sábado, 7 de janeiro de 2012

"Seriando" por aí

Vai, até que "A Sete Palmos" ficou bonitinho, vai...
    
   Downton Abbey, minissérie britânica, ganhadora, no ano passado, de seis Emmy e que, agora, concorre a quatro prêmios no Globo de Ouro, conta a história de uma família aristocrática de Yorkshire, encabeçada pela grandiosa Maggie Smith, tendo como pano de fundo a diluição do Império e o mundo no pós-Guerra, foi tema de interessante matéria, no caderno Ilustrada, na Folha, edição de hoje. Segundo a  reportagem, a revista inglesa The Economist, ao traçar um panorama do mercado de  empregadas domésticas no Brasil -  sim, no Brasil! -, compara nossa situação à da Inglaterra daquele tempo, citando a produção como exemplo.  O texto rasga elogios à série, a descrevendo como um fenômeno que, infelizmente, não tem previsão de desembarcar em terras brazucas.

    Isso tudo me fez pensar uma coisa:  Por que diabos será que não há, por aqui, uma  tradição com o formato?  Ok, você vai me responder que já produzimos muitas, algumas até ganhadoras de prêmios,  mas continuo batendo na mesma tecla:  nada comparado ao caso americano, por exemplo.  Ora, se nos orgulhamos de fazer o melhor produto de Teledramaturgia do mundo - as novelas -, eles também podem se orgulhar do mesmo, afinal, suas séries tem uma penetração incrível, correndo mundo afora  - e recebendo títulos vergonhosos no Brasil como Smallville, a Aventuras do Superboy ou Lances da Vida.

    Sinceramente, eu acho que o formato telenovela já se esgotou e as séries seriam uma alternativa à altura.  Tem gente do ramo que vive afirmando o mesmo.  O fato é que não foi raro eu acompanhar algumas com mais dedicação que  à muita novela.  Tô aqui me lembrando de Beverly Hills 90210 - em priscas eras - e, mais recentemente, Dawnson’s Creek e The O.C. - mais recentemente?! - ,além  das minhas preferidas de todos os tempos, The Big C, United States of Tara e Six Feet Under, essas duas últimas, aliás, obras-primas de dois putas roteiristas de cinema -  e sim, eu prefiro os títulos originais, por motivos óbvios.

    Atualmente, em relação a roteiristas, me ocorrem dois nomes:  Fernanda Young e Alexandre Machado.  Nos últimos dez anos, o casal emplacou meia dúzia de séries na TV, mas nenhuma delas conseguiu chegar, com fôlego, à segunda temporada - exceto Os Normais, que durou três.  Mas só.  Lícia Manzo, autora da atual novela das seis, A Vida da Gente,  estreou, na Globo, como roteirista principal, com a ótima Tudo Novo de Novo.  Mas parece que desistiu do formato por aí - ou a emissora, o que é mais provável.

    De qualquer jeito fica a dica:  por que não investir mais no formato?  Tem muita gente boa com idéia bacana por aí.  Não seria tempo da Globo, por exemplo, reabrir sua Oficina de Roteiristas e dar espaço para novos talentos? E Multishow e HBO, invistam mais no formato!  Nós, seriadores, esperançosos, agradecemos.

Pós-Postagem:  Venho aqui reparar um terrível erro. Por esquecimento, deixei de citar aquela que é minha série do coração:  Anos Incríveis.  Quem não viu, corra.  É para ontem.

2 comentários:

  1. Não sei se eu acho assim tão categoricamente que o formato folhetinesco das novela está desgastado, porque ele ainda move muitos espectadores que assistem por nove meses a história que é exibida, mas acho que o Brasil poderia investir em seriados, mas, sobretudo, em minisséries, porque elas normalmente têm um trabalho mais refinado e mais interessante do que as novelas. Minhas melhores lembranças da teledramaturgia nacional provêm de minisséries como A Muralha, O Quinto dos Infernos e a melhor delas - Presença de Anita.

    Dos seriados nacionais a que eu já assisti, foram poucos que realmente me interessaram. Acho qe só consigo me lembrar de Os Normais e Sai de Baixo, mesmo tendo percorrido muitos deles - Os Aspones, Toma Lá, Dá Cá, etc. Acho que o Brasil precisa conhecer mais fôlego ainda para os seriados. Sabemos que nossos escritores lidam bem com 40 capítulos divididos em 2 meses e meio, mas têm dificuldades com 40 capítulos a cada temporada...

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  2. 1.Agora vou ter mais umas 3 séries pra assistir, além de um punhado das que eu já acompanho, graças a você..rs.
    2. também gosto muito de United States of Tara.
    3. Acredito que as novelas fazem sucesso sim, principalmente pelo fato das histórias serem pautadas pelo público (não que os seriados não sejam); a história e as grandes ideias dos autores morrem depressa e logo dão lugar à fórmula: mocinha, vilão, sofrimento, morte, redenção, casamento e gravidez. As narrativas são lineares quase SEMPRE e técnicas de narrativas em off e flash backs são pouco usadas (percebe-se pela grande crítica que Lost sofreu por aqui devido seu formato por aqui)...por isso as novelas viram essa sucessão de fórmulas prontas que subestimam a inteligência do telespectador na maioria das vezes

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