segunda-feira, 15 de junho de 2009

Vezdavoz

I


som


na

margem

do sentido:


a

vida


por

dentro

do grito.



II


todo

começo

é meio


todo

fim

é meio


todo

meio

é voz:


soa

por si.



III


dos

restos

de silêncios


sobra

sempre


uma

vaga

certeza


de que

tudo


nunca

foi dito.



IV


partitura

da fala


não

se resume

à letra.


saber

ouvir

o escrito


fazer

cantar

o sentido


querer

dizer

o não-dito.



V


palavras

ecos

e nadas...


pranto:


silêncio

em pó


na página

em branco.



VI


o som

da sina


sobrevoa


os signos

silenciosos.


sentencia

a sorte


de todos

nós:


a voz

da palavra

viva


a vez

da palavra

voz.

21 comentários:

  1. Que Fabuloso, Falbo! Gostei tanto, tanto, tanto.

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  2. não
    sei

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    poesia

    só sei
    que

    gostei
    do que


    li

    ...

    amo

    ali

    ter

    ação

    ...

    .

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  3. ouvi mentalmente minha voz lendo essas letras. ouvi essas letras com gosto.
    ;)

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  4. amei ver poesia. 'querer dizer o não-dito.'

    ;)

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  5. posso nao saber ler poemas, mas sei interpretar conteúdos e esse sim é caralhístico.

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  6. Lindo demais!!
    Palavras ecos e nadas

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  7. Ontem a noite baixou o exu-do-crítico literário. Escrevi até não poder (longo e chato) detalhando parte a parte do poema (Conrado já viu esse meu método engajado). Ai mandei, e sumiu - era dia de manutenção do blogger. Perdi tudo. Talvez não fosse para ser. Belo poema, do grito que não diz tudo, aquilo que nunca foi dito ao se romper a relação amorosa, a canção que surge na voz viva (4o.), e por fiz a voz no final, independente canção sobrevivente: a voz/da palavra/viva//a vez/da palavra/voz.

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  8. Muito bom, gostei da sonoridade suave que vc criou com os Ss e os Vs. Os sons estão mesmo presentes no teu universo. No inicio, era o Verbo!

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  9. Eu acho que se for dizer tudo, fica chato.

    Esse poema é bom, tudo bem que li umas três vezes pra entender, mas gostei.

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  10. Tomas,
    ...
    ...
    ...

    Sem palavras! Será uma pena ter que decidir entre o artista e o crítico, você é os dois!

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  11. Adorei! Amei! Continue escrevendo assim pra nós, Sr Conrado!

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  12. Tava precisando ver algo tão bem feito para me motivar ^^
    Obrigado!

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  13. Cantar como se nada tivesse existido.
    Beijo!

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  14. Já disse q admiro quem sabe escrever poesia?

    Para ler em um dia cinza como o de hoje e se aquecer.

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  15. Aprendeu a desnudar a alma?
    Aquilo que é profundo e escondido que ninguém consegui definir.

    Houve momentos tão intensos que chegaram a consumir e "desmaiar"...

    A voz havia sumido e tudo que havia restado era o ...

    todo

    meio

    é voz:

    soa

    por si.


    dos

    restos

    de silêncios
    ...

    MARAVILHOSO!

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