quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Fim de Ano

O tempo não termina,
não avança
não vai a frente
também não permite o retorno

O tempo é um eterno presente
Não existe futuro e o passado é eterno esquecer.



O tempo corrói aos poucos.
Aos poucos nos tornamos pó.

Pó.
O mesmo pó de uma ampulheta.

Ampulheta que nunca para. 
O tempo é o movimento daquilo que não passa, nem dura. 

Enquanto permaneço imóvel no tempo, me esqueço. 
Deixo de ser lentamente,
Avanço no inominável nada que me espera e admito: respiro! passo! sou!


terça-feira, 29 de dezembro de 2015

o sonho acabou

Com esse título ou com palavras parecidas artigos foram muitíssimo divulgado em 2015.

E poderia ser as palavras ou título do ano, de tanto que usaram para deslegitimar qualquer esperança, obviamente da ala de esquerda.

Principalmente aquela ala que não sambou direito e disse que mudaria alguma fagulha de lugar pela vontade popular foi massacrada.

Interessante notar o erro da análise de conjuntura, como se a esquerda tivesse unida e totalmente pronta para golpear ou arrasar o sistema financeiro e projeto de sociedade atual.

O uso excessivo da palavra derrota para analisar ações dos gregos e partidos latinos que se dizem de esquerda ou disseram em algum momento registrado pela história que acessando o poder iria melhorar a vida dos trabalhadores foi estridente em todas as análises pela tevê ou jornais.

Só faltou um luminoso com luzes piscando de vermelho para evidenciar o quanto derrotaram a esquerda neste ano ou conforme nomearam os governos populistas ao reverter a tal campanha do medo.

E vendo dia a dia a insatisfação popular em centros urbanos e rurais com variadas faces da violência de estado percebo mesmo que o sonho acabou; ou seja pela fuga desesperada de refugiados por guerras, falência social e econômica percebo quem de fato é derrotado ou está derrotado.

Ou vejo ainda através de protestos, greves e auto-organização pelos quatro cantos do mundo, noto o quanto queriam que acreditássemos - que o sonho acabou - como se fosse questão de escolha.

E ainda que brigando, descordando, enfrentando e resistindo por meio de partidos, movimentos, coletivos e autonomia a ala da esquerda só cresce, mesmo que derrotada. Ou pelo menos essa é a ilusão que eu quero muito acreditar.

Que no próximo ano alguém refirme em momentos de descrença e desesperança que o sonhou acabou...

Acabou de começar...






PS: aqueles que não se veem como assassinos sociais não se ofendam com a letra;
PS 2: enquanto isso, ainda em 2015 seguimos na página 79 - RAP e Política- Editora Boitempo.
PS pela última vez: boas entradas, de novo ano.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

e se fingirmos que 2015 não aconteceu?

Faltando três dias para o final do ano, estamos aqui avaliando o que aconteceu nos últimos 362 dias. 2015 foi um soco no estômago de muita gente.

Colocando os pesos na balança, pra ver o que compensava ou não, cheguei à conclusão de que este ano o saldo foi positivo. Apesar de sentir muita falta da estabilidade ou de conseguir descansar enquanto durmo, melhor assim. Quando saímos da zona de conforto, percebemos que ela não era tão confortável, afinal.

Dizem que leva em torno de 27 anos para os planetas completarem um ciclo e se alinharem de uma maneira muito parecida como a de quando você nasceu. Dizem que este é o momento em que tudo desaba e você se encontra cara a cara consigo mesmo.

Faz dez dias que fiz aniversário. Há um ano e dez dias atrás, eu me lembro bem daquela manhã, eu não imaginava que estaria aqui. Não imaginava tudo o que aconteceria neste espaço de um ano, eventos que me transformariam numa pessoa completamente diferente daquela que acordava (mais tarde que o normal e com um pouco de ressaca) na manhã de dezoito de dezembro de 2014.

2015 não foi um ano fácil.  Lembro de ter várias vezes repetido que este foi o pior ano da minha vida, e não sei se estou tão certa sobre isto, mas asseguro foi um dos mais difíceis até agora.

Mas também foi um ano no qual descobri o quanto posso ser forte. Foi o ano no qual me conheci melhor, e até onde posso ir.

Neste período de um ano perdi vários elementos que me eram queridos e importantes. Perdi também a conta de quantas vezes não consegui parar de chorar, não consegui energia para sair da cama, achei muitas vezes que não tinha mais sentido, e de como estive à mercê de pessoas que me machucavam pela simples necessidade controle. Cada pessoa tenta reagir da melhor maneira que consegue, mas é quando você está no fundo do poço que percebe o nível de quem está por perto.

Sofri ameaças, fui roubada, perdi minha casa, perdi a confiança nos outros e várias coisas outras que me foram perdidas. Entre tantas outras coisas que aconteceram este ano, estas serviram para mudar drasticamente meu posicionamento e o modo como encarava tudo.

Por muito tempo me esforcei para levar em consideração e relevar muitas das coisas que eram feitas, principalmente as que me atingiam diretamente. Mas não era suficiente, nunca foi. E foi ficando cada vez mais agressivo e violento. A partir do meu primeiro não, comecei a lutar por mim. Foi um período em que me senti infinitamente sozinha. Logo eu, que tinha uma auto-confiança extremamente problemática, tive que encontrar coragem, acreditar e me forçar a ser mais resistente a cada momento.

Felizmente, foi quando percebi que era cercada por pessoas incríveis. Pessoas que não me deixaram, amigos queridos que me deram apoio, mesmo à distância.
Consegui um emprego. Não desisti da faculdade. Apresentei minha iniciação científica. Em São Paulo, fui acolhida por uma família incrível, que não me pediu nada em troca, só queriam que eu estudasse e conseguisse me acertar na vida. E a minha família foi primordial para eu continuar.  Voltei à terapia. Às vezes tive insônia, ataques de ansiedade e pânico. Ainda tive muito medo, também quis me esconder de tudo. Entretanto, isto não era mais uma opção.

“It would be wonderful to say you regretted it. It would be easy. But what does it mean? What does it mean to regret when you have no choice? It's what you can bear. There it is. No one's going to forgive me. It was death. I chose life.”

Em um ano minha vida se tornou algo caótico e doloroso.

Mas, como disse bem no comecinho, teve seu lado bom.

E teve seu saldo positivo, porque tive amparo. Porque teve gente que simplesmente surgiu na porta do meu trabalho com um agasalho, porque viu na previsão do tempo que ia fazer frio e ficou preocupada comigo. Teve gente que quis sair pra ficar conversando. Teve gente que ficou do meu lado quando tive medo. Teve gente que surgia pra dar apoio e comer batata frita. Teve gente que me acolhia em casa. Teve gente que me levou ao pronto socorro à uma da manhã, porque eu liguei bêbada e com a mão estourada. Teve gente que veio só pra dar um abraço. Teve gente que me ligava e ficava conversando comigo, até minha crise de ansiedade passar. Teve gente que mandou mensagem quase todos os dias, perguntando como eu estava. Teve gente que me fez rir. Teve gente que me ligou porque estava preocupada. Teve gente que fez planos mirabolantes comigo. Teve gente que me ajudou a trocar os curativos da minha mão. Teve gente que me deu os puxões de orelha que eu precisava. Teve gente que topava sair pra comer, quando eu chamava em cima da hora. Teve gente que chegou com chocolates. Teve gente que me chamava no Skype para contar algo novo. Teve gente que discutia livros comigo. Teve gente com quem compartilhei conversas. Teve gente com quem compartilhei silêncios. Teve gente que simplesmente estava lá.

No período compreendido entre o 18 de dezembro do ano passado e o deste ano, pessoas entraram e saíram da minha vida, outras ficaram apenas o tempo que foi necessário, e outras fizeram sua presença constante, mesmo estando longe.
Essas pessoas, pessoas queridas, não desistiram de mim, mesmo quando até eu já tinha desistido.

É para elas que deixo este meu muito obrigado, de coração.

Não teria conseguido sem vocês.


domingo, 27 de dezembro de 2015

Fervedouro




Raimundo é rapaz forte, trabalha na lavoura desde quando se lembra de que é gente, e não se queixa da rotina. Todo dia precisa comer, então é razoável que todo dia precise trabalhar.

A lida começa antes de o sol nascer e naquela quinta-feira estava particularmente quente. O seu Januário até dispensou um pouco mais cedo, pois os trabalhadores demonstravam visível exaustão e ele temia ter desfalque no dia posterior. Raimundo era o único que não aparentava cansaço, respondeu positivamente com a cabeça e disse “sim, senhor” ao ouvir o anúncio. 

Antonio, Jorge, Tião e Cambimba saíram em direção ao bar, enquanto Raimundo recolhia seus pertences.

-Tu não vem, Raimundo?

-Vo não.

Raimundo tinha outros planos: aproveitaria o horário para visitar Marizete, a essa hora o seu Mané não deve estar em casa. Mesmo sabendo da cheia do rio, o rapaz não hesitou e achou que valeria o esforço para ganhar tempo, seu coração era todo saudades.

Parece que o rio estava ainda mais cheio do que comentara João da boca. Não importava, ele iria de qualquer jeito, era ótimo nadador, só teria mais esforço. Amarrou suas coisas num pano, o ajeitou e foi-se embora.

Já passava da metade do caminho, quando abruptamente sentiu uma força que o fez mergulhar. Por mais que tentasse tomar o controle, o fervedouro era implacável, indomável. Quanto mais tentava lutar pela sobrevivência se utilizando da força, mais Raimundo afundava e a vida lhe parecia dar adeus. Foi aí que conseguiu escutar o sussurro das águas e se deixou levar pelo movimento delas. Girou, girou, e a cada giro um novo segredo revelado, já não sentia falta de terra firme. No entanto, inesperadamente foi arremessado às margens do rio.

Raimundo ficou até o anoitecer deitado, olhando para o além. Sim, a vida muda num instante. Era chegada a hora de partir.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Eu ainda não sei, ano novo!

Dessa vez não me perguntaram "Cadê o namorado?", nem questionaram o que acontece para "continuar solteira", muito menos lembraram de fazer piadinha sobre o "fato de não comer carne". Fizeram algo mais cruel. Jogaram no alto a questão "O que você deseja para o Ano Novo?"

Imediatamente, respondi: "Não sei!". Aquilo soou como se tivesse ofendido alguém. "Como você não sabe?", "Por que você não sabe?", "O que está acontecendo contigo? Posso te ajudar?", "Você está depressiva?".

Senti uma pressão que não sentia há anos de precisar ter uma resposta genérica e rápida como "muita saúde", "muito trabalho", "muito amor". Simplesmente para validar uma pergunta que teve a minha resposta invalidada. 

Em tempos de "pergunte ao Google, ele sabe tudo", deixar de saber uma resposta parece um ato surpreso.
E eu continuo sem saber o que desejar para o meu ano novo e se eu preciso desejar algo a ele ou se preciso esperá-lo chegar para sentir um desejo além ou ainda....ah, não sei!

E você? Algum desejo para o próximo ano?



quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Tsuzuku

Nem lembro quando foi a última vez em que estive aqui, garçom, nesta mesa de bar. (a internet é um grande balcão de boteco em que encostamos para tentar entender melhor a vida, não é?) Mas cá estou de novo. A verdade é que as palavras demoraram a se ordenarem nesse meu Tetris mental e muitas delas ainda não encaixam perfeitamente. Por mais de um ano tive receio do que escreveria, se escrevesse. Porque as emoções não eram boas: raiva, frustração, ódio mesmo, insatisfação, autocrítica. Sempre ela. 

Fui forçado a me calar, por não ter tido uma oportunidade de falar. E, pouco a pouco, vou me conhecendo e me re-conhecendo mais. Se não falo, corro o risco de explodir. Poucos dias atrás, estava conversando e comentei o quanto admiro a capacidade de uma mulher que conheço de expressar suas emoções no momento em que acontecem. Parece uma coisa boba, e é, mas não pra mim. Comparei essa mulher a uma chaleira, porque ela vai esquentando até que começa a apitar e pronto, tudo fica bem, enquanto eu sou uma panela de pressão. A temperatura vai se acumulando no meu interior e posso me fazer muito mal - e às pessoas ao meu redor - se não destampo a tempo. Meu novo objetivo de vida é evoluir de uma panela de pressão para uma chaleira. Cada um com seus objetivos.

Tsuzuku

Somado a isso, outra filosofia que adotei recentemente é uma que aprendi com O Fantástico Jaspion (aposto que você começou a cantar a música). Com ele, aliás, e com praticamente todos os seriados de heróis japoneses que acompanhei na minha infanciadolecência. Todos terminavam com o mesmo escrito no canto inferior da tela, que significa "continua", "segue" ou, na minha interpretação, "ainda não acabou". 

Estou quase tatuando isso para nunca mais esquecer. Só não fui adiante com essa ideia ainda porque não encontrei um lugar bom o bastante para ser lembrado sempre desse ensinamento. Na testa não conta. Como colocou outra pessoa muito cara a mim, "se é pra insistir na esperança, que seja com excentricidade". Eu não poderia concordar mais.

Dia após dia, sempre temos que seguir em frente. Por mais fácil e tentador que seja estagnar e literalmente morrer encostado, não é saudável conosco e com as pessoas que são importante para nós. Imagine o quanto o australopiteco não ficaria chateado por saber que morreu em vão. Se não fizer isso por você e pelos seus, faça por respeito à memória dos australopitecos. 

Eu sei que vou.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Miss Comentário

No último dia 19 aconteceu a final do Miss Mundo na China.
O evento não foi muito divulgado nem transmitido no Brasil.
Ou seja, a nossa representante não recebeu muito apoio.
Não mesmo:
Procuro pela Catharina e encontro isso:
Mas GENTE!
Onde ela tá VISIVELMENTE gorda? É NÍTIDO, alguém me mostra?

Eu só vejo uma sociedade doente. 
Um dia alguém definiu que ser magra é bonito. Ser branca é bonito. Ter cabelo liso é bonito. Ser loira é bonito. 
Bora se matar (as vezes literalmente) para ser bonita. Bora se odiar por não conseguir se encaixar nesse padrão.

Sabe o que é bonito de verdade?
Ser feliz!
Mas parece que ninguém liga pra isso.

Tá todo mundo na academia ou no salão para tentar consertar algo que não está quebrado.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Precisamos falar sobre a Mônica

Dizem que o amor é cego. Quando amamos cegamente deixamos de olhar criticamente para o objeto de nosso amor e fazemos vistas grossas para seus defeitos, às vezes bem evidentes para um observador neutro. Penso que o mesmo ocorre com nossos ídolos, sobretudo quando ele carrega o peso da nostalgia de nossa infância. Admito que tenho grande dificuldade em criticar e "falar mal" das coisas que venerava em tempos que eu não tinha o senso crítico assim tão apurado. Somente esta cegueira crítica justifica o fato de eu sofrer quando o time de futebol para o qual torço (uma empresa capitalista) perde um jogo, ou ainda, o fato de eu achar perfeito cada verso composto por minha banda de rock favorita (reparando bem, alguns são incrivelmente ruins). Digo isso, porque o objeto de minha crítica de hoje é um grande impulsionador da cegueira crítica, justamente por dialogar com e por permear o imaginário de pessoas que, por definição, não possuem o senso crítico assim tão apurado, a saber, as crianças.

É desejável, no entanto, que a cegueira crítica acabe um dia. Argumentos do tipo "mas isso é da tradição daquele país" ou "ah, mas isso passa de pai pra filho, foi sempre assim e tem que continuar sendo" ou ainda "isso é só uma licença poética para a coisa ficar mais engraçada" são bem típicos da cegueira crítica e não combinam com uma sociedade democrática e plural. Lembremos que sociedades totalitárias também adoram a "tradição".

Por isso, amigos, precisamos falar sobre a Mônica. Sim, fui e por vezes ainda sou, leitor da Turma da Mônica. Em algumas oportunidades, inclusive, fiz vários elogios ao trabalho de Maurício de Sousa  e sua equipe (alguns desses elogios, admito, fruto de minha própria cegueira crítica). Entretanto, não posso deixar alguns problemas desastrosos passarem ilesos. Estou falando de um produto presente em uma infinidade de casas e em quase todas as escolas brasileiras e voltado para um público sem condições de dialogar de igual para igual com aquilo que está lendo ou assistindo. O que está ali é recebido como exemplo por este público.

Acredito que é bastante falacioso achar que a Turma da Mônica é inclusiva porque tem um ou dois personagens negros, uma personagem com síndrome de Down, um com deficiência visual e um cadeirante. Podia não ter nada disso e ser mais inclusiva do que é. Se a preocupação da Turma da Mônica fosse realmente respeitar as diferenças, a Mônica não seria constantemente ridicularizada por ser "gorducha e dentuça", o Cebolinha por ter pouco cabelo e língua presa, o Cascão por ter cabelo "duro" e por aí vai. E o pior, essas características são reiteradamente apontadas e são o elemento "cômico" de boa parte das histórias. Ora, crianças de 5 ou 6 anos não possuem outras características, que não as físicas, para serem retratadas? Como uma criança com sobrepeso se sente ao ver que os insultos que porventura recebe na escola são representados com tanta naturalidade na revista que sua professora acha tão bacana?

E o que dizer da sexualização precoce e das relações de gênero? Convido vocês a verem o vídeo abaixo: 


Mônica termina de tomar banho quando percebe que deixou a roupa em seu quarto. Para chegar ao quarto, no entanto, teria que atravessar a sala. A questão é que percebe atônita que no sofá de sua sala estão Cebolinha, Cascão e Ronaldinho, o "paquera" de Mônica. A grande trama da história é descobrir como Mônica fará para atravessar a sala sem ser vista pelos meninos. Em primeiro lugar, não posso deixar de questionar o estardalhaço em torno da nudez compartilhada de crianças de 5 anos (pra quem não sabe, essa é a idade que eles têm). Que o pudor existe, existe, mas justamente porque é culturalmente construído e incentivado através de historinhas como essa. 

Em segundo lugar, e para exemplificar o que já disse antes, Ronaldinho, o menino-sensação da turma, é loiro de olhos azuis e para se referir a ele, Mônica não diz "que menino inteligente" ou "que garoto simpático", mas diz "que olhos, que cabelos...", isto é, seja para depreciar, seja para elogiar, parece que na Turma da Mônica somente as características físicas é que importam. E, voltando à falácia da inclusão, os personagens negros estão lá, mas ainda são os loiros de olhos azuis que recebem o protagonismo. 

Em terceiro lugar, vocês repararam bem o que Mônica fala no instante 2:28? "Se ele me vir assim tão desarrumada, minha paquera vai pra cucuia". Sim, desde os 5 anos (ou antes) meninas aprendem em casa, na rua, nas histórias em quadrinhos,  que precisam se arrumar impecavelmente para que sua "paquera não vá pra cucuia". A fala seria a mesma se fosse um menino "o desarrumado"? Tenho certeza que não. E a coisa só piora. No instante 6:39, Mônica ("aquela boboca dentuça", conforme descrita por Cascão no instante 5:04) reflete sozinha quando finalmente consegue chegar em seu quarto sem ser vista: "Os meninos são todos iguais. A gente se arruma com carinho... se prepara toda... e na hora 'H'... eles dormem". 

Não sei bem qual seria a hora H imaginada pelos roteiristas de Maurício de Sousa, mas sei que passou da hora de olharmos para historinhas inocentes como as da Turma da Mônica com um olhar mais crítico. Se queremos uma sociedade livre de sexismo, racismo, classicismo e qualquer outra forma de autoritarismo, precisamos que isso seja feito desde a infância. E não de forma hipócrita como faz a "falácia da inclusão", mas de forma plena.


***

Retrospectiva dos dias 22 em 2015

Precisamos falar sobre a Mônica

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Vish... As resoluções? Então...

Nunca fui de fazer planos para o ano seguinte.
Acredito que isso tenha me ajudado na arte de não me frustrar, uma vez que não havia quase (ou nenhuma) expectativa quanto ao ano vindouro.

Mas lembro que uns dois anos atrás, me atrevi a isso.
Estava em dois empregos, e minha renda permitia que eu fizesse uma pesquisa de preço por um carro.
Automóvel hoje em dia não é luxo, e sim necessidade.

Não lembro se mencionei aqui, mas depois de ser assaltado duas vezes num intervalo de seis meses no meu antigo trabalho (de vendedor), acabei pedindo demissão de lá. Fiquei apenas com o trabalho que amo (que é o rádio). O fato é que, se não fossem as contas fixas que existem (luz, TV a cabo, internet e afins), poderia até sobrar uma graninha para um "pois é"!

Mas não tem problema. Não nasci grudado num carro, e graças a Deus tenho saúde e disposição de viver. E isso já tá de bom tamanho.

Digo isso porque estamos em Dezembro. E é o mês no qual os planos começam a serem feitos.
Depois de minha frustração, resolvi deixar as coisas como eram antes. Não fazer mais planos.

"Mas Márcio? Como assim? Você não tem metas?"

Tenho! Claro que tenho. Mas um dia de cada vez. As coisas acontecerão no tempo certo. Acredito (e quero acreditar mais ainda) assim!

O quê posso desejar à mim mesmo (hehehe) e à todos(as) que acompanham esse blog, é que o ano de 2016 seja no mínimo três vezes melhor do quê foi 2015!

Obrigado pela atenção nesse ano que termina, e nos falamos em 2016!
Muita coisa começou e não vingou, pelo menos pra mim, aqui na internet. Mas a vida digital é assim mesmo! Agora, em Janeiro, começo mais uma aventura internética! Mas ainda não posso dizer do quê se trata. Apenas que é algo para diversão, entretenimento. Quem quiser ficar por dentro, é só clicar aqui e ficar por dentro das notícias através do meu Twitter!

O último vídeo do ano, é com a Hayley Westenra, soprano neo-zelandesa que amo, e que esteve aqui no Brasil, em Outubro/Novembro de 2015. Pena que não fez concerto, veio só pra descansar...!
A música é "All with you", de um álbum de anos atrás, comemorativo de época de final também... Entenderam a referência? Hehehe!

Galera, aquele abraço! Muito obrigado por tudo!
Nos falamos no próximo dia 21! Já no ano novo! 
Felicidades!

domingo, 20 de dezembro de 2015

Esse tal de Natal

“Então é Natal, a festa cristã...” Desculpe, sei que agora você vai ficar com essa música na cabeça o dia inteiro, mas é que eu acabei de chegar do supermercado e em meia hora tocaram essa música duas vezes, em português e em inglês. Acho válido socializar a tortura. Quem sabe conforme as pessoas vão lendo e ficando com a música na cabeça ela não vai saindo pouco a pouco da minha memória.

Não é uma mísera música chata que vai estragar o Natal. Afinal essa é a época que o mundo respira o mesmo espírito. Hoje, tal qual na gélida Finlândia, algum senhor de barba branca está Shopping Center Norte, vestido com um agasalho, calças compridas, gorro e coturno. Por sorte, ou estratégia, sua maquiagem é à prova d´água; pode suar tranquilamente.

Enquanto as crianças levam alegria ao bom velhinho, se jogando em seu colo e agarrando em seu pescoço para pedir inúmeros presentes – do iPhone sei lá quanto até que o pai pare de chegar bêbado e batendo em todo mundo – os adultos cuidam da ceia de Natal. É preciso pensar nos pratos típicos, as castanhas importadas, damasco seco, folhas de plátano para enfeitar, pratos quentes e frutas secas. Tudo bem tropical. Mais pela tradição que pela coerência climática, a avó compra tudo para o preparo do gelado pavê, afinal o tio Olímpio não poderia ficar sem o trocadilho.

Com o carrinho cheio de quinquilharias – há décadas repetem que este ano, por causa da crise, só haverá lembrancinhas para as crianças – escutam duas velhinhas beócias criticando o fato de que hoje em dia todo mundo fica preso às compras e esquece o verdadeiro sentido do Natal. Saem com uma pose típica de ‘beijinho no ombro’, mas comentam, no carro, para não dar o braço a torcer, que de fato as pessoas deixam o espírito de Natal de lado – sem perceberem que no fundo, ninguém suportaria uma festa essencialmente religiosa.

Tudo preparado antes do especial Roberto Carlos, todos se sentam para ouvir ‘Jesus Cristo, eu ainda estou aqui’ e reclamar que hoje em dia ele canta com esses artistas populares, como se um dia já tivesse sido melhor que isso. Tem o amigo secreto, para que depois todos reclamem que deram um presente bom e receberam um presente ruim; tem aquela reunião constrangedora entre parentes que não se suportam e se evitaram o ano inteiro; tem as análises políticas daquele primo reacionário; tem a tia encalhada que pergunta dos namoradinhos.

No dia seguinte, enquanto uns tomam remédios para a indigestão causada pelo excesso de comida, outros aproveitam o espírito natalino para pedir esmolas, ouvindo daqueles que se querem dinheiro devem ir pedir para a Dilma. O imbróglio causado pelo (não tão) amigo secreto trouxe à tona as picuinhas familiares e já não há caipirinha que estabeleça um laço fraternal entre os cunhados.

A sexta-feira de Natal se arrasta e quando todos parecem felizes com a iminente volta para casa, o concílio formado pelos membros mais velhos da família impõe a extensão da ‘festa’ por todo o fim-de-semana. Na segunda-feira, em meio às milhares de pessoas que lotam as lojas dos shoppings para trocar os presentes – por que diabos aquele infeliz achou que eu iria gostar disso? – a decisão irrevogável é a de passar o Réveillon dormindo, sozinho, tranquilo como é o desígnio de todo o mal-humorado convicto.

O plano segue seu rumo de forma impecável, até o mundo explodir em rojões, que os mais ansiosos resolvem começar a detonar pouco antes da meia-noite. Os pobres cachorros fazem a base da sinfonia dos infernos com seus uivos e latidos, a gritaria dos mais empolgados é a segunda voz do foguetório que não para. Adeus 2015 (já vai tarde). Adeus sono também.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

A Música que Não Acabou



Crescemos com a música, fizemos grandes e duradouras amizades por ela e com ela rompemos barreiras, resistimos às injustiças e angústias do mundo e da vida e pulamos e dançamos em cima do que nos fez e faz mal, nessa grande pista de dança. 

Sempre ao acabar da noite e com o sol nascendo, dizíamos um ao outro, cheios de bons sentimentos e de alma lavada pela música, um "até a próxima". Até a próxima que as vezes demoraram anos ou meses, mas que muitas vezes duraram até a próxima sexta-feira.

Mas uma sexta-feira também pode calar vozes que cantavam, pode silenciar as guitarras e baterias com "barulhos" mais altos ainda. não haverá uma próxima... Uma próxima vez em que se poderia chegar em casa pra aliviar a angústia da mãe que estava preocupada que o filho não levou blusa e iria passar frio depois do show, uma próxima vez de ficar semanas esperando um show, uma próxima vez em combinar com a namorada o que fazer e pra onde ir depois de curtirem música e aproveitarem essa energia.

A música não acabou. Não deixaram ela acabar... Como a vizinha que interrompe o ensaio dos garotos de 15 anos que poderiam ser a nova "salvação do rock", que nunca precisou ser salvo e salvou e salva a vida de muitos. 
Desplugaram as almas das vidas de quase uma centena de "amigos que nunca conhecemos". Claro, porque poderiam ser também nossos amigos feitos pela música, nos quais poderíamos falar "até a próxima sexta".

Mas a música que não acabou, nunca irá acabar! Em qualquer sexta-feira dessas, faremos essa virada na nossa pickup e apertaremos o play da próxima música que está no pause no outro deck. Sempre haverá uma pista tocando sua música preferida e todos continuarão essa dança da vida com um sentimento especial.

E o mais importante de tudo, haverá sempre em algum lugar meninos com seu violão na calçada, tocando com o coração e cheios de sonhos na vida, fazendo suas histórias virar letras, tocando suas melodias e acompanhando harmonias. com isso, estarão formando caráter e alimentando almas inquietas, sinceras e rebeldes.

A música que não deixaram acabar, não acabou e nunca deixaremos que acabe.
Play!


terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Do avesso

Ela retoca as raízes quinzenalmente para manter o platinado. Diariamente contorna seu rosto com diferentes tons de corretivo, para disfarçar tudo o que ela não conseguiu retirar com a ajuda do bisturi. Redesenha as sobrancelhas, exagera no blush para afinar o rosto e passa 10 camadas de rímel para abrir o olhar. Antes de sair de casa prova, peça a peça, as roupas caríssimas que sairão de moda na próxima semana. Jamais repete um look. Vai à academia religiosamente, até aos domingos. Para se manter no manequim 36, há meses não ingere gorduras saturadas, glúten, lactose e açúcar...

... enquanto ouço ela contar detalhadamente sobre sua rotina sacrificante de beleza,  só consigo me perguntar quando vão inventar maquiagem comestível, pois só assim ela tentaria ser uma pessoa menos feia por dentro também. 

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Carta de Vader a Tarkin expõe divergências no Império


Caiu como uma bomba nos corredores do Palácio em Coruscant a cópia de uma carta enviada para Grand Moff Tarkin pelo seu fiel escudeiro, Lorde Darth Vader. O documento teria sido escrito dias antes da Batalha de Yavin e enviado em caráter pessoal para o governador. 

Usando termos duros, Vader demonstrou profundo incômodo e enumerou episódios que comprovariam a desconfiança de Tarkin em relação a ele. Vader se queixou de estar sendo deixado em segundo plano. Como quando ficou de pé durante toda uma reunião com generais na Estrela da Morte, ou quando foi acusado de ser tristemente apegado a uma religião obsoleta. Entre outras coisas, Vader disse que passou muitos anos como “Sith decorativo” e que perdeu todo o protagonismo político que tivera no passado. 

Como se sabe, a vertiginosa escalada política de Vader aconteceu depois que a explosão da primeira Estrela da Morte matou toda a então liderança do Império Galático, com exceção do Imperador Palpatine. Apesar do seu temperamento introspectivo, o Lorde Negro dos Sith sempre demonstrou muita irritação ao ser comparado com o Palhaço Tiririca por ser apenas o quinto na linha sucessória quando assumiu o poder. 

Ainda não se sabe quem vazou a cópia da carta, mas o acontecimento fez a temperatura subir na CPI que investiga a chegada de Palpatine ao poder. Pesa contra Vader o fato de seu próprio filho, Luke Skywalker, ter explodido a Estrela da Morte e facilitado sua ascensão. A oposição também acusa Vader de ter sido beneficiado logo após a explosão da Estrela da Morte com uma nova nave, o Super Star Destroyer Executor, e um tema exclusivo de John Williams, a Marcha Imperial.

Convocado novamente para depor, o fantasma de Obi-Wan Kenobi deve comparecer hoje ao Palácio. Ele garante que jamais mentiu para Luke Skywalker dizendo que Darth Vader traiu e matou o seu pai, Anakin Skywalker, e que tudo o que disse era verdade, “de um certo ponto de vista”. 

Outras acusações pesam contra o fantasma de Obi-Wan: ele teria mentido ao dizer que ninguém lhe chamava por esse nome desde antes do nascimento de Luke Skywalker, ao dizer que não se lembrava do droide astromecânico R2-D2, ao dizer que Anakin Skywalker gostaria que seu filho Luke ficasse com o seu sabre de luz quando tivesse idade suficiente e ao dizer que os stormtroopers atiram bem. 

Obi-Wan continua negando e dizendo que a culpa toda é de George Lucas. De férias após a venda bilionária de sua empresa para um grande conglomerado de mídia, Lucas não foi encontrado até o fechamento dessa edição.

domingo, 13 de dezembro de 2015

A casa de pequenos cubinhos


Então o terapeuta perguntou a ele:

-  Onde você guarda todas suas lembranças?

- Elas ficam em caixinhas, estocadas lá no porão. 

- Então você nunca as revisita?

- Não. Deixo elas escondidas por que algumas não valem a pena ser lembradas.

- E as que valem?

- Continuam lá, nas caixas, misturadas com as outras.

- Se você não as organizar, nunca saberá onde estão as que valem ser revividas.



sábado, 12 de dezembro de 2015

É Natal, hora de montar a árvore!

Dezembro é o data oficial de montar a árvore de Natal.
Para as crianças é um dos rituais mais esperados, desde pequena eu montava árvore na minha casa e sei que é importante e divertido, mas nos tempos modernos de hoje parece ser uma obrigação, com mil indústrias te pressionando para comprar todo o tipo de acessórios natalinos, é tanta fome dessas indústrias que parece que o mundo já acabou e ninguém foi avisado.

Árvores são plantadas o ano inteiro para serem cortadas e usadas nessa época do ano, muito se poderia fazer se a pessoa comprasse uma arvore sintética e usasse durante anos, mas eu escuto os sussurros de que árvore sintética não tem o cheiro de uma árvore natural.

E essa árvore natural custa uma fortuna, alimenta uma indústria, a coitadinha vai ser cortada e depois vem a pior parte, vão encher ela de enfeites chineses, esses que são feitos por mãos escravas e com matéria prima de origem duvidosa, que ao ser jogada fora contamina todos os rios. E não é só, ainda faltam as luzes, também chinesas e segundo os bombeiros são as responsáveis pela maioria dos incêndios domésticos nesta época, elas ficam ligadas muito tempo, o plástico vagabundo derrete e a sala pega fogo.


Uma consumidora americana comprou uma enfeites de Natal, fabricados na China e dentro deles achou uma carta de socorro, de um escravo chinês que pedia ajuda. O rapaz escreveu a carta em um inglês precário, mas conseguiu colocar o endereço de onde ele estava. A moça ficou chocada e levou a carta à loja, que lamentou o ocorrido, mas disse que não poderia fazer nada. Então ela foi direto ao governo americano denunciar o que estava acontecendo na China e ela escutou uma resposta inacreditável, o governo americano não interfere na política trabalhista da China, mesmo que isso inclua receber nos Estados Unidos produtos feitos por escravos.

Mas quem se importa? O que interessa é o Natal, seus brinquedos chineses e o dia de montar a árvore e a noite de Natal com muita comida com carne, ou seja muitos animais vivendo em campos de concentração e morrendo para alimentar a indústria.

Ah, sempre tem os românticos, correm para me dizer que a árvore tem um lindo significado, nada é à toa. Mas isso é apenas o ser humano sendo ser humano, adora jogar discursos ‘’fofos’’ para as coisas bestas que faz. Talvez um dia foi bonito ter uma árvore natural e pendurar uns enfeites feitos à mão, mas hoje é outro sinal de que perdemos a noção das coisas, mudamos nossos valores e nada parece saciar nossa fome de consumo.

Mas existe um significado para a data, para tudo que envolve, é a história de Jesus. Ora, e quantos conhecem essa história? Quantos sabem que ele nasceu na noite de Natal? E tudo bem, não critico, no fundo ninguém se importa, este mundo pertence a categoria ''consumo'' ligado no extremo, a felicidade imediata, ao prazer efêmero, aos brinquedos que brilham, a comida sintética e ao vazio que parece cheio.

E será outro ano de árvore montada, enfeites tóxicos, luzes que botam fogo na casa e animais mortos na mesa. É, podem dizer o que quiserem, mas tudo isso é bem a cara do ser humano, esse ser egoísta e sombrio.

Iara De Dupont

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Carta aos Poetas

Me desculpem, não sintam-se ofendidos. Há coisas escritas por vos que um dicionário inteiro não pode rotular. Se digo que vossas habilidades são fantásticas ou fabulosas, então digo mentiras. Me sinto limitado como um dicionário tão vasto é incapaz de me prover palavras de enaltecimentos suficientes.

Filhos da Puta! É isso que vocês são! Veja, não é para ser ofensivo. Não tenho a menor intensão de lhes magoar, nobres amigos, mas é apenas assim que consigo resumir toda a genialidade de uma mente tão fértil como a de vos.

Vão te Foder! Não preciso querer ser genial se já tenho vocês para ler. Escreveis o que sinto sem mesmo me conhecerem. As palavras que estampam em papel emitem sons que eu não preciso de habilidade alguma para ouvir.

É tão libertador proferir palavras de baixo calão no âmbito de potencializar vossas obras que me sinto estratosfericamente leve ao fazê-lo. Faço-o de boca cheia, entonando cada uma das sílabas deste maldizer contraditado com a intensidade maior em destaque. Oxítonas ainda mais Oxítonas. Paroxítonas ditas como quem louva com fé! Proparoxítonas citadas de forma heroicas, retumbante.

Leiam aqui, meus amigos: Vossos poemas são Fodas! São ideias de gênios Filhos da Puta! Vão te Foder! 

E se é pra ser assim, então, nobres amigos, continuem criando estes poemas do Caralho e nunca nos deixem. São obras assim que nos faz respirar e encontrar ânimo pra prosseguir com a vida!

Agradeço.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

A Novata



Sempre usamos o termo novato para  falar sobre uma pessoa que faz alguma coisa pela primeira vez, podendo ser caracterizado também pela falta de experiência ou pela imaturidade do individuo.

Uma criança que acabou de nascer é considerada novata na vida, tudo que acontecerá com ela do momento do nascimento em diante será novo. Seja lá o que for que lhe aconteça talvez a única coisa que não é nova para ela seja o amor de sua mãe (com ressalva em alguns casos).
Com o passar do tempo vai aprendendo como agir e se comportar de acordo com o que vai lhe sendo apresentado, tudo para ela é inédito e com o passar do tempo em algum determinado ponto, depois de algumas experiências vividas deixa de ser novata aos olhos das outras pessoas e até para si na maioria das vezes.
A partir desse ponto, passa a se considerar ''grandinha'', com isso deixa uma de suas melhores percepções se apagar dentro de si ficando geralmente, muito feliz por isso.
E claro, começa a agir como já se fosse mestre em tudo que lhe acontece, deixa de olhar para as pessoas e lugares com olhos de quem se vê a primeira vez e é ai que inicia um problema, vicia sua visão como se tudo fosse igual, como se nada mais fosse novo.
Quantas vezes já não ouvimos aqueles ditados de que mãe é tudo igual só muda de endereço, ou que homens e mulheres são todos iguais? 
Acredito que isso ocorre por que as comparações que em parte nos ajude de algum modo, também tira a beleza inicial das coisas...

Quando fazemos essas comparações minimizamos a essência do outro, minimizamos o amor, a beleza de lugares, sentimentos que são denominados iguais e tantas outras infinidades de coisas, essa linha entre comparação e vicio é uma linha bem tênue, perigosa.
Quando deixamos nossa visão viciada, tudo perde o brilho que tem, comparações são feitas e pronto, já se encaixa em alguma história, situação que tenhamos vivido ou presenciado...
Esse vicio quando alojado no nosso ser faz até da dor igual a uma ou outra já sentida ou relatada.
Logo, nos tornamos seres apáticos a emoções, acontecimento e a quase tudo que nos acontece sem ao menos perceber, esquecemos aos poucos que tudo a cada instante é novo e pode ser extraordinário (Eu sei, parece clichê mas não é).
O que estou querendo chamar atenção aqui é o fato de que a cada dia que passa, pessoas passam a ser mais presunçosas com relação a isso, passam a se gabar por não serem mais inexperientes e assim não percebem que estão se tornando cada vez mais indiferentes, desinteressadas e menos envolvidas com a vida, com o todo...
E a grande maioria dos que tentam manter o olhar do novo tornam-se os diferentes taxados de bobos sentimentais que se impressionam com tudo e todos, as vezes são chamados até de iludidos com um mundo que não existe, ao menos não para os céticos.
Mas, esse mundo existe sim, muitos é que anseiam em deixar de ver, anseiam em ser ''os experientes'' seja lá no que for, a tal experiência é bem importante.
Bom, esses rótulos para mim já não mais importam, sou imensamente feliz por entender que o céu não é sempre o mesmo, nem o mar, nem as mães nem ninguém é igual ao que era ontem por mais que tentem  ser ou por mais parecidos que pareçam...

Eu particularmente tento manter a minha visão assim sem vícios, como se fosse um jogo comigo mesma, tento olhar como se não houvesse visto antes, as vezes funciona as vezes não mas eu não desisto do meu jogo e digo que sim! Eu gosto de ser a novata!
Gosto de ser surpreendida, de conhecer e desconhecer coisas, gosto do olhar novo sem vicio e isso chega a ser engraçado, as surpresas boas, esquisitas e ruins que tenho com relação a mesma pessoa ou há qualquer situação que já tenha vivido e nesse meu jogo doido, vivo mais feliz que triste, por que quando olhamos com o olhar do novo o que se passou já não importa e a cada novo olhar as coisas se transformam como um movimento que acontecendo a todo tempo é só nos deixarmos perceber, tente!
Não, não estou lhe dando um conselho afinal, sou nova nisso.
Ainda sou novata na vida e quando estiver bem velha serei novata em ser velha e quando morrer serei novata em ser esquecida ou lembrada como aquela que sempre se orgulhou em ser ''a novata''.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Rosa amarela


Dia nublado
Céu cinza
Preguiça no ar
Sonho acordada
Estou onde queria estar
O tempo está quente
O dia demora a passar
A brisa refresca
A rosa amarela sorri para mim
Sorrio de volta, e fecho os olhos
Balanço na rede
Ouço os pássaros cantando
Pássaros livres, que fazem seus ninhos e voam, e voltam.
Não quero fazer nada.
Apenas balançar...
E só penso nas nuvens, 
na brisa, 
nos pássaros, 
na liberdade 
e na rosa amarela.


terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Bug Mental

  Chamo de bug mental aquele momento em que você recebe uma informação tão nova, absurda ou estranha que você não consegue processar de imediato e seu pensamento trava.
  É como uma ilusão de ótica, uma pegadinha, um loading.

  Sempre uso como exemplo uma vez que eu abri uma caixa de madeira, e dentro vi uma espuma. Coloquei a mão esperando maciez e minha mão afundou. Gritei.
  Era perto de um campo de bocha e não era espuma, era areia. Foram dois segundos que fiquei fora do ar, perdida.

  Seguem três pequenos casos de conversas reais e recentes, que podem provocar um ou dois segundos desse tal bug.
 

  Descendência Direta

  Ia de carro meu filho e minha mãe para a escola. No caminho minha mãe vê um homem levemente grisalho de mãos dadas com uma criança e pergunta pro meu filho:
  -Aquele ali não era o fotógrafo da sua escola?
  -Qual? Aquele de costas?
  -Aquele levando o menino pra escola... Ele tem filho?
  -Não, ele não tem filho.
  -E neto, ele tem?


 Super Bactérias
 
  Estava minha tia e meu primo em casa, meu primo reclama do sabonete que está no banheiro:
  -Preciso de outro sabonete, não uso aquele que você colocou.
  -Por quê?
  -Já viu o comercial dele? Ele mata 99% das bactérias!
  -Sim, e daí?
  -E daí que se eu usá-lo todo dia, sempre sobrará um por cento das bactérias mais resistentes. Em pouco tempo terei um exército de super bactérias no meu corpo!


  Viagem à China

  Casal conversando numa roda de amigos. Ele entra na conversa sobre a viagem de avião para a China:
  -Melhor ir pelo Pacífico do que pelo Atlântico!
  -Como assim, amor?
  -Pelo Pacífico você chega mais rápido, por causa a rotação da Terra.


domingo, 6 de dezembro de 2015

cotidiano

Escorreu pelo dia. 
Veio a noite,
  um grito!
Quem está perto olha, reprova, ri, ignora.
Mas lá dentro, continua ecoando pausadamente:
-  Vi-Da ma-is FU-DI-DA-!-!-!

sábado, 5 de dezembro de 2015

Quando as coisas do coração ficam nesse chove-não-molha, eu abandono o guarda-chuva.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Envolvidão

Ela é sorriso despertado
O amanhecer do dia
A serenidade da noite
A razão da alegria.

Ela tem suas manias
Ela tem sua fé
Uma hora menina
Outra hora mulher.

Na sua confusão
Não perde seus valores
E mesmo na escuridão
Sempre pinta suas cores.

Ela é o antônimo do medo
A segurança do abraço
O sentido do amor
Meu presente, meu laço.

Ela é canção, tem compasso
Não marca bobeira
Quando tô nos seus braços
Ela é sempre sexta-feira.

Não abaixa a cabeça
Ela é livre
E em seus livros
Ela vive.

E vai formando
Vai crescendo
E quando menos espera
Já está te envolvendo.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Porque você escreve/quer escrever aqui? Justifique sua resposta


Não existe forma melhor de começar nada na vida do que uma apresentação. E como eu tenho de honrar a educação que me foi dada, não vou fugir disso.
Sou formado em História, funcionário público da Prefeitura de São Paulo , já escrevi/roteirizei mais de uma dúzia de livros infantis,  tenho 28 anos e.... ninguém liga muito para isso. O que interessa hoje é responder ao título ali em cima.
Eu cresci um rapazinho “nerd” que encontrava mais diversão em quadrinhos, videogames e livros do que em socializar, por razões várias. Não que isso tenha impedido de continuar a me apaixonar por histórias muito depois de ter me ajustado e me tornado um molecote com vida social. O ponto é que eu sempre gostei muito de qualquer instrumento ou meio que pudesse me colocar em contato com histórias.
Histórias, narrativas, contos, crônicas, chame como quiser. Ficção pode não ser a base da vida cotidiana, mas é aquilo que faz a vida ser interessante a maior parte do tempo. E essa é a razão TL/DR pela qual eu escolhi escrever: porque a ficção faz a vida valer a pena.
Se você ainda está lendo, chegou a hora de detalhar um pouco: é através de histórias e narrativas ficcionais que eu acho que fui capaz de desenvolver noções de empatia, justiça, alterismo e um monte de outras qualidades notáveis. Aprendi a entender outras pessoas lendo personagens ficcionais, e ainda bastante jovem, os jogos de interpretação como RPG de mesa me ajudaram a potencializar isso.
Assim, da mesma forma que leio, assisto e jogo obras de ficção porque são coisas que me tocam, me alegram e me deixam sorridente; escrevo. Escrevo para tocar as pessoas,para despertar sentimentos e sensações, para compartilhar experiências . E é a isso que me proponho aqui, assim como em todos os outros lugares onde pratico, ou tento praticar o tal “nobre ofício da pena.”
Espero não ter entediado muito, e prometo vir com algo mais animado e menos formal ou filosófico da próxima vez. 
Até breve. =)