quarta-feira, 29 de julho de 2015

conversa fiada

Pareci que não morre. Gostaria que fosse enterrada sabe, mas nunca aconteci.  Sabe lá se não é coisa mandada, lá dos quintos dos infernos. O fato é que não desaparece. Não some de vez da face da humanidade. A infeliz ideia. De tão vinda direto da casa do capeta, só pode ser, devido ao vai e volta.

E sem delongas, veja como ressurge dos quintos.

A primeira foi constituída em 1838 e chamava-se Casa de Correção, uma espécie de abrigo-oficina ou casa para crianças de 12 a 17 anos que literalmente vadiavam ou encontravam-se em situação de completo abandono e mendicância pelas ruas da cidade em pleno processo de construção e desenvolvimento nos moldes europeu. Ou noutras palavras no modelo de urbanização da época e chupinhado porca-mente da Europa.

Mas vá lá, considerando o século – 1838 - não difícil imaginar em que situação a família, ou pai e mãe encontrava-se não é? Mas dado o retorno da desgraçada de tempos em tempos é melhor reafirmar, se não vira baderna.

Lembra da suposta "Lei da liberdade" cujo nome é "Áurea" promulgada em 1888 declarando “extinta” a escravidão, podemos concluir que os pais destas crianças consideradas pelos senhores e/ou juízes em situação de abandono pelas ruas da cidade, na verdade estavam na condição de escravizados.

Também poderíamos concluir que não se tratava de abandono, uma vez escravizados, mas como toda má ação deve ser mesclada de boas e ótimas intenções como todo inferno, a Casa de Correção de 1838 visava retirá-los das ruas para dar-lhes abrigo, proteção e qualificação.

Normalmente a proteção versada de qualificação estava alinhada aos ofícios de: carpintaria, alvenaria, encanação e ferraria,  já que as ferrarias e estradas eram públicas e demandava mão-de-obra, salvo quando não eram enviados para serem ajudantes de afazeres domésticos das senhoras e outras questões caseiras, como por exemplo servirem de brinquedos para crianças (pálidas) ou cuidadores das mesmas.

Veja que o problema social, decorrente da escravidão tornou-se logo uma solução penal e que mesmo após a escarrada "abolição" se agravava muitíssimo uma vez que “libertos” foram jogados a sorte, da miséria.  

Mas isso de escravidão já passou, dizem por aí. O problema de hoje é perdurar nos mesmos melindres do passado, da gente preguiçosa e desleixada, que não quer ser alguém na vida.

E ave minha nossa! 
Queria tanto, tanto e tanto enterrá-la e acabar de uma vez com o vai e volta. E que jeito? Quando a gente vê, lá vem, lá está à desgraçada. Volta com tudo, mas necessariamente em 1927.

Neste período quase as vésperas de experimentar um governo “genuinamente brasileiro”, quem diria hein, é criado o Código de Menores através do Decreto 17.943-A.

O Decreto 17.943-A estabelecia a “proteção” dos “menores” numa perspectiva de controle do abandono de forma repressora para garantia da ordem e da moral, basicamente tratava-se de reabilitação de “delinquentes” e maior intervenção da justiça/juízes e consequentemente o internamento para correções de condutas desviantes.

Algo semelhante com 1838?
Por isso, a conversa fiada vem e vai, entre a janela e porta do diabo.

Em 1979 através da Lei 6697 ocorre a Reforma do Código com propósito terapêutico e totalmente voltado para o "menor" e sua família, ou seja, ocorrem discursos moralistas, criminalizante e preconceituosos, noutras palavras o erro está somente e apenas com a família.

Também conhecida pela criação da FEBEM – Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor. Atualmente mais conhecida por Fundação Casa.

Fundada em plena ditadura civil-militar não é necessário qualquer consideração posto que se os maiores/adultos/vacinados e livres não desfrutavam do mínimo do bem-estar quem dirá o menor considerado delinquente, vadio e abandonado.

Não deveria sequer citar, por que é obrigação de qualquer profissional, principalmente daqueles ligados a justiça saber, que usar o termo “menor” para referir-se à criança, jovem e adolescente inserido na democracia, é na verdade uma referencia ao Código de Menores e Reforma elaborada pela ditadura civil-militar e terminantemente abolido pela CF/1988.

Também eliminada e enterrada a palavrinha “menor” pelo Estatuto da Criança e do Adolescente-ECA criado em 1990 e que garante direito e reconhece a proteção de fato de crianças e adolescentes. Portanto, use "menor" apenas para referir-se ao tamanho de objetos, jamais de crianças, jovens e adolescentes.

Recentemente comemoramos 25 anos do ECA (1990) e do  processo de implementação com direito a protestos e debates contra a Redução da Maioridade Penal. Por acaso soube de algo? Não passou na tevê? Imaginei, deve ser obra do capeta, adora determinados canais sensacionalistas e sem compromisso social. Mas é uma pena que está prestes a ser reeditado para velha versão, numa mistura do Código de Menores e da Reforma.

Claro não sejamos tolos, isso só irá acontecer quando basicamente todas crianças e adolescentes negros e pobres estiverem presos e se houver alguma necessidade de mão-de-obra haverá sugestões e propostas para qualificá-los. Daí é retrocesso absoluto, para a Casa de Correção.


Resta rezar para que percebam que trata-se de séculos na ausência de políticas públicas de geração em geração, principalmente no que refere a população negra. Sendo melhor enterrar de uma vez a conversa, fiada.

Ou aceitar que abram as portas do inferno através da redução da idade penal e quando receberem as conseqüências da nefasta emenda em oito anos notar que não é possível isolar a pobreza. 

Rezemos.

segunda-feira, 27 de julho de 2015

For all


Finalmente participei do FENFIT (Festival Nacional Forró de Itaúnas)! A festa acontece no município Conceição da Barra (ES), especificamente na vila de pescador chamada Itaúnas. É um acontecimento muito importante no calendário dos forrozeiros, pois são duas semanas intensivas de forró pé de serra.

Itaúnas se enche de gente do Brasil todo que vai para o "bar do forró", onde acontece o festival, mas que transborda por todos os cantos da vila. A proposta do FENFIT é revelar e incentivar novos talentos musicais, tendo premiação em dinheiro e gravação de CD para a banda/trio vencedor. São várias categorias: melhor letra, revelação masculina e feminina, melhor sanfoneiro, melhor trianguleiro, melhor zabumbeiro e melhor intérprete.

A festa segue com apresentações das bandas selecionadas, sendo intercalada por bandas consagradas, como Falamansa, Mestrinho, Bicho de Pé, e é emocionante acompanhar a apresentação dos candidatos, que levam torcidas próprias.

No forró, não há uma regra básica de como dançar, mas cada cidade carrega um sotaque próprio. Em SP, o samba rock emprestou o seu tempero e talvez seja nossa marca por aqui. Ainda não tenho muita experiência fora, mas a impressão que fiquei é que os cariocas gostam de uma dança mais sensual, com bastante rebolado; os baianos são muito habilidosos com os pés e fazem movimentos complexos com eles; nordestinos em geral não fazem giros, eles se concentram no movimento do casal junto e os capixabas foram os mais surpreendentes pra mim: a união dos pés habilidosos dos baianos com movimentos quadrangulares! Isso porque, normalmente, os movimentos de giro são circulares e achei muito criativo o modo como eles dançam por lá no Espírito Santo.

O festival acontece durante a madrugada, mas saindo do "rock" (a versão capixaba de "balada), se emenda com o "forró da padaria". As lindas dunas que margeiam a vila são alegradas por músicos amadores e assim a praia se transforma numa pista de dança.

Por tudo isso, se curte forró pé de serra, xote, baião, xaxado, rastapé, não deixe de conhecer a vila de Itaúnas. Aliás, o estado do Espírito Santo inteiro! O turismo é razoavelmente pouco explorado pelo potencial que apresenta.

Ano que vem tem mais! ;)


sábado, 25 de julho de 2015

Ele é apenas a distração dos seus pensamentos

"Ele é apenas a distração dos seus pensamentos" - disse Miriam.

Depois de ouvir um longo desabafo, uma amiga finaliza com esta frase. Sim, ele é apenas a distração dos meus pensamentos. Foi pra isso que eu o procurei, pra me distrair de outra situação, de outro desamor. É injusto cobrar algo que não estava acordado, tampouco querer tirá-lo de um lugar da prateleira e colocá-lo em outro espaço menor, forçar a ficar onde não cabe. Então por qual motivo a gente teima?

Tenho muito a agradecer este moço que não apenas distraiu meus pensamentos por uns meses como ensaiou novos e esquecidos sentimentos em mim.

Foram meses reconstruindo uma estima, acreditando que de novo e dessa vez, poderia ser diferente. Não foi. Ele é apenas outro alguém com uma história mal resolvida, envolvido com uma pessoa e me levando para a sua vida como terceiro elemento da relação.
Achei-o especial por compartilhar tantos gostos (diferentes e inesperados) parecidos com os meus, não olhei para aquilo que deveria prestar mais a atenção: atitude. Poderia ter seguido o conselho da minha terapeuta sobre os primeiros quinze dias. Não segui. Sou teimosa. Eu tento e me arrebento. Não me arrependo. Nem de ter assumido a postura de amante mental e ser o depósito de todas as suas frustrações. Difícil é recomeçar e eu sei como recomeçar.

Esses dias, assisti ao filme Perdas e Danos. Há uma cena que a personagem diz: "Tema as pessoas sofridas. Elas sabem que podem aguentar". 

Ainda tenho tanto para vomitar sobre este assunto, queria escrever até esgotar, até cansar, até pensar que se eu escrever inutilmente a seu respeito, vou te esquecer mais rápido. Ou lembrar que no final, o que tenho que fazer é me amar, incansavelmente antes de pensar em gostar de você.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Tão longe. Tão perto.

Eu quase nunca vejo meu pé.
Geralmente ele fica longe, muito longe. Lá embaixo, pertinho do chão.
Tão longe que eu quase não o alcanço.

Com minha mão é diferente.
Ela fica o tempo todo próxima a mim, sempre ao alcance da minha visão.
Tão perto que eu conheço bem cada dedo.

Mas mesmo estando tão longe, meu pé continua sendo meu pé.
E fico feliz ao saber que posso vê-lo de vez em quando
Quando tiro a meia ou corto as unhas.

Meu pé me leva pra passear e sempre joga bola comigo
E mesmo estando tão longe
Tão distante da minha mão
Eu gosto muito dele e ele é muito importante pra mim.

***

Eu quase nunca vejo meu pai.
Geralmente ele fica longe, muito longe. Do outro lado da cidade.
Tão longe que eu nem sei bem onde é.

Com minha mãe é diferente.
Ela fica o tempo todo próxima a mim, sempre ao alcance da minha visão.
Tão perto que eu conheço bem cada fio de cabelo.

Mas mesmo estando tão longe, meu pai continua sendo meu pai.
E fico feliz ao saber que posso vê-lo de vez em quando
Quando tiro férias ou quando é sábado.

Meu pai me leva pra passear e sempre joga bola comigo
E mesmo estando tão longe
Tão distante da minha mãe
Eu gosto muito dele e ele é muito importante pra mim.

***

Pé e mão. Pai e mãe.
Tão longe. Tão perto.

terça-feira, 21 de julho de 2015

Audiopost nº 02! Era pra ser maior... Porém...

Oi galera!
Tudo suave?
Bem, eis o audiopost de hoje, menor do quê o imaginado por mim, mas ouve aí!
Acho que ficou interessante (ou não)!
Ah: Um link de uma vez que nosso blog saiu no Estadão! Clique aqui!
E agora, o áudio! 
Ótimo dia 21 pra você!


Edit.: Ah é! O clipe! Tinha esquecido! Tá aqui!


Texto: Daniel Bolovento
Voz: Márcio Luís
Música: "All you had to do, was stay"
Intérprete: Alyssa May (Cover de Taylor Swift)

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Por onde andam os Incas.

Os Incas formaram uma civilização incrível. Ao longo da cordilheira dos Andes habitaram montanhas aparentemente inóspitas graças ao domínio de técnicas avançadas de agricultura, pecuária, arquitetura, etc.

De imediato muitos dizem que os Incas eram mais desenvolvidos, ou até evoluídos, que os índios brasileiros, que não construíram majestosas cidades de pedras, nem dominavam a astronomia. Na verdade as sociedades se desenvolvem com base na necessidade de seus indivíduos em relação ao meio em que estão.

Aos Incas era indispensável saber detalhadamente quais eram as estações do ano para que plantassem e colhessem seus alimentos no período ideal. Desenvolveram técnicas de conservação de alimento usando somente as correntes de vento gelado das montanhas, formando um tipo de geladeira natural, a tecelagem que usava lã de alpaca e lhamas aquecia a população e tornava viável a ocupação das montanhas.

As tribos brasileiras viviam condição bem distinta. Na floresta amazônica, quente e chuvosa durante todo o ano, não havia necessidade de saber se era verão ou inverno, tão pouco conservar os alimentos durante longo período. Era mais fácil caçar ou pescar e consumir alimentos frescos.

Além das condições climáticas, pesa muito o período histórico. Os Incas se desenvolveram ao longo de uma longa era de paz, durante a qual não se perde tempo ou recursos para defesa de território e os homens podem se empenhar em estudar e desenvolver tecnologias.

Quando os colonizadores espanhóis chegaram, não houve política de extermínio no território Inca. Houve muitos assassinatos em batalhas sangrentas e sobretudo os líderes foram mortos, foi o fim da era de paz que permitiu o desenvolvimento daquela sociedade, porém boa parte dos índios sobreviveram e hoje ainda habitam as montanhas peruanas.

Muitos descendentes Incas ainda falam quéchua, cultivam o milho branco de grãos gigantes e trabalham a lã, como faziam há séculos atrás. Vale a pena visitar o Peru e ter um pouco de contato com essa cultura tão particular e rica. Por outro lado, dá um certo aperto ver descendentes de uma civilização tão avançada hoje vestirem-se de forma tradicional para serem fotografados por turistas em troca de moedas.


segunda-feira, 13 de julho de 2015

Retirada

Quando decidi partir, ela falou:
- E eu?

Quando resolvi pra onde ia, a mãe dela disse:
- Por que tão longe? (e ainda segue me questionando sobre isso)

Quando eu fui, ela - de coração apertado - deu tchau e chorou.
Sabia que eu nunca mais voltaria.

Quando cheguei, por muito tempo fiquei.
E veio o dia que era hora de ir novamente.

Quando decidi zarpar, ele disse:
- O que posso fazer pra você ficar?

...e eu fui.

Não sei explicar como e nem o porquê.
Nessas andanças, o coração vai ficando cheio de memórias, sons, cheiros, imagens; e isso tudo, às vezes, pesa.

Como medo de "voltar pra trás", continuamos em frente, deixando coisas pelo caminho...até a hora de sair em retirada novamente - lutando para carregar o que dá e descartar o que não vale a pena.

O mundo é logo ali.







domingo, 12 de julho de 2015

Se você der a mão para uma pessoa tóxica, vai junto...

Um guru indiano, um dos melhores, Deepak Chopra tem livros, Cds, falando sobre espiritualidade. Uma das coisas mais interessantes que ele fala é sobre as pessoas tóxicas, aquele tipo de gente que contamina o ambiente e suga nossa energia. Tudo neles é errado, a visão, a energia, são a concretização da energia negativa.
E são como gremlins, se reproduzem sozinhos, principalmente em ambientes de trabalho, lugar em geral cheio deles.

Caso fosse um mundo justo teríamos que lidar com pessoas tóxicas apenas no trabalho, mas infelizmente elas também estão em todas as famílias. Quem não tem um tio baixo astral ou uma tia depressiva, sempre contando tragédias?


É difícil cortar essas pessoas, porque elas vivem no nosso circulo mais íntimo, mas com o tempo começamos a perceber que elas são como animais famintos, caso não consigam o que querem, vão atrás de outra presa.


Quando comecei a perceber isso me afastei, não consigo lidar com eles, é melhor mesmo ficar longe, porque eles se alimentam da nossa energia, é nossa irritação, ódio, ressentimento, mágoa, raiva, que alimenta eles, todos os sentimentos negativos são a gasolina deles. É fácil reparar, é só ver como uma pessoa tóxica faz, ela chega em um ambiente, começa a falar coisas ruins, contar histórias, deixa todo mundo deprimido e depois sai andando, cheia de energia. Tem gente que diz que isso é vampirização, a pessoa suga a energia da outra.


É melhor caminhar pra bem longe deles, que estão em todos os lugares. No prédio que eu moro a síndica adora uma briga. Nunca me meti em rolos com ela por preguiça, porque tenho muitas queixas dela, mas só pelo tédio que me dá a pessoa não me mexi, mas depois reparei que ela se alimenta disso, vive procurando brigas com os moradores, adora ameaçar, processar, é como um animal rasteiro, que se alimenta do lixo dos outros.


Já namorei homens assim, já tive amigos assim. Mas o tempo passa e todos somos obrigados a aprender, temos que nos defender de um jeito ou outro, caso contrário vamos viver toda nossa vida em uma areia movediça, sempre sendo puxados por pessoas tóxicas.


Principalmente porque pessoas tóxicas não são amadores. Eles querem a energia boa dos outros, quando não conseguem ameaçam. Quem nunca teve um parente que ameaçou se matar? Eles adoram essa linha, repetem ela o tempo inteiro, manipulam, até conseguirem o que querem, orelhas para escutar suas desgraças e em energia para puxar.


Quase me afundei várias vezes porque ficava com dó. Venho de uma família que mais da metade são pessoas tóxicas e eu era facilmente manipulável, presa fácil de chantaje na base de ''vou me matar'' e ficava então como barata tonta, tentando ajudar a pessoa,que sempre saia bem, eu já saia detonada, cansada, mal fisicamente e emocionalmente.


É impossível cortar a convivência com todas as pessoas tóxicas, até porque todos os seres humanos em algum ponto de sua vida são tóxicos.


Dá pra conviver, mas se protegendo, como se tivesse um leão na sala. Não se escuta o que dizem, não se dá corda a conversas, não se deixa afetar por comentários maldosos e diante da ameaça de ''vou me matar, a vida não vale a pena'' é melhor sair andando.

Muita gente vai dizer que pessoas que querem se matar precisam de ajuda, mas todos nós neste planeta doido precisamos de ajuda e não se consegue ela na base da chantagem e manipulação. Pelo menos na minha família ninguém se matou até hoje, mas muitos tem mais de 50 anos ameaçando fazer isso.

Pessoas tóxicas querem as coisas do seu jeito e a energia dos outros. Tem o poder de desestabilizar vidas inteiras, já vi coisas que até meus olhos duvidam, pessoas tóxicas que conseguem manipular uma família inteira.

E o pior de tudo é que não valem a pena. O que uma pessoa assim pode contribuir para a tua vida? Você fica ansioso na presença dessa pessoa, com o estômago dobrado, pensando de noite se ela vai se matar ou se estava só chantageando. Vale a pena um ser humano que faz outro sofrer à toa?

Se afastar é a única maneira de se salvar. Eu demorei a entender que Deus me deu uma vida, ou seja, não me mandou cuidar de outra. Ficar perto por dó é se matar, porque a pessoa tóxica sai viva, mas quem está perto será enterrado vivo, porque para eles esse é o grande barato de ser tóxico, como em um jogo de videogame, derrubar todo mundo que está por perto, até que fiquem só eles, a procura de mais vítimas.

sábado, 11 de julho de 2015

O Que Você Quer Ser Quando...


Foi assim que o diálogo começou, meio que sem motivo, depois de um momento de silêncio proposital.

– O que você quer ser quando...
– Crescer? Já cresci. Já sou grandinho.

– Como você sabe?

– Aprendi a amar. Bem que poderia me perguntar o que eu quero ser agora que sei amar...

– Hmm... Então tá! O que você quer ser quando souber amar?

– Música.

– Músico?

– Não! Música mesmo. Músico eu já sou.

Foi assim também que o diálogo acabou e foi assim que o silêncio brando veio de novo, dando vez apenas ao som da brisa morna que vinha das bandas de lá.

Bem provavelmente, você deve estar se perguntando meu motivo de querer ser música e para saciar tua curiosidade, leitor, deixo a ti a minha explicação:

Eu quero ser música pra poder penetrar por teus ouvidos e invadir tua mente com as palavras que passei anos estudando. Criar uma sentença com a combinação perfeita para convencê-la de que sou eu...

Eu quero ser música para entoar eu teu coração os bemóis e sustenidos menores que aprendi especialmente para musicar aquelas palavras dali, que passaram por aqui de forma coerente aos meus poemas.

Quero ser música para que entre escalas pentatônicas e cromáticas, harmônicas e diatônicas, eu possa significar um universo egoísta onde somente eu possa te hipnotizar, te derreter, te desconcentrar de lá e te concentrar pra cá, te manipular com a leveza que só eu, música, poderia fazer.

Quero ser música, para envolver-te em minhas teorias musicais, orquestradas, à capela ou mono-instrumental onde teu modo de existir tem um só significado para mim.

Significado de um tema único chamado "Você".

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Sobre a chuva


O dia acinzenta-se
À noite, acalanta-me
Barulhinho bom
Traz o sono, 
Entre o silêncio e o som
Molha a terra sedenta
No mar, desorienta
Ondas, vento, tempestade
Em casa: coberta e chá da tarde
Ouço a chuva e o trovão
Preguiça, poesia e violão.
  
Em um canto, desejada
Adorada e celebrada,
Noutro, muito temida
Enchentes,
Deslizamentos,
Risco à vida.

Raios iluminam o céu

Em minha cama,
Alheia a tudo
Ouço o som da água caindo
da água escoando,
da água passeando
e levando consigo
o que não presta
e o que resta
é paz.










segunda-feira, 6 de julho de 2015

Das aventuras da 1º vez

Virou-se na cama mais algumas vezes. O travesseiro de espuma fora do seu lugar. O corpo irreconhecível em si mesmo; estava acordada fazia horas. 
Conceição! Nome de mulher e não de menina. Quis ser Conceição por muito tempo durante os últimos meses, mas era Zizinha.
E agora, desejava voltar a ser menina, a mesma que mamãe beijava todas as manhãs; talvez ainda fosse!?
O peso nas pernas ainda se fez sentir e por isso levantou devagar, apesar do ímpeto da esperança. 
Olhou no espelho. A Conceição agora era ela. Pensou na loucura de querer ser um e um dia descobrir que se é outro. O melhor era não olhar mais. 
Voltou-se para cama, mas o sangue da primeira menstruação escorria pelas pernas.

domingo, 5 de julho de 2015

SEMINÁRIO

Ia ser padre, mas pegaram ele dançando Britney de collant no mosteiro.