domingo, 31 de julho de 2011
Leitura Desarmônica de Poucas Horas de Férias
Texto que deveria ser postado no dia 11 desse mês
Mas ele e minhas férias não existiam ainda
abraços
Dexter
irmão e drogas
queijo
mamão
saudade
porta do banheiro quebrada Micróbio do Samba
Helena Bonham Carter
cardigan Thiago Renata
Mari
mullets
chicória saudade
abstinência {nem ligo}
alavanca Esses Moços Matrix
Cucurrucucu Paloma
promessa
sábado, 30 de julho de 2011
sexta-feira, 29 de julho de 2011
"A memória da gente é safada: elimina o amargo, a peneira só deixa passar o doce."
quinta-feira, 28 de julho de 2011
Atenção senhores passageiros, dêem boas-vindas à insegurança
Há alguns meses vivi um drama. Uma decepção, na verdade. Não é fácil esperar demais das pessoas e não receber nem uma flor em troca. Enfim, isso tinha que acabar e é bem verdade que acabou, antes mesmo do próprio fim, eu diria.
Essa não é uma história de superação. Nem um post de auto-ajuda. Mas é pra mostrar como é possível que uma atitude ou outra te eleve do degrau-escória pro degrau-oi-sou-linda-deixa-eu-ser-feliz-e-não-canse-minha-beleza.
Bom, depois dessa crise – que por sinal foi uma das maiores da minha vida – eu percebi uma coisa em mim: tenho preguiça de sofrer. Ou melhor, MORRO de preguiça de sofrer. Meu sofrimento durou, sério, 2 semanas, exatamente. Quando me dei conta de que aquele chororô todo não ia me tirar do lugar tampouco mudar o que já tinha acontecido. Sai fora. E eu saí.
E tive uma experiência redentora. O maior problema de você encarar uma crise é não saber contorná-la. Crise todo mundo tem, momento ruim, igualmente. É bem aquela história de ficar sem reclamar. Se você não contorna a situação desagradável, ela vira um carma! Uma nuvem escura e sombria! Uma fumaça! Um caos! Um infeeeerno! (ufa.)
Às vezes, uma fase que parece ser a pior das piores, se você transformá-la, pode ser bastante digna. A crise é uma ocasião do crescimento. A crise é inesperada. Ninguém espera que um dia vá sofrer. Ninguém passa a vida pensando que tudo de maravilhoso que se teve um dia pode desmoronar e, bingo, tensões e mais tensões e mais confusões e choros e dramas e o mundo caiu, cataploft.
A gente passa a vida toda desejando estabilidade e segurança. Claro que isso é bom, e até necessário eu diria. Mas a estabilidade nos leva à acomodação. Deixamos tudo no piloto automático quando está estável, e às vezes é necessária uma turbulência para nos tirar o chão e nos devolver o ar próprio.
O avião. Todos viajando calmamente, como se não estivessem a trocentos metros do chão, planando naquele céuzão imenso e desafiando loucamente a lei da gravidade. E uma segurança que todos possuem: nada parece que vai acontecer.
De repente, uma turbulência. E os passageiros se dão conta de que, sim!, essa não é uma situação tão plena assim, nem tampouco segura. Um cachoalhão, ou uma crise, que te tira a estabilidade e te faz pensar em milhões de coisas para que não se agrave mais. A turbulência passa, e você fica mais esperto.
E é dessa maneira que se cresce. Às vezes é preciso desejar a insegurança de um momento, para que a turbulência, o cachoalhão, o pontapé, agitem seu mundo e te traga uma nova maneira de enxergar a vida. Não se acomode, gere suas instabilidades. Elas não são confortáveis, mas são necessárias.
E se durante o vôo você se encontrar em queda livre, não se desespere! Leve seu assento, ele é flutuável. Eu nunca ouvi falar de ninguém que morreu de crise.
Pronta pra mais uma viagem.
~ Agradecimento especial para Pamella Martelli, meu porto seguro (e inseguro!)
Foto por: JGI/Jamie Grill
twitter: @tabataaa
fiz um tumblr! vê lá a bobagem: Pop She Bop
terça-feira, 26 de julho de 2011
dos deslocamentos
domingo, 24 de julho de 2011
Mudanças Expressas
sábado, 23 de julho de 2011
So hard
Tão fácil colocar a culpa em alguma coisa.
É o trabalho que odeio,
Não arrumo outro emprego porque estou gorda,
Não emagreço porque não tenho tempo para malhar,
Não tenho tempo porque só trabalho,
Vivo atrás de trabalho porque nunca tenho dinheiro,
Nunca tenho dinheiro então não me arrumo
Não me arrumo porque me odeio...
Aí você muda de trabalho, emagrece, ganha mais dinheiro, se arruma...
E descobre que não era nada disso que fazia sua vida uma merda.
quinta-feira, 21 de julho de 2011
Título em branco
quarta-feira, 20 de julho de 2011
novo mundo
Varreu a casa, limpou os armários, trocou a cama e as cortinas.
Trocou de emprego, de amigos e caminhos.
Mudou a alimentação, o gosto musical, o nome e os hábitos.
Não dorme mais à noite.
Não bebe, não fuma e não fala mais palavrão.
Não tem mais amores nem história.
E nem mais nada que te lembre nesse mundo aqui por perto.
domingo, 17 de julho de 2011
A meninona da novela
*Para Paula Fernandes, que também se diverte com a comparação com a sua homônima.
Early Adopter
sexta-feira, 15 de julho de 2011
Entre o prego e as chuteiras
quarta-feira, 13 de julho de 2011
Onde mora a felicidade
Conta ela uma história de uma terra que aos nossos ouvidos parece muito distante. Uma terra quase de fantasia. E narra tudo com um saudosismo estampado no rosto que em momento algum é escondido pelas marcas que o tempo deixou.
Terra essa que pode ficar em algum lugar entre Minas e Amazonas, entre Pasárgada e Macondo. Terra em que os campos iam até onde a vista se perdia e o povoada era cercado de uma floresta grande e carregada de mistérios e bichos que careciam de nomes e eram batizados de forma arbitrária entre ela e seus irmãos.
Insiste ela em dizer que comia melado todo dia e todo o tipo de comida preparada em gordura de porco com farinha e que ainda sim tinha saúde de ferro e que não existia nessa época as doenças que existem hoje.
Diversão era desbravar o mato, nadar nos açudes – era uma exímia nadadora – e dia feliz era quando fazia frio e sua mãe dava a ela e a suas irmãs canequinhas de leite com melado de cana. Nesses dias, mal dormiam ansiosos para verem o efeito do frio sobre as canequinhas de ferro deixadas no sereno ao lado do poço para que pudesse virar um picolé. Isso sim era ser feliz.
Conta ainda história de onças que tinham suas patas decepadas por invadirem as casas feitas de palha, no meio da noite, para comerem as crianças recém nascidas e de cobras que no silêncio da madrugada, rastejavam sem nenhum sibilar e mamava na teta das mulheres que ainda amamentavam seus filhos.
Havia ainda, narrativa de longos passeios em cavalos até o entardecer nos campos ao redor do sítio que causava a ira de seu pai. Aventuras dentro da mata com animais que grudavam nas roupas e jamais soltavam; histórias de lobisomens que amedrontava todas as crianças da vizinhança.
Triste apenas, conta com lágrimas nos olhos, sobre seu irmão preferido que, em sonho, veio se despedir dela com um beijo gélido e molhado e dizer que agora estava tudo bem e que não a queria triste, antes mesmo de receber a notícia na manhã seguinte, de sua morte por afogamento no mar.
Nessa terra, povoada de magias e perigos, faz nosso pensamento ir longe para tentar achar onde ela se situa. Todo encantamento que lá existia é fácil perceber no brilho dos olhos de uma criança mesmo que tenham se passado mais de 50 anos.
Mesmo com os questionamentos de dúvida e as nossas caras de descrença ela continua a contar essas e muitas outras, sempre jurando e atestando a veracidade de cada uma delas. Todas, ela conta e lembra com enorme saudade, ainda mais quando na presença de sua irmã que voltou a ser criança, mesmo num corpo de velha.
Essa terra na qual mora a felicidade, eu ainda não encontrei, mas feliz sou eu de escutar essas e outras tantas histórias, podendo olhar nos olhos dela e viajar nesse mundo que se perdeu no tempo e no espaço.
terça-feira, 12 de julho de 2011
Passado e presente que envergonham
Palavras tem peso. Um budista disse ` São como pregos, depois de martelados você pode tirar ,mas a marca fica ´ . Se falar tem peso, imagine escrever! Peso dobrado.
Li uma entrevista de um comediante, fazendo uma piada sobre estupro. Chamam isso de liberdade, de quebrar todos os muros da hipocrisia e coragem de não ser politicamente correto.
Desde quando a dor alheia seria hipócrita ? Desde quando fazer piada com isso seria um sinal de liberdade de expressão ?
Existem dores na alma humana que por respeito não se mencionam.As pessoas não tem tanta coisa em comum, a única coisa que nos une é que todos temos uma alma e ela tem seus lugares reservados e que exigem respeito.
Foi além de uma piada infeliz porque o Brasil é um dos países com o maior número de violência sexual contra mulheres e crianças.Qualquer coisa que possa parecer um incentivo a isso deve ser punido.
Esse comediante pertence a elite rica e branca .Parece que ainda estamos nesse Brasil dos coronéis. Como aquela história de meninos ricos entediados colocando fogo em índios e espancando mendigos.A ignorância, a prepotência da classe economicamente superior. Qual a diferença hoje ? Eles se vestem de comediantes,mas no fundo ainda carregam o mesmo pensamento, fazem piadas com o que realmente acreditam. Fazem as leis e ainda são a pior parte da história deste país, os filhos dos coronéis,que escolhiam as escravas para serem estupradas e espancadas.Essa mentalidade de `coronéis podem tudo ´ ainda nos persegue .Atrasa o país, atrasa a todos .Quando aceitamos uma piada assim aceitamos continuar presos a ignorância, aceitamos repetir um passado que deveria nos envergonhar.
sexta-feira, 8 de julho de 2011
Erros de Interpretação Sonora
quinta-feira, 7 de julho de 2011
QUERO ME COMER
Pra quem tá lendo essas primeiras linhas e já tá apostando que o meu texto é sobre cinema, quebrou a cara feio. Comecei falando do filme porque, ultimamente, tenho pensado muito nele. Tudo porque voltei para a academia. E toda vez que eu tô lá, me matando no crucifixo inverso, me vem à cabeça a história do Morris e toda a sua aventura para fugir daquele lugar.
Tá, eu odeio academia. Mas se odeio, porque tô malhando, então? Explico: eu fui uma criança muito, muiiiito franzina. Magrelo mesmo. E como na minha geração existia o pensamento que criança saudável era criança rechonchuda, toda a comida e vitamina que me puseram pra dentro, um dia, fez efeito. Daí, já viu. O molequinho puro osso se transformou no adolescente fofinho que não quis se tornar o adulto fofão e que, portanto, tratou de brigar com a balança. Ok, eu venci a disputa (acho). Perdi todos os quilos extras e, desde então, nunca mais voltei a engordar. Acontece que prum cara de 1,70m (descobri na avaliação que, na verdade, é 1,68m, mas nem fodendo eu dou o braço a torcer) com menos de 60 kg, um corpinho mais definido não caía nada mal. E lá foi o Marcelo pro "Projeto Verão Intenso", prometendo que a estação mais quente do ano é minha, vou abalar corações e pegar geral; mulher, homem, cachorro e bananeira. Respirei fundo, criei coragem e procurei a academia mais próxima. Fiz matrícula, avaliação e parti pra primeira aula. E enquanto sujava as calças fazendo o tal crucifixo inverso, me imaginei o próprio Clint, traçando planos mil pra me mandar dali e refugiar na biblioteca mais próxima.
Lembrei de todas as situações vexaminosas que passei das outras vezes que malhei. Já morri levantando “pesinho-de-mulé”, já fiquei preso no Leg Press, já fui pego pelo professor roubando na série, mas o grande ápice foi quando, um dia, esperando minha vez num aparelho, fui abordado por um rapaz, perguntando se eu queria revezar. Revezar soou muito gay, de cara. O que não é exatamente ruim pra quem que pegar mulher, homem, cachorro e bananeira. Revezei, né? O pior mesmo foi ter que vê-lo se requebrando diante do espelho, enquanto eu punha os bofes pra fora, se olhando e desejando, mordendo os beicinhos como quem diz “EU ME AMO, EU ME AMO, EU QUERO ME COMER!”. Saí de lá antes que ele me comesse e fui afogar as minhas mágoas lendo Tolstoi e tomando Milk Shake, jurando que, só morto, pisava novamente num lugar daqueles.
Paguei a língua, né? Tô eu aí, mais uma vez, tentando dar um tapa no corpitcho. E, dessa vez, juro que não desisto, mesmo levantando “pesinho-de-mulé”, mesmo ficando preso no Leg Press e - OH, CÉUS - tendo que encarar os EU ME COMIA que encontrar pela frente.
Ah, se eu fui pra academia hoje? Bem, hoje não, né? Sabecumé, tinha o post do Blog das 30 Pessoas pra escrever. Mas amanhã, eu juro, tô lá... Firme. E forte.
Eu acho.
quarta-feira, 6 de julho de 2011
Geração tédio.
Deixa eu ser sincero um pouco: no momento é perto da uma da manhã do domingo, dia 03, e enquanto o Lady Antebellum estoura no meu headphone (a música do momento é “Our Kind of Love”, se é que interessa para alguém), eu paro minha atividade usual de falar besteira no Twitter para me lembrar que tenho apenas três dias para escrever para o Blog das 30 Pessoas. Os leitores me perdoem, por favor, mas vou decobedecer a regra dos meus últimos dois posts aqui no blog e não vou falar sobre cultura. Sem recepções calorosas e lutas pela liberdade de expressão, como fiz com o clipe “Judas”, da artista pop Lady Gaga (aliás, “Edge of Glory”, o sucessor do mesmo entre os singles do novo álbum, causou polêmica, veja só, por não ter causado polêmica nenhuma!). Sem dicas pseudo-intelectuais de contos de papas da ficção científica cuja visão classuda do fim do mundo coube bem ao tema do mês.
Não conheço a rotina de todo o pessoal aqui do blog, mas imagino que uma boa parte de vocês já trabalhe, e uma outra parte continue estudando (no meio desses, num daqueles desenhos de “conjuntos” da matemática do Ensino Médio, os que fazem as duas coisas, pobres coitados). Bom, eu não trabalho. Então o que eu vou dizer aqui vai soar a coisa mais fútil do mundo para muitos de vocês, mas faz parte do que eu tenho observado dentro da minha geração, na minha realidade. Aos 16, 17, 18 anos, nós somos a geração do tédio. Um tédio que talvez faça de nós, também, a geração que mais busca saber das coisas, se aprofundar no que realmente nos interessa e buscar nosso próprio caminho por aí. Além da geração do tédio, somos a geração da nerdice, se é que sou autorizado a usar essa palavra por aqui. Tomo a mim mesmo como exemplo. Talvez você me ache alienado, mas eu não assisto ao Jornal Nacional, e quase tudo da minha consciência de política brasileira não vem do Estado de São Paulo. Vem do CQC. Mas isso é mérito para outra discussão. A questão é: eu nao sei de muita coisa. Mas eu sei muito do que eu tenho vontade de saber.
Talvez seja o bem (alguns diriam, o mal) da globalização, do acesso fácil a informação, da liberdade de expressão e circulação que acontece na Internet. É fácil você se tornar um especialista, com um pouco de curiosidade e uma certa habilidade em lidar com as ferramentes online. Mas ainda é preciso querer. E, observando por aí, estando no Twitter todos os dias e conhecendo gente com quem eu posso discutir tudo o que eu mais gosto e sei (leia-se música, cinema, literatura popular e cultura em geral), e ainda ganhar amigos no processo, eu não tenho mais vergonha de pertencer a minha geração. Dizem que os melhores não estão a frente do seu tempo. Eles estão no tempo certo, e o resto do mundo está um passo atrás.
E que assim seja, por hoje. Pode ser que eu esteja falando um monte de besteiras. Ainda no Lady Antebellum (“When You Got a Good Thing” é a que fecha a produção desse texto, tendo passado por todo o tracklist do segundo álbum da banda, Need You Now, altamente recomendado para os amantes e não-amantes do country). Passada já a primeira hora do domingo. E a segunda-feira, para mim, não vai ser segunda-feira. O doce, doce sabor do tédio.
segunda-feira, 4 de julho de 2011
A senhorita Misunderstood e o DJ (por Gilberto Amendola)
domingo, 3 de julho de 2011
Domingo
Envelheci e não aprendi a comer chocolate meio amargo. Que merda é aquela? Bom é chocolate ao leite, chocolate branco, chocolate belga. Doce. Doce. Quando eu como um chocolate eu quero comer algo que supra essa necessidade de glicose e não algo que amargue minha boca. Pior que chocolate meio amargo, só chocolate com menta.
Envelheci e não aprendi a gostar de sapatos. Principalmente com salto, o menor que for. Não aprendi a usar, nunca quis e continuo não querendo. Salto só pode ser invenção de um homem. Um homem mau. Uso sapatilhas, e já está de bom tamanho, mãe. Melhor que trabalhar de Bamba, mas às vezes, na sexta, eu ainda vou.
É, eu sou mais ou menos a mesma pessoa. Com algumas estampas do Mickey a menos, mas a mesma pessoa. A única coisa que eu sinto que realmente mudou nos últimos anos é minha relação com o domingo. Sabe como eu sei que é a idade? Lembrei daquela música tosca dos Titãs que fez sucesso lá por 94, 95. Eu achava a música maior nada a ver, e Topa ou Não Topa era super legal. Hoje eu ainda não gosto da música, mas entendo.
O domingo é o pior dia da semana, de longe. Domingo é um dia que eu quero fazer tudo, mas não faço nada. É incrível. Eu já acordo tensa. Fico o dia inteiro querendo fazer coisas,olho pro relógio, três, seis, nove. Fico pensando que estou perdendo tempo, que o tempo está passando, logo vou estar velha e não vou ter aproveitado a vida, e essas coisas, essas neuras. Decido sair por ai, andar no mato, soltar pipa, pescar, acampar, sei lá,tomar um simples sorvete que seja, mas tem alguma coisa que me puxa, que me segura, que acelera o relógio e faz com que eu não dê conta de fazer absolutamente nada.
São 22h e 37 min agora. Eu não tomei banho ainda, não jantei, nem arrumar a cama eu arrumei e obviamente não postei, ainda, porque domingo é isso, domingo é derrota. Eu odeio domingo. E ele já passou.
sábado, 2 de julho de 2011
O mistério do livro do senhor da barba branca
- Tem certeza que você vai levar esse livro?
Um senhor de barba branca, camisa social e cabelo ralo penteado para trás fez a mesma pergunta que eu havia feito a mim mesmo minutos antes.
- Não - respondi. - Mas fiquei curioso. Acho que vou levar sim.
- Tá bom. Você que sabe - ele respondeu, colocando a tal coisa numa sacola.
Antes que você me chame de iletrado, saiba que as duas formas são possíveis. Tanto o “você que sabe” como o “você quem sabe” são aceitos pela língua portuguesa. Mas voltando à nossa historinha enfadonha, uma coisa é certa: eu não precisava ter comprado aquele livro. Bastava a leitura de no máximo dez páginas, em pé, em frente à bancada dos livros mais vendidos. Depois eu sairia de lá com o novo do Paul Auster debaixo do braço e o dono da livraria ficaria orgulhoso de mim, do Brasil, do mundo e dos pássaros. Ele poderia pensar que após a compra do Auster, ou então de um Scott Fitzgerald, os pássaros teriam um bom motivo para continuar a voar, cantar e defecar livremente na porta de entrada do seu estabelecimento.
Alguns anos depois, em consideração ao senhor da barba branca, passei longe das salas de cinema que exibiam o filme inspirado no livro. Devo dizer no entanto que gostei do que vi nos cartazes de divulgação. Normalmente só tem o nome do filme, os nomes dos atores principais e o dia da estreia. Mas dessa vez, além das informações básicas, a produção optou por frases bacaninhas que a meu ver ajudaram a vender o filme:
- Seu namorado quer ver? Então mostre pra ele.
- Vá com seu namorado, suas amigas ou sozinha. Só não vá com preconceitos.
- A história de uma garota de família. Até a cena 2.