quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Deixe-me Dizer O Que Eu Tenho

Um dos meus sonhos é ter um cantinho na minha casa destinado a música, nele vou ter discos, livros, alguns pufes, um sofá, uma rede, e logico uma aparelhagem de som descente.

Enquanto não vem a grana para tudo isso vou comprando o mais legal que são os livros e discos.

Minha última aquisição foi o livro Jazz Ladies, não tenho palavras para definir esse livro ainda, porém sou suspeito, pois tudo o que gosto esta ali, rola até uma raiva pois na primeira brecha que tive para ler já matei metade do livro.

Recomendo por N motivos, pelas belas fotos, pela quantidade enorme de boa música que pode chegar ao seus ouvidos, pelas incríveis historias de mulheres que superaram diversos preconceitos em nome de uma paixão que é a música, e ninguém melhor do que vocês mulheres para fazer isso tão bem.




Na escravidão nenhuma delas podia se quer chegar perto de um piano, ou algum instrumento de corda;

Quando a emancipação liberou a comunidade, as igrejas passaram a ditar as regras, e elas não podiam tocar guitarra ou qualquer instrumento de sopro;

Hoje elas tocam de tudo, inclusive o terror em nossas vidas, mas mesmo assim não vivemos sem elas.














...
Não tenho terra, nem água
Nem comida, nem casa
Eu disse que não tenho nenhuma roupa, nem emprego
Não, nada
Não tenho ...
E eu não tenho amor

Oh, mas o que eu tenho?
Oh, o que eu tenho?
Deixe-me dizer o que eu tenho
E ninguém vai tirar
A menos que eu queira

Tenho meu cabelo, na minha cabeça
Meu cérebro, meus ouvidos
Meus olhos, meu nariz
E a minha boca, tenho meu sorriso...

Nina Simone
Aint´t Got No / I Got Life

Abraço
Jeff

domingo, 27 de janeiro de 2013

Post duplo (ambos inúteis)

Feliz ano velho!

Natal, 2012. De repente me veio uma ideia na cabeça: ver o show do Stevie Wonder aquela noite na praia de Copacabana, no Rio. Por que não? Fui com a minha amiga polonesa, que não tem muita intimidade com o calor. Daí que o Rio estava um inferno. Foi colocar o pé na areia e ela começou a passar mal, muito mal, foi parar no atendimento médico. A hospedagem prevista não rolou. Queimei parte do meu 13º num único hotel que tinha vaga lá nas imediações. No dia seguinte mais calor ainda. Maior calor da história, dizia na rádio. O sol queimando a 43ºC e eu quase morrendo. A minha amiga já era dada como morta - pode-se dizer. No dia 27/12 não postei e foi por isso: o calor do dia anterior me consumiu completamente.


Feliz ano novo!

Janeiro, 2013. Algo que poderíamos chamar de "novidades de ano novo"? Diria que a vida está dura - mas isso não é nenhuma novidade pra ninguém. Objetivos para este ano? Não, não vou fazer aquelas imensas listas de resoluções, que quase sempre acabam antes mesmo de começar fevereiro. E de fato fevereiro já está quase começando, fazendo expirar muitas listas por aí. Só espero estudar mais, ler mais, viver mais - pronto, já estou escrevendo resoluções! Por enquanto, tenho duas certezas: continuar morando em São Paulo e trabalhando na repartição, afinal, "nada vem de graça, nem o pão, nem a cachaça", não é? Cheguei a jogar na mega-sena e por alguns instantes imaginar o que eu faria com os milhões. Depois de construir uma casinha, ou melhor, uma casa, assim grande, branca, no campo, na montanha, na praia e depois resolver comprar um apartamento no Rio e outro em Barcelona e depois pintar de azul, verde-água ou laranja-envelhecido, e então, ajudar todos os mal resolvidos no sistema capitalista (entenda-se: endividados) da minha família, comprar a biblioteca de Alexandria e dar umas centenas de voltas ao mundo de avião, barco, submarino, Zepelim, balão e de nave espacial, vi que a vida de milionária não é pra mim. Essa grana toda não cabe no meu bolso e não cabe mais preocupação na minha cabeça. Porque dinheiro demais é preocupação, convenhamos! É terrível: acumulação de capital, propriedade privada, investimentos e roubos, sequestro, puxa-saco querendo tirar vantagem. Jogar na loteria? Diria que não passa de um hábito burguês de expectativa de acumulação de capital. Carlos Marcos (tradução barata de "Karl Marx" em homenagem a um amigo mineiro) não ia gostar nada disso.  E, além do mais, as minhas seis dezenas nem foram sorteadas mesmo! 

Apesar de tudo, sei que eu preciso pensar positivamente o ano novo. O problema é que me lembro o que um tio de oitenta anos diz: “pensamento positivo é a única arma dos ignorantes” e em seguida me sinto uma ignorante-creio-que-tudo-ficará-bem ou uma pessimista-acomodada-com-as-desgraças. Não, não! Não precisamos levar aos extremos! O ano mal começou não posso me entregar a niilismos profundos como esse meu tio octogenário. Deixa pra chegar nesse estágio de negação total quando estiver lá pro nono, décimo andar do ano. 

Jurei pra mim mesma que não ia fazer do meu dia neste blog um divã de blá-blá-blá-vida-privada, mas agora já foi. Sentimentalismo blogueiro?! Sim, piegas, não tem pé nem cabeça. Em todo canto toda a gente fica fazendo da própria vida um bicho de sete cabeças. Bicho de sete cabeças, bicho de sete cabeças, bicho de sete cabeças. Cresça e desapareça! Meu bicho já está com umas dez cabeças! Só que eu não tenho grana nem paciência pra exorcismo, confissão ou psicanálise. Então, quero mais é que o meu bicho cabeçudo fique por este www, assim feito palavra escrita, assim sem pé nem cabeça, assim piegas e sem custos neste domingo triste. 

Prometo que mês que vem penso em algo mais universal, menos pessoal, mais útil, menos fútil. Posso postar a receita da minha berinjela de forno. É ótima, todo mundo elogia.


ps. Aproveito para felicitar todos os gêmeos que fazem aniversário amanhã. 

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Os Sodders

Por quarenta anos qualquer pessoa que passasse pela Route 16 próximo a Fayetteville, West Virginia, poderia ver um outdoor com foto de cinco irmãos: Maurice, Martha, Louis, Jennie e Betty.
Na noite de Natal de 1945, por volta da meia noite e meia, depois das crianças abrirem alguns presentes e irem dormir o telefone tocou. Jennie (a mãe) ouviu uma voz feminina que perguntou por um nome desconhecido. Houve gargalhadas e vidros quebrando no fundo. Jennie disse que era um engano e desligou. Ao ir dormir ela percebeu que todas as luzes do andar de cima estavam apagadas e que a porta da frente estava destrancada. Ela viu Marion dormindo no sofá na sala de estar, Sylvia, Marion, John e George Jr dormiam no quarto do casal e assumiu que as outras crianças estavam no andar de cima, em suas camas. Ela apagou as luzes do andar de baixo, fechou as cortinas, trancou a porta e voltou para o quarto. Estava começando a cochilar quando ouviu um estrondo no telhado e um ruído de rolamento. Uma hora mais tarde ela foi despertada novamente, desta vez pela fumaça em seu quarto.
Seu marido, George tentou salvar os cinco filhos que estavam no andar de cima quebrando uma janela para voltar na casa. Ele não podia ver nada por causa da fumaça e do fogo que estava em todos os cômodos no térreo. 
Fora da casa havia uma escada que dava acesso ao piso superior, mas estranhamente naquela noite ela estava ausente. O pai tentou dirigir seus dois caminhões de carvão até a casa e subir em cima dele para chegar às janelas, mas eles não funcionaram (eles tinham sido usados normalmente no dia anterior).
Toda água disponível em volta da casa estava congelada. 
Sua filha Marion correu para a casa de um vizinho para chamar o Corpo de Bombeiros de Fayetteville, mas o telefone não funcionava.  
O corpo de bombeiros estava a pouco mais de 3km, mas a equipe demorou oito horas para chegar, quando a casa dos Sodders tinha sido reduzida a uma pilha de cinzas.
George e Jeannie pensaram que cinco de seus filhos tinham morrido, foram emitidas cinco certidões de óbito pouco antes do ano novo, atribuindo as causas a "fogo ou asfixia".
Um inspetor de polícia estadual atribuiu o fogo à "fiação defeituosa". O Chefe do Corpo de Bombeiros Morris sugeriu que o incêndio tinha sido suficiente para cremar completamente os corpos, uma vez que nenhum vestígio de restos mortais foi encontrado.
Os Sodders começaram a se perguntar se seus filhos ainda estariam vivos. Eles começaram a se lembrar de alguns acontecimentos estranhos antes do incêndio. Houve um desconhecido que apareceu na casa alguns meses antes perguntando sobre o trabalho de transporte de carvão. Ele foi até a parte de trás da casa, apontou para duas caixas de fusíveis separados e disse: "Isso vai causar um incêndio algum dia". Estranho, George pensou, especialmente porque ele tinha acabado de ter a fiação verificado pela companhia de energia elétrica local, que garantiu que estava em boas condições. Ao mesmo tempo, outro homem tentou vender um seguro de vida à família e ficou furioso quando George quis diminuir o valor: "A sua maldita casa vai subir em fumaça e seus filhos vão ser destruídos. Você vai pagar pelos comentários sujos que faz sobre Mussolini." George era sincero sobre sua antipatia com o ditador italiano, e ocasionalmente engajava-se em discussões acaloradas com outros membros da comunidade italiana de Fayetteville, mas na época não levou as ameaças do homem a sério. Além disso, pouco antes do Natal, os Sodders notaram um homem estacionado na Highway 21, observando atentamente as crianças mais jovens quando elas voltavam para casa da escola.
Jennie não conseguia entender como cinco crianças poderiam não deixar ossos, carne, nada. Ela realizou uma experiência privada, queimando ossos de animais, articulações de galinha, costeletas de porco e ver se o fogo os consumia. Ela nunca conseguiu reduzir mais do que uma pilha de ossos carbonizados. Ela sabia que os remanescentes de diversos aparelhos domésticos foram encontrados no porão queimados, ainda identificaveis. Um funcionário de um crematório informou que os ossos que permanecem após a queima dos corpos são queimados por duas horas a 2.000 graus. Sua casa foi destruída em 45 minutos.
A coleção de momentos estranhos cresceu. Um homem que fazia o reparo de telefone disse aos Sodders que suas linhas parecem ter sido cortadas e não queimadas. Eles perceberam que se o fogo tivesse sido elétrico - o resultado da "fiação defeituosa", como relatou o oficial afirmou, então como explicar a luz no piso térreo funcionando normalmente? Uma testemunha se apresentou alegando que viu um homem removendo os motores dos caminhões. Sylvia encontrou um objeto de borracha dura no quintal. Jennie lembrou de ouvir um baque duro no telhado e um som de rolamento. George concluiu que era um napalm "bomba" do tipo usado na guerra.
Depois vieram os relatos de testemunhas. Uma mulher afirmou ter visto as crianças desaparecidas passando de carro enquanto o fogo estava em andamento. Uma pessoa disse que serviu café da manhã às crianças na manhã seguinte ao incêndio em Charleston, cerca de 50 quilômetros a oeste. Na mesma cidade a recepcionista de um hotel viu as fotos das crianças em um jornal e disse que tinha visto quatro dos cinco uma semana após o incêndio. As crianças estavam acompanhadas por duas mulheres e dois homens, todos de origem italiana. Disse ela à polícia: "Eu não me lembro a data exata. No entanto, todos se registraram no hotel e se hospedaram em um quarto grande com várias camas. Eles entraram cerca de meia-noite. Eu tentei conversar com as crianças de uma maneira amigável, mas os homens pareceram hostis e não permitiram que eu falasse com elas. Um dos homens olhou para mim de uma forma hostil, ele se virou e começou a falar rapidamente em italiano. Imediatamente, todo o grupo parou de falar comigo. Eles saíram cedo na manhã seguinte."
Em 1947, George e Jennie enviaram uma carta sobre o caso para o Bureau Federal de Investigação e receberam uma resposta de J. Edgar Hoover: "Embora eu gostaria de ajudar, a questão parece ser de caráter local e foge da competência investigativa deste departamento". Agentes de Hoover disseram que ajudariam se tivessem a permissão das autoridades locais, mas a polícia de Fayetteville e bombeiros recusaram a oferta.
Em seguida, os Sodders procuraram um detetive particular chamado CC Tinsley, que descobriu que o vendedor de seguros que tinha ameaçado George era membro do júri do legista que considerou a causa do incêndio como "fiação defeituosa". Ele também ouviu uma história curiosa de um ministro sobre FJ Morris, o chefe dos bombeiros. Embora Morris alegou que não foram encontrados restos mortais, ele supostamente confidenciou que tinha descoberto um coração nas cinzas. Ele escondeu dentro de uma caixa de dinamite e enterrou-o na cena.
Tinsley convenceu Morris para mostrar-lhes o lugar. Juntos, eles encontraram a caixa e a levaram para um agente funerário local, que espetou o coração e concluiu que era fígado bovino, intocado pelo fogo. Logo depois, os Sodders ouviram rumores de que o chefe dos bombeiros havia dito que o conteúdo da caixa não havia sido encontrado no fogo, que ele tinha enterrado o fígado bovino nos escombros na esperança de que  a família o encontrasse e parasse a investigação.
Ao longo dos próximos anos, os boatos continuaram a vir. George viu uma foto de jornal de escolares em Nova York e estava convencido de que um deles era a sua filha Betty. Ele dirigiu a Manhattan em busca da criança, mas os pais da garota se recusaram a falar com ele. Em agosto de 1949, os Sodders decidiram montar uma nova busca no local do incêndio e trouxe um patologista de Washington DC chamado Oscar B. Hunter. A escavação foi completa, descobrindo vários objetos pequenos: moedas danificadas, um dicionário parcialmente queimado e pedaços de várias vértebras. Hunter enviou os ossos para o Smithsonian Institution, que emitiu o seguinte relatório: "Os ossos humanos consistem em quatro vértebras lombares pertencente a um indivíduo. Uma vez que os recessos transversais são fundidos, a idade do indivíduo no momento da morte deveria ter sido 16 ou 17 anos. O limite superior de idade deve ser de cerca de 22 ou 23 anos. 
O filho desaparecido mais velho tinha 14 anos de idade na época. Os ossos encontrados mostram maior maturação esquelética do que seria de esperar de um menino de 14 anos de idade, no entanto, é possível, embora não provável, para um menino de 14 anos e meio de idade a mostrar 16-17 anos de maturação.
O problema é que as vértebras não mostraram nenhuma evidência de que elas haviam sido expostas ao fogo, segundo o relatório, e "é muito estranho que nenhum outro osso foi encontrado na escavação. Observando que a casa teria queimado por apenas cerca de meia hora ou assim, ele disse que seria de esperar encontrar os esqueletos completos dos cinco filhos, em vez de apenas quatro vértebras. 
O relatório Smithsonian foi solicitado em duas audiências no Capitólio, em Charleston. Ainda assim encerraram o caso e disseram aos Sodders que sua pesquisa era sem esperança. Implacável, George e Jennie ergueram o outdoor ao longo da Route 16 e distribuiu panfletos oferecendo uma recompensa de $ 5.000 por informações que levem à seus filhos. Eles logo aumentaram o montante para $ 10.000. 
Chegou uma carta de uma mulher em St. Louis dizendo que a filha mais velha, Martha, estava em um convento. Outra dica veio do Texas, onde um patrono em um bar ouviu uma conversa incriminatória sobre um longo tempo atrás, um incêndio na véspera de Natal em West Virginia. Alguém na Flórida afirmou que as crianças foram se hospedar com um parente distante de Jennie. 
George viajou o país para investigar cada ligação, sempre voltando para casa sem respostas.
Em 1968, mais de 20 anos depois do incêndio, Jennie foi buscar o correio e encontrou um envelope endereçado somente a ela. Foi postada em Kentucky, mas não tinha endereço de retorno. Dentro havia uma foto de um homem em seus 20 e poucos anos. Em seu outro lado uma nota manuscrita enigmática: "Louis Sodder. Eu amo irmão Frankie. Meninos Ilil. A90132 ou 35". Ela e George não podiam negar a semelhança com seu Louis, que tinha 9 anos na época do incêndio. Os Sodders temiam que a publicação da frase ou da cidade de Kentucky pudessem prejudicar seu filho então atualizaram o outdoor somente com a foto. Mais uma vez contrataram um detetive particular e o enviaram para Kentucky, mas nunca tiveram notícias dele. 
 "O tempo está se esgotando para nós", George disse em uma entrevista. "Mas nós só queremos saber. Se eles morreram no fogo, nós queremos ser convencidos. Caso contrário, nós queremos saber o que aconteceu com eles".
Ele morreu um ano depois, em 1968, ainda esperando por uma resposta. Desde o incêndio Jennie só usava preto, como um sinal de luto e continuou a fazê-lo até sua própria morte em 1989. 
Seus filhos e netos continuaram a investigação e chegaram às seguintes conclusões: As crianças foram sequestradas por alguém que conheciam, alguém que entrou na porta da frente destrancada, disse-lhes sobre o fogo e se ofereceu para levá-los para um lugar seguro. Eles sobreviveram ao incêndio e só não entraram em contato com seus pais durante todos esses anos para protegê-los.
A criança Sodder mais jovem e último sobrevivente, Sylvia, agora tem 69 anos, e não acredita que seus irmãos morreram no incêndio. Ela diz que ainda se lembra da noite de Natal em 1945, quando ela tinha 2 anos e conta a história de sua família com detalhes.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

A cada novo dia começa um ano novo...

Decididamente sou do contra.

E como do contra que sou tenho imensa dificuldade a adaptar meu estado de espírito ao estado de espírito que esperam de mim nas famigeradas datas comemorativas. Adoro estar feliz no dia 1º de janeiro e geralmente estou (assim como gosto de estar feliz em qualquer outro dia e geralmente estou também), mas detesto TER que estar feliz nesse dia. Pombas! O que já não teve de "dezoito de abril" ou "treze de julho" (datas que não representam nenhuma efeméride para mim) que eu acordei com vontade de dançar "Gangnam Style" no elevador do prédio, de bater na porta no vizinho e desejar "Bom dia", de beijar o português da padaria ou de comprar balas do Zeca Baleiro! Mas deixa alguém me flagrar soltando um "Bom dia, só se for pra você!" no dia do réveillon .. nossa, mãe! Já posso até ouvir a indignação no rosto do sujeito: "ai, como ele é azedo... isso é porque o ano só tá no começo!". "Meu querido - responderia eu - se eu acordei com os cornos virados hoje, porque vou esperar pra ficar com mau humor amanhã? Não me consultaram na hora de distribuir os feriados... tá bom que eu vou esperar o seu diazinho da paz acabar..." Ok. É melhor nem imaginar mais.

Por favor, não me levem a mal. Eu sou um cara bem humorado, só que eu acho que é muito desperdício e imprudência canalizar toda nossa carga de esperança para um único dia. Eu juro que eu poderia ter publicado este post no último dia 22 e isso faria muito mais sentido para muitos, mas eu disse NÃO! Bati o pé, publiquei algo completamente alheio às comemorações dezembrinas (das quais eu participo, ainda que com ressalvas) e publico sobre o ano novo somente agora, 22 dias depois, quando o ano é apenas um semi-novo que pode ser encontrado em qualquer brechó. Defendo a tese de que a cada dia começa um ano novo! É isso mesmo! Já que organizamos nossa vida em lotes de 365 dias, que possamos diluir nossa carga de esperança ao longo desses 365 dias. Um ano novo pode muito bem começar hoje e acabar nas doze badaladas do próximo dia 21 de janeiro, assim como o ano novo que se iniciou no dia 1º de janeiro se encerrará na meia noite do próximo 31 de dezembro. Que a cada dia, seja ele 1º de janeiro ou 15 de outubro, possamos ter esperança, planos, desejarmos ser pessoas melhores ou até mesmo acordar de mau humor.

E que o mesmo valha para qualquer efeméride! Se você se esquecer de meu aniversário em 28 de janeiro e comemorar comigo meu desaniversário em 13 de Junho, não vou gostar menos de você por isso. Tenho 1 aniversário e 364 desaniversários e de bobo eu não tenho nada: aprendi probabilidade na escola e ela me ensinou qual dois é mais vantajoso!

Assim sendo: 

Que o ano novo, que também se inicia hoje, possa ser maravilhoso para todos nós! Hoje e sempre!

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

O costume da saudade

Chegou como quem não queria nada!
Era só mais uma na multidão.
Em nada me chamava a atenção.
Até aquele fatídico dia...

Sei que não tinha a intenção de me conquistar. Mas a vida é assim mesmo.
Você sempre demonstrou interesse, mas eu, em meio aos meus medos, preferi ignorar, fingir que nada acontecia. 
Que não era comigo. Mas não deu.

Com o seu jeitinho especial de ser, acabou me cativando, e ficar longe de você era cada vez mais difícil.
Não teve jeito.
A cada sorriso, a cada olhar, eu me via cada vez mais no seu mundo. 
E você no meu.

Boas lembranças! Maravilhosas recordações!

Sonhos que sonhamos acordados! Risos e brigas, trocas de elogios e de xingamentos, tão próprios de quem necessita um do outro.

Hoje, depois de tanto tempo, ainda trago comigo tudo aquilo que a gente viveu!
Os caminhos se separaram. Os rumos foram diferentes. Mas eu sei que sempre existirão em nossas memórias as nossas memórias!

Músicas, composições, poemas e temas tão próprios da gente, da nossa história!
Nossos, e só nossos! De ninguém mais!

Onde quer que você esteja, lendo essa mensagem, sei que compreenderá.

Ou não.

Tudo ficou diferente.

Tudo mudou para sempre.

Não há volta.

Mas a vida é assim mesmo!
A vida segue. 
Ainda assim é bom lembrar. Acreditar que ainda somos capazes de amar nos encoraja a um dia ainda acreditar que de dentro de nós, possa brotar essa "necessidade" dolorida e gostosa do sorriso de alguém, daquele clipe que a gente logo imagina quando lembra da pessoa em questão.

Mas acho que é só comigo.

É só comigo.

Num mundo onde tudo é tão descartável e tão passageiro, você não passou em branco.
Muito pelo contrário!
Ainda vive aqui, em meio aos meus sonhos e devaneios, tão vivos dentro de mim, tão atuais, tão necessitados.

Em meio a milhões de olhares, o seu foi diferente. É diferente. Em meio a pensamentos, idealizações, idéias, alegrias e tristezas.

Em meio ao que não pode ser, pela distância e pelo tempo distante das circunstâncias, você daí e eu daqui!

Sigo sonhando um sonho do qual ainda não despertei.
Não por maldade, nem por masoquismo, imagina!
E sei que nem por maldade sua também, tão inocente nessa história toda!

Um dia sei que acordarei.
Para novos sonhos e novas realidades.
Aí, você será só uma lembrança. Talvez, como eu seja pra você hoje.
Será que sou? Não sei... Acredito que sim...
Mas se não for, não tem problema! 
Como já disse, um dia acordarei!

E a partir desse dia, você será somente mais um rosto e um sorriso em meio à multidão.
Rosto e sorriso dos quais me acostumei a sentir saudade.
E com a saudade, veio o costume da falta que você ainda faz.

É triste sentir falta e saudade dos que já se foram.
Mais triste, porém, é sentir falta e saudade de pessoas que, como você, ainda vivem, aqui dentro de mim.


domingo, 20 de janeiro de 2013

(Espera)nça

Escrevo dia 20 de janeiro. Quase um mês após o fim do mundo, que sabe-se lá porque reconstruíram igualzinho, mesmo com a insatisfação geral que pairava sobre o mundo que acabou. Surgiu a desculpa de que a previsão não era de fim do mundo, mas do fim de uma era e consequente início de outra.

Essa ideia, falsa, parece boa. O fim de um ciclo coincidindo com o fim do ano, que já interpretamos tradicionalmente como um recomeço. É claro que o réveillon em si não proporciona nada, é uma mera convenção que nem chega a ser universal, comemoramos até fora de hora graças ao horário de verão, mas nos acostumamos com ela. Desde a infância vemos a virada de ano como recomeço. Passar de ano na escola, encerrar o campeonato brasileiro, aguardar pelo próximo carnaval ou qualquer outro evento que possa marcar.

Para mudanças precisamos de metas. E como somos ambiciosos! Novo regime, novo emprego, novo amor, nova postura... Tudo novo. Só vejo um problema nisso: a esperança. Não falo da crença em que tudo melhore ou ao menos mude, mas da confusão que muita gente faz associando esperança à espera. Na esperança de que as coisas mudem traçamos metas, sentamos e cruzamos os braços. Isso só funciona para os problemas, que insistem em nos procurar mesmo quando não fazemos nada para atraí-los.

Ter esperança de que as coisas melhorem em 2013 é aceitável, até porque 2012 foi de amargar, mas esperar que isso aconteça naturalmente implica em perceber que temos mais uma edição do Big Brother, os políticos continuarão roubando, as pessoas continuarão atendendo celular no cinema falando baixinho como se isso não atrapalhasse, nossas escolas continuarão na zona de rebaixamento do ranking mundial, etc.

Esperando também veremos coisas boas. Talvez o PIB cresça, a Bovespa quebre recordes, as montadoras elevem as vendas e o Eike Batista recupere alguns bilhões perdidos no ano passado, mas acredito que meu salário será mantido, mesmo com esse cenário dito otimista.

Nada contra a esperança, só acho prudente parar com a mania de associá-la com espera e ir à luta. Sempre que penso nisso me lembro do Cazuza aos berros. “Vai à luta, vai à luta, VAI À LUTA!” Resolve? Não. Frustra também.

Mas existe algo que nos força a ouvir o poeta, que só falta pular da tela e nos chacoalhar, obrigando a lutar: a falta de outro caminho. Não há mais nada a fazer. Não se trata de uma autoajuda vazia com sorrisos falsos de motivação, nem uma inspiração em Barack Obama com seu “yes, we can”, mas gostando ou não, ganhando ou perdendo, a única alternativa é arregaçar as mangas e por de lado a postura de espera.

Minha primeira mudança para esse ano: começar a escrever para o Blog das 30 pessoas. Funcionou. Em breve comento os resultados. Minha primeira frustração também já chegou. Comecei a escrever esse texto prometendo ser menos prolixo. Acontece.


quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Os 50 tons salvadores

As coisas aconteceram, foram acontecendo e assim foram ao longo desses 5 anos. Nos conhecemos no trabalho , eu ficava num local estratégico no departamento: perto do bebedouro, quase na cozinha. Devido a um acidente, o botão água gelada ficou travado, tive que intervir heroicamente para que não houvesse uma inundação e fui recompensado com uma conversa com ela de poucos segundos, que desembocaram em e-mails e telefonemas noturnos e que enfim no final daquele mês e que era também o final do ano houvesse o meu pedido de namoro, romanticamente em frente ao oceano e com todo cuidado possível para que não houve o comprometimento de nenhuma oferenda.

Desde sempre, ela tinha sobre mim o imediato convite a luxúria e que teimava em não declinar, mesmo com o desgaste do cotidiano.  O seu cheiro, gosto e a estridência de sua voz, eram perfeitos. 

Porém, a mesma volúpia não era recíproca. Pensei no início que era por conta da sinusite, depois foi a fase de adaptação da moradia solitária e por último tinha a certeza que sofrera de algum tumor cerebral dada as suas constates dores de cabeça.  Após a minhas súplicas, havia o atendimento, contudo, com a mesma burocracia do Detran de São Paulo, com mais nãos do que sims. Imaginem, nesses 5 anos nunca houve o french way e a forma como ela manipulava o meu instrumento, economizando o máximo o número de dedos da sua pequena mão, era quase um ultraje. Humilhado, busquei por algumas vezes ajuda profissional que só pioravam a minha solidão a dois.

Enfim, fustigado com essa situação e já decidido em me livrar desse vício, fui acometido de uma epifania. Isso ocorreu após o almoço de despedida do Tonhão, que estava mudando de emprego, a mulherada presente na mesa estava exaltando o Grey. Ele era o exemplo do comedor do século 21, algo como o José Maia de nossa época e que a leitura do livro aumentaria de forma substancial o repertório sexual de um casal. Eureca!

Comprei o livro na padaria  perto de casa, tive a mesma sensação de quando comprei pela primeira vez camisinha na farmácia do bairro, e na mesma noite dei o livro. Estava tão obcecado pelo salvamento do meu relacionamento que nem me dei o desfrute de embrulhá-lo para presente. Na entrega, ela comentou que estava curiosa em lê-lo e iniciou naquela mesma noite. Diariamente fazia o acompanhamento dessa leitura e a questionava sobre os avanços nessa tarefas e ela sempre fugia...Até que ontem, recebi uma mensagem de texto com a seguinte frase:

"Preciso ir atrás do meu  Christian Grey, está tudo acabado entre nós".

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Super Desinteressante

É através do interesse que expomos aos outros aquilo que nos atrai.
É pelo interesse que nos diferenciamos dos demais seres humanos. 
Josué se interessa por vinhos e é conhecido como enólogo. 
Vilma se interessa por selos e a chamam de filatelista. 
Marta tem apenas interesses materiais e tem fama de interesseira
Ao indivíduo que tem mais interesse na gente do que a gente nele, damos o título de chato. 
Você pode defender seus interesses, desde que eles não firam os meus. 
O interessado procura um jeito e o desinteressado, uma desculpa. 
Interesse demais, soa desespero. Paciência demais, desinteresse. 

E para seu interesse, eu não tinha nada mais interessante para escrever. 

sábado, 12 de janeiro de 2013

Aprendendo a viver entre o passado e o futuro

Há alguns meses tenho a sensação de que o tempo mudou de alguma maneira,não sei como,nem o porquê,mas fiquei com essa idéia de que as coisas tem um ritmo diferente.
E hoje estava vendo uma entrevista com o editor do `El País ´,um jornal espanhol,explicando o que vem acontecendo em relação a família real espanhola e achei a explicação dele muito interessante.
Em 2003 o genro do Rei Juan Carlos da Espanha,o famoso atleta Inaki Undargarin, fundou uma ONG,o Instituto Nóos,mas desde 2006 vem sendo alvo de investigações e no ano passado se comprovou que sua ONG está envolvida em desvios de dinheiro público e mais seis crimes,que vão desde falsificação de documentos até sonegação de impostos.Tudo tem vindo a tona muito lentamente,já que ele é genro do rei e todos sabem que é impossível alguém se mexer tanto no sistema público sem o aval do rei,sendo assim os advogados da casa real estão cortando dobrado,para ganhar tempo,para que alguns crimes possam prescrever e poder afastar a idéia de que o rei sabia e recebia uma parte do dinheiro desviado.
Diante disso os espanhóis pensaram o que todos pensam quando dinheiro e poder vão de mãos dadas,que nada aconteceria,finalmente o genro é o pai dos netos do rei,não tem como ele ser preso,é matematicamente impossível imaginar a filha do Rei,a Infanta Cristina,visitando o marido na cadeia.Mesmo assim a casa real espanhola ficou desmoralizada e fragilizada diante do escândalo.
E nessa entrevista o editor resolveu defender a casa real,coisa que precisa de muita convicção,porque o desvio de dinheiro público em um país que está falido é um nervo exposto,as pessoas estão cansadas e irritadas,os espanhóis estão perdendo suas casas e seus empregos enquanto a família real deita e rola na vida mansa.Mas o editor foi rápido e esperto,defendeu a casa real dizendo que o tempo da internet não é o mesmo da justiça espanhola,a internet tem seu próprio ritmo acelerado,mas a vida real não tem essa rapidez.Ele diz que o fato de que os espanhóis possam ler todos os dias na internet como vai o processo ou ficar sabendo de detalhes não quer dizer que as audiências são no mesmo dia e o veredicto saia na hora.
Estamos tão acostumados a tudo de imediato na internet que quando não vemos a justiça agir na mesma velocidade achamos que alguém está sendo acobertado.
Ele também menciona essa questão na vida pessoal de todos,antes havia um tempo nos relacionamentos,uma demora em saber quem era o outro.Hoje antes mesmo de namorar é possível fuçar as redes sociais que a pessoa freqüenta e assim ter um perfil mais elaborado,desde aquelas informações que a gente já sabe até fotos de ex-namoradas ou namorados.
Na defesa a casa real o editor pede paciência aos espanhóis e fé na justiça,o processo contra o genro está correndo,mas não é um site,que pode se abrir e fechar em segundos.Também menciona que as pessoas devem aprender a separar o tempo da internet do tempo real,no mundo virtual podemos ver na tela pratos de comida em segundos,enquanto na vida real a comida leva tempo ficar pronta.
De todas as defesas que já li a casa real espanhola essa foi sem dúvida a melhor,porque não deixa de ser verdade.É real isso,estamos vivendo acelerados,achando que tudo tem que acontecer em segundos.Eu já sou impaciente por natureza e de repente vou abrir um site e demora,já fico puta da vida,querendo quebrar o computador,esperar dois minutos para mim é uma vida inteira.
Mas o fato é que nem na Espanha nem em qualquer outra parte a justiça é rápida,pelo contrário,é lenta,demorada,arrastada e nem sempre acerta.É possível que mesmo com toda a irritação dos espanhóis o processo contra o genro do rei se arraste por anos e com tantos advogados trabalhando para a casa real as probabilidades de uma condenação são mínimas.
A tendência é piorar nossa noção do tempo,porque com o avanço da tecnologia todos os brinquedos que usamos todos os dias vão estar cada vez mais rápidos,já toda a máquina que nos cerca,desde questões de justiça até hospitais,trânsito,tudo vai ficar cada vez mais lento,mais saturado,mais emperrado.É melhor mesmo a gente começar a se acostumar com esses dois mundos,um no qual estamos fechados e tudo tem a velocidade da luz,outro no qual estamos abertos e nada anda pra frente.É como uma moeda,um lado pertence ao passado,a burocracia e o outro lado pertence ao futuro,a informações que voam e diversões em segundos,ficamos ali no meio tentando nos equilibrar,algumas vezes tontos pela velocidade de dentro,algumas vezes irritados com a lerdeza de fora.Cada época tem sua sina,imagino que essa será a nossa,equilibrar o passado e o futuro sem perder a cabeça.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

O Artista e o Cubo

O que eu admiro no artista é isso: "A capacidade de extrapolar o limite do cubo".

Eu, daqui de dentro, imagino como deve ser. Imagino que o artista pode ser ele mesmo fora do cubo, pode ser quem ele quiser dentro do cubo sem que ninguém saiba ou mesmo de propósito para que todos vejam.

Eu, pra variar, vejo o cubo uniformemente com seis lados, esteticamente calculado, estrategicamente numa vista isométrica, mas aposto que se eu perguntar como é o cubo para o artista, ele dirá que o cubo tem oito lados, ou melhor, me dará uma surpreendente resposta que uma mente incapaz de pensar fora do cubo, pensaria.

Dizem que o artista cria, mas eu penso que o artista apenas explora. Explora tão longe que aqueles que vivem dentro do cubo, pensa que é criação. É nada! Extrapolou o limite do cubo. Descobriu que o cubo pode ter muitos outros lados interessantes que o próprio cubo desconhece.

Eu tenho vontade de ser um artista, de repente um dia, quem sabe?

O artista é capaz de nos mostrar coisas que pensávamos saber de outra forma totalmente diferente. Alguns acham que é loucura, outros acham graça e os que acreditam, muitas vezes também experimentam o que é ser artista.

Artista pode expressar o que explorou através da dança, da música, do rabisco de desenho ou de uma pintura. Um artista é tão artista que pode explorar o próprio cubo e coloca-lo pra fora, ou trazer o de fora para o cubo em linguagem cúbica.

E eu, aqui dentro, vou tomando coragem pra ver o que tem lá fora. Nunca ouvi falar de artista que deixou de ser artista. Mas já vi quem não era se tornar. E aqui estou, observando e me encorajando, quem sabe?

E quer saber? Eu, neste cubo penso que o artista explore tão longe, mas nem deve ser tão longe assim.

Encontre mais no livro Rascunhos Vivos

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Você ousar sentar mais perto...

Frio. Silêncio. Ouço a chuva batendo na janela, nas folhas lá fora. Cachorros latem. Aqui dentro há um local aquecido. Não é só o quarto que está aquecido, mas meu coração. Sim, esse recôndito secreto, íntimo mudou depois que você chegou. Mudou justamente porque você decidiu sentar mais perto. Mudou porque você decidiu ser mais perto. Mudou porque você ousou decidir-se por mim antes mesmo que assim eu o fizesse. O que faço agora? Eu? Só tenho a agradecer. Agradeço com um abraço. E você me devolve lágrimas. Fico sem entender. O que te fiz? E você me diz: “Nada. Você apenas sentou mais próximo que todos conseguiram sentar. E você enxergou a solidão aqui e veio preencher sendo você. Sendo apenas você e eu.”

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Mais Gatos e Menos Passarinhos


 Existe um país, onde a família não é feita de pai, mãe e filho. Só mãe e filho. As mulheres logo após a puberdade vão morar sozinhas, e os filhos homens moram para sempre com suas mães. O casal nunca mora junto, claro, eles namoram, tem filhos, mas não moram juntos.

  Existe outro em que o herdeiro do homem é sempre seu sobrinho, filho de sua irmã, nunca seu filho.

Devem existir outros mil modelos de família no mundo, que eu vou conhecendo picados nos documentários da TV.

As pessoas da minha idade começaram a se separar, agora são divórcios mesmo, e alguns deles tiveram filhos.

Sempre achei normal o divórcio, mas esses dias comecei a ver, que muito além de ter os pais separados, tem avós separados, e juntando tudo, terão vários em breve.

Eu tinha duas casas para ir aos domingos, as casas dos meus avós paternos e de meus avóis maternos, e nunca pensei em vê-los separados. Dividia os finais de semanas, as festas, as viagens tudo em dois.

Nesse final de ano, uma prima do meu pai, que já passou dos sessenta passou a virada conosco. O motivo? O ex marido, a festa ia ser com sua neta, seus dois filhos, mais ia o ex marido e sua família. E pior que passar as festas com o ex, é passar com a família dele.

Comecei a ver como vai ser confuso daqui pra lá, e como as pessoas são mais pessoas e menos família.

Não sou contra separar, está ruim tem que separar mesmo, só não sabia que as coisas estavam ficando tão ruins assim.

Os passarinhos vivem em par, é bonitinho como ficam juntos nos galhos e namoram carinhosos, criam os bebês e envelhecem juntos.

Mas o ser humano nunca foi passarinho.

 Os gatos (não os castrados) vivem diferente, tal manda chuva, aproveitam a vida, se apaixonam, tem amigos, brigam, namoram, tem filhotes, vivem perto de quem gostam, família ou não; o tempo que for pra ser, e não o tempo que tem que ser.



segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Chegar em mim

Aceitei o convite para transformar em texto um dia por mês da minha vida. Essa sequência de informações divididas em parágrafos e pontuações que podem ter sido escritas em qualquer tempo, inclusive agora onde eu sei o que se passa e vocês não. No entanto estamos aqui, nos servindo desse mesmo instante-dia-texto que apenas existe e nos serve de porta de entrada para minha chegada.

 Pensei nas inúmeras possibilidades de formas de escrever e no modo como os outros 29 dias-pessoas se comportam por aqui, numa tentativa de adequação, em vão. Gosto de textos curtos e palavras precisas, mas não consigo fugir de ser extenso quando preciso me explicar.

Minha intenção era de que esse texto carregasse algo a mais de mim além das apresentações formais. Além da possibilidade de poder começar um texto com continuação para o próximo mês. Mas isso não é um romance, é um blog, de forma que tenho que me encerrar aqui mesmo.

O plano geral desses dias 07 que ainda virão, será o de recorte temático. Recentemente assisti no cinema “As aventuras de Pi” e relacionei muito com o processo de escrita.
Existe uma necessidade de metáforas pra vida às vezes para existir o mínimo de compreensão do outro ou de si. Embora tenha trabalhado pouco com isso (sou sempre concreto e simplesmente rata comigo demais no meu blog pessoal) vejo que num campo de maior visibilidade a coisa crua nem sempre cai bem.

Eu quero chegar a essas 29 pessoas e mais. E quero que possam chegar em mim.
De leve ou brutamente – é comigo mas também é com vocês.

Pedro Progresso

domingo, 6 de janeiro de 2013

Há algo mais

Há algo mais! – 31/12/2012 (17h)

Como nos esticamos, em busca do que quer que esteja do outro lado do que quer que for. Um número a mais no calendário, no fim dos quatro dígitos do ano, ou uma página virada no jornal do dia, na busca incessante por algo que ilumine os olhos de peixe morto daquele que esqueceu como é ter dormido o bastante na noite anterior. Algo sempre o mantem acordado.

Há algo mais? – 31/12/2012 (22h)

E não importa o quanto nos estiquemos, no final do dia estamos de volta à eterna prisão de ser nós mesmos. E será por isso que nada nunca muda? E por isso que, ao mesmo tempo, se você olhar para trás, parece que tudo mudou? Aqui, sentado, deixando esvair os segundos, o coração batendo e o oxigênio correndo-me aos poucos por dentro. E nada muda. Um segundo não faz jus a uma vida.

E, ainda assim, ela insiste em bater à porta. Chamem-na de tolice. Eu a chamo de esperança.

Há algo mais. – 01/01/2013 (0h)