sexta-feira, 22 de junho de 2018

Das pequenas metamorfoses

Ao ver uma partida de futebol, o que mais me encanta não é o momento do gol, mas o momento do replay, sobretudo aqueles em câmera lenta. Não é que eu goste de ver o tento por outro ângulo ou rememorar aquela jogada perfeita. Nada disso. O que me interessa está atrás do gol, entre as balizas e a arquibancada. O que realmente me emociona é ver o momento em que, ao receber a denúncia da torcida, o policial sisudo gira por um lapso a cabeça e, sem perceber, alarga por um nanosegundo a fissura compreendida entre os lábios, ante a rede estufada às suas costas, um quase nada antes de girar a cabeça de volta à torcida e tornar a ser um policial sisudo. 

quinta-feira, 21 de junho de 2018

SAUDADE DO CÉU DA NOITE

No caminho entre o ponto de ônibus e minha casa, me veio o tema para escrever nesse mês. Sim, porque até então, não sabia se gravava mais um programa, se escreveria sobre alguma coisa o sei lá o quê. 

quê compartilhar com vocês nesse mês de Junho? 

Sei que está fazendo um frio daqueles aqui no interior de sampa. 
Não sei se quando você lê a palavra "interior" já pensa em vaquinhas no pasto, riozinhos cortando a praça e essas coisas típicas das revistinhas do Chico Bento! 

Aqui já foi assim. Mas hoje em dia, não chega nem perto. 

Mas então. 

Tá frio pra dedéu por aqui. E geralmente quando está frio assim, até o céu parece ficar mais limpo. AÍ PENSEI: Pronto! Tá aqui a ideia! 

Que saudade de quando eu podia simplesmente ficar na calçada de minha casa, contemplando as estrelas! Eu comprava a revista "Superinteressante", e nela, muitos e muitos anos atrás, vinha o mapa do céu do mês! E lá ia eu, me aventurar para encontrar as estrelas que estavam relacionadas e desenhadas no mapa, em suas constelações! 

Ontem mesmo falava com meu irmão sobre quando, eu, ele e nosso vizinho, fazíamos uma "caveira" com purunga (não sei explicar o que é isso, mas é parecido com um côco oco), colocávamos uma vela dentro e íamos para o pasto, acender a uma certa altura, e ficar vendo as reações das pessoas que passavam! 

Hoje em dia, nada é tão mais divertido assim, e somamos a esse fato, os boletos que precisamos pagar. 

Quanta coisa surge de uma noite fria e estrelada! 

A foto que ilustra esse post, é da Lua! Não quis editar a imagem.  
No lado esquerdo, a luz meio amarelada, é a luz de um poste. 
A Lua, você já sabe, né? E como estou falando de noite, escolhi a música da Tiê, "A noite", para dar um tom aqui no blog. 

Galera, nesse mês, é isso! 
Obrigado a vocês que ouviram meu programa no mês passado! 

Se Deus quiser, mês que vem estou de volta com mais um post fresquinho pra vocês! 
Tenham uma excelente noite com Tiê, e "A noite"!

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Torcer ou não, eis a questão

  • Não entendo essas pessoas que fazem questão de trabalhar durante os jogos da copa!
  • É que eu não gosto de futebol.
  • Você acha que eu gosto do Natal? Nem cristão eu sou e não é por isso que eu faço questão de trabalhar no feriado.
  • Futebol aliena as pessoas. Ainda mais no ano de eleição.
  • Claro, em 2016 não teve copa e São Paulo elegeu o Doria no primeiro turno.
  • Mas a copa é na Russia, olha o governo dos caras reprimindo homossexuais, várias atitudes machistas e tudo mais.
  • O problema aí é a homofobia e o machismo, não o futebol, né? Bem que a Fifa poderia ser mais incisiva nesse ponto mesmo. Só que preconceito deve ser combatido como um todo.
  • E o Putin? Influenciou até na eleição do Trump, vai acabar provocando uma guerra!
  • Guerra, homofobia, machismo, alienação política... parece que futebol é uma das poucas coisas boas que as pessoas fazem!
  • ...
  • ...
  • Mas esse cabelo do Neymar, hein!
  • É... complicado, mesmo!

quinta-feira, 7 de junho de 2018

Águas da Prata

                           Caminhavam pela noite. Ouvia-se pequenos burburinhos no interior das casas – a TV e seu milagroso creme com o retorno da juventude em duas aplicações, a dança das tampas e suas panelas no fundo da cozinha, um avô tossindo suas dores. A cidade era pequena, conservara um charme decadente, vestígios da época em que os cassinos eram a festa e a água, a cura. O vazio ocupava as largas ruas repletas de noites. Eles continuavam a perambular, cambaleantes de conhaque e cigarro. O vento de outono atingia a pele com rispidez a cada trago que compartilhavam.

            Caminhavam pela noite, mas, ouso dizer, a noite os encaminhava. Havia uma urgência de vida. Despertos, sonhavam realidades possíveis.