Ano passado fui pela primeira vez
ao Museu da Casa Brasileira. Vi a exposição “Remanescentes da Mata Atlântica
& acervo MCB” e saí de lá melancólica. Por meio de painéis fotográficos,
recortes de jornal, a exposição apresenta memória do que foi a Mata Atlântica e
o fato de que muitas espécies nativas só existem agora enquanto objetos,
inclusive, na sala ao lado da exposição estão dispostos alguns exemplares desses
móveis. Vidas inteiras (vegetação e animal) reduzidas a uma estante empoeirada...
Antropoceno. Termo cunhado para
indicar que entramos num outro período geológico a partir das interferências
humanas no ecossistema. Há uma mudança em curso e o que para alguns é descrito
como o “fim do mundo”, para outros é o nascimento de outra era. O que tem lá na
frente não sabemos, mas é certo que estamos
caindo, como diz Ailton Krenak.
Há muito tempo tenho interesse
pelos conhecimentos produzidos por comunidades tradicionais, mas agora estou
particularmente interessada porque me recuso a permanecer em desespero. Para
aqueles que viram o mundo acabar com a invasão e saque dos europeus, existe
muita sabedoria acumulada em como continuar existindo e buscando uma vida boa.
O pânico cega. Parece que no
cenário de opressão e catástrofe só nos resta encontrar um abrigo qualquer para
não ser tão atingido. Esquecemos de questionar as opções: quem decide e dá as
opções das nossas vidas? Como o tempo deixou de nos pertencer? É preciso olhar
pra cima e respirar para não morrer sufocado. Respirar...
Pra mim, o mais triste de
envelhecer está sendo perceber como fui deixando de sonhar. Ausência de sonhos,
de imaginação, de utopia. Não é um problema meu, particular, mas ao que parece
das sociedades capitalistas no geral. É como a máquina funciona manipulando
nossas subjetividades dentro do labirinto que nos abre um caminho determinado a
seguir. E segui-lo parece inevitável,
independente se você se está feliz ou triste. O desafio, portanto, é conseguir
encontrar meios de recuperar a capacidade de sonhar e lutar para construir uma era diferente. DORIME. AMENO.
Nenhum comentário:
Postar um comentário