roubam fotos em perfis de sites de relacionamentos -, criando uma teia de mentirinha onde, acreditem se quiser, tem gente que acaba por se envolver.

     Pra quem gosta do gênero, fica a dica.  Catfish é um ótimo filme - documentário, thriller, drama, ainda não sei como definí-lo -, que entrou fácil para a lista dos meus preferidos.  Em tempos de Facebook e afins, bacana ver um filme que faça esse tipo de reflexão.  Uma reflexão que, confesso, me assustou.  A mim, pelo menos, que sou do tempo em que fazíamos amigos na escola, no campinho de futebol ou no cursinho de Inglês.

sábado, 6 de agosto de 2011

O animal dentro de nós, deixe-o viver e morrer.

63333343Mês passado, em uma básica divagação sobre o tédio das minhas próprias férias, recebi alguns comentários no meu post aqui no blog sobre como ler o que eu escrevi esclarecia um pouco sobre a geração da qual faço parte. Lembro-me bem de terem dito: “seu universo não é o meu, e por isso gosto de te ler”. O mais curioso é que agora, de novo no dia 03, quando finalmente consegui a inspiração para elaborar meu texto para o blog, que deve ser publicado em três dias, é justamente esse assunto que me vem a cabeça. Sou uma pessoa muito inquieta, e muito analítica, e talvez nasça daí minha obsessão estranha por decifrar minha própria geração (e, no caminho, decifrar a mim mesmo). A título de mais um capítulo nessa viagem, acho que cabe aqui uma pequena história e uma observação retirada da discografia de uma das mais proeminentes artistas pop dos últimos anos e, talvez até, a dona da música que melhor defina esse meu objeto de observação.

Se você me perguntasse alguns meses atrás sobre Kesha Rose Sebert, conhecida pelo nome de palco Ke$ha, jamais ouviria esses elogios saindo da minha boca. A verdade é que eu tive um problema sério com a americana de 24 anos, uma mistura meio estranha de falta de sorte (meu caminho nunca cruzou com o do seu melhor single, “Animal”) e preconceito pelo simples fato da canção que a lançou no mercado, “Tik Tok”, ser um tipo de pop pouco digerível que colava o estilo de uma cantora francesa alternativa e ainda tinha a harmonia parecida com um hit de Kylie Minogue, de quem tenho sido fã há tempos. Acontece que, num desses casos raros e deliciosos de boas surpresas, ouvir a discografia de Ke$ha, composta por dois álbuns até agora (Animal e Cannibal), é tirar um raio-x curioso, de música bem composta e cantada, da minha geração. Sem colocar o envolvimento emocional de fã recém-formado, é inegável que canções como “Your Love Is My Drug”, “Hungover” e “C U Next Tuesday” tem muito mérito compositivo.

Mas enfim, propaganda feita, vamos ao que interessa. Agora de pouco, ouvindo de novo o setlist do Cannibal e pensando no show da cantora que ocorre no final de Setembro em São Paulo (e ao qual este que vos fala estará orgulhosamente presente, eu espero), uma interessante dicotomia posta lado a lado me fez pensar. Propositalmente (como eu aposto) ou não, a jornada do ouvinte por essa fatia do álbum vai da seguinte maneira. “The Harold Song”, a quinta faixa, é a típica canção do adolescente apaixonado por quem não deseja estar. É um sentimento platônico comum a qualquer geração, o de um namoro terminado ou de um que nunca foi, mas que em qualquer caso faz o refrão entoar, em seu final, um clichê e ressonante “eu daria tudo para não estar dormindo sozinho”. A noção de que o amor é doloroso é uma descoberta tipicamente jovem. E essa minha geração tende a deixá-la muito latente. A faixa seguinte é “Crazy Beautiful Life”, e uma rápida olhada nas letras de Ke$ha é o bastante para descobrir que se trata de uma chamada intensa, talvez um pouco exagerada, mas na verdade bem honesta, para o fato de que em meio a divertida e apaixonante vida que os mais velhos tendem a chamar de “vã” da nossa geração, a verdadeira luta ainda é por algo real e certo. Sem meias palavras, pelo amor. Ou pelo menos pelo que a gente ache que é o amor.

Isso é uma pílula pra começar a saber o quanto Ke$ha entende essa geração, e o quanto faz sentido para ela se apoiar nas músicas de uma garota que construiu para si uma imagem meio suja, um tipo de glamour sem intenção, animalesco. Nos moldes de Gaga, que surgiu antes dela, Ke$ha não quer ser a perfeita popstar das capas de revistas. Ela quer ser aquela que vai servir de apoio, de identificação, para uma geração que encontra tudo isso na música pop. E isso não é só reconfortante, mas é também muito bonito. Nada mais emocionante, afinal, do que ouvir alguém cantar “estou apaixonada pelo que somos, não pelo que deveríamos ser” enquanto o resto do mundo está tentando te fazer mudar.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

AMORTECIDO (por Gilberto Amendola)

(por Gilberto Amendola)


tanto choveu
que a lagoa secou
tanto se quis
que nunca chegou
tanto doeu
que agora parou

fui amortecido na queda
pelo colchão macio do esquecimento

não me lembro o que quebrou
nem qual fratura me expôs
aos olhos de tanta gente

sou um fantoche de mola
no seu presente de grego

surpresa!

vou-me embora daqui
vou me fazer feliz
se não morrer
vai ser por um triz

o amor é um continente
gelado
sou mais o verão
desligue esse ar-condicionado.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Adesivo da Família

A primeira vez que vi um desses adesivos da família, ou melhor, a primeira vez que entendi do que se tratava, achei loucura. Como alguém poderia se expor de tal forma? Parecia a minha mãe nos tempos do orkut. Chocada.

Pensava que era entregar o ouro nas mãos de assaltantes. Ei, por favor, sequestre meu filho. Ou no caso daqueles que é só uma mulherzinha: Por favor finja bater no meu carro e me estupre.Depois achei que era exagero meu. Law and Order SVU demais. Certeza. Bem que eu falava pra minha amiga Lorena, que adora, que aquilo não fazia bem pra alma.

O curioso foi ver depois esses adesivos em um episódio do Dexter, na temporada do Trinity, o serial killer que sequestrava menininhos. Um deles ele sequestra depois de colher informações nesses adesivos da família. Bem, eu não era tão insana assim. O risco existe. Pelo menos na minha cabeça e do roteirista do Dexter.

Depois a tia da banca de revista me disse que viu uma matéria na Ana Maria Braga, e meu pai também leu uma matéria do Estadão, disse que falavam que era um convite ao sequestro. Viu? Viu? Muito perigoso.

Adesivo vai, adesivo vem, até que já não achava tão arriscado assim. Eu moro em uma cidade no interior de Minas, acho que não temos muitos assassinos em série por aqui, não é mesmo? E é bonitinho, gosto da valorização da família quando muitos apontam o contrário.

Gosto de ficar no trânsito olhando aqueles bonequinhos e imaginando a vida daquelas pessoas. Gosto dos que tem a figura dos avós, acho fofo. E corajoso aquele com quatro filhos, hoje em dia, com o preço que está uma escola? E aquele casal mais sete cachorrinhos enfileirados? Espero que sejam da raça pinscher. Vejo a figura de uma mãe e duas crianças, esses aos montes, e fico pensando na separação. Será que as crianças sofreram? Crio toda uma novela ali, enquanto não abre o sinal.

Agora, o adesivo da família mais legal que eu vi foi esses dias no shopping. Achei tão bacana, tão peito aberto, que resolvi tirar uma foto pelo celular e publicar aqui. Não é bonito?


terça-feira, 2 de agosto de 2011

Justiça ateísta

Aluguei um filme ruim. Até começou bem, mas do meio pro fim era um delírio completo. Sinédoque tem ótimos atores, produção impecável, mas o diretor Charlie Kaufman errou feio na mão. Em vez de duas colheres de açúcar na caipirinha, Charlie colocou sete e disse "pode tomar, está gostoso". Gostoso uma ova. Ficou horrível. Não quero mais. Tanto que nem vi até o fim. Dormi no sofá.

O meu sono foi tão profundo que quando eu acordei a locadora já havia fechado. Teria que pagar duas diárias por aquela maluquice. Mas tudo bem, acontece. Confesso que não tenho muita paciência para baixar filmes e seriados no pirate bay pra ver no computador. Às vezes eu faço isso, mas só às vezes. Vi toda a primeira temporada de Mad Men desse jeito. Mas ao começar a segunda, perdi a peciência com aquela rotina episódio 1, legenda 1, episódio 2, legenda 2, etc. Entrei numa Saraiva e comprei a segunda e a terceira temporada. Fiquei feliz com a compra. Na própria loja eu li que a série era inapropriada para menores de 16 anos e que continha cenas com drogas lícitas. Caiprinha, whysky, cerveja. Mas que coisa. Eu era um usuário de drogas lícitas.

Ao ver os filhos de Don Draper aparecendo frequentemente no início da segunda temporada, me lembrei da classificação de 16 anos. As crianças, que devem ter no máximo 8, podem assistir o trabalho que elas mesmas fizeram? É ou não é inapropriado? E o que dizer das cenas bizarras de adultério. O Don Draper trai a esposa no seu carro com uma periguete, chega em casa, lava as mãos (e a boca!) na pia da cozinha e vai falar com os filhos pequeninos. Pode isso, Arnaldo? Estes atores mirins, seus colegas de escola, também mirins, porém menos talentosos, não ficarão traumatizados com uma coisa dessas? E se não bastasse toda essa sacanagem ou puta falta de sacanagem, o DVD não vem com legendas em inglês, somente português e espanhol. É assim que os realizadores querem que as pessoas deixem de ver de graça na internet? Tinha que ter making of, legendas em alemão, russo, espanhol argentino, bastidores. Ok, não precisa disso tudo. Mas não ter as legendas em inglês é frustrante.

A primeira coisa que eu fiz naquele domingão de sol foi devolver o filme surrealista. A locadora fica bem perto da minha casa. No meio do caminho, andando distraído pela calçada, me deparo com um papel rosa. Estava dobrado. Me aproximei e vi que era uma nota de dez reais. Peguei a nota, olhei em volta, esperei mais uns dez segundos para ver se o dono não aparecia e segui em frente sem colocar a nota na carteira. Entrei na locadora e perguntei quanto ia custar as duas diárias.

- São 10 reais.

Depois de tudo que eu passei com aquele filme bizarro, pensei em justiça divina. Mas como eu não acredito em Deus, aquilo lá foi justiça ateísta mesmo.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

love is a looping game ( by lucas guedes)


só quem chorou por alguém no chão de uma cozinha ou quem morreu cem vezes por amor pode entender a amy. ainda não passei por nenhuma das situações, por isso não entendo, mas é só isso que pensei quando soube de sua morte há poucos dias.

difícil lembrar a primeira vez que ouvi amy. acostumado a garimpar bandas novas na internet e a ler revistas internacionais, me deparei com uma tal nova musa do soul, uma nova billie holliday, uma nova diva. e nem precisei escutar duas vezes pra ter certeza disso. uma cantora diferente das que estavam alcançando as paradas de sucesso, uma artista sem pré-fabricação, sem molde. a voz um tanto debochada e composições de letras fortes me chamaram a atenção. as confusões em que se metia também. cheguei a publicar algo no meu blog em 2007, mas sem me aprofundar. era uma paixão que surgia e crescia, contagiando também aqueles que me rodeavam. não foi à toa que no sábado, dia de sua morte, recebi ligações, mensagens no celular e pela internet de amigos e familiares me contando sobre o ocorrido. senti muito, a ponto de me desligar por umas horas do mundo. foram horas de silêncio, no chão do meu quarto, pensando em sua contribuição para música, mas também em sua vida.

pensei nas letras, na sinceridade, na coragem que essa mulher tinha ao escrever, por exemplo, que chorava por um cara no chão da cozinha ou então que foi pra rehab e o homem disse que ela estava apenas depressiva ou pior, admite que seu amado voltou pra outra mulher enquanto ele morria centenas de vezes! como não se emocionar ou não se identificar, ainda mais acompanhando sua história e sabendo que ela não fazia tipo. não compunha músicas pensando apenas na vendagem dos discos, mas em expressar suas dores, ideias, palavras.

aí lembro da minha ida à londres e da minha decepção ao saber que ela estava internada. percorri vários lugares que ela visitava, seu tatuador, as lojas e pubs de camdem e me sinto feliz por saber que estava compartilhando ao menos os espaços que ela frequentava e, assim, me senti bem. e lembro então do show, naquele momento marcante que só eu e ela sabemos porque chorei tanto do início ao fim de uma música. e penso que é isso mesmo, amy não morreu cedo, não foi prodígio, nada disso. ela viveu muito. viveu tanto, tão intensamente... que morreu.

apesar de nunca ter chorado por ninguém no chão de uma cozinha, me vi sentado no quarto, encostado na parede, com um copo de vinho de uma festa do dia anterior, esperando minhas lágrimas secarem sozinhas por causa da morte da maior cantora da minha geração, amy winehouse.