terça-feira, 29 de maio de 2012

Se,

a dor nas costas permitir,
se a dor nos ombros melhorar, 
se a dor de cabeça passar até às 23: e tralálá,
se as ideias forem lúcidas,
se estiver bem  e na calma, por quê ando um trapo, de tão zuada. 
se der tudo certo no final, aqui no Simpósio, juro, postarei os vídeos escolhidos, selecionados.
se assim for escarro alguma coisa.
é, escarrar umas putices!

de tão entalada que estou.
quase  não consigo engolir, mesmo almoçando num lugar chique, fino, com direito a comer, é, bem, como é mesmo o nome daquele negocinho eim? ah deixa prá lá...
enfim, lugar  ocupado sem merecer, claro, por quê tem gente que acha que direito é merecimento né kassabianos e veja-nos?
principalmente se o gosto é pela reles cultura e não alta, altíssima, elevadíssima cultura...
e se pertencer a classe F ( fodidos e ferrados) ocupar, morar, claro que pode, só os arredores da cidade, as beiradas, de preferência com pé no abismo prá cair e morrer de uma vez.

porém, CONTUDO e todavia, 
enquanto isso...Rio dos Macacos,
enquanto isso...Ocupação Mauá...
enquanto isso, calma tou procurando no pai de todos o google, não lembro o nome da vila, achei,
enquanto isso...Vila Santa Rita,
enquanto isso, favela do Moinho,
enquanto isso..., enquanto isso...manifestações de gente que eu admiro!
p#rr#!!! assim, eu choro de tanto orgulho!
valeu, Mano Brown, Emicida e Criolo!
mais tarde postarei os vídeos, se tudo isso aí deixar.

fui, o Simpósio tá esperando...
desculpe, putices, tive/tenho que escarrar, se não hoje outro dia...

Pronto!
banho de gato, salonpas nos ombros, travesseiro de encosto e SEgunda ESCARRADA.

dois dias de simpósio, a palavra mais ouvida, exclusão, depois inclusão, e mecanismos de exclusão, estratégias de inclusão. embora cansativo, pois o excesso de informação também é prejudicial a saúde, admito ainda processando, a fala dos palestrantes, das mesas, da plenária e tentando (me) ajustar para o repasse. mas agora cansada demais, mas não tanto para não dividir, o mecanismo de exclusão formulado pelo prefeito eleito pelo povo.

ao assistir, lembro:
- e disse deus: Haja luz. E houve luz. E viu Deus que era boa a luz...
muito tempo depois, daí no século 21,
Kassab contempla Sampa de seu helicoptero,
isento de trânsito e excesso de usuários no metrô, contempla o perímetro e como deus diz:
- que haja NOVA LUZ, e pronto!
nasceu o PROJETO de EXCLUSÃO.
 

resta perguntas, dúvidas e revolta, mas vale a pena assistir todos os vídeos.
saber mais da "política habitacional"  que contempla a poucos, sendo estratégia de inclusão da classe A para o centro da cidade e  mecanismo de exclusão do centro da cidade a classe subalterna.

se porventura fossem estratégias de inclusão, sonhando e sendo extremamente engênua, a prefeitura, o poder público, saberia por exemplo quantas famílias moram na ocupação Mauá, como vivem, quantas são cadastradas em programas de transferência de renda, quantos trabalham, quantas mulheres são chefes de família, quantas crianças estão na escola, quais condições de salubridade... teriam estas informações que são básicas, para o mais ralé dos mecanismos de inclusão na ponta da língua. mas quem forneceu números foram os moradores, gritando nas ruas, quantos ficarão em situação de rua.

então qual o plano, projeto de moradia neste ou em outro lugar. isto existe?
já respondo - não!
até o momento, apenas a ordem de desocupação, pleiteada por proprietários que durante ou aproximados 8 anos sequer lembraram da existência do imóvel, exceto quando surgiu o Projeto Nova Luz. sonegadores de impostos, pleiteiam próximo dos moradores conquistarem o direito, por vias legais, a moradia defendido na constituição, certo? lembram de algo, em meados de janeiro? lá em São Jose dos Campos...pareci piada, mas são vírgulas e cláusulas, a contradição do direito.

ah se não fossem as malditas vírgulas do direito, ah se não fossem!
nos resta também outras vírgulas, no grito, nos vídeos, nas ruas.

então surpreendida, e extremamente orgulhosa da AÇÃO do popular. Mano Brown, grava e transforma a ocupação num símbolo e homenagem a resistência. Valeu! Energia forte é apelido, a cara da resistência!

comum ouvir em palestras que temos que reinventar, temos que ser criativos e o blá blá, toda teoria escarrada. concordo, temos sempre que inovar, reinventar, sermos criativos, mas sem AÇÃO, tudo existe na teoria, e enquanto isso, os tccs mofam, sonhos morrem e perdemos algo essencial para a existência, a safada, da persistência!

não que precisem de defesa, tão pouco interessados em números, em mídia, pois a vendagem de discos é certa, tem público fiel, mesmo com a pirataria, tem preço popular, gravadora independente, os shows veículo de propaganda, marketing, no boca-a-boca.

isto incomoda? sempre, nenhuma independência é bem vista principalmente quando um preto, ex-pobre, ex-presidiário se apropria da história, defende o poder para o povo pobre, defende uma raça, sem o discurso esvaziado do excesso de teoria.

e claro toda apropriação, evolução é  própria do viver do homem. o discurso do pobre não lhe cabe, mas representa uma raça que (na maioria) não tem acesso a direitos (aprovação de cotas é recente, recém-nascida), aos postos de poder, ao centro, a riqueza. então equivale, representa, o discurso é legítimo, que haja mais, outros em defesa!

mas cientes, de que toda manifestação tem seu preço, não é Emicida?
entretanto, a lembrança, ação, é EFEITO, aproximação da conquista. e se estamos certos? se chegaremos, se venceremos, se conquistaremos, eu não sei, mas não conheço outro caminho, que não seja este.

então segue: ALTA CULTURA! coisaaaaaaaaaaaaaaa finaaaaaaaaaaaaaa manoooooo! é prá inspirar, a luta!
ah, esqueci, chamada atendida:
VADIA nº101, PRESENTE!
É nois, minas!!!

domingo, 27 de maio de 2012

Dia de Norma

“A sociedade da normalização é uma sociedade em que se cruzam, conforme uma articulação ortogonal, a norma da disciplina e a norma da regulamentação”
Michel Foucault

Depois da toalete, uma camada de protetor solar para evitar o envelhecimento precoce e em seguida a maquiagem. Blusa, bolsa e sapato, assim tudo fashion, como manda a tendência do último desfile de moda. No trânsito, coloca um som bacana pra evitar a chateação com essas crianças pobres e feias e fedidas que vêm atormentar nos sinais. Então, longas oito horas de bunda na cadeira de couro da empresa. Daí, duas horas de academia pra ficar em forma. Mais uma hora no divã pra descarregar as inquietações, a trezentos reais a sessão. Na sala de espera do dermatologista, que promete acabar com toda a celulite, lê uma revista feminina que ensina os dez truques para viver mais. Ainda volta pra casa em tempo de assistir a novela e come o seu iogurte light com granola light que é para o intestino funcionar direitinho. Antes de dormir, toma religiosamente seu Prozac® e reflete sobre qual blusa, bolsa e sapato colocará no dia seguinte. Muito em breve, Norminha terá um câncer.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

eu só vou falar na hora de falar. então eu escuto.

essa é a história de uma menina que não sabia o que escrever. acredito que alguns seres que por ali passavam haviam roubado todas as palavras da sua boca e controlado o movimento das suas mãos. não sei que ser tão maligno poderia fazer isso com alguém. o fato é que naquela madrugada de vinte e cinco de maio ela, que sempre tinha um verso na ponta língua, não sabia sobre o que falar. como se tivesse esquecido até mesmo das formas mais fáceis dos traquejos sociais.



'eu não sei dizer nada por dizer. então eu escuto'



Fala?





quarta-feira, 23 de maio de 2012

Mimimi

E a vida segue
Nos surpreendendo, nos alegrando, nos decepcionando
Continuo querendo ser alguém que não sou
E quem não o é?
Vivendo e sonhando e sentindo
Me assustando quando olho no espelho e não vejo mais a garotinha de antes
Tão sonhadora, tão cheia de planos, tão cheia de esperança, tão otimista
Quem é essa velha cansada que me encara?
Tenho todos os defeitos que odeio.
E continuam dizendo que eu preciso me amar.
E continuam dizendo tudo que eu preciso fazer
Tudo que devo ser, o que devo vestir, o que devo comer.
Finalmente estou me cansando de tentar agradar todo mundo.
Mas ainda estou longe demais de não querer ser alguem que não sou.









terça-feira, 22 de maio de 2012

"Sobre meninos e piadas" ou "Do que se aprende enquanto cresce"

Desde que o mundo é mundo, existe a piada, existe a amizade e existem os amigos perdidos por conta das piadas.

E desde que o Menino nasceu, ele perdia amigos, mas não perdia piadas.


O Menino, é bom que se diga, não fazia isso por maldade. Era um problema quase biológico. Onde todos viam palavras, ele via trocadilhos. Onde todos viam uma canção, ele via uma paródia. Onde todos viam histórias, ele via anedotas. Tinha este problema, o Menino.


Era algo que, por mais que se esforçasse, não conseguia controlar, que escapava das forças do Menino. Quando percebia, a teimosa já tinha criado vida própria e spatapum...  a piada já existia e era um amigo que se ia... e o menino entristecia... 


Quanto mais piadas contava, mais sem graça a vida ficava... A piada, do Menino tão amiga, virou sua inimiga. Depois de tanta piada, do Menino-piadista, virou ele a piada, e não mais o humorista. 

(...)


Mas desde que o mundo é mundo, existe o problema e existe sua solução.

E existe a amizade.

E existe o perdão.

E existem meninos.

O Menino então cresceu. 
Não de tamanho, pois já era bem grandinho.
Não de idade, pois até que era velhinho.
Mas como o Menino cresceu!

E o Menino não deixou de contar piadas, de cantar paródias ou de fazer trocadilhos, mas já não os trocava por amigos, que é coisa que não se troca. Isso o Menino aprendeu e foi por isso que o Menino cresceu!

(...)

E este post, assim como toda conversa com aquele Menino, também terminará com uma sonora piada:



segunda-feira, 21 de maio de 2012

"Doce anjo... Leia esta carta... Bem!"

Acordo.
Olho pro relógio.
Meu Deus! Tô atrasado!
Atrasado pra quê?!
Pra ir atrás da correria de todos os dias!

Que saudade dá da época na qual minha única preocupação era acordar cedo para assistir os desenhos matinais!

Tanta coisa muda, né?!

Não sei se é minha impressão, e nem sei se é só comigo, mas as últimas conversas que tenho tido, com pessoas face a face e também as pelo face (book) sempre envolvem recordações!

Nesse mundo multimídia digital, parece que a gente tem feito questão de lembrar das coisas que nem sempre são possíveis de serem encontradas nas mídias!

Tipo... Hoje em dia, é super simples encontrar aquela música que você tanto queria (pensando nisso, tô mudando o vídeo de hoje)! Lembra?!

Era tão gostoso ficar esperando tal música tocar, com a fita K-7 preparadinha lá no REC/PAUSE! E quando tocava... Quanta felicidade! 

Hoje em dia, 4Shared resolve quase todas as solicitações!

Mas então! Como ia dizendo... O quê eu ia dizendo?! "Devaneando"! Usando a arte do neologismo, quando não encontro as palavras certas para exprimir o que quero!

Hoje, é tudo correria! Minhas madrugadas tem passado tão depressa! As horas noturnas pareciam passar mais devagar...

Mas bem...

A música que você ouvirá a seguir (se teclar no "Play" do Player do Youtube), é aquela que durante aaaaaaaaaaaaanos eu quis pra mim!
Acho lindo, principalmente o instrumental dela, mais pro final! 
E quem disse que os fulanos e fulanas falavam o título dela, ao final de sua execução?!

E eis que numa das madrugadas que eu passava, há muito tempo atrás, papeando no MSN, numa rádio de São Paulo, toca a bendita!

Não perdi tempo! 
Como eu tinha o contato no Messenger, direto com o radialista, pedi o nome de quem cantava e o nome da música também!

Tratava-se de "Deborah", com Jon Anderson & Vangelis!
Hoje a tenho aqui, em MP3! 
E partilho com você, através desse vídeo que posto à seguir!

E deixa eu correr, pra não perder a hora!

sábado, 19 de maio de 2012

Eu preferia que você me amasse

_ Eu te amo!
_ Ai meu Deus!
_ O que foi?
_ Pára com isso. Nós já combinamos que seríamos só amigos.
_ Mas eu não estou dizendo o contrário. Só disse que te amo. Não posso te amar como amigo?
_ Pode, mas depois de tudo que já tivemos, nós sabemos que não podemos brincar com essas coisas.
_ Brincar? Com que coisas? Eu só disse que te amo.
_ Você sempre complica as coisas.
_ Mas o que tem de complicado? Não foi você que sempre disse que quando se ama alguém, é pra sempre?
_ Pára com isso.
_ Então se eu te amei tanto durante o tempo em que namoramos, e se aquele amor era verdade, ele não pode ter acabado, senão significa que ele não foi real, não é isso?
_ ...
_ Pois então. Ele era real. Só que agora é diferente. Nós viramos amigos. Isso não significa que eu tenha deixado de te amar. Só aprendi que tenho que te amar de uma forma diferente.
_ Você sabe que isso não existe.
_ Eu sei? Eu só sei do que eu sinto. E eu sinto o que eu disse. É tão difícil assim aceitar que eu posso te amar de outra forma?
_ Eu não acredito nessas coisas. No fundo você só está confundindo tudo. Agora você acha que é maduro encarar as coisas dessa forma, mas vai chegar a fase em que você vai me odiar e perceber que, na verdade, o que você achou ser amor era uma atração que acabou virando ódio.
_ E quem você acha que é pra dizer qual vai ser o rumo dos meus sentimentos?
_ Eu conheço você. Você ainda não superou nosso término. Eu espero que você consiga superar logo tudo isso e que seja feliz.
_ Você acha que eu não estou feliz só porque estou sem você?
_ ...
_ Você é um idiota mesmo.
_ Não precisa me agredir assim. Eu só queria que você seguisse com sua vida assim como eu segui com a minha.
_ Do que você está falando, seu retardado? Se você não tem maturidade pra discernir seus sentimentos, não saia acusando as pessoas de serem iguais a você. Eu sei muito bem lidar com os meus.
_ Se soubesse não estaria confundindo tudo assim.
_ Você não entendeu nada, né? Como é burro! Que ódio!
_ Eu sabia que você ia acabar ficando com raiva de mim. É uma pena. Eu preferia que você me amasse.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Sudamerica Dream

Até semana passada la máxima proximidad com nuestros hermanos foi na fronteira em dionísio cerqueira pra comprar doce de leite. Terca última jo e mi novia aterrisando em Montevideo. Dos dias despues Colonia. Mucho aeroplano, altobus, barco, hostels, pocas horas de sueno e carinhosos nuevos amigos después, Buenos Aires. E acá nosotros estamos, solamente la capa da gaita de libertário Bolivar, pero mui felizes e enamorados, beso.



quinta-feira, 17 de maio de 2012

América del Sur

Mesmo contando pesos a cada momento, mesmo sabendo poucas, bem poucas mesmo, palavras em espanhol (e com um inglês bem de índio), mesmo pegando barco de madrugada como clandestinos, mesmo comprando poucos souvenirs, mesmo a câmera tendo descarregado bem na chegada a Buenos Aires, mesmo dormindo bem pouco esta noite, mesmo sendo extorquidos no Mercado del Puerto, mesmo carregando malas por mil quadras, mesmo cortando o dedo andando de bicicleta, mesmo compartilhando alguns quartos, mesmo assim encontramos o Bruno, a Natalie e outros viajeros de coração grande em Colonia, Uruguai, conhecemos a Alice, da Nova Zelandia, ganhamos un desayuno de graça en el nuevo hostel, assistimos a um belo pôr do sol no porto de Colonia, percorremos toda a rambla de Montevidéu, ganhamos informaçoes de Antonio, um uruguaio bem simpático, rimos muito com nossas tentativas de hablar español, ganhamos um chocolate quase de graça no mercado, tomamos Patricia no trapiche sem precisar gastar tanto, conhecemos o Lucas e o Wesley, no hostel em Montevideo, nos divertimos encontrando lindas praças de surpresa pelas ruas, descobrimos que nos entregamos pelo sotaque e que nuestro Norte es el Sur.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Bracho, Paola Bracho

Eu até que consigo bem fugir da maioria dos estigmas da típica mulherzinha: não falo fofo, digo palavrão, não troco o torresminho pela salada no happy hour e não morro de amores pelo Ryan Gosling. Mesmo assim não consigo me livrar dessa anomalia predominante no cromossomo X, que faz com que eu seja uma bomba-relógio do drama, prontinha para explodir, espalhando estilhaços mexicanos em quem estiver ao meu alcance.

Toda mulher é dramática (até a filha da Gretchen, eu garanto), mas nem todas dramatizam da mesma forma. Eu, por exemplo, não sou do time das pobres, inocentes, autruístas e tão sofredoras mocinhas que são felizes só no último capítulo. Eu sou da equipe das que odeiam as Marias (a Mercedes e a do Bairro) e Paulinas. Eu sou da trupe da Paola Bracho, da Soraya Montenegro... sou do dark side, meu amigo. 

E nem é preciso franjinha falsa super-volumosa nem unhas de porcelana "francesinha" para que o espírito da Paola assuma o comando. Quando o ego não foi bem massageado, quando as coisas não saem como o previsto, quando um cara com nome composto me troca por uma sem-sal ou... simplesmente naqueles dias do mês, me pego olhando para o infinito com olhar dissimulado, arquitetando vinganças, armando planos mirabolantes e gargalhando maleficamente.

Mas calma aí, não se precipite. Antes de chamar o padre para me exorcizar, saiba: você inevitavelmente precisa conviver com várias mulheres diariamente e todas são bombas-dramáticas prontas para destruição em massa. Ora ou outra, você terá que vivenciar o chororô pró-diabetes das sempre perfeitas Marias ou a sociopatia paranóica mas também divertida das Paolas.

Eu, já que não tenho muita escolha, me conformo com meu destino. Mesmo que o final me reserve um fim cruel, pelo menos estou me divertindo como posso no restante do tempo. 

segunda-feira, 14 de maio de 2012

O melhor filme de todos os tempos ...

Fico pensando na quantidade de coisas que estão explodindo dentro de mim nesse exato momento e que eu poderia facilmente expressar nesse texto. tem mil coisas do lado direito, e umas três mil do lado esquerdo, e ainda tem algumas escapando pelos poros da minha pele.

Dentre tudo isso, quero falar hoje sobre a primeira vez que andei de avião, e do amor que eu perdi nas alturas entre a Colômbia e o Brasil. Quero falar também sobre as músicas que tenho escutado, sobre as festas que não tenho ido, e sobre meu reencontro com meus amigos da época do colégio. Tem as responsabilidades que me tem sido apresentadas e delegadas, e tem aquela carta que ainda não escrevi, nem entreguei, mas que está por aí, em algum lugar entre minha cabeça e o papel. E tem ... 

E tem a coisa mais importante que eu gostaria de falar hoje: a VIDA! Percebi que ela está sempre por ai, acontecendo. Quer a gente queira ou não, ela acontece. Todos os dias. O tempo todo. Há sempre um beijo acontecendo, pessoas se encontrando e se perdendo, amores começando e se rompendo, seres humanos sendo concebidos, nascendo, chorando, morrendo, há sempre uma roda gigante brilhando e rodando, a todo momento há um avião levando alguém apaixonado pro outro lado do mundo, o tempo todo há um animal sendo salvo e outro capturado, há matas inteiras sendo devastadas e indiozinhos nadando nos rios, há leões famintos e ursos hibernando, agora nesse momento tem todas essas coisas e muito mais acontecendo. E tem a história da nossa vida, que está sendo contada agora. E o diretor, produtor e ator dessa cena somos nós mesmos. É preciso escrever o roteiro, ou deixar a improvisação correr solta. Só não é possível fugir disso, esse filme só tem história se nós decidirmos atuar nele. 

Considerem isso um convite: vamos pensar na quantidade de coisas que poderíamos realizar não fosse essa preguiça, esse medo e o pessimismo que invade nosso roteiro sem pedir a menor licença. Vamos jogar tudo isso na primeira lixeira que encontrarmos e vamos fazer esse filme ganhar o Oscar de melhor roteiro da vida real! 

Trilha sonora: Que tal o impossível?


sábado, 12 de maio de 2012

Ex my love ? Não sei o que é isso,mas é Brasil !

Televisão não educa ninguém em nenhuma parte do mundo.Nem é sua função.
Difícil descrever para o que foi inventada, mas a educação não é seu forte.
Mesmo assim é um recurso disponível e isso deveria ser levado em conta.
Fora do sudeste existe um Brasil imenso, onde muitas crianças ainda não vão a escola ou tem que esperar a cheia do rio descer para poder ir.
Educação no Brasil é um luxo para poucos, considerado uma coisa supérflua.
Bom mesmo para o governo é negociar com empresários, latifundiários, e não perder seu tempo com escolas e crianças que precisam estudar ,já que isso não traz lucros imediatos .
Já que estudo é luxo a televisão endossa essa idéia.A novela das sete, ``Cheias de Charme ´´ segue uma lógica previsível.Com um bom elenco,afinado,um bom texto, e concentra na história de três empregadas domésticas e suas dificuldades.
Uma delas, Penha ,teve que sair do emprego porque o patrão tentou agarrá-la,coisa que acontece demais,principalmente quando são meninas que chegam do interior, sem ninguém por perto, totalmente indefesas e caem no mar de tubarões.
Outra doméstica, Rosário,vive sendo humilhada e maltratada pelos patrões e a outra Cida é menor de idade, trabalha em uma casa desde pequena, quando a mãe arrumadeira morreu,a família manteve ela na casa,mas sempre a explorou.
É impossível pedir para uma emissora seguir essa linha de pensamento,mas neste caso já há na história elementos reais que acontecem com milhões de meninas,seria uma boa idéia seguir esse caminho e tentar mostrar um pouco mais da realidade.
Mas para que ver a realidade na televisão se todos vivemos ela ? Ninguém quer sofrer duas vezes.
Sendo assim quem escreve a novela teve uma idéia brilhante.Rosário chama as duas amigas,Cida e Penha,para passar a noite na casa da patroa,elas usam a roupa da patroa, a maquiagem e acabam frente a uma câmera de vídeo cantando.Aquilo vai parar na internet e elas ficarão ricas e famosas.
Sei que isso acontece na realidade, mas é um dos recursos mais miseráveis que eu já vi.
Para que estudar ?Para que mostrar a uma menina do fundão do Brasil como se defender legalmente se for atacada por um patrão ou humilhada?Por que um autor colocaria uma doméstica estudando, melhorando a vida a custa de muito estudo e dedicação, conhecendo novas idéias e percebendo o quanto é explorada ? Por que um autor faria isso ?
Uma novela é feita para divertir.O ibope alto indica que sou a única reclamando,tá todo mundo adorando as domésticas que vão virar uma Ivete Sangalo.
Mas não existe nada sem mensagem, muito menos uma novela.Essa é a mensagem?Continuem limpando as casas,mas sonhando em ser ricas e famosas ? Não invistam em vocês,não estudem,não se preparem ,esperem melhor a sorte, aquela que vai buscar cada um de nós na hora certa.
Essa novela deve ser uma resposta ao Fantástico,que recentemente mostrou uma reportagem dizendo que o serviço de doméstica está com os dias contados, já que as meninas hoje querem uma vida melhor.
A classe média e alta deve ter surtado,daí colocam essa novela,pedindo entre aspas para que as meninas continuem limpando e sonhado,vai que um dia dá certo virar estrela e casar com o Luan Santana,mas até isso acontecer,por gentileza fazer o serviço da casa e ser explorada sem reclamar.
Que o serviço de domésticas comece a diminuir é uma coisa para se comemorar,porque no Brasil nunca existiram domésticas,são escravas disfarçadas, que dormem  no emprego,são exploradas,mal pagas e muitas maltratadas.
Tudo que irrita a classe média vira uma bomba,questão de tempo.Eles não querem as meninas estudando,nem superando a barreira social.Querem elas na cozinha, com o rádio ligado e suspirando com dias melhores.
Longe das faculdades,mas sonhando, enquanto lavam os banheiros.A novela vem apenas para apoiar o pensamento da classe alta e média em relação as empregadas.Tudo bem brincar com as roupas das patroas,mas limpem a casa e sua vida só vai mudar com um golpe de sorte enorme,não adianta estudar, nem procurar outra solução,a vida só muda assim quando alguma coisa incrível acontece e você tem que esperar ela acontecer.Enquanto isso, sirva o jantar e agradeça a Deus,porque seus patrões são muito bons, pessoas de bem, que te deixam cozinhar de rádio ligado.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Olhar para mim e não te ver...

Queria voltar no tempo e brincar de esconde-esconde ou cabra-cega. Mas eu cresci. Cresci para aprender a amar. Cresci para te amar e te perder. Antes não tivesse crescido. Ou melhor, antes não tivesse te amado. Porque te amar é perder um pouco de mim, para enriquecer-me de ti. No entanto, nesse domingo ensolarado em que não te tenho mais, como posso enxergar a riqueza de te ter. Em outras palavras, como posso assumir que um dia já fui o homem mais rico do mundo, não pela quantia em reais na minha conta bancária, porém pela pessoa que eu tinha nos meus braços todas as noites: você. Como é doloroso olhar para o quarto, a casa, o meu carro e não te ver. Olhar para mim e não te ver. Dor cega e covarde é a dor de amor, é a dor de não te ter nos momentos que só tua voz era bálsamo para minhas feridas. Pronto, assumo toda minha verdade: não te tenho. Sou mais pobre por isso. E, hoje, queria ser o homem mais rico do mundo. Queria ter a riqueza de sentir novamente seus braços em meu corpo. Sim, como os apaixonados da literatura, eu seria capaz de dar-te a lua para trazer-te de volta a mim. No entanto, a dor da consciência é mais forte. A dor de assumir que foi decisão minha romper nosso relacionamento. Pois bem, mãe-dor, aceito aprender contigo a dura arte da maturidade, no entanto, como um viciado peso: deixa-me amá-lo por mais um dia. Para que possa ficar na memória do meu coração, a doce lembrança da voz dele chamando meu nome e dizendo: “não me deixe, porque eu te amo”.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Três Contos

Peço desculpas por erros de português que podem ter passado, escrevi correndo no almoço, e as figuras, cacei no google.

Aqui estão três pequenos contos verídicos do local onde trabalho:

A CANETA



  Cheguei à recepção, onde minha colega pegava com ajuda de um papel todas as canetas e limpava com álcool.

 Perguntei o que havia acontecido, ela contou que uma moça educada que aguardava a consulta médica veio até ela e pediu gentilmente uma caneta emprestada, ela emprestou.

A moça, ao invés de fazer uma anotação como era o esperado, cutucou bem fundo todo o ouvido com a bic,e, como se não bastasse, depois rabiscou todo o rosto .Após o rabisco, quando o médico chamou para atendê-la, ela devolveu a caneta junto com todas as outras, no pote.

 Perguntei a minha colega quem era essa louca, mas ela não precisou me mostrar, logo, a louca saiu do consultório, com toda a naturalidade do mundo, tirando a cara azul, claro.



O ORÉGANO



  Temos um paciente que parece totalmente normal, educado, inteligente, simpático, conversa bem. Às vezes ele fica "surtado", mas não é agressivo, só de ver não dá para perceber que ele não está num "dia bom".

 Um dia ele estava lá falando coisas ao vento, engraçadas, soltas e sem sentido algum, nós da recepção sabíamos e deixamos de lado, ele na dele, tentando não rir dos devaneios doidos.

  A gerente chega, cheia de pompa, tal qual postura esperada de chefe, para ver se estava tudo indo bem. Foi conversar, logo com o paciente surtado, (sem saber, claro) ele conversa impecavelmente falando coisa com coisa, até finalizar a conversa, dizendo que o doutor orégano estava demorando muito para atendê-lo

 O AFEMINADO



  Temos outro paciente, que é muito afeminado, fala como mulher, cheio de "trejeitos", até aquele braço virado, com o pulso bem dobrado, parecendo qualquer comediante de sábado à tarde imitando um homossexual em piada chula.

  Falávamos dele como se fosse gay, quando a médica que sempre o atende corrigiu: Fulano? Não é gay, muito pelo contrário... Ficamos pasmos, como assim? Impossível!

  Ela contou que há muito tempo ele era mulherengo. Um dia foi no "inferninho" de bicicleta, como fazia sempre, porque não tinha dinheiro.
  Estava lá na boa, quando apareceu a polícia, para tirar o corpo fora, fingiu que era gay, a policia acreditou. Ele pegou a bicicleta e foi embora, no caminho foi atropelado, feriu o braço, que como ironia ficou eternamente assim.

O jeito afeminado? Desde aquele fatídico dia, nunca mais conseguiu parar de fingir.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Born To Be Wild

Calça de  couro, cabelos desgrenhados e corpinho sarado.  Um perfeito rockstar, com fôlego para dar e vender, além de muita história - muitas delas verídicas, outras, questionáveis - para contar.  E haja histórias, com 79 anos bem vividos.  Esse é Sérgio Augusto Bustamante, comissário de bordo carioca que, um dia, deu a louca e decidiu se render ao Rock'n'Roll.  O primeiro passo foi adotar o nome russo "Serguei". Daí para pegar a Janis Joplin foi um pulo.  

Na semana passada, lá estava ele, com o figurino citado acima, num perfeito contraste com o rosto bastante acabado para os quase 80 anos - certamente resultado de inúmeras e, possivelmente, nem tão bem sucedidas plásticas - dando pinta no Programa do Jô.  Subiu no palco, pulou, dançou, cantou - Born To Be Wild, para variar.  Tudo como há uns cinquenta anos, por baixo.  A mesma fala enrolada, os mesmos tiques, os mesmos "causos".  Continua em Saquarema, pansexual e jurando que comeu a Janis.  

Sério, quando crescer quero ser o Serguei.  Quem sabe, de repente, eu ainda não como a Madonna?

domingo, 6 de maio de 2012

Sobre esperança.

O quão fundamental é ter esperança, para um ser humano?

Marina Diamandis, mais conhecida como Marina & The Diamonds, canta em certa parte de sua canção “Obsessions”, ainda do primeiro álbum da carreira, o The Family Jewels (o segundo vazou há pelo menos uma semana, recomendadíssimo quem puder procurar):

“Can’t let your cold heart be free when you act like you got an OCD”

O que isso tem a ver com esperança, pergunta o leitor, com todo o direito e razão. Nada. Tem tudo a ver, no entanto, com a perda dela. Ao menos para mim. Congelo o meu coração, o prendo entre grades finas e inescapáveis, porque crio um tipo de proteção, um tipo de casca: ela se chama desconfiança. E a desconfiança se reveste da suposta nobreza da “espera”.

Por quanto tempo estarei esperando, esperando, esperando… Quando começarei a perseguir o que realmente quero? Esperança, apesar da raiz etimológica, não é sentar e esperar. É se levantar e tentar. Mesmo que depois me decepcione. Mesmo que depois meu coração se torne ainda mais congelado. Mesmo que seja chutado mais uma vez.

Eis mais um texto em que eu me perdi e me deixei sangrar. Dizem que eles costumam ser os melhores. Em um ano tão cheio de superlativos, interrogações e reticências, talvez seja melhor mesmo deixar tudo vazar em palavras.

Mas não me sinto completo. Nunca me sentirei. Se me sentisse, em quê teria esperança?

We’ve got obsessions
I want to whipe out all the sad idead that come to me when I am holding you

sábado, 5 de maio de 2012

Comprei

Segundo um astrólogo norte-americano, quem matou Elvis Presley foi uma cama enfeitiçada. A mesma que matou Marilyn Monroe, George Sanders, Robert Kennedy, Nick Hilton, primeiro marido de Elizabeth Taylor e tantos outros. Essa semana, a tal da cama foi leiloada nos Estados Unidos. Uma fã enlouquecida pelo rei do rock deu o maior lance, arrematou e teve seus quinze minutos de fama nos telejornais do mundo inteiro. Como você está se sentindo? Esta foi a melhor compra da minha vida. Você vai dividir com alguém? Ninguém vai poder chegar perto. Mas a senhora não é casada? Sou. Mas agora cada um na sua cama. 

E a mulher gorda sorria e chorava enquanto respondia as perguntas da repórter. 

A imprensa, os vizinhos, todos queriam ver-tocar-tirar foto na cama e Sarah, absoluta, trancou as portas da mansão em que vive com Joseph, seu marido, e ordenou que o mordomo e seus criados não permitissem o assédio de curiosos e invejosos. Ninguém podia entrar no quarto. Sarah não saía de lá. O marido já estava dormindo em outro aposento. As refeições eram levadas até a porta pelos criados. Conversava com o companheiro por telefone e faziam sexo por videoconferência. 

Vaselina hoje, morfina amanhã.

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Cleyton Cabral
@cleytoncabral
www.facebook.com/achecleyton

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Era uma vez uma pinta cabeluda

Era uma vez uma pinta cabeluda. Uma pinta dessas feias, de bruxa, que ninguém gosta. Uma pinta de 3 centímetros no máximo, mas feia o suficiente para precisar ser escondida. Por sorte nasceu perto da orelha,  um lugar que o cabelo comprido tapava e quase ninguém sabia que ela existia, só a dona e mais algumas pessoas observadoras. A dona era eu.

Com o tempo eu nem ligava muito, mas vira e mexe olhava para aquela pinta e pensava: um dia tiro você. Chegou o dia. Uma alergia inesperada me levou ao dermatologista e lá aproveitei para analisar todas as pintas do corpo. Sim, eu sou uma pessoa de pintas. Nenhuma oferecia risco, mas se eu quisesse tirar por estética era bem simples. Topei a briga. Não conhecia a médica, escolhi no catálogo do plano, entre vários outros médicos, uma inclusive de frente pra essa, mas resolvi arriscar. E a médica me pareceu bem simpática.

Dia da mini-cirurgia, um zilhão de pessoas aguardando.  Já comecei a ficar tensa, achando que ela estaria cansada. Espero, espero, espero. Será que sempre foi assim? Você marca as seis e é atendido as oito? Vai fazer isso em um restaurante pra você ver. Por fim chamaram meu nome. Entrei e encontrei a médica de calça de ginástica e crocks. Naquele momento eu quis sumir dali. Não sou do tipo que julga roupa alheia, mas daí trabalhar de crocks, velho? Total esculacho.  Comentei com ela que também usava crocks, mas em casa, para fazer faxina. E ri. De nervoso.

Conversando mais percebi que ela era carioca. Nada contra os cariocas, mas pensa bem, o que uma médica de uma das maiores cidades do país veio cheirar aqui  no interior de Minas? No mínimo matou alguém por lá. Comentei com minha mãe que queria desistir, mas minha mãe, rainha dos maus conselhos, me encorajou a continuar, já que estava ali, aquela coisa.

A médica chamou a enfermeira para ajudar e aprender  e, como se não bastasse todos os sinais que aquilo era uma cilada, descobri que era o primeiro dia da moça. E lá se foi a minha pinta. E lá se foi as tripas da enfermeira nova, que passou durante o procedimento.  

Seis meses depois, no lugar da pinta uma cicatriz. Três vezes o tamanho da antiga pinta. Meu irmão diz que um cirurgião plástico choraria se olhasse minha cicatriz. Minha amiga professora infantil diz que parece que eu fui atingida por um balanço do parquinho.  Minha mãe acha que não tem nada demais, “o cabelo tampa”. Voltei na médica, só pra mostrar o estrago que ela fez no meu rosto. Na saída a médica do consultório da frente apareceu, nem lembro o rosto, só reparei que estava super bem vestida e fui descendo os olhos para os pés. Um salto altíssimo. Droga.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

A síndrome do sono ao volante

Prometo que esta é a última crônica que eu escrevo sobre as minhas aventuras no trânsito. Até porque, nem eu aguento mais falar sobre isso. Se não me engano, contando com essa, são três crônicas consecutivas. Mês que vem, aqui no blog das 30 Pessoas, eu posso até discursar sobre o aspecto e as funções celulares das mitocôndrias, mas não vou falar de colisões no trânsito, maus condutores ou ultrapassagens arriscadas.
É inegável que os acidentes de trânsito no Rio diminuíram muito ultimamente devido à Lei Seca, mas existe um problema tão grande quanto, porém muito mais difícil de ser combatido: o sono repentino ao volante. Eu não sei o que acontece comigo, mas às vezes, sobretudo de madrugada, bate um sono incontrolável. Isso também ocorre quando estou em terra firme, mas a 100 km/h, mexendo os dois pés e as duas mãos, é difícil de conceber um fenômeno desse tipo. Felizmente essas crises têm sido cada vez menos frequentes. Acho que com o tempo eu fiquei mais experiente no assunto. Já nos primeiros sintomas eu paro o carro no primeiro posto e viro um Red Bull. O energético não resolve por completo, mas ajuda bastante. O problema é quando isso acontece e você não tem nenhum lugar pra parar. Uma solução possível, porém perigosa, é estacionar o carro no acostamento e tirar um cochilo. Uma outra solução, bem menos eficaz que o Red Bull, é ficar se estapeando dentro do carro ao som de punk rock no último volume e dar uns berros aleatórios. É bom lembrar que a síndrome do sono ao volante é potencializada pelo álcool. Ou seja, mais pontos para a Lei Seca, que conseguiu, mesmo que de forma indireta, combater este mal.

(espaço publicitário)
O meu site novo está quase pronto e vou fazer um show voz e violão de lançamento pela Twitcam. Nunca fiz isso antes e estou animado com a ideia. Talvez em maio, talvez em junho, não sei ainda ao certo. A propósito, ponha um pouco de lado o disco da sua banda favorita e escute a minha música nova, O Redator Publicitário: http://www.youtube.com/watch?v=VNhhwV1FSiY

Pelo incrível que pareça, a única vez que eu bati com o carro sob os efeitos da síndrome, eu não havia ingerido uma gota de álcool. Sob os efeitos da síndrome, com ou sem álcool, eu já quase bati diversas vezes. Me lembro bem de uma ocasião saindo de um túnel. Tirei um minicochilo e quando acordei, estava a centímetros da parede. Fiquei tão assustado que o sono foi embora imediatamente. Mas voltemos à batida. Isso já tem uns 10 anos, senão mais. Voltava da Barra da Tijuca e mesmo antes de passar por São Conrado eu já tinha parado num posto de gasolina pra dar uma acordada. A síndrome atuava a pleno vapor. A batida começou a se desenhar ali porque em vez de tomar o Red Bull, sorvi um café. Café e nada, em se tratando da síndrome, são praticamente a mesma coisa.
Os especialistas dizem que a grande maioria dos acidentes de trânsito ocorrem quando já estamos bem próximos de casa, que é quando relaxamos e pensamos que mais nada pode acontecer. E comigo, naquela factídia noite voltando da Barra, não foi diferente. Acordei com um fortíssimo barulho. Olhei ao redor e vi que o meu carro estava dentro de uma obra da Comlurb. A obra não era na calçada. Era na pista da direita. Aliás, essas obras eram muito comuns na zona sul. Bastava mudar de pista e pronto. Lembro que além dos tapumes, tinham umas luzes toscas improvisadas, que eram visíveis de longe. Mas com os olhos fechados, nem a luz da árvore da Lagoa poderia ser vista. Tombei todos os tapumes e todas as luzes toscas e estava literalmente dentro da obra. Tentei acelerar o carro e nada. Ele rosnava mas não saia do lugar. Enquanto eu pensava ainda no que fazer, um carro com uns quatro jovens encostou do meu lado, riram da minha cara, fizeram piadas e perguntaram como havia acontecido aquilo. Não respondi. Abri a porta e vi umas quinhentas ferragens debaixo do carro. Coloquei o macaco na altura máxima, mas não foi suficiente. Precisava de um macaco bem mais alto. Não queria ligar para nenhum amigo ou familiar. Até porque, eles não poderiam me ajudar com seus macaquinhos inoperantes. Voltei para o carro e fiquei estático por cerca de 10 minutos, talvez tomando coragem para ligar para um reboque. Pouco depois, um homem bate no vidro. Ele mostra o seu carro parado logo atrás. Era um furgão gigantesco. Perguntou se eu precisava de alguma ajuda. “Deixa eu dar uma olhada no seu macaco”, respondi.
O macaco dele era quatro vezes o meu. Deixamos o carro quase que num ângulo de 90 graus e conseguimos, com algum esforço, retirar todas as ferragens. Ofereci algum dinheiro pela ajuda, mas o cara não aceitou. A parte dianteira do meu carro estava em frangalhos, mas pelo menos eu estava inteiro. Fiquei com pena dos trabalhadores da prefeitura. Teriam um trabalho redobrado na manhã do dia seguinte.