No meu país, a crise de identidade, o fracasso social,
político e educacional faz de nós uma nação de cidadãos revoltados, cansados,
alienados e sem perspectiva de melhora.
No meu país a classe privilegiada se encontra muito bem
acomodada cheia de conservadorismo e avessa a mudanças, explorando a classe
desabastada que crê fielmente em sua função no mais fiel estilo “Alexei
Stakhanov”.
No meu país quem não tem dinheiro está á mercê da própria
sorte e é submetido diariamente ao desrespeito que nós lhe oferecemos, queremos
inconscientemente abafa-los, chutá-los, tentando a todo custo tapar os olhos a
essa desgraça que nos assola noite e dia desde 1500. E isso, porque julgamos de
maneira insensata esses reféns que não se adéquam a sociedade feita para os
ricos, porque, claro, são pobres. O Brasil foi idealizado, projetado para uma
elite, aristocrata, branca, europeia e monopolizadora, onde aparentemente nunca
existiu um regime escravocrata.
No meu país permite-se a venda de sapatos, celulares e
roupas a preços absurdos em lugares onde há pessoas passando fome, sem teto
para morar, sem condições de sobrevivência.
E como resposta a isto a burguesia coloca a culpa no esforço individual.
Quem é capaz de me responder o faça. Por que uma criança que nasce numa carente
condição, num barraco de favela, sem escolas na proximidade, sem saneamento básico,
vendo os familiares saindo 05H00hrs da manhã e voltando 10H00 da noite do
trabalho, quase escravizados para no fim do mês faltar dinheiro pra comida...
Onde está o estímulo, a perspectiva e coragem de crescimento dessa criança,
onde ela buscará isso? Na TV? Certamente não. E não adianta esperar pelo
governo, pois ele não se responsabilizará.
No meu país quando há greves a classe trabalhadora se divide
e se volta contra si mesma, invés de se unir e lutar pelo direito de um trabalho
mais digno. E enquanto isso o governo assiste tudo de camarote com uma
segurança que devia nos proteger e não nos atacar e reprimir.
No meu país o preto, a empregada, o índio, a mulher, o gay,
o pobre, o nordestino não se sentem representados na mídia. Como um país de
maioria pobre e negro é representado por brancos e ricos? Não nos perguntamos
como isso é prejudicial a nossa sociedade?
O meu país é lindo naturalmente, é onde ouço as mais lindas
canções, é aqui que encontro o povo mais sorridente e amável. Ficamos com o
resto daquilo que nos foi roubado e mesmo assim não desisto de ser brasileira,
porque somos um povo sem pernas, mas que ainda caminha!
https://www.youtube.com/watch?v=DkFJE8ZdeG8
Fabiana LeMasque
Hum... parece que os dias 18 estão bem promissores daqui em diante =)
ResponderExcluirSim, muito promissores, Alexandre! Gostei bastante!
ResponderExcluirE viva Calle 13!
também gostei :)
ResponderExcluir