sexta-feira, 29 de março de 2019

as cortinas de ferro

Usar esse termo "cortina de ferro" é fazer uso da ironia a quem se referia a antiga União Soviética no combate ao suposto comunismo que não existiu mas fracassou e uma rememoração mais precisa sobre a queda do Muro de Berlim.

Rememorar é manter a história viva e constatar o quanto aqueles que foram e são contrários ao capitalismo instituído e legitimado até hoje nesta sociedade são por completo desdenhados.

Mais irônico é falar da cortina de ferro e da queda dos muros no passado e constatar de que nesta época comemorou-se a derrocada dos muros em Berlim e queda do bloco Soviético sob argumento de suposta liberdade, economia globalizada e sociedade de-mo-crá-ti-ca,  e hoje em pleno século 21 termos milhares de dólares liberados para a construção de muros entre as divisas dos EUA e México em plena de-mo-cra-cia.

Tão semelhante e mais atual é aquele “por que não te calas” proferido por uma autoridade parlamentar ao presidente na época Hugo Chaves da Venezuela ao rebater pessoalmente em debate acirrado as investidas contra seu país, hoje atualmente governado por Nicolas Maduro.

Já me questionei algumas vezes porque ainda não ocorreu uma investida militar estadunidense na Venezuela, uma vez que estão sobre essa constante e responder sobre é remeter-se as declarações do “estamos em guerra” durante alguns governos.

Obama quando optou pela guerra na Síria decidiu também por enfrentar as reações da população americana e demais países contrários ao confronto armamentista e militar. Declarar guerra a outro país significa enfrentar uma enxurrada de manifestações pelas redes sociais e atos pelas ruas, além da histeria na bolsa de valores e nos investimentos econômicos.

A população compreendeu de que a vantagem no confronto armamentista e militar é para os acionistas das empresas bélicas que prestam serviço para países com poder de compra e que estão propensos a massacrar o rival sejam soldados ou quem aceite enfrenta-los e na grande maioria a população que acaba por sofrer os danos das decisões alheias.

Neste meio encontra-se a reação das pessoas que são contrárias as guerras mesmo imersas a uma série de contradições do capital entre desempregos, baixo rendimento econômico, aumento da pobreza também em países desenvolvidos, aquecimento global, risco em produção alimentar, necessidade dos ricos de reinventar o processo de acumulação dos meios de produção e Fake News.

Percebe-se que as notícias Fakes colaboram tanto para implantação de “guerras frias” tomarem de assalto democracias uma vez que declarar guerra armamentista é intensamente repudiado pela população como de paralisar articulações em massa.

As notícias Fakes são prejudiciais em todos os aspectos porque minimizam e/ou atrasam a atenção ao que deveria ser prioridade, perde-se muito tempo para constatar a informação noutros veículos de comunicação.

Na Venezuela demorou-se semanas para identificar de que a oposição ao governo ateou fogo na “ajuda humanitária”. Mais recente li nota de que ocorreu protestos em massa nos EUA pelo desarmamento da população. Num desatino de ler outra matéria perdi de ler a matéria e em buscas não encontrei mais a informação.

Desarmar a população e/ou questionar o poder bélico e militarista é audacioso, mas também perigoso, uma vez que pretender alterá-las remete em mexer nas estruturas essenciais do estado que reverbera diretamente na organização de sociedade.

O Brasil caminha na direção contrária, enquanto noutros países o poder militar e bélico está sendo questionado, vivemos dias em que provavelmente todo e qualquer cidadão que queira poderá andar armado e/ou ter uma arma dentro de casa.

É importante notar a perspectiva sobre a terceirização da segurança ao cidadão comum colocando-o sujeito a mais riscos, e também ao processo de intensificação militar do qual temos de uns anos para cá, servindo o RJ como laboratório.

Neste domingo registra-se os 21 anos de ditadura civil militar, período em que os militares assumiram o poder institucional e político no país do qual ocorreu censuras, desaparecimentos forçados, torturas, assassinatos, exílios e intensificação do poder bélico/armamentista coincidente vindos da indústria bélica americana.

1964 é uma data para ser esquecida? Jamais. Então para ser comemorada? Nunca.
Trata-se apenas de uma data que deve ser lembrada para nunca mais ocorrer, principalmente por quê milhares de pessoas foram assassinados e simplesmente morreram por acreditar em algo contrário ao que foi instituído – militarismo – e ser lembrada por servir de depósito de rejeitos econômico e militar ao comprar os armamentos e produção bélica estadunidense das quais não lhes servia durante 21 anos.  Que rasguem-se as cortinas da censura, opressão e medo. Mas também da hipocrisia, da ironia e do sarcasmo pois nunca foi tão necessário.

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