Ceasa
Sem casa
Se casa
Sem asa
Seis pretos
Desfeitos
Defeitos
Sem leitos
51 é o número da fuga
6 é o número da realidade
Muita comida dentro
Muita miséria fora
Sujeira que cheira
Que fede, despede
Desgraça que fere
Hipocrisia que mata
O projeto colonial esfregado em nossa cara
O pacto social abrindo mais essa escara
Voltar para o útero é o desejo
Deitar feito neném chupando o dedo
E sonhando querendo ser alguém
Mais um gole que engole
Os olhos marejados, distantes, calados
Olhos silenciados, domados, esquecidos
E são apenas 8h da manhã
E a moça passa cheia de graça com suas sacolas e até dá uma esmola
Tira foto das flores, das frutas, das cores
Só não consegue registrar aquelas dores
Não dá tanto like quanto sua vida de ilusão
Então vira a esquina
Não quer fazer parte dessa desgraça
Mas aquele olho roxo não sai de sua memória
Aquele rosto sangrando, jorrando talvez o alimento mais nutritivo do dia
Insiste em atormentar a sua paz
E o sol bate e reflete naquele vermelho pobre
Naquele vermelho fraco
Naquele vermelho sangue
Simulando o início de mais uma aurora
E do outro lado, há alguns metros
Toda a imponência, riqueza e miséria
Do espaço dos lobos
Da vila dos lobos
Poesia pé no peito! Gosto assim. Cada vez mais difícil lidar com a hipocrisia...
ResponderExcluirForte e necessário!
ResponderExcluirque dolorido!
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