segunda-feira, 30 de setembro de 2013

AS CENAS QUE DEI PLAY

Sem duvida alguma assistir um filme é o que mais gosto de fazer quando não estou fazendo nada, há muitas coisas que me prendem em um filme uma delas é a música, principalmente quando essa música me faz ter a certeza que ficará marcada para mim.

Segue algumas cenas que tenho marcadas me minha mente perturbada, e que sem duvida alguma pensei ou falei um puta que pariu ficou muito foda essa cena com essa música.


Filme: Natural Born Killers
Lard – Forkboy

Dedinho de Quentin Tarantino no filme já viu, acho as trilhas dos filmes do Tarantino tão fodonas que nem vou escolher uma cena dele aqui, mas lembro-me muito bem quando assisti a esse filme, e quando ouvi a cabeça pensante do Dead Kennedys, Jello Biafra e seu Lard tocando o terror.



Filme: Trainspotting
Iggy Pop – Lust For Life

O tal do filme cool né? Quantas camisetas já não vi, ou até vesti, trilha sonora de muitas baladas de uma geração que ao invés de ficar no whatsapp na balada mandava o autentico Ar Guitar ao escutar o rei gritar Lust For Life.



Little Miss Sunshine
Rick James - Super Freak

Em minha opinião a melhor cena de dança já feita em um filme.
Acho D+ chupa John Travolta.

O You Tube deu falha comigo, mas é o que temos para hoje.



Rocknrolla
The Clash - Bankrobber

É muito provável você conhecer um filme do Guy Ritchie pela música, muito antes das cenas de pancadaria que ele costuma colocar, até hoje não assisti um filme ruim do cara, essa música toca umas 3x no filme, curto mais a cena do Johnny Quid já crescidinho, e fazendo coisa errada, mas isso é normal para um personagem que usa um lápis como arma em suas brigas.

Run rabbit run



Lost in Translation
Jesus And Marry Chain - Just Like Honey

A menina aprendeu com o pai né, e o superou em alguns pontos, trilha sonora é um deles, muita sacanagem colocar My Bloody Valentine e Jesus and Marry Chain que foram bandas que marcaram a década de 90 em uma trilha sonora de um filme de 2003, vou ter que parafrasear o Bezerra da Silva “Ai é que os indies choram”.

Boa Sofia



Filme: Clube da Luta
Pixies - Where is My Mind 

Talvez seja essa cena que tenha originado um termo que chegou no Brasil a pouco tempo, e que não aguento mais ouvir, ou ler nas redes sociais o famoso e irritante “Quem nunca”



Filme: The life aquatic with Steve Zissou
David Bowie - Queen Bitch

Eu lembro a primeira vez em que assisti esse filme, e fiquei me perguntando como um roteirista chega a conclusão de que um dos seus personagens tem que ser um marinheiro que só toca versões de músicas do David Bowie em português?

Quem faz o papel do marinheiro é o Seu Jorge que se deu bem pra caralho, pois os caras piraram tanto que ele gravou o tal disco das versões.

Curto o Seu Jorge, mas fico com a legitima, que inclusive aparece no segundo final que fizeram para o filme.



Filme: Edukators
Gemini - One Inch Punch

Pense numa trilha sonora que eu procurei para comprar viu, esse filme é muito foda, queria ter o meu dia de Edukators.



Good Will Hunting Ost
Elliott Smith - Miss Misery (Good Will Hunting) 

Elliott Smith manja muito em fazer música de foça, essa ai ele pegou pesado, mas mandaram bem ao fechar o filme com ela.



Filme: Cidade de Deus
Cartola – Preciso me Encontrar

Sou suspeito para falar do Cartola, e onde ele estiver será especial para mim.

Corre Cabeleira!!



Filme: 12 Homens e outro segredo
Ornella Vanoni - l'appuntamento

E aquele momento em que você escuta uma música e fala: Eu conheço essa música mas não é esse felá que canta, ai fica matutando até dar tela azul na sua cabeça tentando lembrar de quem é a música.

Na duvida fala que é do REI minha gente.



Filme: The Intouchables
Nina Simone - feeling good

Assisti a estreia desse filme no cinema, e rolou vários pqp, mas essa cena é o ápice, para mim a melhor cena/ música em um filme.



Abraço
Jeff 

domingo, 29 de setembro de 2013

Ela partiu

uuuuuuuuuuuuuUUUUUuuuu e nunca mais voltou.
ela sumiiiiuuuu, sumiiiiuuuu e nunca mais voltouuuu.
ela partiu, partiu e nunca mais voltou, não voltou não.

uuuuuuuuuuuUUUUuuu. ela sumiuuuu, sumiiiuu e nunca mais voltou. 
se souberem onde ela está, digam-me e vou lá buscá-la. 
hey ei, hey nhenhéèé. tantãtã, hei nheéee tantantantãã, hey nhênhé.

ela partiu  às 09:00 e chegou quase agora
está cansada, não magoada e nunca mais voltou.
hey ei, hey nhenhéèé. tantãtã, hei nheéee tantantantãã,
hey nhênhé e nunca mais voltooouuuu.talvez mais tarde ou mês que vem. partiu.

sábado, 28 de setembro de 2013

Um parágrafo de pena


Não importa, por mais humilhante que as pessoas sejam mais elas se mostram. É como se não houvesse problemas, desajustes. Tudo aquilo que se aponta somente está nos olhos de quem observa. E, uma vez falando, se ouvirá o São seus olhos, a vida é bela. Não existe melhora para aquele que não se viu em estado de pena. Se estou bem na forma como levo os dias não há o que melhorar. Observa-se no longe sem topar viver o perto que se vive, Só quero ajudar, benzinho, e não viver a sua vida. A distância limita e a pena alheia é recusada, assim como é devolvido um livro dado a um analfabeto. A dor que se carrega necessita de dosagens, medicamentos que aniquile sua intensidade; a pena, que somente é um sentimento, não altera em nada se não tiver ação. Aceitar a pena que o outro sente é antes de tudo se reconhecer nas circunstâncias em que se encontra. Talvez seja mais difícil encarar a pena que a demora da espera de um dia ser ajudado. A pena sem ação é como um espelho posto na frente de quem necessita. Só basta um acréscimo de superioridade espiritual, de religiosidade, uma vida financeira invejável, um pouco de conhecimento e talento que espelhos logo cobrem os olhos de quem se prontifica a enxergar o outro no limite de si mesmo. Como são poucas as experiências acumuladas por quem carece de pena, poucos são também os avanços da transcendência. Que a pena, e é bem mais provável, não se limite ao orgulho de quem somente usa a mão para fechar e apontar, porque bem sabemos que nem tudo é punheta para valer sempre na intenção. Sem ação na pena nada se escreve, mas não me esqueci dos baixo-assinados. Assine por baixo dando sua parte, pois já merece pena quem sai do processo de parto: você, eu e todos que lotam esse parágrafo.   

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Pra que a pressa?

Dia desses recebo um sms: "É assim que as pessoas vivem? É assim pro resto da vida?". Eram 10 horas da manhã de uma quarta-feira comum. A mensagem, referia-se à correria imposta na vida da metrópole.
É assim mesmo, triste, né? respondi. Vida paulistana que na demanda insere uma ansiedade, uma agitação, um pai na forca, uma sangria desatada. E sem perceber, é assim que vão vivendo, correndo, se perdendo.

Em São Paulo a gente corre pra não perder o ônibus, corre pra entrar no vagão, corre pra pegar a vaga primeiro, corre pra dar tempo de fazer a unha e ir ao banco na hora do almoço, corre na escada rolante (do shopping!), e come correndo, anda correndo, chega em casa e continua a correr: pra dar conta do jantar, das roupas pra passar, a louça pra lavar, e ainda arranja tempo pra olhar o Facebook mais uma vez antes de dormir, assistir o futebol e quem sabe um filme, ou o primeiro bloco do último jornal. Daí coloca o celular pra despertar e tudo começar novamente.

É impaciência pra esperar o farol fechar, o café ficar pronto, o casal de idosos passar a catraca, o telefonema que não é retornado, o email que não chega, seu chefe que se atrasa, seu amigo que esqueceu do bar e avisa pra esperar mais 40 minutinhos.

Pichada na parede de uma loja, numa das avenidas mais movimentadas do Butantã, eis: "Se o seu trabalho é uma merda, pra quê a pressa?". Sempre que leio, além da risada que me escapa, penso: taí uma verdade. Pra quê a pressa? Essa gente correndo todo dia é pra quê, por quê? Pra bater ponto no trabalho e não ser descontado do salário? E aí senta na mesa, aquela velha mesa com calendário e telefone, e começa a reclamar da vida.  Correndo pra assinar contratos, quem sabe. E sair satisfeito em busca de mais algum contato, um almoço de negócios em que olhos mal se cruzam, mas a caneta e o papel estão ali firmes e fortes para serem preenchidos. Correr pra não perder a hora da aula, entrar na sala e ficar papeando com a galera sem nem ao menos saber do que se trata a matéria.

Quando meu pai sofreu um AVC no meio da madrugada e eu, sem saber dirigir, tive que ligar para os bombeiros, depois ligar para o Samu, passar endereço, telefone, CEP E ponto de referência, E ainda esperá-los chegar, tive a consciência do que é um real motivo que exigia a pressa. Era questão de saúde e vida. Depois que o susto passou, eu que sou acelerada ao extremo, passei a reavaliar minhas correrias.

Não corro atras do ônibus se não houver uma reunião ou alguém me esperando. Cinco minutos de atraso não implicarão para que o restante do dia (e meu trabalho) se desenrolem bem. Saboreio o café até o último gole, durmo até o despertador tocar (e às vezes um pouco mais).

Correr mesmo, só pro que é necessário: a vida que chama lá fora com sol e céu azul, a amiga que espera com a cerveja na geladeira, o filme que vai começar, correr pra abraçar quem se ama, correr pra tomar banho quente num dia frio. O mundo não vai acabar amanhã, viver com pressa e sem sentido desgasta, além de tirar o tom suave que a vida pode (e deve!) ter.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

♪ O nosso amor se transformou em bom dia...



"...Será preciso ficar só para se viver?"


Paula Toller, minha querida, eu também não sei, mas a gente vive de um jeito ou de outro, não? Tem gente que funciona junto, tem gente que funciona só, tem gente que nem com o anjo e o diabo ao lado. Mas, sabe esse papo de...

"...Se a gente não fizesse tudo tão depressa,

Se não dissesse tudo tão depressa,
Se não tivesse exagerado a dose,
Podia ter vivido um grande amor."


...eu discordo. O grande amor não é aquele que a gente vive do jeito que a gente pensa que tem que viver? Conta pra mim se a senhorita já presenciou um grande amor que não atropelou tudo e todos num piscar de olhos? E eu não estou falando de paixão, porque essas eu conheço bem e vou te dizer o motivo: As minhas paixões terminam exatamente onde começa o dia. Talvez, sim, seja preciso ficar só para se viver...




segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Cinco Anos


Esse mês quero fazer uma proposta para você.
Quero que me mande um email com a reposta à pergunta:
"Como eu me imagino daqui a cinco anos?"
Como não é uma entrevista de emprego, você pode falar a verdade.
Como você espera que será sua vida amorosa, financeira, familiar, profissional.. 
Tudo que você lembrar e que for importante para você hoje.
Isso vai ficar entre mim e você. 
Mande seu contato (tels, endereços..) para que daqui a cinco anos eu mande sua lista de volta.
Tenho certeza que você terá realizado tudo aquilo que sonha hoje.
Não parece interessante?
Espero seu email: camilamarin arroba ig.com.br

domingo, 22 de setembro de 2013

Barbosa

O que é um epitáfio senão uma epígrafe do que virá depois?
(Emiliano Barbosa)

Barbosa chegou cedo à repartição. 

Estava esbaforido, mas feliz. Conseguira se lembrar da capital de todos os países da América Central durante o percurso que fazia, a pé, de sua casa até a repartição. Aqueles exercícios mentais eram uma constante no cotidiano de Barbosa, que não sossegava enquanto não os cumpria. Este último já o atormentava há mais de uma semana! Quando se lembrava de Manágua, era Tegucigalpa que lhe faltava. Quando lembrava dos dois, era San José que lhe fugia. Mas nesta manhã se lembrara de todos! Um dia que começa assim é certamente um dia auspicioso: tudo pode acontecer num dia em que somos capazes de nos lembrar de todas as capitais da América Central.

Segurando o café em uma mão e o jornal na outra, Barbosa foi caminhando até a seção onde trabalhava, na penúltima sala do corredor. Barbosa sentou em frente de sua mesa e, como ainda tinha uns bons quarenta minutos antes de seus colegas chegarem, abriu o periódico diretamente na página das palavras-cruzadas, seu outro exercício mental diário. Gostava de começar pelas menores e ir progressivamente em direção às maiores, técnica esta que rendeu a Barbosa mais um feito inédito naquela alvissareira manhã: entre a singela sigla de post scriptum (PS, ao que me consta) e o improvável sinônimo brasileiro para pic nic (convescote, como pude verificar depois) passaram-se apenas 6 minutos e 32 segundos, um verdadeiro recorde (palavra paroxítona, conforme Barbosa sempre fazia questão de deixar claro) para aquele mês de Setembro que já se aproximava bastante do fim. 

Somente quem já sentiu o gozo de completar uma cartela de palavras-cruzadas poderá entender o estado de ânimo que Barbosa estava quando finalmente colocou o periódico de lado, estalou os dedos e ligou o computador. A tela logo se iluminou e Barbosa aos poucos foi sendo apresentado às demandas do dia: redigir relatórios, memorandos, atas e pareceres. Foi quando um email lhe chamou a atenção. Era uma Circular Interna, assinada pela diretoria da repartição, que convidava a todos os funcionários a se inscrevem num evento intitulado "I Desafio de Redação Burocrática".

O curioso evento fora ideia do novo diretor da repartição que, cansado de encontrar tantos erros de ortografia e concordância nas atas e pareceres, promovia a competição com vistas a incentivar um maior cuidado com o idioma por parte dos funcionários. O prêmio era nada mais, nada menos, que uma progressão vertical na carreira burocrática, fator que pretendia motivar todos os funcionários.

Barbosa era amante das palavras e dos exercícios mentais, por isso imediatamente fez sua inscrição no evento. O que pode parecer algo aborrecido para muitos, era fonte de grande prazer para Barbosa. Ele se deleitava ante a oportunidade de produzir aqueles documentos, de fazer uso das palavras a favor da burocracia estatal, de transformar meras informações enfadonhas em verdadeiros exemplares do que chamava de literatura processual. 

Enquanto seus colegas se contentavam com meros "deste modo", Barbosa não escrevia nada menos elegante do que "destarte" ou "outrossim". Gostava de trabalhar as palavras, aparar as arestas, lapidar cada virgula. Suas atas, memorandos e pareceres eram sempre elogiados pela chefia e por seus colegas de repartição. Até mesmo as línguas mais caluniosas reconheciam seu talento. Barbosa era muito querido.

Barbosa se distraiu diante do monitor e nem percebeu que já não estava sozinho. Seus colegas foram chegando aos poucos e, paulatinamente, todos iam se informando do famigerado "I Desafio de Redação Burocrática". Não se falava em outra coisa na repartição. O futebol, assunto que prevalecia na copa e no refeitório, dera lugar a questões de ortografia e retórica. Até mesmo aqueles que jamais se preocupavam em produzir textos elegantes, eram vistos pelos corredores carregando livros de gramática e discutindo acerca da pertinência de certos adjetivos. O novo diretor via aquilo com grande satisfação. Seu objetivo, aparentemente, havia sido alcançado. Com a esperança de serem premiados com uma promoção vertical na carreira burocrática, os funcionários estavam se esforçando para tirar o atraso de anos de total desleixo comunicativo para tornarem-se, em poucos dias, verdadeiros literatos processuais.


Os dias foram passando e as discussões acerca do grande evento ia só se acalorando. O nome de Barbosa logo ia surgindo como o grande favorito para a competição, mas nada que prejudicasse sua concentração. Para Barbosa era apenas mais uma oportunidade para praticar uma atividade que lhe dava grande prazer. A única diferença é que desta vez seu passatempo mental tinha ganho status de atividade séria e seu talento poderia, afinal, ser reconhecido. Finalmente chegara a hora e a vez de Emiliano Barbosa.

Barbosa, no entanto, jamais participaria do "I Desafio de Redação Burocrática". Fora encontrado morto em sua casa na noite anterior ao evento. Uma pena. Realmente uma triste fatalidade que até hoje não foi explicada. O evento, entretanto, ocorreu sem traumas e teve como grande vencedor alguém conhecido na repartição por suas capacidades comunicativas: o presidente do sindicato dos funcionários, até então mais conhecido por sua voz nos auto-falantes do que, propriamente, por suas habilidades gramaticais. O diretor parabenizava o funcionário vencedor e exaltava o caráter democrático de todo o processo.

As poucas pessoas que foram ao velório de Barbosa puderam ler em seu epitáfio: "Há várias maneiras de matar um homem. Aqui jaz alguém que morreu pelas palavras. Outrossim, encaminha-se ao lugar onde repousa a verdade para que sejam tomadas as providências cabíveis".

sábado, 21 de setembro de 2013

Noite de rock, bebê!

Acabo de chegar em casa, após mais um dia de trampo.
No trabalho da noite, tenho a oportunidade de estar logado no Facebook e no Twitter, e estava acompanhando os trends.  

A grande maioria falava do evento da noite: Shows no Rock In Rio!

No momento no qual escrevo esse post, vejo no Multishow o show da banda Nickelback.
E daqui a pouco tem Bon Jovi!

Lembro que em 2011, o show que mais gostei no Rock In Rio foi do Coldplay, que cancelou um show que faria nesse ano aqui no Brasil.
Estava planejando ir com uma amiga nesse ano, porém, entretanto, todavia...

Fica pra uma próxima! Isso, se eles não acabarem antes disso!
Sim, porque o Chris Martin, vocalista e líder da banda, vive dizendo que o mundo não está mais precisando da música deles... Tenso...

Até porque sempre que passa um carro com o som no último volume, perto de mim, não é com um som de qualidade como o deles...

Deixo com vocês um vídeo com uma das músicas mais esperadas por mim, no show do Coldplay em 2011, no Rock in Rio, e um vídeo do cara que vai cantar nessa noite e, se eu estiver acordado assistirei!

Cansado pakas, como em todas as noites, by the way!

Um ótimo fim de setembro pra gente!
Nos falamos em 21 de Outubro! 


sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Monopólio (i)legítimo da violência

Há poucos meses a população brasileira foi às ruas. Logo os gritos de “sem violência” imperaram. Fiquei feliz. Achei que finalmente a população não toleraria mais a violência de juros exorbitantes, hospitais decadentes, policiais despreparados, escolas que mais parecem presídios, etc.

Depois me disseram que a ideia não era bem essa. A violência estava relacionada aos atos dos próprios manifestantes, que por vezes deixavam um rastro com pichações ou pedras que indicavam não serem passivos às bombas de gás ou balas de borracha atiradas a esmo.

O curioso é que pouco tempo depois essas mesmas manifestações culminaram na criação do chamado ‘Black Bloc’, em suma jovens que buscam o combate direto contra símbolos do capitalismo, contra o qual lutam – sobretudo agências bancárias.

Sem novidades. No início do século XIX trabalhadores que perderam seus empregos por conta da industrialização tentavam resolver o problema destruindo máquinas das indústrias, em um movimento que ficou conhecido como Ludismo (com ‘d’, não confundam).

Na continuação dos protestos a covardia dos policiais, que desde a ditadura militar incluíram o abuso de poder em suas atividades cotidianas, era combatida aos berros de ‘fascistas’. No dia seguinte a algum ato, em meio às vidraças quebradas e paredes pichadas, algum policial tenta defender a própria quadrilha acusando os manifestantes de fascismo.

Nesses dois extremos, quais são, de fato, fascistas? Nenhum. Buscar justificativa no sentido semântico ou histórico é como um sujeito que ao ser chamado de ‘filho da puta’ corre para casa buscar a carteira de trabalho de sua progenitora, para provar que esta não faz programas para ganhar dinheiro.

Se pensarmos que o estado, por definição, detém o monopólio legítimo da violência, seria justificável a repressão aos protestos que terminem em prejuízos materiais, poderíamos lembrar ainda Walter Benjamin, afirmando basicamente que a polícia se impõe sob a forma da violência quando o estado não consegue governar somente com as leis.

Porém, de que estado e de que polícia estamos falando neste caso? Um retrospecto rápido indicaria dezenas de feridos na cabeça e nos olhos (onde não se deve atirar, mesmo com armas não letais), spray de pimenta e cassetetes usado contra mulheres desarmadas (com o Capitão Bruno, de Brasília, dizendo que usou o gás de pimenta arbitrariamente, porque quis), implante de provas flagrados, como o policial paulista que quebrou o vidro da própria viatura, etc.

Tudo isso não indica que o movimento Black Bloc está correto. A própria ocultação de identidade, necessária para evitar repressão política e utilizada também por policiais que retiram a identificação da farda, facilita a infiltração de PMs que podem incitar violência e criminalizar o movimento.

Apesar dos erros, como e com que moral age o estado com relação às manifestações? Proibindo máscaras no país do carnaval? Em 2001, Nick Oliveri, do Queens of the Stone Age, subiu nu ao palco carioca. Ainda que seu baixo escondesse o que 'a moral e os bons costumes' impedem que seja mostrado, a PM precisava mostrar algum serviço. Ao ser preso Nick se defendeu alegando não saber que era proibido andar nu no Rio, pois havia visto várias pessoas nuas no carnaval carioca.

Para além dessas contradições, a população está reivindicando coisas que em qualquer país minimamente sério seriam risíveis. Para tentar um paralelo que elimine as identificações ou preconceitos partidários, façamos uma comparação com a atual situação da Síria.

O estado sírio tem o monopólio legítimo sobre a violência, podendo, portanto defender-se de milícias armadas que agem contra as leis do país. Há mais de um ano civis morrem diariamente, graças ao governo que não quer largar o osso. A gota d’água parece ter sido um ataque com armas químicas, que causou falsa comoção nos políticos de grandes potências.

Depois de muito debater se houve ou não um ataque químico, como se para quem perdeu algum familiar no conflito fizesse alguma diferença se o assassinato foi com arma química ou bala de fuzil, o debate é se deve haver uma intervenção militar no país, por parte dos EUA, que nunca sofreram uma única punição por serem o único país a usar uma arma nuclear em um confronto.

A comparação é exagerada? Talvez. O governo brasileiro não assassina sua população em massa, o faz aos poucos, com a polícia matando amarildos diários, que não chegam a virar notícia, ou desviando (roubando) dinheiro da saúde, tornando incontáveis as decorrentes mortes.

O ponto em comum é que ambos são governos detentores do monopólio da violência e usam desse direito contra a população que não cobra nada além do razoável. Reduzir o Black Bloc a vândalos ou os rebeldes sírios a terroristas faz parte da velha tática de culpar a vítima, que mesmo cometendo erros, enfrenta uma luta bastante desigual por seus direitos.


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Queria que você tivesse ficado pelo menos pra sempre

Você foi embora e deixou uma angústia, algo parecido com aquela depressãozinha que sentimos ao voltar de uma viagem que foi muito boa. Queria que você tivesse ficado pelo menos pra sempre. Foi tanto tempo longe que agora, que você veio, fico com medo de você ir de novo. Não arrumei a cama, nem pus o short que você dormiu pra lavar. Cheiro meu corpo em busca do seu perfume e me acaricio como em devoção à última coisa que você tocou.
_ Te encontrar foi tão bom que custo a acreditar que te reencontrar possa ser tão melhor. Fica, dessa vez.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Borandá

Após quase três anos sem ir, voltarei a meu país de origem, Cuba – de visita somente. Nestes seis anos vivendo neste país, numa outra língua, numa outra realidade e cultura, estive lá ao todo menos de dois meses... pouco, pouquíssimo é pouco.

Nunca até eu sair de lá me imaginei morando num outro país. Vontade de conhecer outros lugares, obvio, sempre tive. Porém aceitar este estado  (migratório)  de emigrante, nunca me passou pela cabeça.

Emigrante é coisa de doidos. Você – eu no caso – tem que abrir mão de toda memoria, de todo passado, dos amigos, da família, dos costumes. Esquecer, não por opção, aquilo que formatou seu corpo e sua identidade – coisa dura, quase cruel. Somando, que no caso do português, aprender outra língua e toda a realidade que ela nomeia é das coisas mais intensas que jamais viverei – e eu vivi.

Nesse processo eu me descobri uma pessoa nova, uma espécie de metamorfoses que fez nascer um novo eu, este eu que sou – e escreve. Isto tomou tempo, lágrimas, pesadelos, mortes.

Eu nasci cubano, por procedência. E me fiz brasileiro, por experiência.

Mas quem já abriu mão das lembranças de infância, da adolescência, dos primeiros amores; quem esqueceu o acento cubano, a melodia que uma vez teve enraizada na memória, quem não sofre mais pela distância daqueles que uma vez foram as pessoas mais queridas, sabe e sente, que é possível começar tudo de novo... NÓMADE.

No Brasil – e este português que escrevo e me invento – tenho um filho. Estaca de tempo e espaço que marcará para sempre minha origem. Renasci no corpo de um moleque, um baixinho de hoje três anos que fala português, um pouco melhor que eu – pais aprendem sempre dos filhos, completam-se, isso é certeza. Hoje toda incerteza de aonde vim e aonde vou tem ao menos um ponto de apoio, uma bandeira em haste levantada para não perder os rumos.

Em menos de dois meses ficarei naquele país flutuante por três meses, quebrando meu recorde histórico de estadia desde que uma vez, há 6 anos, sai de lá. Irei nessa calma de quem não tem pressa em voltar. Irei no ganho de quem não tem o que perder, entregue a preguiça do amanhecer, do mar batendo no encoste sem urgência do pôr-do-sol, sem a agonia de voltar ao lugar do qual já me despedi sem sabê-lo, para nunca mais voltar – quem sabe uma surpresa do destino, esse malvado favorito. 

E o baixinho, mi hijo, abraçará a terra úmida daquele outro país. Ainda sem total consciência, ele fechará um ciclo, o do pai- filho/pai- meu filho, numa sequência sem mais lógica que a do amor paternal, e ficará registrada a existência dele num lugar ao qual, se ele escolher, lhe pertencerá.

Borandá... 



terça-feira, 17 de setembro de 2013

Você já estuprou alguém hoje?

Falar da vida de uma pessoa é estuprá-la. Longe de ser uma comparação exagerada, essa forma de ver a fofoca, a picuinha ou a criação de boatos diz muito sobre as consequências irreversíveis da prática. Ao falar de uma pessoa, você a violenta. E violentando-a você a expõe, assim como no crime físico, a pressões. A fofoca é, também ela, uma forma de tortura. Apoderar-se da vida de uma pessoa, contra a vontade dela, a torna vulnerável e, você, o autor sem escrúpulos deste ato violento. 
Espalhar boatos, alimentar rumores e interpretar, ao seu bel prazer, qualquer que seja a atitude ou a forma de viver de alguém é um estupro mental. E o mais nojento dessa comparação é que muita gente faz isso pelo mesmo motivo torpe pelo qual muitos homens agridem mulheres e seus corpos: ao ver o outro sofrer, regozija-se, pois encontra na pretensa derrota do outro uma forma de se sentir maior, mais livre. 
A fofoca é carregada de raiva, de rancor, de inveja. Por isso, ao alvo de uma fofoca, a culpa é sempre seu fardo. "Você não devia ter falado da sua vida, dado confiança". A sainha curta, os modos de quem quer 'levar'. À vítima resta o desconforto. Mas a vítima é sempre a vítima, cabe assinalar. Falar da vida de uma pessoa, expor verdades que deveriam dizer respeito somente a ela, ou mesmo distorcer fatos, deveria ser crime inafiançável.

Falar de uma pessoa é um estupro. E eu continuo achando o estupro, seja de corpos ou de vidas, a pior forma de violência.

sábado, 14 de setembro de 2013

Tiroteiro

No meio
No escuro
No caminho certeiro
Tiroteiro

Não temo
Não fujo
Não receio
Tiroteiro

Na calada da noite
Um zumbido
Um cortejo

Um viaduto
Um susto
Um pássaro vermelho

No meio da noite
Meu nariz pintado de vermelho
Não fujo, não corro. Fogo!
Tiroteiro

Não temo
Estou no caminho do meio
No meio da rua
No meio da floresta, flores em festa!

Não receio o caminho certeiro
Ando no caminho do meio

Tiroteio!

outracarol
Outra Carol
Uma Carol 
Face: Carol Maria Moraes

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

O inferno de Sísifo

                                                                                                                                                   Sisifo, de Tiziano Vecellio, 1548-1549.

Já ouviu falar da Ressonância Shumann?
Grosseiramente, o nome se refere a um dos campos eletromagnéticos que envolvem a terra.
Desde 1980 esse campo vem sendo alterado, assim como a nossa percepção do tempo. O pulso dessas ondas aumentou nas últimas décadas, descompassando e acelerando a vida na Terra. Isso tem influência direta no nosso ritmo biológico (cientistas da NASA perceberam que astronautas ficavam doentes e desorientados em lugares onde a ressonância Shumann não estava presente. Hoje as naves são equipadas com aparelhos que simulam essa frequência).
Já teve a impressão que o tempo está passando rápido demais?
Mal acabou o carnaval e já é natal?
Então!
Dizem alguns, que nossos dias de 24 horas, hoje têm apenas 16.
O problema é quando você trabalha, trabalha e trabalha e essas 16 horas diárias parecem sempre iguais.
Sísifo, após desafiar os deuses, foi condenado eternamente a carregar uma grande rocha nos ombros até o topo de uma montanha; quando ele estava quase chegando, a pedra rolava ao ponto de partida, obrigando-o a começar tudo novamente.
Quando acordamos todos os dias de manhã e a rotina nos faz representar todos os papéis sociais e obrigações do dia anterior e do outro e do outro, mesmo com um possível dia de 16 horas, tudo vira um fardo.
Lembra: "Quando eu chego em casa nada me consola". ?
Mesmo querendo tocar fogo nesse apartamento, essas horas são para procurar novos rumos, novos caminhos, novos sentidos, ressignificações.
É hora de arejar; é hora de férias.
Boa sexta-feira 13.


quinta-feira, 12 de setembro de 2013

A creche cósmica


Durante um bom tempo convivi com pessoas que acreditavam em alienígenas. E eles sempre me diziam que a reação mais comum desses visitantes quando viam as coisas que aconteciam aqui era dizer- É sério?
Quem estuda esses assuntos garante, a Terra é conhecida por ser o planeta mais bonito, mas também o mais lerdo em desenvolvimento, o resto dos nossos irmãos cósmicos nos vêem como se estivéssemos na creche, ainda sujando as fraldas e babando o dia inteiro.
E posso eu dizer o contrário? Não. Cada vez me convenço mais que estamos em uma espécie de creche espiritual e mental, onde a maioria não consegue nem ficar em pé ainda. Posso ver os alienígenas olhando a Terra e dizendo-É sério?

Do Brasil nem sei o que dizer. Antes que venham comentar qualquer coisa,eu garanto,escrevo este texto sóbria, não bebo, não fumo, não uso drogas, não como carne e não acredito em duendes. Mas eu tenho que concordar, o planeta está no seu momento `creche ´.
Os místicos garantem que o Brasil está no paralelo quinze, uma colocação matematicamente desenhada para sua evolução. É um país com pouco carma, sem correntes espirituais nem tragédias a vista (além da social).
Mas eu moro aqui e acordo todos os dias nesta terra amarela. E li sobre as pessoas que reclamavam dos médicos cubanos e acompanhei no Facebook os comentários racistas. Por isso entendo os alienígenas. Que espécie poderia em pleno século XXI ainda dividir as pessoas por cor? Tem que ser muito retardado mesmo. Tudo o que foi dito em três séculos não serviu de nada, as pessoas ainda acreditam que a pele define o caráter.

E o site Olga fez uma pesquisa `Chega de Fiu Fiu ´mostrando os números da tragédia que é a cantada. E nas redes sociais choveram comentários reclamando da pesquisa,ora que mulher não gosta de ser cantada? É
sério? Em pleno século XXI é preciso ainda dizer que ser cantada é humilhante e agressivo?
Mas isso não é suficiente, ainda dizem que animais não têm alma.

É só olhar com calma e pensar duas vezes. É mais fácil acreditar que alienígenas existem do que acreditar que o ser humano pensa e evolui.
Eu não sou alienígena, mas me pego todos os dias vendo coisas na rua e pensando- É sério?
Nos brinquedos somos bons, mas existem teorias que foram os alienígenas que nos deram esses brinquedos.Mas no resto não houve nenhuma evolução ,o ser humano de hoje,mesquinho,pequeno, racista, machista, preconceituoso, sexista, é igual ao ser humano de séculos atrás.
É a creche cósmica. Eu que estou dentro dela penso direto, é sério?Imagina quem está fora só olhando o que acontece aqui. Deve ser por isso que outras vidas no universo mantém a distância de nós. Não valemos a pena mesmo.


quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Florestas

De uns tempos pra cá, todas as noites eu me debruço na janela lá de cima e coloco-me a medir a floresta com uma régua de vinte centímetros. Pretendia descobrir o tamanho real dela. Não deve ser tão grande assim. Vou atravessá-la e alcançar os prédios e aquele monte de luz artificial que há lá do outro lado da floresta. Às vezes me sinto como uma mariposa que vai de encontro à luz sem objetivo, sem destino, talvez porque não tenha ou porque não consegue achá-los.

Outro dia, em cima da caixa d’água da cidade, descobri que a casa do Seu Bento tem o mesmo tamanho que a floresta que eu media todas as noites. Três centímetros. Chegou a tão esperada hora. Com mais alguns cálculos iria conseguir saber exatamente quanto media aquela floresta. Eu só precisava visitar o velho Bento. Mas quem é que tem coragem de visitar aquele velho? Daqui de cima ele só tem meio centímetro.

Encontre mais no livro Rascunhos Vivos

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Amar é receber você por inteiro...

Nasci sem saber muitas coisas. Nasci nu, despido. Nasci para aprender, para receber. Recebi muito. Em outros momentos recebi pouco. Mas o que me chama atenção foi que só aprendi a receber quando você chegou. Isso mesmo, antes de você eu era egocêntrico, egoísta e não aceitava ajuda de ninguém. Mas você com seus olhos claros, sua barba por fazer e um sorriso de menino-homem foi me conquistando e me ensinando que amar é receber o outro por inteiro. É receber abraço, cuidado, mas também receber alegria, mensagens de bom dia. Amar é receber cuidado quando eu não sei o que dizer, o que fazer... é me permitir ser melhor porque você está ao meu lado para me ajudar. Enfim... com você eu aprendi a receber amor e ser uma pessoa melhor.

domingo, 8 de setembro de 2013

Tripofobia

  Essa semana fiquei feliz com uma descoberta: Eu tenho tripofobia.

  Que fique claro que eu não fiquei feliz por ter, mas por finalmente descobrir.

  Desde nova tinha aflição e chegava a me sentir mal, a mesma sensação com algumas coisas: pequenas ilhas em mapas, sementes de tomate ou goiaba (se tiver bichada então...), bichinhos na areia da praia, água vivas, estrelas do mar, entre outros. O mal estar pode ser bem forte, calor, batedeira, tremedeira e até desmaios.
  
  Essa semana em um desses sites de curiosidades que eu frequento, li que descobriram que cerca de 16% das pessoas tem isso, de graus mais leves a mais severos, é uma descoberta bastante nova, e esse medo serve para nos afastar de perigos, como parasitas, animais e insetos venenosos.
  
  Novamente como utilidade pública, estou passando a informação de maneira bem resumida para frente, vou postar umas fotos para vocês verificarem se compartilham esse medo. Lembrando que sentir um leve incômodo não conta, ok? Não são fotos de filhotinhos...

  Divirtam-se.






quinta-feira, 5 de setembro de 2013

NA PORTA DA GELADEIRA

comer um pão com manteiga
comprar um hamster
tingir a calça gris
raspar a cabeça
lamber tuas axilas
plantar um girassol
pintar uma mandala
fotografar ruivos
fazer uma salada
tatuar um poema na tua bunda

(Cleyton Cabral)

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

O Jupiteriano.


Era ele. Jupiteriano.
Para aqueles que não entendem dos paranauês astrológicos uma palavra não basta. Até conhecê-lo, sequer pensava que um único ser pudesse representar tão bem os aspectos positivos e negativos da influência de um planeta.
Grande. Gordo. Risonho. Luxurioso. Feliz. Quer ser amigo de todo mundo. Me contou toda a sua vida em uma tarde. Nos vemos frequentemente.

Grande. Mais alto que eu, mais largo que eu, para além da divina proporção. É muito espaçoso, é muito desconjuntado, é muito exagerado.

Gordo. Aquele gordo por inteiro que pouco se importa com isso, com a pachorra de se achar forte e musculoso. "Não, querido", penso, "um presunto não é um bíceps. Desculpe a sinceridade. Ou não."

Risonho. Aquela risada incômoda e alta e desinteressante, quando encontra alguma piada infame que denigre a imagem de algo ou alguém. 

Luxurioso. Uma palavra mais formosa para sua vulgaridade no trato com as mulheres.

Feliz. Pelo menos é o que diz. Incessantemente.

Quer ser amigo de todo mundo. Frustra todas as minhas tentativas de sinceramente me afastar dele para todo o sempre, amém.

Me contou toda a sua vida em uma tarde. Como se me importasse.
Na verdade, pessoas interessantes não tem tempo para contar sua vida toda. Estão ocupadas vivendo.

Nos vemos frequentemente. Evidentemente, à minha revelia.


Sigo vivendo. O mundo não é feito por pessoas, mas por modelos. Até do que não quero ser nem ferrando.
Pessoas estão para além de modelos.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Do vinho pra água


Coloquei o Blackberry pra carregar. Quinze minutos depois ele continuava morto. Resolvi então esperar 2 horas. Nada. E agora? Como eu iria responder aos meus 300 grupos do Whatsapp? E se alguém viesse falar comigo do nada? Hoje em dia, ficar mais de 2 horas sem responder alguém no whatsapp é uma ofensa uma vez que está todo mundo online 24 horas por dia. No dia seguinte eu levei o aparelho ao conserto. A previsão de entrega girava em torno de 10 dias. Comecei então a me mexer pra comprar um Samsung Galaxy ou um Iphone. Afinal, além do Whatsapp, Facebook e Twitter eu ainda teria o Instagram, ferramenta que ainda não havia experimentado e que todos os meus amigos diziam que eu TINHA que ter. Aliás, todos diziam que eu tinha que jogar meu Blackberry no lixo e comprar logo um Iphone, como se eu estivesse andando nu pela rua e que eu deveria vestir um short ou uma calça. E o pior é que eu concordava com eles. Lá pelo quinta dia com um aparelho provisório que só mandava mensagem de texto e fazia e recebia ligações comecei a vislumbrar um caminho oposto para a minha vida. Com um trabalho de meio expediente numa editora de livros de arte e no resto do tempo estudando para concurso, a minha melhora tanto no trabalho como nos estudos foi nítida. Foi um choque de realidade. Ok, o whatsapp é muito legal, você se diverte muito com os comentários dos amigos, mas será que era mesmo útil pra minha vida? Não. Ele me ajudava a estudar e a trabalhar melhor? Definitivamente não. Eu achava que o whatsapp era um bom aliviador para os estudos. Enfim, era pra ser, mas na prática eu ficava muito mais tempo que podia ou deveria. 

O meu comportamento mudou radicalmente. Não vejo mais o meu celular de 2 em 2 minutos. Não tem mais luzinha vermelha piscando freneticamente. O vejo agora de uma em uma hora e olhe lá. Os e-mails pessoais e de trabalho que chegam no meu Blackberry consertado, agora sem Facebook, Twitter e Whatsapp, são prontamente respondidos e não se acumulam mais como antes. Estou presente nas conversas de bar, nos almoços familiares. Hoje estou tirando o Facebook do meu trabalho com a ajuda de um profissional. Tenho certeza que o meu rendimento vai melhorar ainda mais. Mas eu sou uma pessoa extremamente ansiosa e ter Whatsapp e Facebook a um clique é muito tentador. Poucas coisas são mais aterrorizantes que esse maldito "last seen" do Whatsapp. Conversei com muitas pessoas sobre isso e muitas me confessaram que ficam trabalhando no last seen dos amigos para comprovarem que leram e não responderam ainda. O Whatsapp é um convite para a paranoia. Tudo é imeditado e se você não responde imediatamente aos outros você é mal educado, insensível, babaca. 

Sem essas ferramentes no meu celular, eu acabei ligando mais para os meus amigos e vice-versa. O que é algo positivo. Aquela conversa interminável de Whatsapp de horas agora é definida em 2 minutos de conversa ao telefone. A ausência do Whatsapp fez com que eu planejasse melhor a minha vida, pensasse nos livros que vou ler, nos filmes que quero ver, nos programas que quero fazer. Com whatsapp, facebook e cia no celular, eu não tinha momentos pra mim. Todos os momentos livres eram dedicados a ver o que os OUTROS tinham feito, escrito, comentado, curtido. Pra você ter uma ideia, estou há cerca de 40 minutos escrevendo esse texto e nem sei onde está o meu celular. Há um mês atrás, ao escrever esse texto eu teria olhado o celular umas quinze vezes. E pior, em vez de escrever o texto em 40 minutos, levaria pelo menos umas 2 horas.

Se você também é um viciado nessas ferramentas e acha que é impossível viver sem, lhe digo por experiência própria que é plenamente possível.