quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

2019

Hoje,
Era para ter um texto aqui.
Daqueles imensos, 
A perder de vista 
E de rolar o dedo várias vezes no mouse.
Mas não foi desta vez.
Também não foi a falta de tempo
Tempo até teve, meio que apertado
Assunto não faltava
Minha nossa na verdade os temas sobram: 
é da reforma da previdência, 
a reforma do trabalho, 
da extinção no futuro do trabalho 
e atual políticas sociais, 
a posse de armas ao porte de armas, 
violências e suas variadas e infinitas gêneses.
Ainda etc, mais eteceteras
Temas é igual etc, não acaba.
Ao chegar foi do pão e kiwi.
Porque nas férias ócio é vício.
E cozinhar é a última coisa a fazer.
Arrumar e ajeitar também
Mas houve meia exceção, na casa.
Entre notícias variadas
A que deixa consternada ao re-ler.
Brumadinho.
Assassinatos mais de 200 pessoas desaparecidas
Motivos: irresponsabilidades, crimes
Da única reincidente: Vale.
Justificativa: ganância, poder 
Várias pessoas desabrigadas.
Rios e matas destruídos,
Animais sacrificados 
Ecossistema perdido e desfeito.
Sem valor em notas que os mereça.
Tristeza.
Até para falar dela é preciso ter jeito
É necessário refletir
Dizem que quando o ano começa difícil
É porque vai terminar bem
Não sei se é assim
E no quanto acredito nisso
O que posso dizer:
Quando o ano começar:
Seja em fevereiro ou em março
É que alguma palavra terá.
No concreto é vai ter ou terá?
Como se isso importasse,
Foda, 
Isso às vezes importa 
Mais que o(s) texto(s).
Pra mim, no momento não.
É pra mim ou p-a-r-a mim. 
?
Mesmo com extrema dificuldade
No quase extrair água da pedra.
Por que escrever é sentir
E se não sentir
As palavras são vazias
Ocas
Iguais o que a gente lê por aí
Lê não
Na verdade a gente passo os olhos
Sem sentir.
A gente passa os olhos.
Qualquer dia desses escrevo por aqui a fina flor da caneta bic
Vou descer e subir montanhas e morros
Como feito em alguns processos fakes.
Porque assim dá para ser igual
Aos que querem escrever mais não deixam.
Especialmente adolescentes, 
pessoas consideradas de idade avançada para retomar os estudos.
Justificado nos: 
A sua letra é feia, 
A você erra a gramática, acaba com o português
Hater é mato.
E escrever é exercício
Além de sentir e sentir.
Escrever só parece fácil 
Mas não é
Nisso ela, C.L estava certa:
Escrever é mesmo perigoso.
Por ora
Em janeiro
Que haja
Paciência
Em abundância 
E em demasia
Com as palavras.
Porque neste mês jurava que fosse escrever
Escrever parece fácil
Só parece, 
Até tentar,
Não deu.
Acabei de comprovar 
Porque em casa de ferreiro o espeto é de pau.

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Poeminha coisado

Tinha uma pedra no meio do caminho.
Tinha uma coisa no meio do caminho.
Tinha uma coisa no meio do coiso.
Tinha uma coisa no coiso do coiso.

domingo, 20 de janeiro de 2019

Muros novos para ideias velhas


Os muros são a nova tendência. Nunca chegam a sair de moda, mas às vezes são deixados um pouco de lado, como depois que derrubaram o de Berlim. Agora é diferente. Resgataram a ideia de que um muro pode resolver problemas e começam a aparecer todos os problemas que essa ideia maluca acarreta.

Um muro nem é o mais grave. São de tijolos e cimento, destrutíveis com relativa facilidade. O pior é que quando chegam ao extremo de construir um muro, não se faz nada além de tornar visível e palpável um muro que já existe.

Alguns tijolos de medo são sempre o alicerce. À partir dessa base fica mais fácil colocar mais tijolos de preconceitos, mentiras, arrogância e tantos outros que tentam justificar absurdos.

Com isso o muro fica pronto, só não está visível ainda. É a parte mais difícil de ser demolida. Não tem dinamite que consiga derrubar o muro psicológico que se ergue com base em ideias, normalmente sem nenhum sentido.

O muro físico é um alvo, uma meta, um desafio a ser transposto. Construído, o muro canaliza as críticas dos que são contrários às barreiras. Antes da construção o muro já existe, mas é capilarizado, interiorizado em seus alvos.

Aqueles que querem construí-lo têm certeza quanto suas justificativas e necessidades, os que estão do outro lado não enxergam as barreiras, mas sentem na pele a existência invisível de um muro que os separa dos demais.

Demora um pouco, mas a moda dos muros passa, até que alguém acredita ter uma brilhante e inovadora ideia. Construir. Novamente construir um muro, que nos obriga a regredir à fase de explicações e desconstruções de ideias malucas. Justo quando achávamos que a preocupação era demolir o muro ainda não construído fisicamente.


sábado, 12 de janeiro de 2019

O caos

Uma amiga norueguesa me disse ''parece que vocês brasileiros gostam do caos''.

Eu não diria que gostamos do caos, mas sim, estamos tão acostumados ao caos que nem prestamos mais atenção em nada.

É terrível viver assim, porque o caos acontece ao nosso redor e não mudamos nada, parece que faz parte da paisagem. Entra governo, sai governo e o caos continua o mesmo, e nem reparamos nisso.

Somos o país do caos, do calor, do barulho. O problema é que não agimos como cidadãos, mas como  baratas tontas indo de um lado ao outro e pagando impostos. Nossa qualidade de vida é ruim, mas o que não é ruim no meio do caos?

Os números de violência urbana superam os números de uma guerra, a falta de serviços públicos está no mesmo patamar de países que vivem no limite.

Mas nós estamos acostumados com o caos, nem o questionamos mais.

Agora temos um governo caótico, sem ideia do que estão fazendo e depois de dez dias de caos, já nos acostumamos a ouvir barbaridades sobre os nossos direitos e nem reagimos mais.

O caos não é maneira de viver, nem de estar. Nem deveria ser um ''sistema'' em nenhum lugar. Mas é tanto caos que nem sabemos mais, porque tudo é um caos. É o caos.

Iara De Dupont

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Tequila


 Tudo corria dentro do planejado.
  Eu adoro o planejado e planejar, cronogramas, esquemas...

  Dia oito de outubro começou com um gosto amargo, como se acordássemos em um Universo paralelo, um episódio de "Além da Imaginação"; seriamos governados pelo tiozão do pavê, e reelegemos o  moço que era motivo do meu atual desemprego.
  Azia mental.

  Á noite, chegou molhada, enrolada em uma toalha, com os olhinhos furados, gritando a bons pulmões, 250 gramas de bebê de gato.
  Desde aquele dia não dormi uma noite inteira mais, não tive mais nenhum dos meus dias previsíveis.
  Desmarquei minhas viagens e compliquei minhas saídas, como um efeito dominó entre melhoras e recaídas do serzinho, quase perdi minha idosinha, me contaminei com ela, filho doente, cansaço.
  
  Ontem, ela retirou um dos olhos, ainda me dando mais trabalho do podia imaginar, agora com quase dois quilos é uma das coisas mais fofas que tenho o prazer de conhecer.

  Espero a médio prazo recuperar minha vidinha previsível.
  Começo 2019 cansada, ainda mais pobre, sem nenhum controle do dia seguinte, de cabelos grisalhos e sem corte, unhas desfeitas, olheiras e nem consegui lavar a louça ainda.
  Ao menos estou em boa companhia.