segunda-feira, 30 de abril de 2012

O Melhor Lugar


o lugar do amor
é bem dentro de mim
o lugar pra eu estar
cabe dentro de ti
o lugar de nós dois
é num breve amar
o lugar pra viver
é num beijo sem fim
o lugar do pra sempre
é na nossa lembrança
o lugar de ser-nos 
é um no outro assim...

Lai Paiva

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Reality Zoo


É isso aí, bicharada. Estamos aqui na super final do Reality Zoo, com o nosso novo líder do Reino Animalia. Não tem pra leão nem pra cão, todo mundo acabou foi no paredão! Só quem venceu com a maioria absoluta dos votos é ela, a poderosa, sangue frio, competitiva e muito habilidosa, que está sempre pronta para dar o bote: a Serpente! E a vitoriosa já deixou o seu recado: "Vivemos em uma sociedade réptil: todo mundo COBRA". Não saia daí! Vamos para o comercial e voltamos já, já. 

***


"A velha toupeira monetária é o animal dos meios de confinamento, mas a serpente o é das sociedades de controle."  Gilles Deleuze

quarta-feira, 25 de abril de 2012

amor, tarô e outras viagens

Desde pequena, meu sonho máximo sempre foi o amor. Quando cara a cara com a morte, só pensava no desalento de partir sem sentir essa doçura da vida. Além da fome de mundo que cessaria mesmo quando não saciada. Cara a cara com a morte, a gente se arrepende de muitos desejos. O tarô sempre me diz "cuidado com os seus desejos, menina. eles podem se tornar realidade". É inevitável não fazer comparações da carta da Morte com o Outono. A Morte não no seu aspecto físico, irresolúvel. Mas com o nexo das coisas que são, por natureza, filhos de uma fênix. Assim como esse ser mágico renasce das cinzas, nós sempre renascemos também, entre um cair de folha e outra. Para alguns, só na primavera. Existe momentos que a Primavera, almejada calmaria, não traz a paz que necessitamos. Talvez por uma crença cega que, por ser assim, não nos deixa observar os inúmeros sinais de morte e possibilidade de renascimento que nos circundam. Já morri há alguns anos atrás. Um rito de passagem. Autoconhecimento. No fundo dos meus olhos se via as transformações recentes. O tarô incentivava. A primeira vez que abriram as cartas para mim foi justamente nesse momento. E eu chorei ao receber essa grandiosidade da vida. Como tudo na vida tem seu tempo e, com tempo, se transforma, essa fase não foi diferente. Hibernei. Finquei os olhos para dentro de mim por horas a fio. Comi páginas e mais páginas de livros. Cultuei pequenas ervas. Alecrim e folhas de louro. Fiz exercícios espirais. Depois, me dei ao luxo dos prazeres mundamos. Saídas ininterruptas, atitudes não esperadas. Ver o nascer do sol com desconhecidos. Outro rito de passagem para a fome seguinte. Enfim, um lar. "Só no teu gosto de mar minha alma tem casa". E, assim, a tão sonhada espera foi recompensada. Depois da calmaria, o turbilhão. Alternância de sentimentos. Dos mais profundos. Depois de um embate desgastante com o que julgamos correto e com o que, de fato, se desenrola, outra morte. E, o mais emblemático, em pleno outono. Desses em que se vê folhas amarelas rodopiando pelas praças. Uma imagem linda, com o tom nostálgico, inevitavelmente, pulsando. Morrer é sempre difícil, foge da nossa zona de conforto nem tão confortante assim. Por que, afinal, quantas maratonas teremos que seguir para, enfim, termos uma casa para nossa alma novamente? Primeiramente, o caos. Sou difícil em admitir mudanças emocionais, embora as físicas me fascinem. Mudar de cidade sempre me fez um bem enorme: de Paraguaçu para a roça, da roça para Alfenas, de Alfenas para Ouro Preto, de Ouro Preto para Mariana, de Mariana para La Plata. E anseio por mais! Já as emocionais...Em verdade, sempre tenho a imensa necessidade de me sentir viva. E só consigo isso por vias tortas do que, em teoria, seria o certo. Nessa nova fase, depois do pranto explícito ou calado, a aceitação. Muito longe de não olhar para essa janela, até a primavera, encarar. É só isso que nos falta, muitas vezes. Palavras duras, muitas vezes, são essenciais para enxergarmos a grandiosidade da nossa alma e reavaliarmos pelo que estamos dispostos a lutar. E se lutar é realmente o caminho. Muitas vezes, não é. Acredito que o amor não seja algo passível de disputas e convencimentos - apesar de já ter feito isso inúmeras vezes. Se o amor existe, tem que partir dos dois lados. Uma balança equilibrada - metáfora ridícula, por sinal. Como se o amor fosse algo que se pode fracionar. Mas o que eu quero dizer é que, para algo dar certo, não podemos obrigar ninguém a nos amar. A troca de afetos tem que ser mútua. Se você não pode receber isso de alguém, que tente, primeiro, receber de você mesmo. O tal do amor próprio que, de tão próximo, é o mais difícil de se adquirir. Nessa nova busca, espero que eu possa me esbarrar com ele, amor desconhecido nessa minha pequena alma de 22 anos. De mim para mim, para que eu possa, depois, receber e doar amor de uma forma mais pura, sem obsessões. Não sei quanto tempo essa viagem vai durar, mas estou disposta a correr o risco.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Propaganda Safada (ou Da Arte De Não Perder Oportunidades)

Faz dois meses que não venho aqui (considerando que não escrevi em março), então agora eu venho com uma pergunta. Vamos tentar uma coisa diferente? (desde já, vamos estabelecer que vamos, porque eu estou perguntando, mas de maneira bem retórica, uma vez que vou apresentar a coisa diferente agora, vocês topando ou não.)

Chega uma idade na vida de todo pai em que seus filhos fazem certas perguntas às quais eles não sabem bem como responder. 
Paiê! De onde eu vim, hein?

Os Moais são parte de um projeto que está nascendo agora. E eu juro que não vim aqui fazer autopromoção (muito embora esteja usando uma imagem gigante de um desenho meu), mas quis compartilhar isso com vocês. O resto, nas palavras do sábio Antônio Renato Aragão, eu peço que aguardem e confiem.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Tocando em frente

Um dia percebi que tenho uma família linda, toda minha.
Não meu pai, nem minha mãe, uma que eu formei com um cara fantástico e que acabou dando no casal de gatinhos mais lindo e amado do mundo. 
Vou me casar esse ano, com 33 anos. 
Tenho o emprego dos meus sonhos.
Só agora consigo agradecer de coração a vida que tenho, a sorte que tenho.
Eu achei que chegaria nesse ponto bem mais cedo. Eu levei um pouco mais de tempo do que a maioria das pessoas, mas tem gente que acaba indo embora sem colocar sua vida nos trilhos.
Estou feliz. Muito.
Como não posso desejar que não acabe, desejo poder sempre me lembrar desse estado, para que eu possa voltar a senti-lo quando precisar.
Também desejo que você tenha um momento assim, e que sempre se lembre dele. 
 

domingo, 22 de abril de 2012

O surpreendente retorno de Policarpo

Policarpo estava resoluto. Aos 47 anos, voltaria a estudar.

Mas não voltaria numa classe de supletivo, com pessoas de sua idade. Policarpo, muito bem formado em Direito, não precisava complementar seus estudos regulares. O que ele tinha era uma imensa saudade dos dias escolares, das merendas, do murmurinho do recreio, do pega-pega, do esconde-esconde, do taco e da amarelinha! E como tinha saudade das excursões! Das músicas que martelavam no ouvido do paciente motorista e da obrigatória guerra de bolinhas de papel!

Policarpo, já sem sentir a mesmo empolgação pelo seu trabalho como sentia nos primeiros dias, concluiu que nenhuma decisão seria mais acertada para lidar com sua crise de meia idade do que matricular-se num quinto ano primário. Série, que segundo sua minuciosa análise, lhe proporcionaria os maiores divertimentos. E foi o que fez! Na manhã seguinte acordou cedo e garantiu um dos primeiros lugares na fila da matricula. 

No começo foi um pouco estranho. Não era exatamente o tipo de pessoa que as crianças esperavam encontrar como novo coleguinha de turma. A professora, uma mocinha de 22 anos, recém formada, desviava o olhar de Policarpo para evitar constrangimentos desnecessários. O curso semi presencial de Pedagogia que cursara não previa aquele tipo de situação. Seria necessário recorrer aos velhos manuais novamente.

Alguns pais ficaram alarmados quando souberam que os filhos tinham um colega de classe mais velho do que eles próprios. "É um pedófilo" - alardeavam uns, "é um traficante de órgãos" - previam os mais fatalistas, "o bigode dele até que é charmoso" - deixou escapar uma mãe solteira. Mas nada que abalasse o ânimo de Policarpo!

O fato é que todas as suspeitas logo caíram por terra. Policarpo revelara-se um aluno inofensivo e mais do que isso: exemplar! Não só por tirar boas notas e colecionar medalhas de honra ao mérito (honrarias que nem sonhava em receber em seus tempos de colégio, mediano estudante que era), mas Policarpo tornou-se também o mais popular entre seus colegas. Ensinou para sua nova patota tudo o que sabia (e sabia muito) sobre a seleção de 70, sobre Vila Sésamo, "Chips" e Johnny Rivers e aprendeu com eles sobre Messi, mangás, "Two and a Half man" e Restart. 

Foi o goleiro menos vazado do campeonato interno, ganhou duas cicatrizes novas e até lhe nasceu uma espinha! Karps (seu novo apelido) nunca se divertiu tanto! A experiência presente fora bem melhor que a passada! 

As crianças ficaram tristes, no entanto, quando não viram o nome de Policarpo na lista de alunos da sexta série. Tudo que é bom dura pouco, já diria o velho sábio...

Mal sabiam elas que a escola resolvera contratar um novo professor para o sexto ano...



sábado, 21 de abril de 2012

O primeiro com 32!

Oi minha gente! Tudo em Paz?!
E aí?! Como passaram do último dia 21 até hoje?!

Mais uma vez tenho o prazer de postar aqui no blog!

Mas olha... Correria total!
São exatamente 04h12 da manhã de hoje, 21/04! Daqui à pouco sigo em viagem para Cachoeira Paulista! Vou participar de um acampamento de oração para músicos, lá na Comunidade Canção Nova! Acho que alguns de vocês já devem ter ouvido falar sobre ela!

Bem, mas já já eu falo disso!

Esse foi o primeiro mês, desde janeiro, quando entrei aqui na "tchurma" que deixei o post pra ser redigido na última hora!

O título tem a ver com o meu aniversário, que foi ontem! 
À essa hora da madrugada, não me veio nada melhor à mente para colocar como título, por isso, coloquei o que me veio na hora!

Não foram poucas as vezes que entrei aqui nessa página para conferir os posts dos amigos blogueiros, e alguns deles postavam assim: "Estou publicando com atraso, pois estava viajando e sem internet"; "Desculpem! Não postei ontem porque ainda não estava aqui! Tava sem wi-fi...", "A viagem foi maravilhosa! Vou partilhar com vocês"!

Gente, não sei vocês, mas eu adoro posts assim também! Parece que a gente vivencia um pouco daquilo que o autor vivenciou! A gente vai junto, no embalo!

No meu caso, nem fui ainda! Irei! O carro tá programado pra sair daqui às sete da manhã!
Tentarei postar algumas coisas de lá no meu Twitter, enquanto a bateria do smartphone permitir! Vou ficar num alojamento lá, e não sei se terá como recarregar a bateria (MEU DEUS! VOU FICAR SEM TWITTER? SEM FACEBOOK? AAAAAAAAH)!

Mas então!

Participo na Igreja desde 1998. Faço parte do movimento da RCC (Renovação Carismática Católica)!
É que, como vou falar do acampamento, acho interessante comentar um pouquinho sobre isso!
Obviamente o intuito do meu post não é converter ninguém a nada! Apenas quero compartilhar um pouquinho da minha realidade! Não tenho nada contra ninguém que professe um credo diferente do meu, ou contra quem não professa nada! Cada um é cada um!

Digo isso porque, posts com temas assim, são meio polêmicos aos olhos de alguns, e outros já nem leem mais quando o assunto vai falar sobre algo assim!

Mas agradeço você que continua lendo, mesmo assim! Quem não gosta da temática, sinto muito! Agradeço a atenção do mesmo jeito!

Como ia dizendo, o evento acontece na sede da Comunidade Católica Canção Nova, que fica em Cachoeira Paulista!
Já participei de outros acampamentos lá! O primeiro no qual fui foi em 2002, num de carnaval!
Adorei aquilo tudo! Foi muito bom!
Já cheguei a fazer um caminho vocacional para entrar lá, viver lá, na Missão! Mas Deus me mostrou que não era isso o que Ele queria para mim!
E hoje, continuo servindo, cantando num Ministério de Música chamado "Magnificat"! O nome faz alusão à oração de Nossa Senhora!

Na foto abaixo, apresento o povo que estará comigo nesse acampamento, e que faz parte desse Ministério! Só o Julio não estará, pois vai trabalhar nesse fim de semana!

Julio (guitarras), Thais (bateria, percussão), eu (violão e vocal), Kátia (vocal) e Dudi (violões 6 e 12 cordas)
Ministério de Música Magnificat

E essas abaixo, são de um dia, no qual fomos num show, lá mesmo, de um Ministério chamado "Adoração e Vida", num acampamento de ano novo!
Nessa ocasião, fomos todos juntos, do grupo de oração Cordeiro de Deus!

Eu, Evandro, Fernando, Kátia e Lucas
Só gente boa!
Canção Nova (Cachoeira Paulista)

Ontem, pensei em entrar aqui e postar mais uma crônica! Inclusive, comecei a redigir uma! Só que como era meu níver, e eu tava logado no Facebook, à cada vez que via que alguém me parabenizava, lá ia eu agradecer! Acabei perdendo o foco, e adiando agora para a madrugada o post!

Só que daí, a crônica foi por água abaixo, e pensei que seria legal falar com vocês um pouco do que estarei vivenciando nesse final de semana!

Cachoeira Paulista é uma delícia! Fica aqui, em São Paulo, no Vale do Paraíba!
Cercado por montanhas por todos os lados!
E como a Canção Nova tem cobertura nacional (e internacional), lá a gente tem a oportunidade de conhecer pessoas de várias partes do país e do mundo!

Lembro da ocasião na qual conheci um pessoa lá do Nordeste!
Eles estavam estranhando as montanhas, dizendo que onde moravam, era tudo muito plano! Que não tinha as subidas e descidas que eles conheceram aqui!

Bem, gente, eu poderia ficar um tempão falando aqui, que não conseguiria descrever a alegria que tenho em fazer parte de tudo isso!
Sou esse cara que ama a Deus, que busca em estar em Paz com todos (o que não é nem um pouco fácil, como vocês sabem), que ama games, notícias, tecnologia, informação, e que consegue arrumar espaço dentro dele para que tudo isso caiba, sem problema algum!

Hoje, vou pra Canção Nova, e quis partilhar com vocês!
Quem sabe ano que vem, eu vá pra Campus Party e tenhamos a oportunidade de nos conhecermos?! Tudo é possível!

Mantendo a tradição de colocar um vídeo em cada post que faço, hoje quero compartilhar um que, na minha opinião, é um dos mais lindos da história! A música tem tudo a ver com o vídeo!
Ok, ok... Confesso ser romântico à moda antiga! Por isso sou louco por músicas e clipes assim!
Espero que vocês gostem! Trata-se de "Do you remember?", do Phil Collins!

Encerrando, fica aqui o convite para que, você que quiser, me acompanhe no Twitter e/ou no Facebook, nesse final de semana de acampamento! Estarei postando sempre que possível!

A gente se fala!
Forte abraço à todos!
Fiquem agora com essa obra-prima! 

quinta-feira, 19 de abril de 2012

A menina

Desde que ela apareceu no nosso grupo eu ando me sentindo estranho. Não quero ser o único do grupo a rejeitar a nova companheira, mas me recuso a confraternizar com ela. Os meninos já sabem da minha opinião, mas isso não os afastou.
Da última vez que saímos todos juntos, eu fingi não me importar com a presença dela, mas tenho absoluta certeza de que não fui muito convincente. É insuportável vê-los todos lá, sob total domínio da atenção dela agindo como se o grupo não existisse mais, como antes. Quando ela está perto é tudo entre cada um deles e ela.
Eles tentam me fazer entrar na onda dela, mas eu, que já não queria antes, agora vendo meus amigos se comportando em função dela, pra ela, com ela e só falando nela, sinto cada vez mais aversão a tudo que ela representa.
Ela faz eles dançarem de um jeito que não parece com eles, faz eles gastarem mais do que precisam, faz com que eles se individualizem como nunca antes. Ela escolhe festas que nós nunca frequentaríamos se não fosse só por causa dela. Festas que eu nem gosto, onde eles e todos os outros parecem só querer saber de dançar com ela.
Eu confesso que já senti vontade de sair com ela algumas vezes, mas sempre me questiono da necessidade real disso. Eu sempre me diverti tanto sem ela e é sempre tão bom. Porque mudar meu comportamento pro jeito que ela faz as pessoas agirem, seria mais divertido? E se é, qual a necessidade de me divertir tanto mais assim? Eu já adoro do jeito que está.
Pode ser que seja egoísmo, ciúmes, o que for... mas prefiro ser o único a dançar sozinho na balada do que fazer parte do grupinho dessa menina.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Montão de não, vez em quando um sim

Vou te dar uma bola, um cachorro e uma bicicleta. Hehe, é! lambe porque gosta... 

Vou te dar uma mão. Um puxão. Um beijão? Continua pedalando, logo logo tiro as rodinhas... 

Vou te dar esperança, vergonha e problema. Um cruzamento pela direita. Deu rebote chuta de novo! é igualzinho viver...

terça-feira, 17 de abril de 2012

Por que não ser?

O Leminski disse uma vez que problemas têm família grande. Todos os domingos saem para passear os problemas com suas senhoras e os pequenos probleminhas. E nosso sonho, disse ainda, é ver todos os nossos problemas resolvidos por decreto.
E sabe, eu tenho uma amiga com quem divido meus problemas. Tem o amigo de tomar café, o de assistir filme, o de encher a cara e o de dividir problemas. Dividir problemas ocupa a maior parte do nosso tempo. É claro que não queremos apenas falar de problemas, buscamos na lamentação uma justificativa, uma busca pelo entendimento. Nós duas fazemos terapia, nós duas dividimos figurinhas sobre o que o terapeuta falou, como se trocássemos receitas (ainda bem que não são médicas!), como se trocássemos as vidas.
Mas sabe? Quer saber mesmo? Ontem eu coloquei uma saia longa, um casaco novo, um colar meio extravagante. Saí pra comprar um presente para uma outra amiga, encontrei uma terceira amiga e descobri que sou uma das poucas privilegiadas com seu convite. Percebi nela o encontro da felicidade, plena, fácil, assim, ao alcance das mãos. Não desejei a sua vida, não desejei a sua felicidade. Porque eu tenho esse sol e esse céu azul, eu tenho esse vestido mais curto e essas pernas arrepiadas com um friozinho gostoso. Eu tenho uma marmita me esperando na geladeira.
Eu tenho a possibilidade de um caminho. Ele pode ser difícil, tortuoso. Mas ele pode ser fácil, gostoso. É só inspirar pequenos ares de felicidade que ela te contagia. A felicidade pode ter o cheirinho de roupa lavada e o gosto da reconciliação. Pode ter meta, pode ter epifania, pode não ter nada demais e mesmo assim ser um bonito trajeto.
Pode não chegar a lugar nenhum, mas esse sol ainda vai aparecer outras vezes, dizendo que vale a pena colocar o vestido mais curto. Esse sol ainda vai brilhar no meu caminho. Podia ser difícil, mas hoje eu inspiro a esperança de uma felicidade fácil, ao alcance das mãos. Eu quero que ela permaneça comigo, mas saia de vez em quando dar umas voltinhas, quando os problemas vierem me visitar. Aí ela bate na porta e pede pra entrar. Fica me esperando enxugar as lágrimas, tomar um banho e falar com ela. Eu quero que a felicidade seja minha companheira derradeira.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Um tributo a elegância

There's a hundred thousand streets in this city. If I drive for you, you give me a time and a place, I give you a five minute window. Anything happens in that five minutes, then I'm yours, no matter what. Anything happens a minute either side of that, and you're on your own. Do you understand?



Esse filme conseguiu me tirar um pouco da catatonia cinéfila que eu me encontro, embora a crítica não tenha abraçado com a mesma empolgação e isso é devido as cenas fortes de violência, é talvez isso seja spoiler. Já que iniciamos a percorrer esse caminho perigoso, esqueçam as fáceis comparações com o Tarantino.


Se a palavra é facilitar, pode se classificar o Tarantino´s Style como filmes com diálogos espertos com massiva referência pop, com cruzamento de várias escolas do cinema ao qual a violência é a cor que permeia seus filmes.






Há sempre exagero dessa técnica, para facilitar o entendimento, é mais ou menos o que acontecia com as músicas que o Slash que tocava, onde tudo convergia aos seus solos de guitarra ou pior aquilo que a Cristina Aguilera faz com a sua voz. Ou mesmo que o Neymar faz.



Drive não é assim.


Está mais para John Frusciante, na qual a sua técnica está mais para a música do que para a exibição da sua técnica. Ou a elegância de Ganso e do Deus supremo Zizou. Aliás, no cinema, podemos compará-lo com Cronenberg. Ah tá, qual é o Cronenberg´s Style? Assista seus filmes.





A violência é um traço da vida na qual não podemos fugir, classificar o filme de menor por não poupar e nem transigir sobre essas cenas desse tipo de conteúdo é renunciar o que faz do cinema ainda ser uma arte que nos faz refletir, portanto, o recomendo.





domingo, 15 de abril de 2012

Platônico

Às vezes fico me perguntando o que você faria se soubesse...

... dos apelidos que te dei,
das indiretas que mandei,
dos ciúmes infundados,
teorias mirabolantes sobre seus costumes,
do meu esforço em me fazer notada por você, sem parecer que eu me importo com isso,
e das vezes que meu coração disparou só de te ver passar.

Você sairia correndo? Chamaria a polícia? Diria a todos que sou a louca stalker? Ou confessaria que você também sente igual?

Na dúvida, prefiro a dúvida.

"É tolice, eu sei. Você não sente os meus passos. Mas eu imagino, mas eu imagino..."

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Tudo é só saudade

Entre panos surrados, estampas desbotadas, paredes descascadas e panelas pretas pelo tempo eu ainda vejo borboletas. Ainda é o único lugar no qual eu as vejo voando. Alguns representantes dos coloridos insetos que eu capturava quando pousavam nos capitães também coloridos, na feliz infância.

Quando volto, meu reino tem rainha. E ela reina.

- Não precisava por tudo isso de óleo para fazer arroz.

- Se não por, o arroz fica seco e seu avô precisa de energia.

- A energia não vem do óleo, ele precisa de carboidrato.

E ela não está nem aí para os meus cientificismos de revista e programas de saúde na TV. É o melhor arroz com quiabo, com salada, bife e feijão de todo o mundo.

- Por quê você plantou um alho-poró no meio do jardim e não na horta?

- É planta também e aqui é minha horta.

Manjericão, jurubeba, manga, goiaba, pimenta, pitanga, banana, caju, dália, rosa, pé de cana, acerola, orquídia, boldo, cebolinha,couve, jaboticaba, salsinha.

Desde cedo aprendi que aquele era o jardim mais plural e democrático que conhecia. Tudo ainda está lá e tem para todo mundo.

Hoje quando bebi um suco do limão que ela não deixou colher antes, que estava reservado para mim, pude ver que realmente no meu reino ele tem outro gosto. Não azedo como encontrei por aí.

- Quer açúcar no suco de laranja?

- Não, só tomo natural agora.

- Se quiser eu coloco um pouco, com gelo porque você sabe que eu gosto de tudo bem docinho.

Sei sim, e como eu cresci amando tudo que era tão docinho, feito de um néctar especial, de fonte única.

Pensei: Nossa! Como o limão ta com um gosto diferente. E é bom.

O bolor chegou na cozinha, em alguns cantos da parede. Há bibelôs mancos que ainda lutam com a gravidade e ocupam quase que a mesma posição. Há acúmulo de coisas no quintal.

Digo: - Por quê você junta tanta coisa que não usa? Penso: faço a mesma coisa.

A falta do reboco na parede, a ferrugem na porta e a madeira apodrecida me incomodam; mas o cheiro de dama da noite ainda entra todos os dias pela janela e toma conta da casa sem pedir licença.

Cada vez que vou embora tenho mais medo que o tempo pese sobre esse reino que eu deixei. Não sobre o bolor, sobre a ferrugem, sobre a tinta das paredes ou sobre os panos envelhecidos.

No abraço do reencontro ela pergunta: - O que você achou lá que não volta de vez?

Eu sem saber o que responder, digo:

- Eu não posso voltar.

Volto. Bebo suco de limão que não é limão. Como o pior arroz, caro e sem gosto pra saber que no meu reino tudo é tão diferente.

E mesmo com o medo enorme do tempo me castigar com a ausência dela, eu parto. Minha ausência já a castiga; mesmo sabendo que preciso ir ela finge irracionalidade e pergunta por que eu não fico mais.

- come um chocolate.

- eu acabei de almoçar.

- toma um iogurte então.

- mas eu acabei de comer.

- vou por um copo de vinho pra você.

Sentada numa cadeira no jardim, em meio a tanto verde e sob um céu ardentemente azul com nuvens de paina, ela sempre vai reinar.

Quando o portão bate; tudo é só saudade.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Contra ou a favor ? (Placar de jogo no aborto ? )

O que mais me impressiona no mundo é ver como estamos no século XXI, momento de  grandes progressos na ciência,mas ao mesmo tempo pensamos e sentimos como se estivéssemos no século XVII.
Tem assuntos que não dá nem para jogar na roda.Até poderia, se eu tivesse nascido na Finlândia,mas essa não foi minha sorte.Estou aqui em um país lindo, maravilhoso,cheio de belezas naturais,que odeia a mulher.Machismo é pouco,o Brasil é misógino, retrógrado e totalmente convencido de que as mulheres tem retraso mental, por tanto não podem ser donas do próprio corpo.
Diante da votação de hoje, em relação ao aborto de anencéfalos, as pessoas se dividiram em dois grupos, contra e a favor,como se fosse um jogo de futebol.
O aborto discutido em cima disso,contra ou a favor.Apenas isso.Esqueceram que é um problema de saúde pública que envolve muitas questões, não apenas uma.
Mas isso não foi suficiente.O grupo a favor tenta argumentar,o grupo contra é religioso,o que em si fecha a questão, difícil dizer alguma coisa quando as pessoas juram que trazem recados de Deus.
Virou uma questão do século XVII, não pode ser mencionada sem levantar grandes paixões, pessoas carregando cartazes e clamando pelos Deuses.
Por que tudo relacionado a mulher causa tanto mal estar?O que existe em nós que desestrutura o pensamento machista, assusta os homens, paralisa a sociedade e levanta o ódio dos religiosos ?
O aborto é não é uma questão feminina, já que eu não conheço nenhuma mulher que engravide sem um homem.Não é comum sair para comprar roupas e engravidar nos provadores sozinha.O aborto é uma questão social e isso é um problema da sociedade inteira. Não existe essa opção de ser contra ou a favor.Se a mulher decide abortar e o sistema não apóia,ela cai em clínicas clandestinas.Isso tem um preço para a sociedade, por ano são centenas de mulheres que morrem de hemorragias ou saem de lá estéreis.Se a mulher decide ter um filho sem condições, sem o apoio do Estado , existe um probabilidade enorme dessa criança,que cresce sem nada, se tornar um peso para a sociedade.
Fácil dizer que é contra o aborto.Quantos apóiam a mulher que tem o filho sem condições de cuidar ? Onde estão os grupos religiosos para garantir a essa mãe que essa criança tenha seus direitos ?
Fácil ser a favor do aborto quando não existe estrutura na rede pública de saúde e clínicas para realizá-lo.
Assunto fácil de dizer se é contra ou a favor.Mais fácil ainda se é um homem que vai decidir.Ora, o que ele pode saber sobre isso ? Homens não sabem sobre o aborto o principal, que não é uma questão das mulheres, é uma questão da responsabilidade deles também ,é um ponto onde eles tem obrigação de participar,mas não de uma maneira patriarcal e machista, visando punir a mulher, mas sim entendendo que é uma questão que envolve a todos.
Enquanto se fala do aborto como se fosse um placar de jogo,ele vai sendo empurrado para debaixo do tapete.São muitos os gritos dos grupos religiosos,o machismo que trata a mulher como se fosse um objeto,a sociedade que não gosta de polêmicas e o desconforto que o tema causa.E as mulheres ?Não sei, ninguém perguntou nada a elas,parecem invisíveis, sombras na parede,parecem ser a parte que menos importa.Todos falam do famoso feto, se é um ser humano antes das três semanas ou não é.O corpo onde ele está é propriedade do Estado e da Igreja e não tem voz.Muito se discute o direito a vida, o direito do feto se desenvolver ,mas não discutem os direitos da mulher, agem como se elas não existissem.Por isso mesmo essa discussão não vai levar a nada, impossível falar de aborto querendo ignorar a mulher. Mulheres não são incubadoras, nem páginas de livros, nem estatíticas e não podem esperar que o patriarcado perceba isso e mude a história.Nos fizeram invisíveis, mas não somos. Não somos placar de jogo,não somos apostas de contra ou a favor.Apesar de tudo o que fizeram e fazem, ainda somos nós, ainda somos mulheres e ainda podemos  mudar os ventos .Mas que dessa vez seja ao nosso favor.
 
 
 
 
 

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Impressão Minha?

Estava ali aguardando a minha vez na máquina copiadora quando ela apareceu. Não a conhecia pessoalmente, mas tua antipatia contrastava com tamanha elegância. Não havia um só dos que eu conversava que não dizia que ela era do avesso, azeda, mas quando a via, toda essa coletânea de afirmações era automaticamente negada.

E enquanto ainda ali aguardava, passei a perceber que ela vinha em minha direção. E quanto mais se aproximava, mais gélidas ficavam minhas mãos, mais raízes eu criava ali naquele chão e mais as palavras da minha mente corriam e se escondiam por trás de meu crânio, como se houvesse a caminho um tufão.

Boquiaberto e sem reação, tudo o que eu esperava era finalmente ver por trás de toda aquela elegância o azedume que tantos falavam. Esperei tanto que um lapso de memória tomou um pedaço do meu tempo.

E quando este se foi, ali estava ela retirando uma folha de papel impressa e respondendo com um sorriso por algo que eu havia perguntado sem nem eu saber o que é até hoje:

"- Não é não. Acho que é impressão sua!"

Encontre mais no livro Rascunhos Vivos

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Poder de sol-de-amor

Acordei primeiro. Na verdade, fiz de tudo para isso. Não coloquei o despertador. Tal feito, consegui sozinho. Até porque qualquer som diante do matiz de seu silêncio seria traduzido como feiúra. E, assim, numa atmosfera de êxtase e silêncio, fiquei contemplando você acordar. Se para alguns a luz do sol tem poder de fazer sorrir, para mim seu sorriso de manhã tem poder de sol-de-amor a iluminar meu quarto. E, de repente, sorria você, também, sorria eu, a janela, as cortinas, nossas fotos no quarto, o sapo de pelúcia como cúmplice de tudo aquilo... e você que não se chama sol nem tampouco luz teve o dom de trazer uma alegria infinita, feito cócegas nos pés, numa manhã de abril. Simplesmente porque dentre todos a sua volta, foi a mim que você escolheu para amar. Para presentear, todas as manhãs, com um sorriso com cara de algodão doce e com gosto de segredos e com nome de “te amo e isso basta”. Ah, já iria me esquecer: bom dia também cabe aqui! Cabe aqui no texto e no seu sorriso! (risos tímidos!)

domingo, 8 de abril de 2012

ENTUPAM-SE




Aos chocólatras, chocolistas, usuários abusivos, dependentes, usuários ocasionais e sociais:

- É hoje!

Boa Páscoa.;)


sábado, 7 de abril de 2012

Domingo é Páscoa e resolvi escrever algo a respeito.  Queria um texto que não fosse exatamente confessional, mas que abordasse a tônica, o sentido e a essência da data.  Resolvi recorrer ao meu baú e ressuscitei esse textinho, originalmente publicado no "Diz Que Fui Por Aí", em abril de 2009.  Confiram:

NÃO APODREÇA... RENASÇA!



Fim do primeiro período na faculdade. Provas, entrega de trabalhos, notas... A disciplina era Antropologia Cultural e a professora lembrou da resenha para ser entregue no próximo encontro. Como se tivesse caído de paraquedas no meio da sala de aula naquele instante, perguntei prum amigo que diabo de resenha era aquela. Ele me explicou que era sobre um livro do Roberto DaMatta. Vergonhosamente, nem o nome do livro eu sabia. "O que faz o brasil, Brasil"- foi a resposta.

Desesperado e, detalhe, duro igual a um coco, procurei alguém que me emprestasse o tal livro. Nenhuma alma caridosa se prontificou a me ajudar. Muito mal me deixaram ler a orelha. E em cinco minutos, eu tratei de resumir o que o autor pretendia ali.

Na aula seguinte, lá estava eu, mais cara de pau que nunca, entregando o trabalho conforme pedido pela professora.

Semana seguinte, ela entra em sala, falando que as notas haviam sido muito baixas. A impressão que tava é que ninguém havia lido o livro. Gelei. Crente que era esperto, fui pego no pulo.

Ouvi então meu nome. A professora, em sua mesa, me esperava; o calhamaço de folhas suspensos no ar em minha direção. Aproximei-me, sem graça. Ela, só sorrisos.

"Parabéns! Seu trabalho está ótimo! Nota dez!"

Sim, queridos. Nota dez. Não pensem que me orgulho disso, mas minha trapaceira manobra me garantiu um CR digno no fim daquele semestre. É claro que mais tarde me redimi e li a obra doDaMatta. O livro levanta a questão da identidade nacional. Há algo no Brasil que nos faz únicos. E é disso que quero falar nesse Domingo de Páscoa.

Mas, peraí... Páscoa, O que faz o brasil, Brasil? O que tem a ver uma coisa com a outra?!?

Páscoa é uma festa cristã. Melhor: é a festa cristã por excelência. Melhor ainda: é a festa judaico-cristã por excelência, afinal, ela já era comemorada antes da passagem de Cristo pela terra.

Para os judeus, rememora a fuga do seu povo do cativeiro do Egito. É a passagem da escravidão para a libertação.

Para os cristãos, celebra-se a vitória de Jesus sobre a morte na cruz. Três dias depois, o túmulo de Jerusalém estava vazio e Cristo ressurgia em toda sua glória.

Portanto, meus amigos, não importa que fé você professe - ou que deixe de professar. Vivemos num grande caldeirão de culturas (esse era um dos temas do livro) e, mesmo que a festa de hoje pra você, seja vazia de significado, os ovos de chocolate e as felicitações de Feliz Páscoa não faltarão. É um daqueles tempos em que tudo se impregna, mesmo que seja pelo forte apelo comercial que a data carrega.

De qualquer jeito, fica a mensagem: que o dia de hoje sirva de reflexão. Renasça. A água estagnada apodrece.

Friedrich Hegel (1770-1831)filósofo alemão, interno no seminário protestante em que estudava, durante uma Sexta-Feira da Paixão, teve um insight valioso: a Páscoa nos revela a dialética objetiva do real - tese, antítese e síntese. Viver é a tese, morrer é a antítese e ressuscitar é a síntese. 

Pensa sobre isso, entre um ovo e um bombom... E uma grande Páscoa pra você e pra todos os seus!

sexta-feira, 6 de abril de 2012

C’est la vie…

“É a vida”.

A frase pode ser a mais batida e rebatida, gasta e desgasta, do jargão do ombro amigo, mas não deixa de ser verdadeira. Quem senão ela, afinal?

É ela que nos impõe que precisamos acordar todos os dias já sabendo que não vamos poder ser, fazer e ter tudo o que queremos. É ela que nos diz para armar uma defesa e dizer que está tudo bem. É ela, e a inevitabilidade dela, que nos tira do caminho que pensamos em seguir, muitas vezes em nome de algo que é mais seguro, e mais convencional. É ela que, provavelmente num dia de muito mau-humor, decide que não vamos escolher por quem nos apaixonamos.

Ainda assim, não diria que a vida é uma moça para ser odiada. Ela tem seus momentos, e suas maneiras de colocar uns anjos no nosso caminho pra nos ajudar com todas as sacanagens que ela mesma quis nos aplicar. E, afinal, não dá pra pensar em mudar isso. Não dá pra pensar em enfrentar um oceano em fúria apenas a nado.

“É a vida.”

Você sabe o que dizem, né? Se não ponde vencê-la, bom, junte-se a ela.

Talvez música, letra e videoclipe que definam meu 2012 até agora.

Queria aproveitar o espaço para fazer uma enquete: estou partindo para minha segunda tatuagem. Eu sei que a tradição manda deixar em número ímpar, mas só cabe mais uma na verba. E a dúvida cruel é: um relâmpago no pulso esquerdo (para quem não sabe, sou canhoto, portanto a mão esquerda é a mão da criação, e a simbologia do relâmpago seria perfeita) ou “mot” (“palavra”, em francês) no braço, na parte que comumente representa a “força”?

quinta-feira, 5 de abril de 2012

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Luiza, a poetisa que queria me matar

(por Gilberto Amendola)

É difícil identificar quando o primeiro sintoma apareceu. Até porque ela nunca foi uma mulher comum – sempre teve essa criatividade meio irascível, selvagem mesmo. Mas, se eu tivesse que organizar esse processo de forma cronológica, diria que ele teve início nos azulejos do banheiro da nossa casa.
Era uma versão urbana daquele passatempo infantil de descobrir desenhos no céu. Só que, em vez das nuvens, concentrávamos nossa atenção nos azulejos. Luiza dizia que esse tipo de atividade fazia o seu cérebro trabalhar de forma mais lúdica – ajudando-a na escrita dos seus poemas. Esse exercício resultou em um dos seus livros mais premiados, o ‘Da Privada’ (que, aliás, Luiza dedicou para mim).
A brincadeira terminou quando Luiza começou a visualizar demônios e seres bizarros estampados nos azulejos.Eu tentei levar esse surto com leveza – achei que, no máximo, ela escreveria poemas religiosos ou satanistas. Nada disso. Tive que reformar o banheiro inteiro e trocar o azulejo. Do contrário, ela continuaria incomodando um casal de velhinhos que morava no apartamento da frente. Sim, ela passou 3 semanas usando o banheiro do vizinho.
Quando eu achei que tudo se encaminhava para o esquecimento, Luiza começou a se comportar de forma estranha na cama. Sempre que fazíamos amor, ela tentava me matar. No começo, era uma mão um pouco mais forte ao redor do meu pescoço, depois mordidas que quase me arrancavam pedaço (acreditem, não era nada sexy) e, por fim, encontrei uma faca embaixo do nosso travesseiro.
Depois de uma discussão esquizofrênica e impossível de reproduzir aqui, Luiza me confessou que, toda vez que um orgasmo se aproximava, ela sentia um desejo quase incontrolável de me matar. E, ao não realizar o seu desejo, seu prazer sexual ficava incompleto.Claro, marcamos um psicólogo para o dia seguinte. Luiza não aguentou 30 minutos de sessão. Ela disse que tentaria resolver essa questão como sempre resolveu seus conflitos: escrevendo.
Nesta fase, Luiza começou a escrever poemas sobre mim. Bom, falando assim parece algo extraordinário. Mas não era. Neles, Luiza me humilhava sem dó. Por exemplo, ela poetizou a lista de homens com quem fantasiava quando estávamos fazendo amor (a lista contemplava de atores de Hollywood ao vizinho idoso que, na época dos ‘azulejos do capeta’ emprestava o seu banheiro). Em outro poema (em dodecassílabos), ela discorria sobre meus supostos insucessos sexuais. Embora ela não tenha lançado nenhum desses poemas em livro, Luiza não perdia a oportunidade de declamá-los em saraus ou festas de amigos. Alguns deles fizeram um relativo sucesso na internet (às vezes recebo mensagens com esses poemas na minha caixa de e-mail).
Claro, eu a amava. Eu suportei enquanto pude. Mas cheguei no meu limite. Como a casa era minha, pedi para que ela saísse. Não briguei, não gritei e não fiz nada radical. Apenas disse a verdade. Aquilo estava ficando insuportável e perigoso.
Luiza, para a minha surpresa, chorou, ajoelhou-se, e disse que não conseguiria viver sem mim. Me mantive firme – mesmo que, por dentro, estivesse totalmente arrasado e propenso a abraçá-la e tentar começar tudo de novo.No mesmo dia, Luiza foi embora. As notícias que tive sobre ela depois disso são desencontradas. Amigos em comum me disseram que ela tinha ido morar em uma comunidade hippie em Brasília. Outras pessoas próximas me disseram que ela havia virado budista e estava morando em Recife.
O fato é que nunca mais publicou nenhum poema (procurei em livros, revistas especializadas e sites). Não sei o quanto sou culpado pelo seu silêncio. A vida é mesmo um treco estranho. 

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Motorista iniciante, perigo constante.


Tirei a carteira de motorista sem saber dirigir. Essa é a mais pura verdade. É triste, mas é verdade. Hoje me considero um motorista muito bom, mas o meu primeiro ano habilitado foi um desastre completo. Quase bati feio várias vezes, dei fechadas homéricas e avancei cruzamentos sem saber que eu deveria esperar o momento certo. Era comum ouvir dos meus amigos coisas como "se você quer adrenalina, vai de carona com ele". Tinha um grande dificuldade em usar os espelhos, sobretudo os laterais. "Vê aí se eu posso mudar de faixa", dizia com certa frequência. Mas o meu ponto alto como motorista 'noob' foi às oito da manhã de uma segunda-feira. Para sair da garagem da casa do meu pai, só podia ser de ré e eu odeio ré. Até hoje. Faço de tudo para evitar engatar esta marcha maldita. Se para isso eu tiver que manobrar o carro por cinco minutos num espaço minúsculo, eu malho o braço, mas não engato a ré.

De repente ouço um grito. Pouco depois, um novo grito ainda mais forte que o anterior e mais demorado. Então aparece o porteiro desesperado, gesticulando para eu puxar o freio de mão. Fiz o que ele me pediu, virei a cabeça e vi uma kombi estacionada muito próxima. Quando eu saí do carro eu fui entender que eu estava esmagando a perna de um cara sentado no carona da kombi. A porta estava aberta e ele estava com a perna pra fora. A medida que fui dando ré, a porta foi prensando na sua perna. Inacreditável, mas é a mais pura verdade. Tentei conversar com o cara, pedir desculpas, mas ele falava um palavrão atrás do outro. Pedi para o porteiro conversar com ele por mim e saber se era preciso levar o homem ao hospital. Apesar do susto, estava tudo bem, ou pelo menos o cara disse que estava tudo bem e que o hospital não seria necessário.

Esse episódio traumático pelo menos foi crucial para eu me tornar um motorista responsável e atento no trânsito. Os mais perigosos no trânsito são os iniciantes, os que se acham pilotos de Fórmula 1/costureiros profissionais e os idosos (maiores de 60 anos). Depois ainda dizem que as mulheres não sabem dirigir. Pura balela machista.