terça-feira, 17 de setembro de 2013

Você já estuprou alguém hoje?

Falar da vida de uma pessoa é estuprá-la. Longe de ser uma comparação exagerada, essa forma de ver a fofoca, a picuinha ou a criação de boatos diz muito sobre as consequências irreversíveis da prática. Ao falar de uma pessoa, você a violenta. E violentando-a você a expõe, assim como no crime físico, a pressões. A fofoca é, também ela, uma forma de tortura. Apoderar-se da vida de uma pessoa, contra a vontade dela, a torna vulnerável e, você, o autor sem escrúpulos deste ato violento. 
Espalhar boatos, alimentar rumores e interpretar, ao seu bel prazer, qualquer que seja a atitude ou a forma de viver de alguém é um estupro mental. E o mais nojento dessa comparação é que muita gente faz isso pelo mesmo motivo torpe pelo qual muitos homens agridem mulheres e seus corpos: ao ver o outro sofrer, regozija-se, pois encontra na pretensa derrota do outro uma forma de se sentir maior, mais livre. 
A fofoca é carregada de raiva, de rancor, de inveja. Por isso, ao alvo de uma fofoca, a culpa é sempre seu fardo. "Você não devia ter falado da sua vida, dado confiança". A sainha curta, os modos de quem quer 'levar'. À vítima resta o desconforto. Mas a vítima é sempre a vítima, cabe assinalar. Falar da vida de uma pessoa, expor verdades que deveriam dizer respeito somente a ela, ou mesmo distorcer fatos, deveria ser crime inafiançável.

Falar de uma pessoa é um estupro. E eu continuo achando o estupro, seja de corpos ou de vidas, a pior forma de violência.

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