Até poucos dias atrás tinha
certeza de que este post trataria das eleições 2014, mas o senhor David Fincher
fez o favor de mudar tudo e agora me sinto na obrigação de falar sobre o seu
filme mais recente. Adaptação do best
seller homônimo de Gillian Flynn, Garota
Exemplar (Gone girl, 2014) começa
nos levando ao aniversário de casamento de Amy (Rosamund Pike) e Nick (Ben
Affleck), que, não por tanta coincidência assim, é no mesmo dia do
desaparecimento de Amy, mulher que transmite a imagem da mais absoluta perfeição,
e que inclusive inspirou a criação de uma personagem de livros infantis que
parece nunca cometer erros (a Amy Exemplar); enfim, uma mulher metódica o bastante para
concretizar qualquer plano e carismática o suficiente para convencer qualquer
um de qualquer coisa. Amy é, definitivamente, o tipo de pessoa cujo
desaparecimento causaria uma comoção nacional, o que, de fato, acaba
acontecendo, levando inclusive muitas pessoas a se voluntariem para ajudar a
encontrá-la. Em oposição a isso, temos Nick, um sujeito tranquilo, sossegado
até demais, que não teve nenhum grande feito na vida além de ter se casado com
Amy e, que por nunca saber o que dizer ou fazer em público e aparentar certa
indiferença em relação à esposa, acaba sendo apontado como principal suspeito do
desaparecimento. Além de não passar exatamente a imagem do marido perfeito, as
evidências encontradas pela polícia passam cada vez mais a indicá-lo como
culpado e, diante da necessidade de provar-se inocente, Nick começa sua própria
investigação sobre o paradeiro de Amy.
A partir desse momento, começa
uma série de reviravoltas sobre a qual não vou falar aqui, pois grande parte do
impacto do filme se deve ao fato de o espectador não ter a menor ideia do que
está acontecendo até os momentos finais da projeção. Durante todo o filme,
sempre que começamos a acreditar em alguma das versões da história, somos
apresentados a alguma informação que nos leva a questionar as impressões que
tínhamos até então; é como se o tapete sobre o qual descansamos os nossos pés
estivesse sendo puxado o tempo todo. Tal efeito se deve, em grande parte, à
excelente direção de David Fincher, que já vem nos tirando da zona de conforto
desde os tempos de Clube da Luta (Fight Club, 1999) e Seven (Seven, 1995), sempre mostrando o fundo do poço
a que o ser humano pode chegar em situações extremas. Vale destacar também as
atuações de Rosamund Pike, que provavelmente chegará como forte candidata às
premiações do próximo ano, e de Ben Affleck, que, apesar de não estar tão
excepcional quanto a sua esposa da ficção, mostra uma das melhores atuações de
sua carreira.
Além de todas as qualidades
técnicas de Garota Exemplar, o filme ainda nos brinda com uma série de
discussões sobre temas como o amor, o que somos em oposição ao que aparentamos
ou queremos ser, as pequenas mentiras que contamos todos os dias para manter
nossos relacionamentos vivos e as enormes mentiras contadas pelos meios de
comunicação para manter a audiência e os leitores. Enfim, Garota Exemplar é um filme que pode gerar assunto para várias conversas
e temas para ótimas reflexões, sendo um dos grandes lançamentos de 2014, e que merece ser visto e revisto.
Nossa! Só se fala nesse filme! Quero muito assistir!!
ResponderExcluirtambém fiquei com vontade de ver :)
ResponderExcluirAssistam, é uma das melhores coisas que vi neste ano.
ResponderExcluir