Ok, está certo que existem pessoas que falam bobagens de nível avançado e fazem a gente perguntar: “Deus, por que alfabetizaram essa pessoa?”. Antes eu culpava uma seleção natural fajuta, governos do PT de inclusão social e excesso de SBT na vida. Hoje, já não tenho mais certeza. Temos uma convenção, regras, formatos e tudo que rege a ortografia. Mas não é legal pensar que a língua é dinâmica e se adapta às necessidades das pessoas?
Com tantos blogs por aí, gente escrevendo rápido, tom informal, falta de domínio de teclado, excesso de cafeína no sangue, é fácil cometer erros. Erros grandes. Virgulas ausentes, palavras trocadas, verbos conjugados de forma errada. É óbvio que devemos valorizar um texto impecável, bem escrito, claro, mas será que erros (até os de nível avançado), fazem a mensagem perder seu valor? A linguagem é capaz MESMO de destruir bons argumentos?
Falo isso porque não raro vejo por aí (ou até por aqui) fulanos dizerem: “Ah, mas olha, você nem sabe escrever. Conjugou o verbo errado”. Sabe, pra mim, isso nada mais é do que um equivalente gramatical ao “Ah, mas, mas, você é feio” ou “Ah, o jogo é meu, a gente brinca como eu quiser”.
Apontar erros nos textos serve muitas vezes para empobrecer a discussão, ser raso, evitar o raciocínio e desqualificar argumentos alegando que a estrutura utilizada é uma bosta. Mas isso vale mesmo? Não é jogar baixo? Por mais que possa ser difícil como decifrar códigos, prefiro um texto mal escrito mas coerente a um correto e vazio [viu, Lia Luft?].
Soa como discriminação quando alguém conta uma história na TV e troca as letras, erra os “érres”, resolve “pobrema” com o “adevogado” ou vai direto na “poliça”. É errado?Sim, é. Vai contra a cartilha da pré-escola, contra ao que a tia disse no primário e o que sua professora pregou na sua cabeça no ginásio. Mas é a história do cara, a linguagem do cara, e desconsiderar o que ele tá falando por isso, como se não tivesse valor, é besteira sim.
Nós já dividimos a cidade entre os que pegam ônibus e os que tem carro, os que usam iPod e os que tem iPobre, aqueles que fazem faculdade paga ou pública, os de cabelo ruim e os de cabelo bom…por favor, não vamos usar as letras e as palavras para discriminar alguém ou fazer com que o outro se sinta humilhado e ignorado. Palavras machucam, sim. Cuide bem das suas e, se for exigir respeito às normas gramaticais de alguém, limite-se às palavras que saem da sua boca, por favor.
Sim e não, Felipe.
ResponderExcluirTudo bem, eu concordo que há textos tão arrebatadores que você nem percebe os pequenos erros.
Mas também desvalorizar a palavra escrita, o esforço pela correção, de alguma maneira empobrece toda a construção da linguagem, ela sim, responsável por nos diferenciar dos outros primatas.
Eu sou professora, labuto no ensino fundamental, em escolas públicas de redes municipais, em comunidades carentes. E entendo os erros. E os relevo. Mas exijo! Porque é por isso que a gente perde tempo ensinando: para que as pessoas possam realmente se comunicar! Se de repente tudo for relevado, aí a língua que nos aproxima se torna um instrumento de rúido comunicacional e desentendimentos.
Li uma vez - e não me lembro onde - que o Steven Biko (que foi um líder sul-africano, como o Nelson Mandela) dizia que o benefício que o opressor/ colonizador tinha oferecido/ impingido aos sul africanos era exatamente o africânder, idioma inventado pelos holandeses e que ironicamente serviu para que pessoas de diferentes tribos e falantes de diferentes dialetos pudessem se entender e finalmente se unir/ rebelar contra seu problema comum.
Pense nisso. Pelo menos, pense nisso também...
Gosto muito do que você escreve por aqui. Sempre.
Um beijo, e desculpe os erros gramaticais. :)
Bagno já escreveu sobre isso, em "Preconceito Linguístico". Concordo com a Patricia quando ela diz que a correção não deve ser desprezada e que a norma culta deve ser ensinada. O problema (e isso infelizmente é realidade em muitas escolas) é não entender a diferença entre a norma culta e a coloquial e desvalorizar o que se traz, a bagagem e a expressão do falante, igualzinho você escreveu ali, Felipe.
ResponderExcluirGostei bastante, abaixo ao preconceito.
se não fossem esses erros ou desrespeitos a língua o nosso português não seria o que é hoje, né não?
ResponderExcluirSem preconceito aos que falam errado por falta de instrução e admiração pelos linguístas que defendem o português correto.
ResponderExcluirBelo texto!!!
posso continuar me apaixonando por pessoas que usam a vírgula bem?
ResponderExcluirAnimal, você é foda Felipe (pelo que escreve e pelo que mostra ser).
ResponderExcluirOlha, não concordo com vc. Seus argumentos são inválidos já q ficou faltando uma vírgula ali ó...
ResponderExcluirhihihihihihi!
Só tenho preconceito com quem fala axim e axado.
ResponderExcluirBelo texto!
ResponderExcluirMas deixando a cultura de cada um e o significado da mensagem um pouco de lado, eu penso que erros são permitidos em rascunhos, ensaios, pois eles servem pra isso.
Pra apresentar um texto ou falar para um monte de gente, tem que estar impecável (salvo erros propositais, licença poética, essa coisa toda). É importante, faz parte do respeito ao próprio idioma, as escolas ensinam isso, ou deveriam ensinar.
Tenho sérios problemas com vírgulas.
ResponderExcluirTenho vontade de escrever.
Tenho esperança que alguém me corrija sempre.
Tenho pena dos educadores.
Tenho mil motivos para discordar.
Tenho preconceito dos ignorantes por opção.
E agora?
Também não concordo. Faltou um espaço entre o "É errado?" e o "Sim". Heeeeeeeeeeeeeh.
ResponderExcluirAdorei o texto.